segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Lava Jato: o País aguenta o tranco?

Ao embarcar para a morte, o ministro do Supremo Teori Zavascki previa que a operação tornaria 2017 mais complicado que o ano anterior.
Teori Zavascki, o juiz da Operação Lava Jato em Brasília, estava muito preocupado ao ver o filho Francisco pela última vez, em Porto Alegre, na véspera de encontrar a morte em um desastre aéreo rumo a Paraty, no litoral fluminense.
Examinava há alguns dias o roteiro das delações de mais de 70 executivos da construtora Odebrecht, papelada que caberia a ele validar ou anular. E ficara impressionado, a se perguntar se o País aguentaria o tranco. “Acho que 2017 vai ser muito mais complicado que 2016”, comentou com o filho, autor de relatos sobre a conversa. Por quê? “Pelo envolvimento de pessoas realmente poderosas.”
A incerteza sobre o comando da Lava Jato aberta com sua morte prova que o magistrado acertou na mosca. Às vésperas do fim do recesso parlamentar e forense, Brasília foi tomada por articulações de bastidores sobre o destino dos processos, conversas a mobilizar o Palácio do Planalto, políticos, togados da mais alta Corte, o chefe do Ministério Público.
Uma semana depois do falecimento de Zavascki, dia da conclusão desta reportagem, não se sabia quem assumiria a condução do caso no Supremo Tribunal Federal, único a julgar figurões da República como ministros, senadores e deputados, nem como se daria a escolha do novo relator.
No emaranhado de interesses, dois grupos se destacaram. De um lado, uma turma doida para deter o avanço da Lava Jato em sua direção, casos de Michel Temer, PMDB e PSDB e os ameaçados em geral pela delação dos executivos da Odebrecht. Do outro, o Ministério Público e a presidente do STF, Cármen Lúcia.

