terça-feira, 30 de maio de 2017

2ª Turma nega extensão de HC de Dirceu a outros réus da "lava jato"

A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal negou pedidos de extensão do Habeas Corpus concedido a José Dirceu a outros réus condenados junto com ele. O colegiado entendeu que os casos do ex-diretor da Petrobras Renato Duque e dos empresários Flávio Henrique de Oliveira Macedo e Eduardo Aparecido Meira não podem ser considerados iguais ao do ex-ministro da Casa Civil, solto no início de maio pela 2ª Turma.
Por unanimidade, a turma seguiu o voto do relator, o ministro Dias Toffoli. No caso dos dois empresários, o ministro elogiou a postura de seus advogados de informar que tramitam na corte agravos contra a denegação de seus pedidos de liberdade. Mas considerou que conceder o pedido de extensão seria prover o agravo “por via transversa”.
Os agravos foram interpostos contra decisão do ministro Luiz Edson Fachin, que negou pedidos de Habeas Corpus dos dois empresários. Eles agravaram, mas os recursos ainda não foram pautados. Para Toffoli, o pedido de extensão seriam uma forma de fazer com que a turma concedesse os agravos sem que o relator os pautasse para julgamento, “em manifesta usurpação da competência do juiz natural da causa”.
Exceções
Renato Duque fez dois pedidos de extensão no processo. Ambos foram inscritos nas exceções previstas às regras do concurso de agentes pela 2ª Turma.
Segundo Toffoli, a jurisprudência do STF é pacífica em conceder a todos os réus condenados em concurso de agentes os mesmos efeitos de uma decisão de soltura. Mas há duas exceções: no caso de réus sem relação processual ou no caso de pedido de extensão dos efeitos de uma decisão a processos que não tramitam na corte.
Há ainda a terceira exceção, descrita no próprio artigo 580 do Código de Processo Penal: se a prisão for fundamentada em argumento “excepcionalmente pessoal”.
Duque se enquadra em duas dessas situações. O primeiro dos pedidos não foi conhecido porque Dirceu sequer é réu na mesma ação em que Duque requereu a concessão do HC por extensão. O outro pedido foi negado porque a prisão do ex-diretor da Petrobras não se baseou nos mesmos fundamentos da prisão do ex-ministro da Casa Civil.
José Dirceu, embora tenha ficado dois anos e meio preso, teve a preventiva decretada por “conveniência da instrução processual”, mas já havia sido condenado. Por isso o Supremo entendeu não haver mais motivos para manter a prisão do ex-ministro.
Duque, embora também já esteja preso há mais de dois anos, teve a preventiva decretada porque descobriu-se que ele tentou movimentar dinheiro de origem ilegal mesmo durante as investigações. Para a Justiça Federal, isso significou tentativa de destruição de provas e ocultação do produto do crime.
Para Toffoli, são “circunstâncias fáticas incomunicáveis” com o caso de José Dirceu.
Clique aqui para ler o voto do ministro Dias Toffoli.
HC 137.778 (pedidos de extensão)

sábado, 27 de maio de 2017

Genro de Trump sugeriu linha direta com russos, diz jornal

Fontes afirmam ao "Washington Post" que Jared Kushner, assessor do presidente, tentou estabelecer um canal de comunicação secreto com a Rússia. Discussão teria ocorrido em reunião com o embaixador russo em dezembro.O genro e um dos principais assessores do presidente americano Donald Trump na Casa Branca, Jared Kushner, teria tentando estabelecer um canal de comunicação secreto entre a campanha do republicano e a Rússia, afirmou nesta sexta-feira (26/05) a imprensa dos Estados Unidos.
Segundo o jornal The Washington Post, o embaixador russo nos EUA, Serguei Kislyak, teria informado a seus superiores em Moscou que Kushner sugeriu a criação desse canal num encontro no início de dezembro - período de transição presidencial - na Trump Tower, em Nova York.
As revelações de Kislyak ao governo russo teriam sido interceptadas pela inteligência americana. O jornal, por sua vez, conversou com funcionários do governo em Washington que dizem ter tido acesso a essas informações.
De acordo com essas fontes, Kushner e Kislyak falaram em estabelecer um canal "secreto e seguro" utilizando instalações diplomáticas russas na capital dos EUA. O objetivo era evitar a inteligência americana ainda sob controle do governo do ex-presidente Barack Obama.
O general Michael Flynn, que mais tarde seria nomeado conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, também teria participado da reunião na Trump Tower - Flynn teve que renunciar ao cargo poucas semanas após a posse justamente por ter mentido sobre seus contatos com Kislyak.
Ainda segundo o Washington Post, Kislyak teria ficado surpreso com a sugestão do genro de Trump, uma vez que envolveria um funcionários dos EUA utilizando equipamentos russos na embaixada ou consulado em Washington - uma atividade que significaria riscos para os dois governos.
As informações também foram publicadas pelo jornal The New York Times, que conversou com três fontes próximas ao caso sob condição de anonimato. Segundo elas, a criação de um canal secreto serviria para os dois governos discutirem estratégias na Síria e outras questões políticas e de segurança. O canal de comunicação nunca foi estabelecido, acrescentaram as fontes.
A Casa Branca chegou a confirmar a reunião entre Kushner e o embaixador russo em março, minimizando sua importância. O FBI, no entanto, considera o encontro importante para as investigações que apuram a suposta interferência russa nas eleições de 2016, bem como vínculos entre a campanha de Trump e o Kremlin, segundo disseram fontes ao Washington Post.
Na quinta-feira, o mesmo jornal publicou que o genro do presidente, que é casado com Ivanka Trump, é alvo de interesse do FBI, apesar de não ser formalmente investigado.
O advogado de Kushner, Jamie Gorelick, disse em comunicado na sexta-feira que seu cliente está disposto a cooperar com as investigações do FBI no que diz respeito aos laços com a Rússia.
"Kushner já havia se oferecido anteriormente para compartilhar com o Congresso o que sabe sobre essas reuniões, e fará o mesmo se for contactado em ligação com qualquer outro inquérito", afirmou o advogado, mencionando as investigações realizadas também pelo Congresso americano.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

