segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Dois bilhões de crianças vivem em áreas poluídas, diz Unicef

Aproximadamente 2 bilhões de crianças vivem em áreas onde os níveis de poluição excedem os padrões mínimos de qualidade do ar estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 300 milhões de crianças, o que representa quase uma em cada sete no mundo, vivem em áreas extremamente poluídas, com níveis de toxicidade que extrapolam em seis vezes ou mais os padrões definidos pela organização.
Poluição,meio ambiente, gases
A poluição do ar é causada por fatores como as emissões dos veículos, uso pesado de combustíveis fósseis, poeira e queima de resíduosAgência Brasil/Arquivo
Os dados são do relatório Clear the Air for Children (Limpe o Ar para as Crianças, em tradução livre), divulgado hoje (31) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e consideram apenas a poluição exterior, deixando de contabilizar crianças expostas à poluição do ar dentro de casa.
Segundo o Unicef, quase 600 mil crianças com menos de 5 anos morrem todos os anos de doenças causadas ou agravadas pelos efeitos da poluição do ar interior e exterior, o que representa quase 10% de todas as mortes nesta faixa etária.
A poluição provoca abortos, parto prematuro e bebês com baixo peso ao nascer, pois pode atravessar a barreira placentária, interferindo no desenvolvimento do feto quando a mãe está exposta a poluentes tóxicos. A poluição, cujo custo ultrapassa 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, pode prejudicar ainda o desenvolvimento saudável do cérebro das crianças.
O Unicef alerta para o risco extremo a que estão expostas crianças que crescem muito perto de zonas industriais, lixões ou em lares sem ventilação, onde o alimento é preparado em fogões a lenha. “Todas estas crianças estão respirando poluentes noite e dia, que põem em perigo a sua saúde, ameaçam suas vidas e enfraquecem seus futuros. Muitas destas crianças já estão prejudicadas pela pobreza e privação. Alguns estão em risco elevado de conflitos, crises e os efeitos de intensificação das mudanças climáticas”, diz o estudo.
O relatório Clear the Air for Children utilizou imagens de satélite para mostrar, pela primeira vez, aonde vivem e quantas são as crianças expostas à poluição exterior que excede diretrizes globais estabelecidas pela OMS. As imagens de satélite confirmam que cerca de 2 bilhões de crianças vivem em áreas onde a poluição do ar, causada por fatores como as emissões dos veículos, uso pesado de combustíveis fósseis, poeira e queima de resíduos, excedem as diretrizes mínimas de qualidade do ar estabelecidos pela OMS.
O Sul da Ásia é onde há o maior número de crianças que vivem nessas áreas (620 milhões), seguido da África (520 milhões). O Leste da Ásia e Pacífico tem 450 milhões de crianças que vivem em áreas que excedem os limites das diretrizes. Os resultados são divulgados uma semana antes da conferência sobre mudanças climáticas, a COP 22, que ocorre em Marrakesh, no Marrocos, onde a Unicef apelará aos líderes mundiais para tomarem medidas urgentes de redução da poluição do ar em seus países.
Portugal
Em Portugal, a organização não governamental (ONG) Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, diz que, em Lisboa, foi identificada relação entre o número de registros de crianças em urgências hospitalares e dias mais poluídos, o que tem feito o país implementar “zonas de emissões reduzidas”, como é o caso da capital, onde se proíbem veículos antigos. Segundo Francisco Ferreira, presidente da Zero, Portugal ainda tem vários locais onde se ultrapassam os valores limite de dióxido de nitrogênio e de partículas e a principal causa destes valores elevados é o intenso tráfego rodoviário em cidades como Lisboa e Porto.
Ferreira destaca, entre as iniciativas que contribuem para uma redução na poluição, uso de energias renováveis e na eficiência energética, a utilização dos transportes públicos e de uma mobilidade suave (andar mais a pé, de bicicleta, ou mesmo recorrendo a veículos elétricos) e o ordenamento do território que aproxime as pessoas do seu local de trabalho. "Na indústria, é fundamental apostarmos em produtos que impliquem menor poluição e aplicar as melhores tecnologias disponíveis”.