Mendes
Mendes virou crítico feroz da Lava Jato (Foto: Roberto Jayme/TSE)
Os resistentes contam no próprio STF com os préstimos de Gilmar Mendes, alvo de pedido de impeachment por tucanismo e hoje em dia conselheiro de Temer, com quem se encontra em noites de sábado e tardes de domingo e pega caronas aéreas.
Depois da deposição de Dilma Rousseff, Mendes mudou da água para o vinho. Virou crítico feroz da Lava Jato. Para ele, a relatoria dos processos deveria ficar com o substituto de Zavascki indicado por Temer para o Supremo. Discretamente, insinuou que Cármen Lúcia não deveria tomar decisões solitárias.
Desde que assumiu o cargo, a midiática Cármen deu indícios de não estar disposta a facilitar a vida dos políticos. Não surpreende figurar agora na trincheira oposta à de Mendes, um político nato. Seus assessores contaram à mídia que ela queria para a Lava Jato alguém do perfil de Zavascki. Se um colega de Corte assim topasse, ela buscaria um jeito de viabilizar-lhe a designação.
Em seu plano, a ministra teve o apoio do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ansioso por sacramentar as delações da Odebrecht, sua principal aposta investigatória em 2017. Graças a um pedido de urgência enviado ao STF por Janot um dia após ele conversar com Cármen, ela ganhou respaldo para tomar decisões unilaterais durante o recesso do Judiciário. Foi graças a essa costura que a ministra validou as delações da Odebrecht nesta segunda-feira 30.
As consultas aos demais ministros do STF não deixaram Cármen à vontade para agir por conta própria, no entanto, em relação à escolha de um substituto para Zavascki no comando dos processos da Lava Jato. Qualquer coisa pode acontecer nos próximos dias. Desde o novo relator ser definido por sorteio entre os atuais ministros até o caso ir para as mãos do indicado ao STF de Temer, por ora no aguardo de uma definição dentro da Corte sobre o desenrolar dos acontecimentos.
Cármen Lúcia
Cármen Lúcia não esconde sua ojeriza a políticos (Foto: Lucas Castor/Agência CNJ)
Há chances de esse ungido por Temer ser um membro do Opus Dei, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, amicíssimo de Gilmar Mendes.
Certo é que, em Brasília e no tocante à turma do foro privilegiado, a Lava Jato tende a desacelerar por um tempo. Motivo de alívio do Planalto, a julgar por um aperitivo oferecido à praça sobre as delações da Odebrecht, o roteiro do ex-lobista da empreiteira Claudio Melo Filho, tornado público em dezembro.
Citado por Melo Filho como acompanhante de Temer em um suspeito jantar de arrecadação de fundos junto à cúpula da construtora, Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, comentou, assim como quem não quer nada, que a morte de Zavascki atrasaria a validação das delações. Idem Gilmar Mendes, para quem só o falecido, entre os ministros do STF, dominava o assunto.
O relator cumpre realmente papel determinante na velocidade e nos alvos dos processos. Se por um lado cabe ao Ministério Público definir uma linha de investigação e em quem vai mirar, é o juiz quem autoriza ou rejeita pedidos de abertura de inquéritos, quebras de sigilo, prisões e operações de busca e apreensão.
A depender de seu humor, talvez de suas preferências político-partidárias (secretas ou nem tanto), o magistrado pode se tornar um obstáculo. Um bom exemplo disso ocorreu em maio do ano passado e teve como estrelas Mendes e o senador mineiro Aécio Neves, presidente do PSDB.
Janot pediu duas vezes à Corte para investigar o senador. Por incrível coincidência, os casos caíram com Mendes. O primeiro era uma suspeita de Aécio participar de um esquema de propinas na estatal Furnas. Mendes autorizou o inquérito. A coleta de provas pela Polícia Federal durou um dia, o senador mineiro foi ouvido no seguinte, Gilmar, finalmente, revogou suas decisões da véspera e mandou o processo de volta a Janot, com a pergunta: precisa apurar mesmo?
O segundo caso diz respeito à suspeita de que Aécio, quando governador de Minas, tenha enviado dados fajutos a uma CPI no Congresso. Mendes devolveu de cara a Janot. O procurador-geral insistiu e o ministro, por fim, cedeu e autorizou o andamento dos dois processos, o de Furnas e o dos dados falsos.
A relação entre o relator e o procurador-geral também pesa no rumo de processos, outra incógnita na Lava Jato. Janot e Zavascki estavam em sintonia e conversavam sempre. O que não significa que o chefe do Ministério Público não tirasse o magistrado do sério às vezes. Quando o roteiro da delação do senador cassado Delcídio do Amaral, ex-PT, vazou dez dias antes de um domingo de protestos pela deposição de Dilma em março de 2016, Zavascki mandou Janot investigar. Em tese, só quem sabia do teor eram as equipes do ministro e do procurador.
O afastamento de Eduardo Cunha do comando da Câmara foi solicitado por Janot a Zavascki na véspera do recesso forense de dezembro de 2015, motivo de irritação do magistrado, para quem tal interferência de um poder em outro não poderia dar-se de supetão.
Para ajudá-lo na Lava Jato, Zavascki montara uma equipe de três juízes auxiliares, Marcio Schiefler, Paulo Marcos de Farias e Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho. O trio é hoje a memória viva da Operação no STF, domina detalhes e personagens. Com sinal verde de Cármen Lúcia, eles cumpriram nos últimos dias uma etapa importante na delação da Odebrecht. Ouviram executivos da empreiteira para conferir se eles selaram o acordo de delação por vontade própria ou se foram coagidos. Uma checagem necessária à homologação de qualquer delação.
Rodrigo Janot
Em embate com Mendes por causa de Aécio, Janot perdeu um round, mas levou o segundo (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
O destino do trio também será determinante nos rumos da Lava Jato em Brasília. Não se sabe se os três vão trabalhar com o novo relator nem se eles topariam a missão. Trata-se de uma relação de confiança. Dois deles, Schiefler e Farias, eram conterrâneos catarinenses de Zavascki, enterrado no sábado 21, em Porto Alegre.
O velório foi uma oportunidade para Cármen Lúcia dar mais um indício de sua má vontade em relação a políticos. Em sua posse, em setembro, no comando do STF, não mencionara autoridades presentes, como Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros, dois encrencados. No mês seguinte, recusou-se a reunir-se com Calheiros após uma operação da Polícia Federal no Senado.
Em novembro, comentou ser uma tentativa de calar juízes a aprovação pelos deputados de uma lei a criar crime de responsabilidade para magistrados e procuradores. Agora no velório, um repórter notou que a ministra estava ao lado da família do falecido, retirou-se na hora em que comitiva presidencial estava para chegar e voltou justamente quando Temer e sua trupe partiram.
Essa comitiva do peemedebista é digna de registros. Um dos integrantes era o chanceler José Serra, ministro de uma pasta que nada tem a ver com tribunais. Ele era, aliás, um dos três ministros ao lado de Temer na declaração presidencial à imprensa no dia da morte de Zavascki.
Um rosto conhecido da Lava Jato. Serra é suspeito de receber 23 milhões de reais na Suíça em caixa 2 da Odebrecht na eleição presidencial de 2010. Seu colega de PSDB Geraldo Alckmin era outro na comitiva. O governador paulista pegou carona no avião da FAB rumo a Porto Alegre a convite de Temer, segundo a assessoria de imprensa do tucano.
Alguns dias depois da carona, aconteceu algo curioso. Nomeado pelo governador para o cargo, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, disse ao Valor estar pronto para criar uma força-tarefa que investigue fatos apontados em delações da Odebrecht ocorridos em terras bandeirantes.
Há obras celebradas pelo governo paulista com a Odebrecht que provavelmente foram citadas. Uma linha do metrô, outra de monotrilho, por exemplo. Se a apuração de negociatas nessas obras ficar com promotores de São Paulo, Alckmin dará vivas. Uma pesquisa divulgada em dezembro pela ONG Conectas garante: o Ministério Público paulista sofre influência do governo local.
Smanio não é o único personagem ligado a Alckmin a surgir no meio da Lava Jato. Secretário do tucano duas vezes em São Paulo, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, trocou na quinta-feira 26 a chefia do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, notícia antecipada no site de CartaCapital no dia 13.
Pelo DRCI, passam todos os casos de colaboração com outros países. A ajuda externa é uma das marcas da Lava Jato, vide o acordo de leniência da Odebrecht nos Estados Unidos. Quem comanda o órgão sabe de onde virá chumbo e contra quem.
O diretor demitido, Ricardo Saadi, estava no cargo desde 2010. Tinha independência para atuar, não devia gratidão a Moraes, nem se sentia obrigado a deixá-lo a par das coisas. Consta que o ministro queria exatamente isso, conhecer tudo do Departamento, daí ter lá colocado alguém de sua confiança.
Smanio
Com Smanio, Alckmin dorme o sono dos justos (Foto: Bruno Kelly/Reuters/Fotoarena)
Não é de hoje que a Procuradoria-Geral da República tenta aprofundar a cooperação com a Suíça, para avançar na investigação sobre os delatados pela Odebrecht, e o DRCI tem papel importante nessa negociação.
No domingo 22, o Estado de S. Paulo noticiou que o acordo está travado por culpa do Ministério da Justiça. A pasta tentaria, entre outras coisas, conhecer de antemão os nomes de quem será investigado, exigência que seria rechaçada pela Suíça.
Cooperações à parte, Gilmar Mendes era outro caronista na comitiva de Temer rumo a Porto Alegre. Parece não haver limites para a proximidade entre réu e julgador: como se sabe, o peemedebista corre risco de cassação no Tribunal Superior Eleitoral, comandado por Mendes, em uma ação de cassação da chapa presidencial eleita em 2014. E nem foi a primeira carona em 2017.
Mendes acompanhou Temer a Lisboa no início do mês para o funeral do ex-presidente de Portugal Mário Soares. Uma história esquisita. O magistrado estava de férias em Portugal. Ficaria até 25 de janeiro. Por alegadas “razões pessoais”, voltou antes.
Logo embarcou de novo para Lisboa, com Temer. Não foi ao funeral de Soares, por causa de uma alegada labirintite, nem voltou com o presidente ao Brasil. Seguiu em Portugal a desfrutar das férias antes interrompidas. Só regressou de vez ao saber da morte de Zavascki, por quem chorou sinceramente.
As causas do desastre aéreo ainda são desconhecidas. O Ministério Público Federal abriu um inquérito civil para apurar o caso, investigação a correr em sigilo por ordem judicial. Análises iniciais da Aeronáutica sobre a última meia hora de conversa dentro da cabine do piloto e deste com a torre de controle do aeroporto de Paraty não identificaram problemas mecânicos no jatinho. O piloto Osmar Rodrigues fez duas tentativas de pousar, ambas malsucedidas por causa do mau tempo, e talvez tenha ficado desorientado depois disso, sem enxergar o que era mar e o que era pista.
Acidente
As causas do desastre ainda são desconhecidas. O MPF abriu inquérito civil
Além dele e de Zavascki, morreram mais três passageiros. Um era o dono do jatinho, o empresário Carlos Alberto Filgueiras, amigo do magistrado. A amizade teria surgido de solidariedade em 2012, quando Zavascki, que ainda não era do STF, acompanhava a esposa em sessões de tratamento de um câncer em São Paulo e às vezes hospedava-se em um hotel do empresário.
Nesse início de 2017, era Filgueiras quem cuidava da saúde. Para tratar o nervo ciático, levava a bordo a massoterapeuta Maíra Panas, de 23 anos. A mãe dela, Maria Hilda Panas, de 55, morava longe, em Mato Grosso, e a visitava em São Paulo quando os serviços da filha foram requisitados, razão para ter embarcado junto. As duas também morreram.
Diante do CV de Filgueiras, sua proximidade com Zavascki chama a atenção. Ele era sócio indireto do banqueiro André Esteves em uma empresa de empreendimentos imobiliários. Dono do BTG Pactual, Esteves foi encarcerado, em novembro de 2015, por ordem de Zavascki, juntamente com Delcídio do Amaral, em um dos inúmeros capítulos da Lava Jato.
Passou à prisão domiciliar dias depois e, em abril de 2016, foi solto, ambas decisões de Zavascki. Os fatos por trás da detenção levaram o Ministério Público a denunciar Esteves à Justiça, em julho de 2016, ao lado de Delcídio e do ex-presidente Lula, por tentativa de obstruir investigações.
Esteves tinha, ao que parece, interesse em encontrar canais de comunicação com o Judiciário. Cinco dias após ser denunciado, seu BTG anunciou a entrada do advogado Nelson Jobim como sócio e membro do Conselho de Administração. Ex-ministro da Justiça, da Defesa e do STF, Jobim tem boas relações com petistas e tucanos, além de crachá do PMDB.
Alexandre Moraes
O ministro Moraes assume o controle das relações da Lava Jato com o exterior (Foto: Marcelo Camargo/ABr)
Era amigo de Zavascki, um sujeito “fechado”, um “burocrata”, “parece que não tem ninguém” ligado a ele capaz de abordá-lo para falar da Lava Jato, conforme uma conversa do enrolado senador Romero Jucá, do PMDB, e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, delator, gravada no início de 2016.
O hotel de Filgueiras em São Paulo, o Emiliano, já despontou na Lava Jato. Em depoimento, Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC, contou ter jantado ali, em 2014, com  Renan Calheiros, para discutir doações à vitoriosa campanha do filho do senador ao governo de Alagoas na eleição daquele ano.
Calheiros, relatou Pessoa, teria deixado a impressão de o donativo ser uma contrapartida às obras, tocadas entre outras pela UTC, da usina nuclear de Angra 3, localizada por coincidência nas proximidades de onde caiu a aeronave com Zavascki.
O destino final dos passageiros do voo era a Ilha das Almas, um paraíso em Paraty responsável por Filgueiras ser processado por crime ambiental, a pedido do MP. Algumas de suas propriedades na região situam-se em área de proteção e, por isso, só admitiam construções para fins de pesquisas.
Nada de hotéis, bares, restaurantes e pousadas, alguns dos quais erguidos pelo empresário entre 2008 e 2011, acusa o MP. Condenado em várias instâncias, ele recorreu em novembro ao STF, onde teve seu pedido de trancar a ação penal negado pelo relator Luiz Edson Fachin, em 13 de dezembro.
Os mortos não se preocupam mais. Já os muito vivos...