G7 inicia com declarações polêmicas de Trump

As declarações polêmicas e gestos exagerados do presidente americano Donald Trump podem comprometer a coesão do G7, cuja reunião de cúpula foi iniciada nesta sexta-feira em Taormina, na Sicília, com uma agenda carregada.
"Não há dúvida de que esta será a cúpula do G7 mais difícil dos últimos anos", alertou nesta sexta-feira o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, enquanto as questões litigiosas - luta contra o aquecimento global e comércio global - abundam com os Estados Unidos.
Os sete chefes de Estado e de Governo se reuniram nesta sexta-feira ao meio-dia no majestoso teatro grego deste pequeno balneário siciliano para uma foto de família, antes de caminharem para o local da reunião.
Ao passar perto da praça central da pequena cidade, com vista para o Mediterrâneo, muitos líderes, incluindo Trump, a chanceler alemã Angela Merkel ou o chefe de Governo italiano Paolo Gentiloni, pararam para apreciar a vista e conversar.
O momento de descontração foi analisado com cuidado, principalmente entre Merkel e Trump, depois dos vazamentos na imprensa de declarações supostamente feitas pelo presidente americano.
"Os alemães são maus, muito maus", teria dito Trump durante a sua reunião na quinta-feira em Bruxelas com os líderes da União Europeia, segundo o site da Der Spiegel.
"Vejam os milhões de carros que vendem nos Estados Unidos. Horrível. Vamos parar com isso", disse ele.
Uma situação que pode esfriar a atmosfera deste G7 que deveria reafirmar a coesão de seus membros, principalmente sobre o terrorismo, após o ataque que matou 22 pessoas, entre elas muitas crianças, na terça-feira em Manchester, sudoeste da Inglaterra.
Merkel não fez comentários em sua chegada em Taormina, que vive literalmente em estado de sítio há vários dias, com cerca de 7.000 homens designados para proteger os chefes de Estado e de Governo dos sete países mais rico do mundo (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Itália e Canadá).
O presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e Tusk tentaram minimizar as declarações de Donald Trump, mas não negaram as revelações da revista alemã.
"Não é verdade que o presidente (Trump) teve uma abordagem agressiva. Foi um problema de tradução. Ele não disse que os alemães se comportavam mal, ele disse que havia um problema. Não foi agressivo", declarou Juncker.
De toda forma, os parceiros do G7 desejam esclarecimentos sobre a posição americana em várias questões, incluindo o aquecimento global e comércio internacional.
- 'Reunião útil' -
Gentiloni prometeu fazer todo o possível para aproximar os pontos de vista, a fim de tornar este encontro "uma reunião útil".
O G7 deve reafirmar seu compromisso na luta contra o terrorismo islâmico.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, que retornará nesta sexta à noite a Londres, deverá falar no início da tarde aos seus colegas para explicar o quão é essencial não baixar a guarda. Ela já recebeu o apoio do presidente francês Emmanuel Macron, que participa de seu primeiro G7.
Mas o clima se anuncia mais pesado para as negociações climáticas futuras ou comércio internacional.
O aquecimento global, tema sobre o qual o presidente americano se recusa a se pronunciar, "será o mais complicado", alertou na quarta-feira a equipe do presidente francês, que, ao que parece, pretende colocar pressão sobre o governo dos Estados Unidos sobre esta questão.
Mas nada permite prever que os líderes do G7 vão conseguir encontrar um terreno comum sobre este assunto crucial.
Outro tema de dissensão, o comércio internacional e o papel de árbitro da OMC, onde os Estados Unidos querem rever a sua posição, enquanto Paris deseja o acordo "o mais ambicioso possível em defesa do sistema multilateral".
O conselheiro econômico do presidente Trump, Gary Cohn, disse esperar uma discussão "firme" sobre o assunto.
"Vamos continuar a lutar por aquilo que pensamos ser justo, isto é, o comércio livre, aberto, mas equilibrado", assegurou ele a repórteres.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Protesto contra Doria e Alckmin na cracolândia barra anúncio de projeto

Um protesto de ativistas contrários às operações policiais na cracolândia, na região central de São Paulo, interrompeu uma entrevista coletiva do prefeito João Doria e seu padrinho político Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, na manhã desta quarta-feira (24). Doria e Alckmin anunciariam a construção de novos empreendimentos imobiliários para revitalizar a região da Luz, no centro da capital. A confusão ocorreu no estacionamento do comando da Guarda Civil Metropolitana, na rua general Couto de Magalhães, na mesma região. O prefeito e o governador foram chamados de "fascistas" pelos manifestantes. Os gritos de protesto interromperam a fala dos políticos. O clima ficou tenso e guardas-civis empurraram os manifestantes e agrediram um deles. Doria e Alckmin foram retirados do local às pressas. Quando se dirigiam aos carros, a confusão continuou. Manifestantes tentaram se aproximar, mas foram impedidos por seguranças. Ninguém se feriu. OPERAÇÃO POLICIAL Em operação policial realizada neste domingo (21) e coordenada pelas administrações municipal e estadual, 900 agentes da polícia foram mobilizados para prender traficantes na área. O Denarc (Departamento de Narcóticos) mirava 69 deles, além de desmanchar uma feira de drogas local. Ao todo, 50 pessoas foram presas e três adolescentes, apreendidos. Dependentes químicos que costumavam se concentrar na alameda Dino Bueno foram dispersados, comércios foram emparedados e imóveis deverão ser demolidos. Na tarde desta terça (23), a parede de uma pensão chegou a ser derrubada no início da ação da prefeitura, mas pessoas ainda estavam no local. Três delas ficaram feridas. Três secretários municipais deram uma entrevista para justificar o acidente. Segundo Marcos Penido, da pasta de Infraestrutura e Obras, a prefeitura não sabia que havia pessoas dentro do prédio. "Essas pessoas entraram por uma passagem clandestina. Foi uma situação inusitada. Daqui para frente, tomaremos medidas adicionais para evitar que isso ocorra novamente", afirmou. Segundo Penido, a prefeitura havia avisado que a área estava isolada e que as demolições iriam começar. Moradores do prédio contestam. "Ninguém avisou. Eu estava no quarto e ouvi um barulho de obra. De repente, começaram a gritar, falando que tinha gente machucada", conta Alessandra Feliciano, 23, que mora com o filho de 10 meses na pensão.