sábado, 29 de outubro de 2016

Denúncia contra Serra não sai no Jornal Nacional

Todo mundo que tem vergonha na cara sabe que a corrupção não tem partido e que o PT está pagando sozinho uma dívida que é de todos os partidos. Afinal, políticos de todos os partidos vêm sendo denunciados por empresários picaretas que corrompem o Estado há décadas, subornando Executivo, Legislativo e Judiciário em nível federal, estadual e municipal.
Para as pessoas decentes e responsáveis, portanto, não constitui novidade alguma que mais um tucano tenha sofrido acusação tão ou mais grave do que as que pesam contra quaisquer petistas e que essa acusação (reiterada) não receba da mídia tratamento sequer parecido com o que é dado a estes.
Nesse aspecto, a denúncia feita pela Folha de S. Paulo em agosto e agora reiterada pelo jornal, de que Serra recebeu propina da Odebrecht, soma-se a denúncias iguais contra outros tucanos – FHC, Alckmin, Aécio – que ocorrem sempre mas que não se tornam de conhecimento público porque ficam restritas ao único veículo da grande mídia que faz denúncias contra caciques do PSDB: à Folha.
E ninguém lê a Folha. Ou o Estadão. Ou a Veja. As denúncias deles só têm repercussão quando vão para o Jornal Nacional. E o Jornal Nacional não denuncia tucanos graúdos. No máximo, um Aécio. Serra, Alckmin e FHC são os políticos mais blindados do Brasil.
A matéria da Folha em questão decorre de planilhas apreendidas pela Polícia Federal na casa de um ex-executivo da Odebrecht em março deste ano. Essas planilhas listaram possíveis repasses a pelo menos 316 políticos de 24 partidos. Ecumênica, a lista da empreiteira aumentou a tensão ao tragar governistas e oposicionistas –muitos deles integrantes da tropa de choque que votaria o impeachment de Dilma – para o centro da Lava Jato.
Quem tiver curiosidade em saber que nomes apareceram na lista só tem que clicar aqui para ver.
O material foi apreendido em fevereiro com o então presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, no Rio, durante a fase Acarajé da Lava Jato. Os documentos se tornaram públicos em março.
O Jornal Nacional não divulgou os nomes da lista afirmando que “não haveria tempo” para divulgar “200 nomes” de envolvidos. Mas haveria, sim. Demoraria 15 ou 20 minutos. Para atacar o PT durante campanhas eleitorais o Jornal Nacional já usou tempo maior em uma única matéria.
Imediatamente após a censura da Globo, Sergio Moro decidiu colocar o inquérito sob sigilo.
Mas que não exaltem muito a Folha por esse furo de reportagem porque o jornal está apenas sendo esperto, pois, apesar do antipetismo, pode se dar ao luxo de posar como único veículo “isento” do país, já que os outros grandes grupos de mídia (Globo, Estado, Abril) até podem noticiar sua denúncia em algum cantinho de seus portais ou veículos impressos, mas jamais produziriam matérias como a do jornal da família Frias contra um tucano tão graúdo.
A Folha se tornou o maior jornal do país graças à burrice da concorrência, que pratica um antipetismo suicida, desabrido, escancarado, enquanto blinda os adversários do PT.
A imagem desses veículos entre quem pensa e pode ou não ser de esquerda, desaba. Nos círculos sérios, ninguém leva a sério uma Veja, um Estadão ou uma Globo justamente porque blindam descaradamente os tucanos graúdos.
O resultado é que a Folha pode se arrogar o título de único órgão de imprensa isento, ainda que isso esteja longe da verdade devido ao volume de antipetismo ser muito maior do que as reportagens e opiniões desfavoráveis para o PSDB, o xodó da mídia do eixo São Paulo-Rio.
Ao fim de sua segunda reportagem sobre os 23 milhões de propina a Serra (que, em valores atualizados, agora são 36), porém, o jornal dos Frias tenta esfriar a denúncia contra o grão-tucano informando que “(…) Nas conversas preliminares da Lava Jato com a Odebrecht, além de Serra, vários políticos foram mencionados, entre eles o presidente Michel Temer, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, governadores e parlamentares.”
Ah, então, tá.
Mas se todos estão envolvidos da mesma forma, o tratamento a todos é dado da mesma forma pela mídia, pela Justiça, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal?
Alguém aí teria a cara-de-pau de dizer isso, que mídia e autoridades tratam igualmente tucanos e petistas acusados da mesma forma? Provavelmente aparecerá algum desavergonhado para afirmar tal enormidade, mas todos sabem que é mentira.
A relação de Dilma com a Odebrecht e outras empreiteiras gerou processo do PSDB contra a ex-presidente no TSE, afirmando que as doações que ela recebeu das empresas foram produto de propina. A mídia trata as doações das empreiteiras a Dilma como propina. Vaccari está preso por isso. Palocci também. Mantega quase foi preso por isso.
E quanto à propina que a delação da Odebrecht diz que pagou a Serra e a Alckmin? Os tesoureiros das campanhas eleitorais desses dois foram presos? Aliás, alguém investigou? Quem foi que comprou a tese criminosa de que as doações legais ao PT são propina e as doações legais ao PSDB são… legais?
Quanto a Lula, nem se fala. É ocioso falar. Lula já foi até conduzido coercitivamente por muito menos do que pesa contra um Serra ou um Aécio, reiteradamente acusados por delatores. Mas sem investigação fica difícil. E as denúncias se sucedem e não são investigadas. Até porque, à exceção da folha, a mídia não pressiona por investigações contra tucanos.
A razão é muito simples: hoje o Brasil é governado por uma aliança entre a Globo, a Lava Jato, o PSDB e parte do Supremo. Assim, podemos todos ter certeza de que a denúncia da Odebrecht contra Serra vai para as calendas enquanto o mesmo Serra e seu partido continuarão acusando petistas de terem sido acusados pela Odebrecht…
Alguém discorda?

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Congresso rejeita Rajoy em 1ª votação como presidente do Governo

O Congresso dos Deputados da Espanha rejeitou nesta quinta-feira a reeleição de Mariano Rajoy, líder do Partido Popular, como presidente do Governo, já que recebeu 170 votos a favor e 180 contra, ou seja, seis a menos do que o necessário para alcançar a maioria absoluta (176 de um total de 350).
Rajoy voltará a apresentar sua candidatura no sábado em uma votação na qual provavelmente será eleito, graças à abstenção anunciada do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que hoje se manifestou contra.
O atual governante interino obteve 137 votos de sua própria legenda, de centro-direita, além de 32 do liberal Ciudadanos e um de uma deputada moderada das ilhas Canárias.
Contra Rajoy votaram PSOE (85 deputados), a coalizão de esquerda Unidos Podemos (71) e 24 parlamentares de partidos nacionalistas que completam a câmara.
A Constituição, neste caso, obriga a realização de uma segunda votação, 48 horas depois da primeira, na qual para Rajoy basta conseguir maioria simples, mais 'sims' que 'nãos'. Nesta nova votação, ele deve receber os mesmos avais de hoje e ainda contará com a abstenção dos representantes do PSOE, o que tornará possível sua reeleição.
Rajoy, que assumiu a presidência no final de 2011, nas urnas, para um mandato de quatro anos, está interino desde o pleito de dezembro de 2015, no qual seu partido não conseguiu, sozinho ou com acordos, a maioria absoluta no Congresso para formar governo.
Em novo pleito realizado em junho, o panorama se manteve, e o próprio Rajoy saiu derrotado ao se submeter a um debate de posse na câmara em agosto, mas a mudança de postura do PSOE provocará um desfecho para a indefinição.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