domingo, 26 de fevereiro de 2017

'Fora, Temer!' ganha o carnaval e presidente é tema de marchinhas

Bordão gritado por foliões em várias cidades do país está também na letra de marchinhas que fazem sucesso na internet.
São Paulo – Desde a sua abertura, na última sexta-feira (24), o bordão "Fora,Temer!" tornou-se a febre do carnaval 2017.  O cantor Russo Passapusso, da banda System, e Caetano Veloso provocaram os foliões de Salvador, que responderam à altura.
A banda baiana, aliás, está sendo ameaçada de ficar fora do carnaval do ano que vem. De acordo com o coletivo Jornalistas Livres, os puxadores do coro "Machistas, fascistas, não passarão", que foi seguido por um "Fora, Temer!", está na mira do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar).
Seu presidente, Pedro Costa, declarou ao jornal Correio que a banda pode sofrer punição e até ficar fora do próximo carnaval. Isso porque, segundo o coletivo, o código de ética do carnaval não permite usar o trio elétrico para atacar alguém.
Pedro Costa afirmou ainda" que não se pode transformar o carnaval em palanque político, a despeito dos vários artistas que, ao longo de muitos anos, pararam e continuam parando em frente aos camarotes para tecer elogios aos governantes da linhagem de Antonio Carlos Magalhães".
Ontem foi a vez da multidão de Belo Horizonte, que seguia o Bloco Síndico, gritar "Fora, Temer". O presidente Michel Temer (PMDB), que descansa na base naval de Aratu com forte aparato de segurança para evitar a aproximação de fotógrafos, é personagem de diversas marchinhas.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Como Temer e Padilha caíram na armadilha de Cunha

Jornalista Andrei Meireles, do site Os Divergentes, questiona "o caminho tortuoso da entrega" do dinheiro que teria chegado ao escritório de José Yunes, amigo de Michel Temer, em "envelopes"; "Não há motivo plausível para a Odebrecht, com seu estruturado departamento de propina, ter optado por um modo tão amador para um pagamento dessa envergadura", observa; "Na interpretação de quem conhece esse jogo, quem deu, intermediou e operou o pagamento ali quis carimbar a entrega", completa.O jornalista Andrei Meireles, do site Os Divergentes, faz uma observação importante sobre o relato de José Yunes, amigo de Michel Temer, sobre o caso do dinheiro que teria sido entregue em seu escritório por meio de "envelopes" e de Lucio Funaro para chegar a Eliseu Padilha.
Meireles questiona "o caminho tortuoso da entrega dessa grana". "Não há motivo plausível para a Odebrecht, com seu estruturado departamento de propina, ter optado por um modo tão amador para um pagamento dessa envergadura", observa.
"Na interpretação de quem conhece esse jogo, quem deu, intermediou e operou o pagamento ali quis carimbar a entrega", completa o jornalista, para quem "são profusas as digitais de Eduardo Cunha".
"O relevante é que Michel Temer e Eliseu Padilha, parceiros de quem Cunha desconfiava de que algum dia pudessem traí-lo, seguiram o seu script", diz. Leia aqui a íntegra.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Trump defende nacionalismo e diz que "representa os EUA, não o mundo"

“Eu não estou representando o globo, estou representando o nosso país”. Com esta afirmação, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, arrancou aplausos ao participar nesta sexta-feira (24), como orador, da 44ª Convenção Anual da Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em ingês), em Oxon Hill, Maryland . Na oportunidade, ele manteve a linha nacionalista, voltou a chamar a imprensa de inimiga e defendeu seu plano anti-imigração.
A convenção é considerada o evento mais importante para os republicanos e demais conservadores do país. Na convenção do ano passado, na época da pré-campanha eleitoral, Trump foi criticado, mas agora foi prestigiado ao ser escolhido como orador. Segundo a imprensa norte-americana, a última vez que um presidente foi convidado para a CPAC no primeiro ano de seu mandato foi em 1981, com Ronald Reagan.
No discurso, Trump reforçou as promessas de construir um muro no México e endurecer as diretrizes sobre deportação de imigrantes irregulares. Ele voltou a enfatizar o seu slogan de campanha Make America Great Again (Tornar a América Grande de Novo), mas pontuou que isso será para os “cidadãos do país em primeiro lugar”.
Participantes prestam o Juramento à Bandeira (em inglês Pledge of Allegiance) na convenção da CPAC em Maryland
Participantes prestam o Juramento à Bandeira durante convenção conservadora em Maryland Agência Lusa/EPA/ Shawn Thew
Sobre a imprensa, o presidente disse que alguns meios de comunicação se prestam ao papel de divulgadores de notícias falsas (fake news). E disse que há repórteres honestos, mas que muitos são mentirosos. “Eles são inimigos do povo”, comentou, referindo-se pela terceira vez publicamente à imprensa e aos jornalistas do país. Trump criticou ainda o uso do anonimato e falou que as fontes devem ser nomeadas ao serem usadas pela imprensa.
FBI
De manhã, antes da convenção, Trump havia criticado o FBI (a polícia federal americana), pelo vazamento de informações à mídia no Twitter. Ele escreveu que o órgão  é “incapaz” de evitar a ação de pessoas de dentro da instituição que fazem chegar informações até a imprensa.
Na visão do magnata republicano, o vazamento de informações é um problema para a segurança do país. Em um dos últimos episódios de material investigado pelo FBI e publicado pela imprensa, o jornal The New York Times teve acesso a um relatório com investigações sobre o contato de assessores da campanha eleitoral de Trump com funcionários do governo russo, um ano antes das eleições.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Celso de Mello manda governo se explicar sobre Reforma da Previdência

O ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello pediu nesta sexta-feira (17/2) que os presidentes da República, da Câmara dos Deputados, da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e da Comissão Especial encarregada de analisar a PEC 287/2016 — a chamada PEC da Reforma da Previdência — prestem informações sobre a falta de estudo atuarial que comprove o alegado déficit da Previdência.
Celso de Mello determinou que governo explique por que teor da PEC não foi pré-aprovado por Comissão de Previdência.
Relator do Mandado de Segurança 34.635, Celso de Mello determinou que também seja explicado por que o teor dessa PEC não foi pré-aprovado pela Comissão Nacional de Previdência Social. Os envolvidos têm 10 dias para prestar informações ao STF. Só depois disso o ministro decidirá se concede ou não a liminar pedida pelos autores da ação, para suspender a tramitação da PEC.
Os dois pontos citados pelo decano do STF embasaram o MS impetrado por quase 30 deputados federais. Eles pedem a anulação de todos os atos legislativos sobre a PEC 287/2016. Segundo a inicial, a proposta, de autoria do Executivo e apresentada em dezembro de 2016, foi enviada ao Congresso sem prévio estudo atuarial que confirme a real necessidade de mudar a Constituição para manter o equilíbrio das contas previdenciárias.
O saldo negativo da Previdência é o principal argumento utilizado pelo governo para defender a aprovação da proposta. Para os parlamentares, o ato ofendeu a Constituição nos artigos que trata sobre o regime previdenciário.
Os artigos 40 e 201 da Constituição exigem que os dois regimes, tanto o próprio quanto o geral, observem critérios que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial. Por causa disso, argumentam os deputados, qualquer mudança na definição de requisitos como idade mínima, tempo de contribuição e carências, assim como critérios de cálculo e reajuste de benefícios devem passar por prévio estudo que respeite as equações típicas do cálculo atuarial.
“Não se trata de mera orientação para a gestão administrativa. O estudo atuarial é requisito formal para a regularidade material das condições previdenciárias em qualquer regime, em especial quando objeto de alteração constitucional”, diz a inicial.
Os deputados alegam também que Temer não ouviu o Conselho Nacional de Previdência Social, exigência prevista no artigo 10 da Constituição e nos artigos 3º, 4º e 5º da Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência social.
A PEC fixa uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. As novas regras, se aprovadas, valerão para trabalhadores dos setores público e privado. O trabalhador que desejar se aposentar recebendo a aposentadoria integral deverá contribuir por 49 anos.
Atualmente, a proposta está sendo analisada por uma comissão especial, que será encarregada de emitir parecer sobre as mudanças. Mas antes passou pela Câmara e a Comissão de Constituição da casa. O MS alega que todos esses atos não valem por vício no processo legislativo.
A equipe responsável pela elaboração do MS é composta pelos advogados Rudi Meira Cassel, Roberto de Carvalho Santos, Daniel Felipe de Oliveira Hilario, Fernando Ferreira Calazans, Jean Paulo Ruzzarim e Juliana Benício Xavier

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Venezuela: jornalistas protestam contra retirada do ar da CNN em espanhol

Imediatamente após sair do ar nas operadoras a cabo, a CNN ofereceu seu sinal de televisão em espanhol gratuitamente no YouTube.
Dezenas de jornalistas e trabalhadores da imprensa protestaram nesta quinta-feira (16/2), em Caracas, para exigir o retorno do sinal da CNN em espanhol na Venezuela, suspenso pelo governo, que acusa a emissora de fazer "propaganda de guerra".
"A verdade não pode ser escondida", dizia um dos cartazes dos manifestantes, que rechaçaram também o início dos trâmites que buscam bloquear as transmissões da emissora americana pela internet.
Na quarta-feira (15/2), operadoras de televisão a cabo na Venezuela tiraram o canal do ar por ordem governamental.
Isto ocorreu dias depois de a emissora denunciar uma suposta venda de vistos e passaportes venezuelanos na embaixada do país em Bagdá, que poderiam acabar nas mãos de pessoas ligadas ao terrorismo, o que foi negado pelo governo de Nicolás Maduro, que desqualificou as fontes da reportagem.
"A CNN é um instrumento de guerra", justificou o presidente venezuelano, que sustenta que a emissora faz parte de uma trama da oposição venezuelana e do Departamento de Estado americano para derrubá-lo.
"Exigimos o imediato retorno do sinal da CNN em espanhol após esta medida ilegal e arbitrária", disse à AFP Marco Ruiz, secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), na frente da sede da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel, governamental).
Lá, representantes do SNTP, do Colegiado Nacional de Jornalistas (CNP) e outras organizações, entregaram um documento que classifica a ação como uma violação à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.
"Estamos falando do direito da população de ser devidamente informada. Há uma violação da liberdade dos cidadãos", expressou Tinedo Guía, presidente do CNP.
Grupos simpatizantes ao chavismo também foram à Conatel pedir a suspensão dos sinais da CNN Internacional e o resto dos canais da emissora americana. Apesar dos momentos de tensão, não houve incidentes.
Imediatamente após sair do ar nas operadoras a cabo, a CNN ofereceu seu sinal de televisão em espanhol gratuitamente no YouTube e através de links a suas notícias no site cnnespanol.com para que os venezuelanos "tenham acesso à informação", segundo um comunicado.
Entretanto, o diretor da Conatel, Andrés Eloy Méndez, informou nesta quinta-feira que o governo iniciou um processo para bloquear o canal na internet.
"Já estão prontas todas as coordenações de nossa gerência de operações e seguimento regulatório com todos os prestadores de serviço de internet para ir fazendo os respectivos bloqueios", adiantou Méndez.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Aprovação do governo Temer fica em 10%, indica pesquisa

Pesquisa da CNT (Confederação Nacional do Transporte) com o instituto MDA divulgada nesta quarta-feira (15) mostra que 44,1% dos brasileiros avaliam o governo do presidente Michel Temer como ruim ou péssimo, enquanto 10,3% têm uma visão positiva da gestão do peemedebista.
Para 38,9%, o governo federal tem desempenho considerado regular. Outros 6,7% dos entrevistados disseram não saber ou não responderam.
A reprovação da gestão Temer cresceu em relação à última pesquisa do instituto, realizada em outubro do ano passado, quando 36,7% da população avaliava o governo negativamente.
O índice atual, no entanto, ainda é bem menor do que números registrados em meados de 2015, quando o governo da então presidente Dilma Rousseff (PT) atingiu 71% de reprovação, segundo dados do mesmo instituto.
O levantamento divulgado nesta quarta foi realizado entre os dias 8 e 11 de fevereiro. Foram ouvidas 2.002 pessoas, em 138 municípios de 25 unidades federativas, das cinco regiões.
A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. O nível de confiança é de 95%.
A pesquisa mediu ainda a opinião das pessoas com relação ao desempenho pessoal de Temer. Dos entrevistados, 24,4% aprovam o presidente, enquanto 62,4% o desaprovam. Outros 13,2% disseram não saber ou não responderam.
ELEIÇÕES 2018
A CNT/MDA também indagou as pessoas sobre suas intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018. Na pesquisa espontânea, o ex-presidente Lula (PT) aparece na liderança, com 16,6% das intenções de voto.
O deputado Jair Bolsonaro (PSC) é o segundo colocado, 6,5%, seguido por Aécio Neves (2,2%), Marina Silva (1,8%), Michel Temer (1,1%), Dilma Rousseff (0,9%), Geraldo Alckmin (0,7%) e Ciro Gomes (0,4%).
O maior percentual, no entanto, é dos que se disseram indecisos: 57,1%. Outros 10,7% votariam branco ou nulo. E 2,0% afirmaram que votariam em outros candidatos.
Na pesquisa estimulada, isto é, quando o instituto fornece opções ao entrevistado, o ex-presidente Lula aparece em primeiro lugar em todos os cenários. No primeiro, o petista tem 30,5%, seguido por Marina Silva (11,8%), Jair Bolsonaro (11,3%), Aécio Neves (10,1%), Ciro Gomes (5,0%) e Michel Temer (3,7%). Brancos e nulos somam 16,3%, e 11,3% se dizem indecisos.
No segundo cenário projetado pelo instituto, Lula tem 31,8%, ante 12,1 de Marina Silva, 11,7% de Jair Bolsonaro, 9,1% de Geraldo Alckmin, 5,3% de Ciro Gomes e 1,0% de Josué Alencar. Brancos e nulo correspondem a 17,1%, e indecisos somam 11,9%.
No terceiro cenário, Lula aparece com 32,8%, seguido por Marina Silva (13,9%), Aécio Neves (12,1%) e Jair Bolsonaro (12,0%). Brancos e nulo são 18,6% e outros 10,6% dizem estar indecisos.
SEGUNDO TURNO
Em eventual segundo turno nas eleições de 2018, Lula também lidera em todos os cenários em que é opção. Contra Aécio, o petista tem 39,7% das intenções de voto, ante 27,5% do tucano. Brancos e nulos são 25,5%, e indecisos correspondem a 7,3% neste cenário.
Contra o atual presidente Michel Temer, Lula teria uma vitória mais expressiva: 42,9%, ante 19,0% do peemedebista. Brancos e nulos somam 29,3%, e 8,8% dizem estar indecisos.
Já contra a ex-senadora Marina Silva, Lula registra 38,9% das intenções de voto. Marina tem 27,4%, branco e nulo chegam a 25,9% e indecisos somam 7,8%.
Em eventual segundo turno entre Aécio Neves e Michel Temer, o tucano tem 34,1% das intenções, contra 13,1% do atual presidente. Brancos e nulos registram 39,9% e 12,9% dizem estar indecisos.
Em um cenário onde Aécio e Marina disputam o segundo turno, há um empate técnico. O mineiro tem 28,6%, quase a mesma quantidade que a ex-senadora (28,3%). Brancos e nulo correspondem a 31,9%. Indecisos são 11,2%.
Por fim, o instituto simulou um embate entre Marina Silva e Michel Temer. Nessa situação, a ambientalista tem 34,4% das intenções de voto, contra 16,8% do peemedebista. Brancos e nulo somam 35,2%, ante 13,6% que dizem estar indecisos.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Denunciado por mais 184 crimes, Sergio Cabral pegará prisão perpétua