Contra Temer, oposição ocupa presidência da Câmara

Deputados de oposição ocupam a Mesa Diretora erguendo uma faixa com os dizeres "Fora Temer" e pedem, em coro, a saída de Michel Temer e eleições diretas; oposição cobrou do deputado Carlos Manato (SD-ES), que presidia os trabalhos há pouco, o encerramento da segunda sessão extraordinária desta quarta-feira (24) por conta do tumulto que tomou conta da Esplanada dos Ministérios, onde há enfretamento entre manifestantes do movimento #ocupabrasília e policiais militares do Distrito Federal; deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que o ato foi "brutalmente atacada por forças policiais"; "Vários parlamentares que estavam no carro de som principal foram atingidos. Uma bomba foi jogada sobre o carro para intimidar lideranças sindicais", disse Silva, cobrando de Manato o encerramento dos trabalhos.Neste momento, os deputados de oposição ocupam a Mesa Diretora erguendo uma faixa com os dizeres "Fora Temer" e pedem, em coro, a saída do presidente da República e eleições diretas.
A oposição cobrou do deputado Carlos Manato (SD-ES), que presidia os trabalhos há pouco, o encerramento da segunda sessão extraordinária desta quarta-feira (24) por conta do tumulto que tomou conta da Esplanada dos Ministérios, onde há enfretamento entre manifestantes do movimento #ocupabrasília e policiais militares do Distrito Federal.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que uma manifestação, até então pacífica pela saída do presidente Michel Temer e por eleições diretas, foi "brutalmente atacada por forças policiais".
"Vários parlamentares que estavam no carro de som principal foram atingidos. Uma bomba foi jogada sobre o carro para intimidar lideranças sindicais", disse Silva, cobrando de Manato o encerramento dos trabalhos.
A deputada Jandira Feghali também criticou a ação da polícia. "Tinha um aparato policial que eu nunca vi. Jogaram bomba no rosto de parlamentares, havia deputado passando mal, senadora passando mal", contou Feghali também pedindo o fim da sessão.
Apoiado no regimento
Em resposta, Manato disse que o regimento interno prevê como caso de suspensão dos trabalhos apenas tumulto grave dentro do Plenário. "Vou seguir o regimento da Casa. O regimento fala em tumulto grave, mas aqui dentro. Não estou vendo tumulto, não estou vendo briga. A sessão vai continuar", respondeu Manato.
O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), insistiu. "Eu, para chegar aqui, levei uma hora, entupido de gás nos meus olhos. Cancelemos isso aqui agora. Tem vários parlamentares sendo atendidos. A decência nos manda encerrar a sessão", disse Guimarães.
O líder do PP, deputado Arthur Lira (AL), por sua vez, defendeu a posição de Manato e rebateu o líder da Minoria. "Eu ouvi do deputado André Figueiredo que 330 black blocks infiltrados começaram a confusão atirando pedra na polícia. E a polícia tem que se defender e defender a integridade de todos que fazem manifestação", disse Lira, que ainda acusou Guimarães de mentir.
"E aqui vem o Zé Guimarães, com toda a eloquência, mentir sobre o que ocorre lá fora. Prendam-se os black blocks e mantenham a integridade física dos parlamentares", disse.

Reino Unido suspeita que rede esteja por trás de atentado

Autoridades confirmam prisão de três homens em Manchester. Imprensa britânica divulga informações que indicam que Salman Abedi, o principal suspeito, não agiu sozinho. Ele teria se radicalizado na Síria.A polícia britânica prendeu mais três homens suspeitos de ligações com o ataque suicida que matou 22 pessoas na saída de um show da cantora americana Ariana Grande, em Manchester. Eles foram detidos no sul da cidade inglesa, nesta quarta-feira (24/05), anunciou a polícia, que segue tentando determinar se o suposto autor do atentado, Salman Abedi, agiu sozinho ou fazia parte de uma rede.
Leia mais: O que se sabe sobre o atentado em Manchester
A ministra do Interior, Amber Rudd, disse ser provável que Abedi não tenha agido sozinho e que ela conhecido das autoridades de segurança.
Frank Gardner, jornalista especialista em segurança da emissora britânica BBC, divulgou informações de que Abedi teria sido apenas uma "mula", ou seja, ele teria vestido explosivos construídos por outra pessoa.
Além disso, o repórter Dan Johnson, da BBC, confirmou que o homem de 23 anos preso na terça-feira em Chorlton, no sul de Manchester, é irmão de Abedi.
Abedi nasceu em Manchester e tinha origem libanesa. Seus pais seriam refugiados que fugiram do regime de Muammar Kadafi, segundo relatos da imprensa britânica. Ele teria ao menos três irmãos. O jovem de 22 anos vivia em Manchester numa das duas residências que foram alvo de uma operação policial nesta terça-feira.
Segundo o ministro do Interior francês, Gérard Collomb, Abedi teria passado pela Síria, onde se radicalizou. "É um cidadão de nacionalidade britânica, de origem líbia, mas que cresceu no Reino Unido e que, de repente, depois de uma viagem à Líbia e provavelmente à Síria, se radicalizou e decidiu cometer este atentado", disse com base em informações fornecidas por investigadores britânicos.
O atentado foi reivindicado pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). Trata-se do ataque mais mortal no Reino Unido desde o 7 de julho de 2005, quando homens-bomba mataram 52 pessoas no transporte público de Londres.
A polícia britânica divulgou também estar "confiante" de que as autoridades já identificaram todas as 22 pessoas que morreram no atentado e entraram em contato com todas as famílias. Somente depois de completar o trabalho forense, que pode levar até cinco dias, a polícia divulgará formalmente a lista de mortos.
Nesta terça-feira, o Reino Unido elevou seu nível de alerta para "crítico", o máximo em uma escala de cinco. Soldados foram alocados para tarefas de segurança.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Senadores batem boca em debate sobre a reforma trabalhista e reunião é suspensa