'Hillary vai causar Terceira Guerra Mundial', diz Trump


Magnata afirma que política da adversária para a Síria vai gerar conflito mundial e ressalta que prioridade deveria ser o combate ao EI.

O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na terça-feira (25) que os planos da adversária Hillary Clinton para a Síria vão causar a "Terceira Guerra Mundial", devido ao potencial de conflito com as forças militares da Rússia.
Hillary defende a criação de zonas de proteção aérea e zonas livres de conflitos em solo para proteger civis na Síria. Alguns analistas avaliam que esta demanda pode colocar o país diretamente conflito com Moscou.
"Temos que focar no EI ["Estado Islâmico"]. Não devemos focar na Síria", destacou Trump, para quem a prioridade, no momento, não deveria ser a tentativa de derrubar o regime de Bashar al-Assad, mas combater o grupo terrorista. "Se escutarmos Hillary, vamos acabar numa Terceira Guerra Mundial."
Trump questionou ainda como a candidata democrata negociaria com o presidente russo, Vladimir Putin, depois de tê-lo demonizado. E culpou Barack Obama pelo estremecimento das relações com as Filipinas após a eleição de Rodrigo Duterte como presidente.
Na entrevista focada na política externa, o candidato também argumentou que a falta de apoio de líderes republicano à sua candidatura dificulta a vitória na eleição. "Se houvesse uma unidade no partido, não perderíamos essa eleição para Hillary Clinton", destacou.
O comitê de campanha de Hillary rejeitou as acusações do republicano e lembrou que especialistas em segurança nacional consideram Trump impróprio para comandar o país.
"Mais uma vez, ele está repetindo posições de Putin e jogando com os medos dos americanos", destacou o porta-voz da candidata, Jesse Lehrich.
Apoio de peso
Trump perdeu nesta terça-feira mais um apoio peso dentro de seu próprio partido: Colin Powell, secretário americano de Estado no primeiro mandato de George W. Bush, anunciou que votará em Hillary nas eleições do próximo dia 8 de novembro.
Colin Powell, secretário americano de Estado no primeiro mandato de George W. Bush, anunciou apoio a Hillary (Foto:  Jonathan Ernst/Reuters)Colin Powell, secretário americano de Estado no primeiro mandato de George W. Bush, anunciou apoio a Hillary (Foto: Jonathan Ernst/Reuters)
"Eu vou votar em Hillary Clinton", afirmou Powell, destacando que a candidata democrata é "inteligente", tem "experiência" e possui o "temperamento adequado", de acordo com informações do jornal americano Newsday.
"O outro candidato não está qualificado para ser presidente. Ele insultou os afro-americanos, latinos, mulheres, veteranos, líderes de seu próprio partido e além daqueles que o apoiam, fazendo promessas que não pode cumprir", disse Powell, que foi secretário de Estado entre 2001 e 2005.
As opiniões de Powell sobre o magnata já eram conhecidas após hackers terem vazado alguns e-mails no mês passado onde ele qualificava Trump como "desgraça nacional" e "pária internacional".
Os documentos mostram que o ex-secretário também criticou Hillary por ter se envolvido na polêmica do uso de um servidor privado de e-mail enquanto esta era secretária de Estado (2009-2013).
Logo após a notícia, a democrata agradeceu o voto. "Orgulhosa de ter o apoio do general Powell, um soldado condecorado e um distinto homem de Estado", escreveu em sua conta no Twitter.
Com o anúncio, Powell se junta a uma longa lista de republicanos que se recusaram a apoiar Trump. O ex-secretário, no entanto, já havia se afastado de seu partido nas duas últimas eleições, onde optou pelo atual presidente, o democrata Barack Obama, contra os republicanos John McCain, em 2008, e Mitt Romney, em 2012.

domingo, 23 de outubro de 2016

Candidato a prefeito de Belo Horizonte diz que "rouba, mas não pede propina"