Ex-governador do Rio, que está preso em Bangu, já é réu por outros crimes relacionados à Operação Lava Jato; vale lembrar que ele está nas mãos do juiz mais duro do Brasil, Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que condenou Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, a 43 anos; se ele aceitar a nova denúncia do MPF-RJ, Sergio Cabral se tornará réu pela terceira vez, ficando marcado como o maior corrupto da história do Brasil; também foram denunciadas nesta ação do MPF outras dez pessoas no âmbito das operações Calicute e Eficiência, desdobramentos da Lava Jato no Rio.O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) denunciou à 7ª Vara Federal o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) por 184 crimes de lavagem de dinheiro. Os fatos apresentados na denúncia são resultantes da Operação Eficiência, realizada no escopo das investigações da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. Além de Cabral, foram denunciadas outras dez pessoas, incluindo dois colaboradores, doleiros que faziam parte da organização como operadores financeiros.
Segundo informações divulgadas pelo MPF, "os doleiros recebiam dos demais denunciados dinheiro em espécie oriundo dos crimes de corrupção praticados, custodiavam tais recursos em seu escritório e os distribuíam posteriormente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso".
"Os colaboradores forneceram uma planilha de controle de caixa que aponta que os recursos por eles custodiados foram utilizados para pagamentos de despesas, no período de 1º de agosto de 2014 a 10 de junho de 2015, no valor de R$ 39,7 milhões, uma média de aproximadamente R$ 4 milhões por mês", diz.
Segundo o ministério, as provas reunidas nas Operações Calicute e Eficiência comprovaram que Sérgio Cabral, no comando da organização criminosa, e mais dez pessoas promoveram a lavagem de ativos, no Brasil, para beneficiar o outros participantes do esquema e para despesas pessoas tanto do ex-governador como dos seus familiares.
"Os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa", continua.
A denúncia versa sobre crimes de pertinência a organização criminosa e de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil. Contudo, diante da grandiosidade do esquema criminoso, não esgotam todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, que poderão ser objeto de novas denúncias.
Segundo os procuradores da República Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Silva de Oliveira, Rodrigo Timóteo, Rafael Barretto, Sérgio Pinel, Jessé Ambrósio Junior e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia, "o vultoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura destinada à movimentação e lavagem do dinheiro da propina."
Além de Sérgio Cabral, também foram denunciados por crimes de lavagem de dinheiro Carlos Miranda (147 crimes), Carlos Bezerra (97 crimes), Sérgio Castro de Oliveira (6 crimes), Ary Ferreira da Costa Filho (2 crimes), Adriana Ancelmo (7 crimes), Thiago de Aragão Gonçalves (7 crimes), Francisco de Assis Neto (29 crimes), Álvaro José Galliez Novis (32 crimes). Sérgio de Oliveira, Thiago de Aragão, Francisco de Assis e Álvaro Novis também foram denunciados por integrarem a organização criminosa liderada pelo ex-governador.
Na denúncia foram narrados ainda fatos criminosos de dois colaboradores, doleiros que faziam parte da organização como operadores financeiros.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Donald Trump promete resposta forte à Coreia do Norte

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu uma resposta forte à Coreia do Norte, depois do teste de um novo míssil balístico.
"Nós temos problemas que muitas pessoas não fazem ideia da sua gravidade. Obviamente, a Coreia do Norte é um grande problema. E nós vamos lidar com ele de uma forma muito determinada", disse Donald Trump.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas terá esta segunda-feira uma reunião de emergência após a Coreia do Norte ter anunciado o lançamento de um míssil balístico no domingo, um teste visto como um desafio ao Presidente norte-americano.
A Coreia do Norte está proibida, por resoluções da ONU, de realizar lançamentos de mísseis balísticos ou testes de armas nucleares.
No entanto, no ano passado, o país realizou dois testes nucleares e numerosos lançamentos de mísseis numa tentativa de desenvolver um sistema de armas nucleares capaz de atingir solo norte-americano.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Bomba da Segunda Guerra tira 70 mil de suas casas na Grécia

Exército grego desativa detonador e retira explosivo de 250 quilos encontrado em posto de gasolina em obras em Tessalônica. Artefato foi usado nos bombardeios aliados contra as forças de ocupação nazista.Mais de 70 mil moradores do distrito de Kordalios, na cidade grega de Tessalônica, começaram a retornar a suas casas neste domingo (12/02) após o fim da operação de retirada de uma bomba da Segunda Guerra Mundial achada na semana passada em um posto de gasolina em obras.
"Tudo terminou bem", anunciou o governador regional da Macedônia Central, Apostolos Tzitzikostas, ao fim da operação, lembrando que a operação de evacução deste domingo foi a maior já feita na Grécia em tempos de paz.
Um grupo de seis especialistas do Exército grego conseguiu desativar o detonador, o que facilitou a retirada da bomba de 250 quilos. O artefato foi transportado a um terreno militar nos arredores para uma explosão controlada.
Todos os moradores do distrito do oeste de Tessalônica tiveram que deixar suas casas como medida de segurança. A polícia tinha estabelecido um perímetro de segurança de 1.900 metros onde residem mais de 70 mil pessoas e está instalado um centro de refugiados, que também foi esvaziado.
Segundo as autoridades locais, acredita-se que a bomba, que estava a apenas cinco metros e meio de profundidade, contém 150 kg de explosivos.
De acordo com a agência de notícias grega AMNA, a bomba seria de procedência britânica e teria sido usada em 1943 nos bombardeios aliados contra as forças de ocupação nazista.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Jornalistas brasileiros que investigam caso Odebrecht são presos na Venezuela