Senadores trocaram acusações na tarde desta terça-feira (23), durante um debate sobre a reforma trabalhista realizado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A confusão começou após o relator da reforma, senador Ricardo Ferraço (PSDB-CE), entregar parecer favorável ao projeto aprovado na Câmara. O presidente da CAE, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), tentou dar prosseguimento aos trabalhos com o início da leitura do relatório.
Tentando obstruir a leitura, os senadores de oposição apresentaram duas questões de ordem que foram rejeitadas. Os oposicionistas, então, levantaram-se bastante exaltados para tentar impedir a continuidade da reunião. Um bate-boca foi iniciado, e a sessão precisou ser suspensa. A sala estava totalmente lotada de pessoas que se manifestam contra a reforma, e o clima é de bastante tensão. Gritos de "Fora, Temer" eram ouvidos em coro no ápice da confusão.
A audiência foi solicitada por senadores da oposição, como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RS), sob a justificativa de terem um debate mais equilibrado e com o enfoque nos impactos da reforma trabalhista na economia. O debate foi mais intenso porque a oposição queria obstruir a leitura do relatório do PLC 38/2017, que reforma as leis trabalhistas, marcada para a segunda parte da reunião.
Os senadores da oposição criticaram a reforma, dizendo que as condições de trabalho se tornarão precárias e que, num momento de crise, os trabalhadores não conseguirão ter seus direitos garantidos. Além disso, a oposição afirmou que a reforma beneficiará apenas os empresários e que não deveria estar tramitando no momento de crise política que se vive no país.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que deve ficar claro que o objetivo da reforma trabalhista não é o de aumentar o emprego, mas o de colocar sobre os mais pobres o ônus da dívida pública.
"Quando há uma crise econômica, quando cai a receita, há menos recursos públicos à disposição, há uma disputa por eles. Então, cortam-se benefícios sociais, cortam-se programas sociais, cortam-se investimentos, para poder pagar a dívida pública. O que sustenta a dívida pública? São os títulos públicos remunerados por uma alta taxa de juros. E grande parte desses títulos públicos não está só no sistema financeiro, nos bancos, mas também faz parte do setor produtivo brasileiro. Por isso, a maioria dos empresários do setor financeiro apoia a reforma da Previdência, apoiou a PEC 55, que virou a Emenda Constitucional 95, e vai apoiar a reforma trabalhista, porque também tem impacto em recursos do Estado", disse a senadora.
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a reforma só interessa aos empresários brasileiros e que os trabalhadores serão prejudicados, especialmente com a terceirização e o trabalho intermitente.
"Não imaginem que aqui no Brasil os empresários vão adotar essas medidas para quem está fora do mercado trabalho. A terceirização vai para quem está trabalhando hoje com outro modelo de contrato de trabalho; trabalho intermitente vai para quem está trabalhando hoje, porque, lamentavelmente, a mentalidade do empresariado brasileiro é a de aumentar a a sua margem", disse.
Convidado para a sessão, o professor e economista da Universidade de Campinas (Unicamp) Márcio Pochmann, convidado pela oposição, afirmou que a reforma trabalhista não vai elevar o nível de emprego no país. Ele citou um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizado entre 2008 e 2014 em 110 países que realizaram mudanças na legislação trabalhista. O estudo concluiu que não houve efeito relevante das reformas sobre a elevação do emprego.
"As mudanças na legislação trabalhista, seja para proteger o trabalhador, seja  para liberalizar o funcionamento do mercado de trabalho, não impactam o mercado de trabalho, não elevam o nível de emprego, porque a determinação do emprego em uma economia capitalista é dada pelo nível de demanda agregada, e não pelo custo da mão de obra", disse o economista.
O professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Portela, que defende a reforma, chamou a atenção para o alto grau de rotatividade no mercado de trabalho brasileiro mesmo em tempos em que a economia não estava em crise.  Para ele, a proposta de reforma trabalhista ataca pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para melhorar a proteção aos trabalhadores e incentivar relações de trabalho duradouras e ganhos de produtividade.
"Ela (a proposta) permite ganhos entre as partes;  propõe a redução dos custos de transação; permite alguma flexibilidade entre horas e benefícios, o que é importante para ajustes em situações de choques negativos; reduz as incertezas jurídicas, dado o ativismo do nosso Judiciário trabalhista; tenta alinhar estruturas de incentivos para relações de trabalho duradouras, além de adequar a proteção ao trabalhador às novas formas de relações do trabalho devido às novas tecnologias", disse André Portela sobre a reforma.
Segundo o professor de economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, convidado pela oposição, a reforma trabalhista trará impactos negativos para a economia do país e para a Previdência. Ele explicou que a terceirização e a reforma trabalhista vão incidir sobre os 50% que contribuem. Para Fagnani, a reforma pode representar uma “combinação explosiva”, que pode conduzir a uma inviabilidade financeira no médio prazo.
"Nós vamos ter, com a reforma trabalhista, uma série de trabalhos temporários ou trabalhos intermitentes – que são trabalhos de curta duração. O que acontece com isso? Acontece que a pessoa fica trabalhando durante um período, sai do mercado de trabalho, volta depois; prolonga o seu tempo de contribuição para a Previdência; dificilmente vai conseguir comprovar 25 anos para Previdência e dificilmente vai se sentir estimulado para contribuir para a Previdência", explicou.
O professor da instituição de ensino e pesquisa Insper, Sérgio Pinheiro Firpo, afirmou que as regras trabalhistas atuais não são inclusivas no que diz respeito aos trabalhadores que estão ingressando no mercado, porque elas entram em detalhes minuciosos da relação de trabalho. Além disso, para Sérgio, os acordos feitos por sindicatos acabam sendo revistos na Justiça do Trabalho, o que tira a legitimidade dos sindicatos.
"A principal ideia é que a reforma torne a legislação mais flexível e com menos incertezas, ao ampliar e regular o alcance do trabalho parcial, o que permitirá que trabalhadores mais jovens e aqueles com filhos pequenos tenham mais opções em suas buscas; regular o teletrabalho, que vai reduzir custos desnecessários de deslocamento e permitir que trabalhadores em determinadas ocupações ampliem suas buscas por emprego. Há toda uma mudança tecnológica que a gente tem que levar em conta", afirmou.