O acirramento da disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte ampliou a pressão sobre os dois candidatos que estão no segundo turno, Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB), e elevou o nível de ataques entre eles. Ultrapassado pelo rival nas pesquisas mais recentes, o tucano passou a levantar débitos e processos trabalhistas de Kalil e exibir comerciais na TV nos quais ex-funcionários do candidato do PHS o acusam de não ter depositado benefícios previdenciários, por exemplo.
Num debate promovido pela "Rede TV!" na noite desta sexta-feira (21) o tema foi explorado, e Kalil acabou se enrolando na resposta. Após afirmar que qualquer empresário no Brasil lida com problemas trabalhistas, o candidato afirmou: "Eu devo o seu Geraldo ex-funcionário, sim, mas essa mão aqui é limpa". "Falou que eu roubo... Eu roubo, mas não peço propina em Furnas", concluiu, em referência à chamada "Lista de Furnas", que elencaria propinas pagas a uma série de políticos, mas cuja autenticidade nunca foi comprovada.
A frase inusitada de Kalil acabou viralizando e despertando forte debate nas redes sociais. Aliados de João leite passaram a chamar o candidato do PHS de "Trump das Alterosas". "Kalil fez uma afirmação estarrecedora: 'Eu roubo, mas não peço propina'. Como pode um prefeito que não paga IPTU e lesa os trabalhadores?", provocou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). A controvérsia fez com que Kalil divulgasse um vídeo no qual tenta retificar a fala. "Pessoal, eu queria pedir desculpas", inicia o empresário, que é ex-presidente do clube Atlético Mineiro.
"No debate, quando eu fui agredido desesperadamente pelo descontrole total do João Leite – fui chamado de ladrão –, eu quis dizer: 'eu devo, mas eu não recebo propina'. Mas saiu, infelizmente, no calor, 'eu roubo'", justifica. "Eu nunca roubei. Deus sabe que eu nunca roubei, eu sei, meus filhos sabem. Você que mora em Belo Horizonte sabe que eu posso ser tudo, mas que eu nunca roubei", conclui o candidato. A série de animosidades entre os dois deve ter sequência nesta noite, quando haverá novo debate, desta vez promovido pela Record.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Samarco vai indenizar 81 famílias atingidas por barragem

Caso foi resultado de três audiências realizadas entre a empresa e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG); nove casos ainda estão pendentes.
Oitenta e uma famílias atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015, tiveram seus direitos reconhecidos e receberão indenizações da mineradora Samarco e suas controladoras, a Vale a BHP Billiton. A conquista foi resultado de três audiências realizadas entre as empresas e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A última delas aconteceu nessa quarta-feira (19).
Nessa sessão de nove horas de duração foram analisados 41 casos, 15 deles resultando em um acordo. Entre as demandas exigidas pelas famílias estão auxílio financeiro mensal no valor de um salário mínimo, antecipações parciais de indenizações e ressarcimento por perda de veículos.
“Tivemos uma bom resultado pois foram 81 famílias atingidas que não tiveram seus direitos reconhecidos antes e que, agora, vão receber esses benefícios”, disse Guilherme Meneghin, promotor de Justiça que acompanhou as audiências.
Outros nove casos ficaram pendentes de decisão judicial, sendo um deles por ressarcimento de aluguel, outro pelo cartão de auxílio financeiro e os demais por antecipação de indenizações. A Samarco deverá apresentar defesa nos próximos quinze dias para a Justiça decidir sobre os casos restantes.
O pagamento das indenizações deverá ser realizado nos próximos 30 dias a contar dessa quarta-feira, conforme estipulou a Justiça.
A audiência dessa quarta-feira (19) foi a terceira e última realizada na 2ª Vara da Comarca de Mariana entre as empresas e o MPMG para solucionar os casos de descumprimento de direitos das vítimas da barragem. A primeira audiência foi realizada em 14 de setembro e resultou 38 pedidos de indenizações aprovados. A segunda, realizada no dia 11 deste mês, somou mais 28 pedidos aprovados pela Justiça. Com os números desta última sessão, 81 casos dos 105 discutidos obtiveram decisão favorável às indenizações.
Deste total, dezenove famílias irão receber uma primeira parcela de indenização no valor de R$10 mil e outras treze no valor de R$20 mil. Outras sete famílias vão ter um ressarcimento de alugueis e outras sete famílias terão direito a uma morada adequada. Cinco pessoas receberão indenizações por perda de veículo e trinta famílias ganharão um cartão de auxílio financeiro mensal. Os números podem aumentar caso a Justiça tome uma posição favorável aos nove casos que ainda estão pendentes.
Pedidos indeferidos
Dos 105 casos analisados pelo MPMG e a Samarco, 15 foram indeferidos. No entanto, o MPMG informou em nota que não significa que as famílias perderão seus direitos, mas sim que os atingidos não se enquadram em critérios para a concessão de direitos emergenciais. A indenização para essas famílias será realizada posteriormente quando for implementado um programa de indenizações.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Senado aprova MP do setor elétrico e mantém incentivo a termelétricas

O Senado concluiu a votação e aprovou a Medida Provisória 735, que facilita privatizações do setor elétrico. Como a matéria perderia a validade no dia seguinte, os senadores optaram por aprovar o texto como veio da Câmara. Os senadores não conseguiram retirar do texto um incentivo às termelétricas, consideradas fontes "sujas" de energia. A matéria vai à sanção presidencial.
O projeto prevê uma redução da cobrança da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) sobre as contas de luz de Estados do Sul e Sudeste e abre caminho para a Eletrobras privatizar suas distribuidoras, com a renovação dos contratos dessas empresas. O texto também transfere a gestão da CDE da Eletrobras para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma entidade privada, e prevê a redução gradual da conta.
Pelo texto, será reduzido até 2030 o subsídio dado via CDE a regiões do Nordeste e Norte, com o fim da variação da cobrança conforme a localização do consumidor. A partir de 2017, esse modelo de cobrança vai migrando progressivamente até um novo sistema de cobrança da CDE conforme o volume de consumo. Para evitar uma cobrança excessiva do encargo sobre clientes de baixa renda, há previsão para que os benefícios da Tarifa Social de Energia Elétrica sejam isentos da cobrança da CDE.
A versão final da MP trouxe ainda outras benesses ao setor elétrico, como a possibilidade de distribuidoras venderem seus excedentes de energia.
Termelétricas
Na Câmara, o relator José Carlos Aleluia (DEM-BA) incorporou a criação do Plano Nacional de Modernização das Redes de Energia Elétrica (InovaRede). O programa, costurado junto com o governo, cria um programa de modernização das redes de distribuição de energia, mas o dispositivo foi justamente o que causou desentendimento entre os senadores.
Embora fale de prazos para redução de emissão do CO2, o plano acaba funcionando como um incentivo ao uso de termelétricas. Muitos senadores, inclusive da base do governo, defenderam que o artigo se trata de um jabuti e que as termelétricas movidas a carvão mineral são uma fonte "suja" de energia, ofensivas para o meio ambiente.
A bancada do PT fez um destaque ao projeto, pedindo a retirada deste artigo, mas, mesmo com apoio de senadores da base do governo, não conseguiu alcançar maioria e o dispositivo foi mantido.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Novo secretário de Segurança do Rio diz que vai manter UPPs