As autoridades da Venezuela prenderam neste sábado no estado de Zulia, no oeste do país, dois jornalistas brasileiros e outros dois venezuelanos que faziam uma matéria sobre uma obra não concluída da construtora Odebrecht.
O secretário-geral do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP), Marco Ruiz, disse à Agência Efe que os brasileiros presos são o repórter Leandro Stoliar, da "Rede Record", e o cinegrafista Gilzon Souza de Oliveira. Já os venezuelanos são Jesus Urbina e María José Túa, coordenadores na cidade de Maracaibo da ONG Transparência Venezuela.
Os quatro estavam gravando imagens da chamada ponte de Nigale, uma estrutura prometida em 2005 pelo então presidente Hugo Chávez, morto em 2013, e até hoje não concluída. Ela seria uma segunda opção para passagem de veículos sobre o Lago de Maracaibo.
Segundo Ruiz, funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) ordenaram que os quatro jornalistas se dirigissem, escoltados, até a sede do órgão no estado para uma "entrevista".
"Eles mandaram os jornalistas irem em seu próprio carro, depois comunicaram que iriam rumo ao Sebin e retiraram os celulares deles. Eles não têm advogados", disse o sindicalista, explicando que os brasileiros chegaram ao país na última quarta-feira.
As informações também foram divulgadas pela ONG Transparência Venezuela pelo Twitter. A organização classifica a prisão de "sequestro" e exige a libertação imediata dos quatro detidos.
"Nossa equipe de Zulia e os jornalistas brasileiros estavam coletando informações sobre as obras da Odebrecht. Fazemos um pedido à Defensoria Pública para que vá ao local da prisão", disse a ONG.
O SNTP indicou em janeiro que sete correspondentes estrangeiros foram expulsos da Venezuela no último ano.
A Venezuela também foi citada nos pagamentos de propina feitos pela Odebrecht e revelados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos. No acordo firmado com a Justiça americana, a construtora brasileira disse ter pago US$ 98 milhões a funcionários e intermediários do governo entre 2006 e 2015.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

França anuncia detenção de suspeitos de preparar 'atentado iminente'

As autoridades francesas anunciaram nesta sexta-feira que desmantelaram um projeto de "atentado iminente" no país, após a detenção de quatro pessoas em Montpellier (sul), incluindo uma adolescente de 16 anos.
A detenção dos quatros indivíduos "permitiu desbaratar um projeto de atentado iminente em território francês", afirmou o ministro do Interior, Bruno Le Roux.
Uma fonte próxima da investigação afirmou que a polícia ainda não conseguiu determinar o alvo do atentado.
"A vontade de agir e de confeccionar vários artefatos explosivos parece ter sido materializada", disse uma fonte policial.
"Os quatro suspeitos, de 16, 20, 26 e 33 anos, foram detidos depois de comprar propanona", um líquido que pode ser usado para fabricar artefatos explosivos, explicou a fonte.
Entre os detidos, uma adolescente de 16 anos foi localizada nas redes sociais depois de expressar a vontade de viajar para a Síria ou o Iraque e de cometer um ataque na França
"Um de seus mentores era um dos alvos da Direção Geral de Segurança Interna (DGSI)", o serviço de inteligência francês, destacou uma fonte.
De acordo com os primeiros elementos da investigação, este homem, que está entre os quatro detidos, pretendia detonar uma carga explosiva junto ao corpo.
Durante as operações de busca, a polícia encontrou TATP - um explosivo artesanal potente, mas muito instável, e muito apreciado pelos radicais -, propanona, água oxigenada, seringas e luvas de proteção.
As mulheres jovens, que com frequência eram ignoradas pelo serviço de inteligência, agora são consideradas potencialmente tão perigosas como os homens, sobretudo desde a detenção em setembro de 2016 de um comando feminino na região de Paris.
- A ameaça persiste -
A França se encontra em estado de emergência desde os atentados extremistas de 2015 e 2016, que deixaram 238 mortos. O país é um alvo para os jihadistas, em parte porque integra a coalizão que luta contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.
O primeiro-ministro Bernard Cazeneuve recordou nesta sexta-feira o "nível de ameaça terrorista extremamente elevado" que o país enfrenta.
No dia 3 de fevereiro, um egípcio de 29 anos atacou, com um facão em cada mão, os militares da galeria do Carrossel do Museu do Louvre, em Paris, aos gritos de "Allahu Akbar" (Alá é grande em árabe).
Os tiros dos soldados o deixaram gravemente ferido.
Em depoimento, o egípcio afirmou que desejava "atacar um símbolo da França em reação aos bombardeios da coalizão internacional" na Síria e que pretendia apenas atingir obras no Museu do Louvre, o mais visitado do mundo.
Depois do ataque, o presidente François Hollande voltou a pedir que a França enfrente a ameaça terrorista.
"Está aqui, continua e devemos enfrentá-la. Este é o motivo pelo qual mobilizamos tantos recursos e continuaremos fazendo isto enquanto for necessário", afirmou.
A França evitou vários atentados ou projetos de ataque nos últimos meses. Em 13 de dezembro, o ministro do Interior afirmou que as forças de segurança haviam evitado "ao menos 13 tentativas que envolviam mais de 30 indivíduos", entre eles mulheres e menores, desde o atentado que deixou 86 mortos em Nice, em 14 de julho de 2016.
No final de novembro, a polícia prendeu quatro franceses e um marroquino que haviam jurado lealdade ao EI e eram suspeitos de planejar um atentado na região de Paris.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Juiz suspende nomeação de Moreira Franco feita por Michel Temer

Moreira Franco assumiu a Secretaria-Geral da Presidência três dias após a delação da Odebrecht, que ele foi citado, ter sido homologada.A Justiça Federal do Distrito Federal suspendeu, na tarde desta quarta-feira, por liminar, a nomeação de Moreira Franco para a Secretaria-Geral da Presidência. Na decisão, o juiz argumenta que a nomeação dele se deu dias após ter sido citação em delação na Lava-Jato. Com a nomeação feita pelo presidente Michel Temer (PMDB), ocorrida no último dia 02 de fevreiro, Franco teria foro privilegiado, caso seja autuado pela Polícia Federal.

A ação popular foi proposta por Rafael Augusto Batista Juliano, Gianmarco Loures Ferreira e Fernando de Moura Coelho, estudantes da UNB. Eles apresentam o presidente Michel Temer como réu na ação pelo ato de nomeação. Eles apontam a atitude como “desvio de finalidade e ofensa à moralidade”.
Ainda de acordo com a decisão, assinada pelo juiz Eduardo Rocha Penteado, da Justiça Federal do Distrito Federal, o ato de Temer ocorreu três dias após a homologação da Odebrecht.
“ É dos autos que Wellington Moreira Franco foi mencionado, com conteúdo comprometedor, na delação da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. É dos autos, também, que a sua nomeação como Ministro de Estado ocorreu apenas três dias após a homologação das delações, o que implicará na mudança de foro. Sendo assim, indícios análogos aos que justificaram o afastamento determinado no Mandado de Segurança”, afirma o juiz.
Outra ação com a mesma finalidade foi impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo PSOL. O relator do mandado de segurança do partido será o ministro Celso de Mello, que já é responsável por analisar uma ação semelhante apresentada pelo partido Rede Sustentabilidade.
A situação é semelhante a vivida pelo ex-presidente Lula, quando nomeado por Dilma. Na época, a nomeação também foi suspensa pela Justiça.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Ao final de audiência com Moro, Cunha diz que tem aneurisma