sábado, 20 de maio de 2017

Lula sugere que PT pode ensinar a combater a corrupção

Em São Paulo, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que governos do partido tornaram a Polícia Federal e o Ministério Público capazes de combater a corrupção.Mesmo o partido sendo sendo alvo central das investigações de esquemas de propina da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado (20) que o PT pode ensinar como se combater a corrupção, citando ter sido durante os 14 anos do partido à frente do executivo nacional que se fortaleceram a Polícia Federal e o Ministério Público. Lula é réu em cinco processos relacionados à operação.

A fala de Lula ocorreu durante o seu discurso de posse de novos integrantes do diretório regional do Partido dos Trabalhadores em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O ex-presidente insinuou que a corrupção sempre existiu no Brasil e não seria lago novo. "Iniciamos a corrupção há 500 anos nesse país. Começou matando os índios, tomando a terra dos índios. Matando o negro. Foram 300 anos de escravidão, não foram 300 dias não".
Lula minimizou as graves denúncias de envolvimento dos governos, campanhas e integrantes do partido nos esquemas investigados pela Operação Lava Jato. "Então, o PT, na hora que você vai pegar o PT tem dificuldade, mas não tem tantas. No começo, o PT só queria aprender, aperfeiçoar, ensinar", disse.Em seguida ele afirma que o partido que tem mais membros na mira dos procuradores da república pode ajudar a combater a corrupção. "Hoje, o PT pode te ensinar como combater a corrupção. Porque ninguém na história desse país criou mais mecanismos para combater a corrupção do que nos anos do PT no poder", disse.
Lula seguiu falando que as instituições de combate à corrupção só foram aperfeiçoadas graças aos governos do partido. "A Polícia Federal é o que é por causa do PT. O Ministério público é o que é, hoje, porque na quem na constituinte de 1988, o (José) Genoino brigou pelo Ministério Público, porque antes o Ministério Público era um apêndice do Ministério da Justiça. Fomos nós que começamos com modelo de indicar o primeiro da lista para ser procurador-geral. E não me arrependo disso. A única coisa que eu quero é que se combata a corrupção e respeite o estado de direito nesse pais. Que se respeite às leis desse país", disse Lula.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Crise no Planalto: quais são os cenários possíveis caso se confirmem denúncias contra Temer

O presidente Michel Temer é alvo de graves acusações após a divulgação pelo jornal O Globo, na noite desta quarta-feira, de que teria dado aval a uma suposta operação de compra de silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Presidente Michel Temer durante entrevista nesta semana
Presidente Michel Temer durante entrevista nesta semana
Foto: Marcos Corrêa/PR / BBCBrasil.com
Segundo o jornal, os irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, investigados em desdobramentos da Operação Lava Jato, negociaram uma delação premiada e entregaram aos investigadores uma gravação em que Joesley conta a Temer que estava dando a Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados.
O presidente então teria respondido: "Tem que manter isso, viu?".
De acordo com o jornal, as gravações foram produzidas com conhecimento da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República, como parte da delação.
Em nota, o Palácio do Planalto negou as acusações e defendeu "ampla e profunda" investigação de "todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados."
"O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar", diz ainda o comunicado.
Caso o teor do vídeo seja confirmado, Temer pode ser acusado de ter cometido crime de obstrução da Justiça no exercício do mandato, o que poderia comprometer sua sustentação política e a própria permanência no cargo.
Em caso de uma eventual saída, em princípio deveria ser realizada uma eleição indireta para escolha, pelo Congresso, do novo governante do país. Mas há também caminhos que poderiam levar a uma eleição direta antecipada.
Entenda abaixo cenários possíveis em caso de confirmação das denúncias:

Renúncia

Faixas contra o presidente Temer em bloco de Carnaval em Belo Horizonte; país registrou protestos isolados após divulgação de denúncias
Faixas contra o presidente Temer em bloco de Carnaval em Belo Horizonte; país registrou protestos isolados após divulgação de denúncias
Foto: Reprodução/Twitter / BBCBrasil.com
Caso Temer decida renunciar, a Constituição determina que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assuma a Presidência de forma interina e convoque eleição indireta a ser realizada em 30 dias.
Nesse caso, a Constituição determina que o Congresso, e não o povo, deva escolher o novo presidente, pois já transcorreu metade do mandato presidencial de quatro anos.
Mas, segundo o constitucionalista Oscar Vilhena Vieira, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, o Congresso também poderia aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC) para permitir a realização de eleições diretas.
Em geral, tais propostas têm tramitação lenta e são de difícil aprovação, pois exigem ampla maioria dos votos dos parlamentares (três quintos de deputados e senadores).
No entanto, havendo forte pressão popular, Vieira diz acreditar que tal mudança possa ser aprovada com velocidade.
No caso de eleição indireta, o constitucionalista lembra que não há uma regulamentação sobre como esse pleito deve ser realizado. Em sua avaliação, qualquer brasileiro com mais de 35 anos poderia se candidatar ao pleito, mesmo sem ter filiação partidária.
Segundo a Constituição, nesse pleito devem ser eleitos um novo presidente e um vice para concluir o mandato atual, ou seja, até dezembro de 2018.