O novo secretário de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, tomou posse hoje (17) prometendo manter o programa das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Ao assumir a pasta no lugar de José Mariano Beltrame, que pediu demissão há uma semana, Sá disse que terá como meta combater a letalidade e a criminalidade, além de oferecer dignidade aos profissionais do setor.
“As UPPS permanecem sim, com o olhar muito mais atento, mais apurado, para fortalecermos porque a sociedade deseja e [esse] é um projeto exitoso”, declarou Sá, sem descartar mudanças no projeto. “Todo o ajuste que houver necessidade será feito à medida em que tivermos recursos e possibilidades, na relação vertical com o governo federal e horizontal, com outras pastas”.
Criadas por Beltrame há dez anos, as UPPS são questionadas por alguns setores da sociedade por não terem conseguido acabar com a criminalidade e reduzir a letalidade nas áreas onde foram implantadas, embora boa parte da população dessas comunidades deseje a permanência do programa. Um dos casos que colocaram as unidades em xeque foi o desaparecimento, em junho de 2013, do pedreiro Amarildo, após ter sido levado à sede da UPP na Rocinha,  supostamente com o objetivo de dar informações sobre o esconderijo de armas. Dos 25 policiais acusados de participação no crime, 13 foram condenados por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual, entre eles o chefe da UPP.
Centro de inteligência
Além de melhorar o programa, o novo secretário pretende intensificar a investigação de armas de fogo e de explosivos e retirar das ruas submetralhadoras e fuzis, comumente usadas por organizações criminosas no estado. Para isso, anunciou ainda a criação de um núcleo de inteligência, que funcionará 24 horas por dia, em uma estrutura remanescente dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Centro Integrado de Comando e Controle. “Será uma coalizão do bem”, afirmou.
Sem antecipar mudanças, como a troca de comando na Polícia Civil, em que o chefe, delegado Fernando Veloso, também deixou o cargo, Roberto Sá disse que ainda vai conversar com os comandantes. “Mas mudanças pontuais na equipe ocorrerão”, confirmou.
Roberto Sá disse ainda que quer promover ações integradas das polícias e em parceria com o governo federal que, por intermédio do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, já garantiu prioridade ao estado. Outra meta, segundo ele, é aproveitar a experiência dos profissionais do setor.
“O nosso soldado, lá da ponta, tem muito a contribuir nas discussões de segurança pública”, afirmou. “O policial civil não vai, tão somente, assistir a palestras dos seus chefes, mas contribuir nas discussões para que nós tomemos as decisões corretas”, completou.
As novas metas e os indicadores de criminalidade serão monitorados periodicamente pela nova gestão, “com muito foco nas UPPS” e participação social.
Robero Sá agradeceu ao ex-chefe, Beltrame, pela confiança, autonomia e liberdade, no tempo em que os dois trabalharam juntos, e desejou que o ex-secretário, que ficou quase 10 anos no cargo, “tenha um justo e merecido descanso”.
Roberto Sá era subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da própria secretaria e foi responsável pela coordenação do plano de segurança da Polícia Civil na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos. Já integrou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), de onde saiu para ser delegado da Polícia Federal. É formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio.
Apoio do governo federal
Após da posse de Roberto Sá, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, reforçou apoio às políticas de segurança e sugeriu manter patrulhamento nas cinco rodovias federais que dão acesso ao estado, por meio da Polícia Rodoviária Federal. “Precisamos aproveitar o grande legado da Olimpíada e da Paralímpiada para a segurança, que foi a integração”, disse Moraes.
O ministro não confirmou a manutenção das Forças Armadas ou da Força Nacional de Segurança, composta por policiais militares de vários estados no Rio, para depois do 2° turno das eleições, como foi solicitado pelo governador do estado, Francisco Dornelles.
Com um plano nacional de segurança engatilhado com os estados, o ministro quer começar ações de combate à criminalidade, às armas e às drogas a partir de novembro. O projeto vem sendo elaborado em parceria com os secretários desde maio, sob coordenação do próprio ministro e tem a participação de procuradores-gerais de Justiça dos estados.

sábado, 15 de outubro de 2016

Cientistas desvendam segredos de ossadas para reconstituir história de terror da ditadura argentina