Ex-presidente da Câmara afirmou que não tem condições de se tratar na prisão onde está detido atualmente. Após depor por três horas perante o juiz Sérgio Moro, na Justiça Federal em Curitiba, o ex-presidente da Câmara e ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) leu uma carta de próprio punho na qual afirma que tem um aneurisma e que não tem condições de se tratar na prisão onde está detido atualmente.
A audiência desta tarde foi o primeiro interrogatório do peemedebista diante de Moro e começou por volta das 15h. Responsável por aceitar o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ele levou um calhamaço de folhas para a audiência em Curitiba.
Cunha chega a sala de Moro com calhamaço de documentos na mão
Até então, Cunha havia adotado o silêncio como estratégia. Oficialmente, ele não deu qualquer sinal à Polícia Federal e Ministério Público Federal de que quer colaborar com as investigações. Mas logo após ser preso, contratou o criminalista Marlus Arns, de Curitiba, responsável por algumas das delações da Lava-Jato.
Nesta ação, a segunda em que Cunha é réu na Lava Jato, o deputado cassado é acusado de ter recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes à aquisição, pela Petrobrás, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.
O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.
O Ministério Público Federal sustenta que parte destes recursos foi repassada para Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, também em contas no exterior - a transação está sendo investigada em outra ação, específica contra a mulher do peemedebista.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Mais de 500 mil vão às ruas protestar contra o governo na Romênia

Mais de meio milhão de pessoas saíram às ruas em Bucareste e em outras 40 cidades da Romênia na noite do domingo (5) para protestar contra o governo. A pressão popular fez com que a capital Bucareste revogasse um decreto, aprovado na última terça-feira (31), que descriminalizava atos de corrupção na Romênia. As informações são da Radio France Internationale.
Desde que a medida foi aprovada, na semana passada, os romenos saíram em massa às ruas do país. A mobilização foi considerada o maior desde a queda do regime comunista na Romênia, em 1989. No domingo, o governo realizou uma reunião extraordinária e resolveu revogar o polêmico projeto, aprovado sem passar pelo Parlamento.
Mas a população continuou mobilizada e realizou novas manifestações para manter a pressão sobre o governo. Os romenos também exigem a renúncia do primeiro-ministro social-democrata Sorin Grindeanu, que assumiu o cargo há um mês. Em uma entrevista na televisão, ele descartou deixar o governo, alegando que tem "uma responsabilidade com quem que votou" em seu partido nas eleições legislativas de dezembro de 2016.
Decreto reduzia penas
O polêmico decreto estabelecia um montante mínimo de 44 mil euros para começar a investigar crimes financeiros e reduzia as penas de crimes de corrupção. De acordo com o governo, a "reforma" tinha o objetivo de alinhar o código penal à Constituição e diminuir o número de presos.
O anúncio da revogação da medida foi recebida aos gritos de vitória por manifestantes reunidos em frente à sede do governo, em Bucareste, epicentro dos protestos. Os manifestantes temiam um retrocesso na luta contra a corrupção no país. Nos últimos anos, sob pressão da União Europeia (UE) e de juízes, os tribunais romenos instruíram centenas de casos de corrupção, um giro histórico na Justiça do país.
A população também acusa o governo de tentar proteger o líder do Partido Social-Democrata (PSD), Liviu Dragnea, condenado a dois anos de prisão com direito a sursis por fraude eleitoral. Além disso, ele está sendo julgado atualmente por abuso de poder. Mas Dragnea afirma que o decreto não o beneficiava.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Justiça dos EUA rejeita apelação de Trump para manter veto migratório

A Justiça dos Estados Unidos rejeitou neste domingo a apelação do presidente Donald Trump para manter o veto migratório que impede a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.
Segundo uma mensagem na conta da Procuradoria Geral de Washington no Twitter, o recurso apresentado pela Casa Branca perante um Tribunal de Apelações para suspender o veto de um juiz contra a medida anti-imigratória foi negado.
A decisão deixa por enquanto em vigor a ordem do juiz federal James Robart, que bloqueou nesta sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato sobre todo o país, o que obrigou o governo a restaurar milhares de vistos e a abrir de novo as portas a milhões de imigrantes e refugiados.
O governo de Trump iniciou este sábado um processo de apelação da decisão do juiz Robart, e pediu à Corte de Apelações do Nono Distrito, com sede em San Francisco (Califórnia), que restaurasse imediatamente o veto migratório bloqueado pelo tribunal inferior.
A Corte negou essa solicitação, mas pediu aos litigantes no caso - os estados de Washington e Minnesota, contrários ao veto migratório - que lhe apresentem argumentos a favor de sua posição antes das 23h59 de hoje (5h59 de segunda-feira em Brasília), e ao governo de Trump que faça o mesmo antes das 15h da segunda-feira (21h).
Segundo analistas legais, é provável que a batalha acabe relativamente em breve na Suprema Corte.
Enquanto isso, podem continuar chegando ao país os refugiados de todo o mundo, que estavam vetados durante 120 dias sob a ordem de Trump, e os cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque, Irã e Iêmen), proibidos durante 90 dias de acordo com o decreto publicado em 27 de janeiro.
A batalha contra o veto migratório de Trump foi iniciada pelos estados de Washington e Minnesota, que argumentaram que o decreto era anticonstitucional porque provocava discriminação contra uma religião, a muçulmana, algo proibido na Primeira Emenda da Carta Magna.
O juiz Robart decidiu na sexta-feira bloquear o veto migratório, ao assegurar que as "circunstâncias apresentadas" perante ele requeriam uma "intervenção para cumprir com o papel constitucional" do braço judicial, um dos três que compõem o governo.
Na noite do sábado, Trump e seu gabinete apelaram da decisão do juiz perante a Corte de Apelações do Nono Distrito e pediram a restauração do veto.
O argumento do governo consiste em que questionar judicialmente a decisão do presidente "constituiria uma intrusão inadmissível na autoridade plena do braço político (Executivo) sobre a política externa, a segurança nacional e a imigração", segundo palavras do procurador-geral interino, Noel Francisco.
Se o caso chegar ao Supremo, encontrará a Corte dividida entre quatro juízes de tendência conservadora e outros quatro de inclinação progressista, dado que o Senado ainda não aprovou um nono magistrado que poderia ser crucial para desfazer um possível empate em um caso de tamanha repercussão como este.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Candidata da extrema-direita, Marine Le Pen lança campanha na França

Muitas vezes comparada a Donald Trump nos posicionamentos políticos, a candidata de extrema-direita à presidência da França Marine Le Pen assumiu hoje (4) 144 compromissos firmados pela sua campanha baseados no conceito "made in France". Ela defende "um país com suas próprias fronteiras para guardar, sua própria moeda para gastar, sua própria defesa e identidade inalterada por imigrantes, refugiados e globalização".
Durante a conferência de dois dias de seu partido, a Frente Nacional, a política saudou o Brexit e a eleição de Donald Trump dizendo que "o mundo está tomando consciência" dos valores que ela advoga há anos. Ela também denunciou os problemas das fronteiras abertas, dizendo que os imigrantes têm tomado os postos de trabalho dos franceses, aumentado o risco de terrorismo e a criminalidade no país, além de "tirar a identidade da França", segundo a Agência Sputnik.
"A sobrevivência da França está em jogo. É a primeira vez que estamos tão próximos do objetivo", disse o líder do partido, Jean-Lin Lacapelle, na abertura da conferência, citando pesquisas que mostram Le Pen em primeiro lugar na preferência dos eleitores no primeiro turno.
Le Pen prometeu não aderir ao comando integrado da Organização do Tratado do Atlântico Nortr (OTAN) e à abertura das fronteiras para membros da União Europeia e prometeu abolir a utilização do euro. Ela defende a convocação de um "Frexit", um referendo que, a exemplo do Reino Unido, também tiraria a França do bloco.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Doria, que xingou Lula por nomeação, agora se cala diante de Moreira