Cassação de Temer pelo TSE

Herman Benjamin é o relator do processo no TSE que pede a cassação da chapa eleita em 2014
Herman Benjamin é o relator do processo no TSE que pede a cassação da chapa eleita em 2014
Foto: Nelson Jr. - TSE / BBCBrasil.com
Outro caminho possível é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, vencedora das eleições de 2014, já que há uma ação sobre isso pronta para julgamento.
As informações divulgadas nesta quarta-feira não têm relação com essa ação do TSE, que analisa eventuais ilegalidades na campanha de 2014 que teriam influenciado o resultado do pleito.
A corte eleitoral não julga denúncias contra o presidente Temer que não tenham relação com processos eleitorais.
No entanto, caso as denúncias sejam confirmadas, Temer ficaria enfraquecido politicamente e isso poderia influenciar a decisão dos sete ministros do TSE na ação que tramita na corte.
"Evidentemente esse fato, embora não se comunique com esse processo no TSE, pode impactar o modo como o tribunal irá julgar a ação", afirmou Vieira.
Até esta noite, a percepção que prevalecia era justamente a contrária: mesmo com provas suficientes de ilegalidades na campanha de Dilma e Temer em 2014, a tendência parecia ser de preservação de Temer como presidente.
Caso o TSE casse Temer, há uma ação pronta para ser julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode levar à convocação de eleições diretas no país.
O argumento dessa ação é que, caso o TSE determine que a eleição de 2014 foi ilegal, nesse caso o direito ao voto do eleitor foi desrespeitado e por isso deveria haver nova eleição direta.
Se o Supremo tomar essa decisão, poderia ser convocada eleição direta, sem necessidade de aprovação de uma PEC no Congresso.

Impeachment ou julgamento pelo STF

Outros dois caminhos que poderiam levar à queda de Temer tendem a ser mais lentos.
Caso fique comprovado que ele tenha incentivado Batista a comprar o silêncio de Cunha, ele pode tanto ser cassado por crime de responsabilidade como condenado no STF por crime comum.
Em ambos os casos, porém, seria necessário que a Câmara dos Deputados autorizasse o Senado a abrir um processo de impeachment ou o STF a iniciasse um processo por crime comum.
No caso de Dilma Rousseff, por exemplo, demorou cerca de quatro meses para a Câmara autorizar a abertura do processo de impeachment e mais quatro meses e meio para o Senado concluir o julgamento.
Já no caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello. o processo todo foi mais rápido, mas ainda assim levou cerca de quatro meses no total.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Relator libera para julgamento ação contra chapa Dilma-Temer

Caberá agora ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, definir a data para que o plenário volte a analisar o caso.Relator do processo que apura se a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014, o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), liberou nesta segunda-feira, 15, o processo para julgamento.
Caberá agora ao presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, definir a data para que o plenário volte a analisar o caso.Segundo a reportagem apurou, os ministros da Corte Eleitoral cogitaram a possibilidade de o julgamento ser retomado na quinta-feira da próxima semana, 25 de maio, mas o mais provável é que a discussão do caso fique para junho.


Gilmar está em viagem oficial em São Petersburgo, na Rússia, onde participa da 14ª Conferência Europeia de Órgãos de Organização de Eleições, e só deve retornar ao Brasil nesta quinta-feira, 18. O julgamento da ação contra a chapa Dilma-Temer começou no dia 4 de abril, quando os ministros decidiram reabrir a fase de coleta de provas, fixaram o prazo de cinco dias para as alegações finais das partes e autorizaram a realização de quatro novos depoimentos - do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, do marqueteiro João Santana, da empresária Mônica Moura, e de André Santana, assistente do casal. Da vez anterior, o presidente do TSE se reuniu com os demais ministros para definir o calendário do julgamento. A tendência é que o roteiro seja repetido desta vez, com várias sessões em sequência de uma mesma semana reservadas para a apreciação do caso.

Argumento

Em depoimentos ao ministro Herman Benjamin, Mônica e João Santana alegaram que Dilma sabia do uso de caixa 2 na sua campanha à reeleição - mas ressaltaram que não trataram de assuntos financeiros com Temer. Este é um dos principais argumentos do vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino para justificar o pedido de que Dilma seja considerada inelegível por oito anos, mas não Temer.
Em um novo parecer encaminhado na última sexta-feira ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dino voltou a pedir a cassação da chapa Dilma-Temer. Se os ministros do TSE acompanharem o entendimento de Dino, decidirem cassar a chapa e tornarem apenas Dilma inelegível, o presidente Michel Temer poderia concorrer numa eleição indireta.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Ex-ministro Antonio Palocci decide negociar delação premiada com a Lava Jato