Um crânio com dois orifícios na parte posterior jaz sobre um pedaço de papelão, à espera de perícia. Em meio às crostas de terra em sua superfície, pode-se ver o códão E-34, escrito com hidrocor vermelho.
Estima-se que 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura militar da Argentina, que vigorou entre 1976 e 1983.
Estima-se que 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura militar da Argentina, que vigorou entre 1976 e 1983.
Foto: BBC Mundo / BBCBrasil.com
"Essa marca esverdeada é a impressão deixada pelo projétil", explica a antropóloga forense Patrícia Bernardi, junto à maca metálica coberta por fragmentos ósseos que ela deve observar, analisar e catalogar.
Na sala, localizada em um bairro barulhento e quente no centro de Buenos Aires, há ossos por todas as partes: esqueletos inteiros, partes de braços e pernas, pedaços de crânios cobertos de terra.
São os restos dos desaparecidos.
"É a última coisa que resta de uma pessoa, bem como a última oportunidade para que o corpo fale e conte a verdade", diz a antropóloga.
Las madres de la Plaza de Mayo fue la primera organización civil que denunció la desaparición de jóvenes durante el régimen militar en Argentina.
Las madres de la Plaza de Mayo fue la primera organización civil que denunció la desaparición de jóvenes durante el régimen militar en Argentina.
Foto: DANIEL GARCIA / BBCBrasil.com
Após o fim do governo militar na Argentina, em dezembro de 1983, teve início um processo de busca e identificação das quase 10 mil pessoas que foram classificadas como desaparecidas pela Secretaria de Direitos Humanos, em meio a um desejo nacional por justiça.
Atualmente, as organizações de direitos humanos estimam que o número de vítimas do regime que governou a Argentina com mão de ferro entre 1976 e 1983 chegou a 30 mil.
Durante décadas, as "Mães da Praça de Maio" pedem informações que lhes indiquem se filhas e filhos estão mortos. Para isso, foi criada uma equipe dedicada a buscar e identificar os restos das vítimas.
Algo que não existia no mundo.
Exame de ossos em laboratório leva em conta marcas nos ossos e, atualmente, exame de DNA
Exame de ossos em laboratório leva em conta marcas nos ossos e, atualmente, exame de DNA
Foto: BBC Mundo / BBCBrasil.com
"O osso mostra a qualidade de vida que alguém teve", explica Bernardi, enquanto alisa a superfície de um fêmur. "Temos que saber como os ler para saber tudo o que está dizendo."
A antropóloga há 32 anos trabalha no projeto e é um dos membros fundadores da Equipe Argentina de Antropologia Forense (Eaaf). Mas, em 1984, tinha outros planos. Queria ser arqueóloga e descobrir antiguidades, em vez de estar com o peso histórico dos desaparecidos argentinos no quarto ao lado de seu escritório.
"Sequer sabia o que era um antropólogo forense."
Em junho de 1984, porém, ela conheceu Clyde Snow, um antropólogo forense americano que viera para Buenos Aires a pedido de vários órgãos argentinos para decidir o que fazer com os restos mortais dos desaparecidos.
Chegou com a fama de "Sherlock Holmes dos ossos". Trabalhara na identificação da ossada do criminoso nazista Joseph Mengele, que tinha se escondido no Brasil depois da guerra, e participara da autópsia do presidente americano John Fitzgerald Kennedy.
Mais tarde, trabalharia nas valas comuns de curdos mortos pelo regime de Saddam Hussein no Iraque e testemunhou contra o ditador no julgamento que levou Saddam à forca em 2006.
"Snow era a imagem do antiprofessor. Dava-nos aula em um bar, fazendo gráficos em guardanapos. Era muito humano e inteligente. Bebia e fumava muito. Conversamos muito, ainda que sempre em um inglês básico, pois ele não falava uma palavra de espanhol", lembra Bernardi.
Las madres de la Plaza de Mayo fue la primera organización civil que denunció la desaparición de jóvenes durante el régimen militar en Argentina.
Las madres de la Plaza de Mayo fue la primera organización civil que denunció la desaparición de jóvenes durante el régimen militar en Argentina.
Foto: DANIEL GARCIA / BBCBrasil.com
Graças à burocracia militar, havia um registro pormenorizado de prisões e enterros. Mas para tirar os ossos da terra, Snow queria mãos mais hábeis que as de coveiros, para não danificar ossos - as de arqueólogos iniciantes, como Patrícia. Ela e dois colegas - Luis Fondebrider e Mercedes Doretti - foram convidados pelo americano para auxiliá-lo no projeto.
"Achamos estranho que um americano quisesse nossa ajuda para isso. Nós nunca tínhamos trabalhado com ossadas, e a pressão para encontrar os desaparecidos era enorme", lembra a antropóloga.
Mas o trio aceitou e, dias depois, reuniu-se nos portões do Cemitério de Avellaneda, na capital. Depois de sete horas de escavações, encontraram alguns ossos. "Não sabíamos muito bem onde estávamos cavando, mas me lembro de olhar para cima de dentro do buraco e ver as botas dos militares que nos observavam. Pensei: 'Meu Deus, onde fomos nos meter'".
Durante a escavação, Bernardi ouviu palavras duras de alguns militares. "Eles diziam que se tivessem feito o trabalho direito nós não estaríamos lá. O país estava muito instável. E, se os militares voltassem ao poder, era bem capaz que nós fôssemos os próximos desaparecidos."
As escavações prosseguiram e foram revelando novas e novas valas. Seguiram encontrando esqueletos e classificando o achado, buscando marcas de violência nos ossos.
Dos cemitérios, foram para os laboratórios para analisar vestígios ósseos, sinais particulares, até chegarem ao primeiro caso positivo: em 1985, identificaram os restos de uma mulher - Liliana Carmen Pereyra, de 21 anos, que estava grávida de cinco meses quando desapareceu, em 15 de outubro de 1977.
Em abril de 1985, Snow levou este e outros resultados positivos para o Julgamento da Junta Militar, um processo instaurado pelo presidente Raúl Alfonsin para apurar as violações de direitos humanos cometidos pelos militares.
Snow entregou as provas mais certeiras contra os militares. Bernardi conta que advogados de defesa deixaram a sala. O trabalho de escavação não resultara apenas em ossos mas na evidência científica que contrariava a versão oficial de generais e almirantes de que jovens como Liliane tinham morrido em conflitos armados com as autoridades. Exames dos restos mortais da jovem revelaram que ela tinha sido executada.
Na tribuna, o americano apresentou fotos de outros casos: crânios danificados por marcas de balas na região da nunca, sugerindo disparo a 30 cm de distância, um sinal claro de tiros à queima-roupa, não de um enfrentamento.
Mas o caso de Lilian foi emblemático: ficou provado que ela dera à luz o bebê enquanto estava presa.