Em março do ano passado, quando Lula foi nomeado para ser ministro-chefe da Casa Civil, o atual prefeito de São Paulo atacou Dilma e o ex-presidente com ofensas e xingamentos, pois a nomeação seria uma maneira de "se esconder" da Lava Jato. Nesta quinta-feira (2), Temer tornou Moreira Franco, citado mais de 30 vezes em delação da Odebrecht, ministro, com foro privilegiado; Doria se calou.Parte da população, imprensa e classe política ficou indignada, em março do ano passado, com a tentativa da ex-presidenta Dilma Rousseff de nomear Lula ministro-chefe da Casa Civil, em uma tentativa de rearticular o governo, que já estava sendo sabotado pelos opositores às vésperas do impeachment. Na ocasião, acusaram Dilma de tentar blindar Lula das investigações da Lava Jato, o concedendo foro privilegiado enquanto ministro.
Na semana em que o presidente Michel Temer inventa um ministério para Moreira Franco, um dia depois da homologação de dezenas de delações da executivos da Odebrecht, em uma clara tentativa de protegê-lo com o foro privilegiado (Franco foi citado mais de 30 vezes na delação do ex-superintendente da empreiteira Claudio Melo Filho de receber propina de R$ 4 milhões em 2014, quando era ministro da Aviação Civil), vale a pena lembrar de um fato para constatar a indignação seletiva de parte dos políticos.
João Doria (PSDB), naquele mês de março em que Lula foi indicado a um ministério, gravou um vídeo em que, com xingamentos e ofensas, ataca Lula e Dilma e diz que o ex-presidente é um "sem vergonha" e "covarde" por "se esconder atrás de um ministério" contra a Lava Jato. Relembre no vídeo e procure, agora, alguma manifestação de Doria sobre a mais nova nomeação de Temer.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Exame constata que Dona Marisa não tem atividade cerebral

Um exame de dopler transcraniano realizado na manhã desta quinta-feira, no Hospital Sírio-Libanês constatou não haver atividade cerebral na ex-primeira-dama Marisa Letícia, internada na UTI desde a semana passada devido a um AVC. Com base neste exame, o ex-presidente Lula autorizou a eventual doação de órgãos do corpo da mulher, cujo coração continua batendo.

De acordo com a equipe do hospital, ainda não se pode falar oficialmente em morte cerebral, pois é necessário a realização de um protocolo de exames que a equipe do médico Roberto Kalil Filho não deve realizar por considerar dispensável neste caso.
Kalil Filho já havia informado na madrugada desta quinta-feira que o quadro da ex-primeira-dama havia deteriorado na quarta-feira, dia 1º, e se tornado "irreversível".
Na terça-feira, 31, os médicos haviam cortado os sedativos que deixavam a ex-primeira-dama em estado de coma induzido. Mas, diante da piora do estado de saúde de Marisa, a equipe do hospital paulistano decidiu colocá-la novamente em coma induzido nesta quarta.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

STF suspende outra vez julgamento sobre réu em linha sucessória

Pedido de vista do ministro Gilmar Mendes deixa indefinido se o escolhido como titular do Congresso, no caso de ser indiciado em ação penal, poderá substituir Michel Temer quando necessário.O nome do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) figura na dianteira para ser escolhido como novo presidente do Congresso Nacional hoje (1º), mas o Brasil continuará em dúvida sobre quem poderá substituir o presidente da República, Michel Temer, em caso de viagem ou afastamento dele. Isto porque o processo que avalia se um parlamentar que é réu na Justiça pode ocupar a linha de sucessão da presidência da República foi alvo de outro pedido de vistas, esta tarde, durante julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Desta vez, por parte do ministro Gilmar Mendes.
Como Temer era o vice-presidente antes de assumir o cargo de Dilma Rousseff, a Constituição estabelece que o vice-presidente oficial do país deve ser o presidente do Congresso. Mas como Eunício Oliveira foi citado em delações da Operação Lava Jato, pode ser indiciado pelo procurador-geral da República e figurar como réu no Supremo, dentro de pouco tempo.
Se isso acontecer, a situação sobre quem substitui o atual presidente da República corre o risco de permanecer a mesma que a observada em relação ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que entrega o cargo de presidente do Congresso nesta quarta-feira.
Desde novembro passado, Renan foi proibido de assumir a presidência da República em substituição a Temer, por ser réu em ação no STF. O senador chegou a ser até mesmo afastado da presidência do Senado por meio de uma decisão monocrática (individual) em liminar do ministro Marco Aurélio Mello, no final do ano passado. Mas dias depois retornou ao cargo, após julgamento do colegiado do tribunal.
A condição para seu retorno à presidência do Senado, entretanto, foi dele ser mantido distante da linha sucessória. Se Eunício for eleito, chegar a ser indiciado e o processo que está no STF não tiver sido julgado, ele também terá de ficar fora da linha sucessória da mesma forma que aconteceu com Renan.
Para políticos que se opõem à vitória de Eunício nesta eleição, o atraso sobre a decisão do Supremo com o pedido de visto de Mendes foi “proposital”. E vai atrasar ainda mais a discussão a respeito, num momento de escolha dos integrantes da presidência e mesas diretoras da Câmara e do Senado.

“Mais dúvidas”

Gilmar Mendes, ao tomar a iniciativa, afirmou que quanto mais conversa e discute o tema com os colegas mais continua com dúvidas a respeito. No final de 2016, quando o julgamento foi iniciado, foi o ministro Dias Toffoli quem primeiro pediu vistas da peça jurídica.
Do colegiado do STF, já votaram pela proibição de que réus em ações penais ocupem a linha sucessória do país os ministros Marco Aurélio (relator da ação), Edson Fachin, Rosa Weber, Luiz Fux e Teori Zavascki.
Celso de Mello defendeu o entendimento de que o réu pode permanecer em cargos da linha sucessória sim (como a presidência da Câmara e do Senado) contanto que nunca assuma a presidência da República – ou seja, ocupe o cargo, mas deixe de integrar a linha sucessória. Posicionaram-se da mesma forma que Celso de Mello, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski.
O ministro Luís Barroso se declarou impedido de votar e além de Mendes, ficam faltando apenas os votos de Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Como a maioria dos ministros já se manifestou, todos esperavam que o Supremo estivesse próximo de decidir sobre a questão.
Mas considerando-se que Gilmar Mendes já chegou a ficar por mais de um ano com um processo preso no seu gabinete, tendo como motivo o mesmo tipo de procedimento (um pedido de vista), a posição dele leva a indefinições sobre qualquer julgamento célere do STF nesse sentido, daqui por diante.
A postura de Gilmar Mendes, durante a primeira sessão do ano da mais alta corte do país, se por um lado suscitou reclamações por parte de alguns políticos, por outro foi comemorada nos bastidores do Congresso entre os que apoiam a condução de Oliveira à presidência do Senado. A interpretação de alguns líderes da base de apoio ao governo foi de que a inclusão do processo na pauta de hoje do STF tinha como objetivo fragilizar a candidatura de Oliveira e, também, de constranger partidos que até bem pouco tempo estavam em dúvida sobre que apoio formalizar.
“Para muita gente, encalacrada ou não com a Lava Jato, esse pedido de vista foi visto como um respiro”, disse um parlamentar do PSDB que evitou se identificar, citando o principal sentimento que observou entre colegas.