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci decidiu negociar um acordo de delação premiada com a Justiça. A informação foi confirmada pelo advogado José Roberto Batocchio. Em nota, ele diz que está deixando a defesa de Palocci, que foi seu cliente por mais de 10 anos, nos dois processos referentes à Operação Lava Jato que correm na 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atua o juiz Sérgio Moro, responsável pelo julgamento das ações.
Ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci
O ex-ministro da Fazenda decidiu negociar acordo de colaboração com a Justiça   Arquivo/Agência Brasil
Em diversas manifestações públicas, Batocchio declarou-se contrário, “por princípio”, às delações premiadas, sobretudo de pessoas que estão presas. Palocci está preso preventivamente em Curitiba desde setembro do ano passado.
Na nota, Batocchio diz que seu afastamento deu-se “em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, espécie de estratégia de defesa que os advogados da referida banca não aceitam em nenhuma das causas sob seus cuidados profissionais”.
O advogado atuou na defesa de Palocci em diversos casos, incluindo o que levou à renúncia de Palocci do cargo de ministro da Fazenda, sob a acusação de ter violado o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O ex-ministro terminou absolvido no processo.
A decisão de Palocci de iniciar tratativas para um acordo de delação premiada ocorre após a divulgação, ontem (11), do conteúdo dos depoimentos do casal de publicitários João Santana e Mônica Moura, que afirmaram que o então ministro era o responsável pelo pagamento de recursos não declarados durante as campanhas do PT à Presidência.
Em mensagem recente ao Supremo Tribunal Federal (STF), no habeas corpus em que Palocci pede para ser solto, o juiz Sérgio Moro ressaltou haver indícios de que o ex-ministro movimentou cerca de R$ 150 milhões em um conta do PT junto ao chamado departamento de propina da empreiteira Odebrecht. O pedido de liberdade deve ser julgado pelo plenário da Corte.
Em depoimento perante Moro em abril, Palocci negou ter atuado como intermediário de caixa 2 para o PT e se disse disposto a colaborar com a Lava Jato, indicando que poderia negociar uma delação. “Acredito que posso dar um caminho que talvez vá dar um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil”, disse na ocasião.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Jatinho usado por Lula na viagem a Curitiba é do ex-ministro Walfrido Mares Guia

O jatinho Cessna Aircraft prefixo PR BIR utilizado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ir até Curitiba prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro é do ex-ministro Walfrido Mares Guia. Ex-titular de Relações Institucionais e Turismo, entre 2003 e 2007, Mares Guia é empresário do setor de educação e de saúde. Segundo o site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave está em nome da Samos Participações, empresa que tem o ex-ministro como sócio.
Não é a primeira vez que Mares Guia empresta uma aeronave ao ex-presidente. No ano passado, ao menos um deslocamento de Lula para Brasília foi feito em outro avião do empresário.
Em 2007, enquanto era ministro de Lula, Mares Guia foi acusado de participar do escândalo chamado de Mensalão Mineiro, que envolvia a arrecadação irregular para a campanha ao governo de Minas Gerais do tucano Eduardo Azeredo.
A denúncia contra Mares Guia foi recebida, em 2009, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Após o STF decidir que apenas réus com foro privilegiado responderiam às acusações na Corte, o caso do ex-ministro foi encaminhado para a Justiça de Minas Gerais.
Na capital mineira, a juíza Neide da Silva Martins, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, entendeu que as acusações de peculato e formação de quadrilha prescreveram em 2012, quando Mares Guia completou 70 anos. Por conta dessa decisão, o ex-ministro deixou de responder ao processo em que era acusado de peculato e lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, Mares Guia seria um dos responsáveis pela movimentação de recursos da campanha de Azeredo, embora não aparecesse formalmente como coordenador de campanha. Mares Guia sempre negou envolvimento no caso.
Procurado para tratar do empréstimo da aeronave, Mares Guia afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que cedeu a aeronave Cessna Citation CJ3 para o transporte de Lula até Curitiba. De acordo com a nota, ele não usaria o avião nesta quarta-feira, 10, e o colocou à disposição do ex-presidente.
A assessoria do ex-presidente Lula foi procurada, mas até o momento não respondeu.

domingo, 7 de maio de 2017

Policial acusa: Temer aparelha o órgão por votos na Previdência

O superintendente da Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina, Fabrício Colombo, fez uma denúncia bombástica: acusou o governo de Michel Temer de aparelhar o órgão, em troca de votos para a reforma da Previdência; em razão disso, ele decidiu pedir demissão e gravou um vídeo em que aponta o aparelhamento; "A gente já vinha sofrendo várias pressões políticas. E isso não é algo que coaduna com o que eu imagino como ideal para a sociedade. Eu acho que a polícia não pode estar vinculada a nenhum tipo de política. Para mim, pela constituição, polícia é órgão de Estado e não de governo", disse ele; antes de Fabrício, o ex-presidente da Funai, Antônio Fernandes Toninho Costa, também se demitiu, alegando não haver espaço para pessoas honestas no governo Temer; confira o vídeo do policial demissionário no youtube.O superintendente da Polícia Rodoviária Federal de Santa Catarina, Fabrício Colombo, fez uma denúncia bombástica: acusou o governo de Michel Temer de aparelhar o órgão, em troca de votos para a reforma da Previdência.
Em razão disso, ele decidiu pedir demissão e gravou um vídeo em que aponta o aparelhamento. "A gente já vinha sofrendo várias pressões políticas. E isso não é algo que coaduna com o que eu imagino como ideal para a sociedade. Eu acho que a polícia não pode estar vinculada a nenhum tipo de política. Para mim, pela constituição, polícia é órgão de Estado e não de governo", disse ele.
Antes de Fabrício, o ex-presidente da Funai, Antônio Fernandes Toninho Costa, também se demitiu, alegando não haver espaço para pessoas honestas no governo Temer (leia aqui).
Abaixo, reportagem do Diário Catarinense sobre o caso:
Superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina havia um ano, Fabrício Colombo pediu exoneração do cargo número 1 da instituição no Estado. O policial alegou descontentamento em função de mudanças nos cargos federais orquestradas pelo Palácio do Planalto e que ocorreriam em troca de votos para a aprovação da Reforma da Previdência
Colombo deixa a função principal da PRF e volta a ser inspetor. Quem assume de forma interina a cadeira é Admar Luciano Filho. No entanto, a nomeação efetiva de um chefe para a PRF está sendo negociada por autoridades catarinenses. A exoneração do agora ex-superintendente foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira. 
Antes mesmo da divulgação de trocas nas cadeiras da força policial rodoviária, Colombo afirmou que chegou a receber convites de políticos para vincular o cargo de superintendente a partidos que apoiam o atual governo federal. 
— A gente já vinha sofrendo várias pressões políticas. E isso não é algo que coaduna com o que eu imagino como ideal para a sociedade. Eu acho que a polícia não pode estar vinculada a nenhum tipo de política. Para mim, pela constituição, polícia é órgão de Estado e não de governo — confirmou. 
Além de Santa Catarina, a mudança na superintendência da PRF já foi sinalizada em outros Estados. No Rio Grande do Sul, o inspetor Pedro de Souza da Silva deixou o comando para dar lugar a João Francisco Ribeiro de Oliveira, indicado por um deputado do PMDB gaúcho. A alteração também aconteceu no Espírito Santo e no Mato Grosso, segundo o ex-superintende em SC.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Nomeado de Trump para secretário do Exército desiste do cargo