Mas como os cientistas conseguiram provar isso?

A equipe do Efaf explica que há ossos cruciais para buscar informações sobre seu dono. Um deles é o fêmur, que permite estimar a idade e a estatura. O crânio e o pélvis ajudam a decifrar o sexo. Já a arcada dentária pode ser comparada com a ficha odontológica da pessoa.
Os detalhes revelados pelos ossos permitem o cruzamento de informações que milhares de parentes de desaparecidos deixaram nos registros de uma comissão nacional. Dentes arrancados, defeitos físicos, acidentes sofridos, profissão (esqueletos de motoristas, por exemplo, apresentam atrofias nos discos da coluna). Tudo poderia ajudar.
"No caso de Liliana Pereyra, sua mãe disse que, dois meses antes da prisão, ela tinha passado por uma cirurgia de extração do dente canino superior direito. No crânio que achamos no cemitério, podíamos ver o espaço em que faltava o dente e havia sinais de uma extração recente.
Os ossos também delatam feridas. Muitas se desintegram com a carne, mas ficam alguns rastros. Fraturas no braço causadas por torturas, colunas vertebrais avariadas por disparos, crânios perfurados.
Abertura de covas onde estariam vítimas assassinadas foi feita com técnicas usadas na arqueologia para não danificar ossadas
Abertura de covas onde estariam vítimas assassinadas foi feita com técnicas usadas na arqueologia para não danificar ossadas
Foto: EAAF / BBCBrasil.com
A equipe até agora já conseguiu confirmar a identidade de 700 pessoas, mas há outras 600 caixas de ossos à espera de um nome. Nelas, uma constante: feridas de tiros, muitos deles pelas costas, e à queima-roupa.
"Soube que Laura, minha filha, foi sequestrada e executada pelas costas, em vez de em um enfrentamento. Levaram-na da prisão para ser morta nos arredores de Buenos Aires", conta à BBC Mundo (o serviço em espanhol da BBC), a ativista Estela de Carlotto, que recebeu o corpo da filha em agosto de 1978, algo pouco usual sob o regime militar.
Em 1985, ela pediu a exumação do corpo da filha para saber mais sobre sua morte, ela teve uma surpresa que lhe deu uma nova causa para lutar: durante a escavação, Clyde Snow, chamou-lhe para conversar.
Clyde Snow atuou no julgamento de Saddam Hussein en 2006; ele morreu em maio de 2014
Clyde Snow atuou no julgamento de Saddam Hussein en 2006; ele morreu em maio de 2014
Foto: Chris Hondros / BBCBrasil.com
"Ele me disse: 'Estela, você é avó'. Nos pélvis há uma marca que mostra que mulheres deram à luz", conta a ativista, hoje presidente do grupo Avós da Praça de Maio, que luta para saber o paradeiro de filhos de desaparecidos nascidos em cativeiro.
Estima-se que, na Argentina, haja pelo menos 500 crianças nascidas nessas circunstâncias e adotadas de forma clandestina, crescendo com outra identidade. Foi o caso do neto de Estela, que foi encontrado em 2014. E do filho de Liliane.
O descobrimento das "pegadas de DNA" pelo britânico Alec Jeffreys, em 1985, fez com que, a partir da década passada, fosse possível usar os ossos dos desaparecidos para determinar laços familiares através da genética, em vez da buscar de sinais como os relatados por parentes. Desde 2003, a técnica triplicou o número de identificações feitas pelo laboratório argentino.
Até o momento foram recuperadas ossadas de 1,3 mil pessoas na Argentina
Até o momento foram recuperadas ossadas de 1,3 mil pessoas na Argentina
Foto: BBC Mundo / BBCBrasil.com
O DNA também ajudou no trabalho de identificação de bebês e avós biológicos: em 2008, Hilário Bacca, um comerciante que vivia no centro da capital argentina, foi submetido a uma série de exames de sangue porque se suspeitava que ele era filho de desaparecidos.
Os exames confirmaram a identidade de sua mãe: Liliana Pereyra. Hilário foi o 95º neto recuperado pelas Avós da Praça de Maio, mas ele não ficou muito satisfeito.
"Conheci minha identidade biológica por meio de um exame compulsório e que não queria fazer. E agora preciso lidar com isso", queixou-se ele à BBC Mundo, em 2011.
Seus pais "adotivos" foram a julgamento por apropriação de menores, mas Bacca insiste em defendê-los e chamá-los de "pais de coração". Ele até testemunhou a favor deles no julgamento e se recusou adotar seu sobrenome verdadeiro.
El trabajo del EAAF ha permitido la devolución de al menos 700 cuerpos a los familiares de los desparecidos.
El trabajo del EAAF ha permitido la devolución de al menos 700 cuerpos a los familiares de los desparecidos.
Foto: Getty / BBCBrasil.com
"A essa altura da minha vida querem que eu desapareça para fazer de mim um Pereyra ou um Cagnola (sobrenome do pai, Eduardo, também desparecido), que para mim não existem."
No entanto, Bacca passou a trabalhar com as Avós da Praça de Maio.
"Nunca sabemos como os familiares vão reagir diante de uma verdade assim. Vemos de tudo", diz Patrícia Bernardi.
Os ossos continuam chegando. Vêm de cemitérios de outros recantos do país ou de valas clandestinas como o Pozo de Vargas, um poço de 40 m de profundidade em Tucuman, no norte da Argentina, que os militares usavam para desovar corpos de desparecidos. Recentemente, o laboratório conseguiu confirmar a identidade de um estudante sequestrado em 1976. Quarenta anos depois de sua família começar a buscá-lo.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Capital paulista entra em estado de atenção para enchentes