O senador republicano Mark Green, escolhido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para ser secretário do Exército, desistiu do cargo.
Em meio a críticas intensas sobre comentários anteriores em relação a muçulmanos e à comunidade LGBT, Green desistiu do cargo, sendo o segundo escolhido por Trump para secretário do Exército a renunciar. Vários congressistas democratas criticaram Green após o senador dizer que transgêneros são pessoas doentes e por se opor ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em uma declaração, Green disse que as alegações são "ataques falsos e enganosos" contra ele. O senador disse que sua vida de serviço público e crenças cristãs foram mal utilizadas para fins políticos. Fonte: Associated Press.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

CCJ do Senado aprova fim dos autos de resistência

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje (3) projeto de lei que altera o Co digo de Processo Penal (CCP) para acabar com os chamados “autos de resistência”. O texto, que segue agora para votação no plenário da Casa, determina que, em casos de morte violenta ocorrida em ações que envolvam agentes do Estado, sejam realizados a necrópsia completa da vítima e um exame do local.
Para a relatora do texto, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), a medida, proposta pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Assassinato de Jovens, tem como objetivo evitar que policiais usem os autos de resistência para impedir ou dissimular a apuração de homicídios de jovens nas periferias do país.
“A aprovação do projeto vai ao encontro do que a CPI do Assassinato de Jovens apurou, denunciou e, infelizmente, vemos todos os dias nas ruas de nossas cidades. Como bem demonstrado pela CPI, os autos de resiste ncia tratando, em especial da morte de jovens negros, sa o lavrados aos montes”, afirmou a senadora.
Segundo a relatora, a interpretação equivocada do Artigo 292 do Código de Processo Penal tem levado à dispensa do inque rito policial e, consequentemente, da investigac a o de homicídios sempre que o policial afirme que houve resiste ncia a prisa o de parte do suspeito ou de terceiros.
“Com efeito, a redac a o proposta extingue os autos de resiste ncia e deixa expli cito que os agentes do Estado podera o usar, moderadamente, dos meios necessa rios para defender-se ou para vencer a resiste ncia, cristalizando a ilicitude do excesso cometido em tais casos”, explicou Lídice da Mata.
“Se houver ofensa a vida ou a integridade corporal do resistente, sera obrigato ria a instaurac a o de inque rito policial, devendo a autoridade cuidar da preservac a o do que possa interessar a peri cia, como local, armas e vei culos”, acrescentou a parlamentar em seu parecer.
O projeto altera também a redação do Artigo 169 do CPP, estabelecendo que o laudo de exame de local devera conter fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. “Se for o caso de morte violenta ocorrida em ac o es com envolvimento de agentes do Estado, havera prazo de dez dias para a entrega do laudo a autoridade requisitante”, diz trecho do projeto.
A proposta também modifica os artigos 162, 164 e 165 do CPP, que tratam das auto psias. Pela nova redação, os laudos necrosco picos tambe m devera o conter “fotografias”, “esquemas” ou “desenhos indicativos das leso es” constatadas.
“O exame interno do cada ver passa a ser a regra para os casos de morte violenta e so podera ser dispensado fundamentadamente pelo perito quando as leso es externas permitirem precisar a causa da morte”, prevê a proposta.
Atendendo sugestões apresentadas pela senadora Simone Tebet (PMDB-MS), a relatora modificou dois pontos do texto. Trocou o termo "autópsia", previsto inicialmente no texto, por "necrópsia" e incluiu no texto a garantia de que a vítima ou seu representante legal indique assistente técnico para acompanhar o exame de corpo de delito.
Caso seja aprovado pelo plenário do Senado, o texto seguirá para análise da Câmara dos Deputados.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Datafolha: tem que tirar Lula

Um recado restou claro para a burguesia golpista no Datafolha divulgado neste domingo (30): tem que remover Luiz Inácio Lula da Silva da disputa por 2018.
Os números mostraram o ex-presidente subindo nas pesquisas, apesar do massacre diário da velha mídia e o também cotidiano lawfare da Lava Jato.
Lawfare é uma palavra inglesa que representa o uso indevido dos recursos jurídicos para fins de perseguição política, portanto uma guerra jurídica para anular a parte ideologicamente adversária.
Em todos os cenários mais críveis, Lula vence a corrida presidencial com os pés nas costas. Frise-se: apesar da Globo e do juiz Sérgio Moro.
A marotagem do Datafolha ficou com os cenários 5 e 6 da pesquisa. Nessas duas simulações, o ex-presidente Lula é retirado para mostrar que Marina Silva (REDE), candidata preferida do grupo Folha e do Itaú.
Sem Lula no páreo de 2018, Jair Bolsonaro (PSC-RJ), Ciro Gomes (PDT-CE) e João Doria (PSDB-SP) se embolam na segunda posição — atrás de Marina.
Entretanto, essas candidaturas – com exceção de Ciro – tendem a manter a política econômica de Michel Temer, que consiste na retirada de direitos dos trabalhadores em detrimento do capital financeiro.
Resumo da ópera: tanto Marina quanto Moro — citado noutro cenário — são candidatíssimos a levar “sabugadas” do eleitor porque ambos não têm pensamentos focados no desenvolvimentista; fazem o jogo do neoliberalismo contra o projeto de nação independente.