Toda a cidade de São Paulo está em estado de atenção para alagamentos desde as 15h15, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura.
Imagens do radar meteorológico, segundo o CGE, mostram chuva forte na zona norte da capital paulista, principalmente no bairro de Tremembé, e chuva leve com pontos moderados no restante da cidade. As áreas de instabilidade migraram do estado do Paraná para São Paulo.
A chuva forte atinge também as cidades de Guarulhos e Mairiporã. Conforme previsão dos meteorologistas do CGE, as próximas horas seguem com chuva na capital, que podem vir acompanhadas de rajadas de vento e queda de granizo.
Rajadas de vento
O Aeroporto do Campo de Marte, na zona norte, registrou ventos de 55,6 quilômetros por hora (km/h) às 15h42; o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, às 13h, registrou ventos de 53,7km/h.
Tendência
Segundo o CGE, os próximos dias terão características da primavera, com temperaturas elevadas e temporais geralmente no período da tarde.
A madrugada deve ter chuva isolada e os termômetros devem registrar por volta dos 18ºC. A quantidade de nuvens aumenta em função do deslocamento das áreas de instabilidade para São Paulo e a temperatura máxima deve chegar aos 27ºC, enquanto as taxas de umidade do ar variam entre 42% e 90%. Entre a tarde e a noite voltam a ocorrer pancadas de chuva sobre toda a Grande SP, informou o CGE.
Para o sábado (15), os meteorologistas preveem chuva isolada na madrugada e termômetros na casa dos 18ºC. O sol deve aparecer ao longo do dia entre poucas nuvens e as temperaturas devem se elevar até os 29ºC. Os percentuais de umidade sofrem ligeiro declínio, com os menores valores em torno dos 40%. Durante a tarde retornam as condições para a ocorrência de chuvas rápidas e isoladas, com baixo potencial para alagamentos.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

PEC dos gastos públicos não resolve desequilíbrio fiscal, diz economista

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, aprovada em primeiro turno pela Câmara dos Deputados na noite de ontem (10), não resolve o desequilíbrio fiscal e esvazia o poder da política econômica, segundo avaliação da economista Laura Carvalho, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP).
A economista falou sobre a PEC hoje (11) em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. Afirmou que a crise fiscal não deriva de um crescimento maior de despesas e, sim, de uma queda na arrecadação, decorrente da crise econômica. Segundo ela, o ajuste fiscal de 2015, ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, aprofundou essa queda.
“Em 2015 houve, sim, ajuste: uma contração fiscal da ordem de 2,5% em termos reais. Temos uma queda de receita, efeito, ao mesmo tempo, de uma recessão profunda e de políticas como a desoneração fiscal, que impediram o crescimento dessa arrecadação. Além disso, a gente viveu uma experiência de um ajuste fiscal mais profundo do que esse que a PEC se propõe a realizar”, disse.
Ajuste tímido
Segundo Laura Carvalho, o ajuste promovido pela PEC tende a ser mais tímido que o do governo de Dilma Rousseff no curto prazo, em razão da perspectiva de queda da inflação. A proposta de emenda vincula o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior.
“Estamos, nos próximos anos, em um período em que a inflação está caindo e tende a cair mais, até convergir para meta de 4,5%, fixada pelo Conselho Monetário Nacional. Isso sinaliza que, no curto prazo, a PEC autoriza um ajuste real das despesas em lugar de queda. Não há nada que sinalize que o ajuste será maior que o de 2015. Não que eu defenda esse ajuste”, declarou a professora, que tem posição contrária à política de corte de gastos em períodos de recessão.
A economista disse, ainda, que o crescimento da dívida pública está mais associado à alta de juros do que à elevação de gastos públicos. Por esse motivo, ela acredita que a aprovação da PEC 241 não contribuirá para reduzir a dívida. “As emissões líquidas, que são nova dívida, foram muito menores que o pagamento de juros sobre a dívida anterior. A PEC em nada soluciona esse problema”.
Laura Carvalho também acredita que, ao vincular os gastos à inflação, a PEC engessa a política econômica. “Para que servem o Congresso, o Ministério da Fazenda e o Planejamento se, independente do crescimento econômico, você já está fixando o tamanho do Orçamento público? A PEC parece uma demanda daqueles que não confiam nos representantes eleitos. É curioso que esses mesmos parlamentares votem uma medida dessa natureza”, afirmou a economista.
Por fim, Laura criticou a ausência de uma agenda de crescimento econômico que inclua investimentos públicos. “Os investimentos públicos são essenciais nessa retomada. Isso tem que estar em qualquer agenda. Ao contrário do que se coloca, o Orçamento público não é igual ao de uma família. Os gastos [públicos] que você faz aumentam o quanto você ganha”, argumentou.
Versão do governo
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, foi convidado para representar o governo na audiência pública, mas não compareceu. Ontem (10), o Palácio do Planalto divulgou vídeo em que Mansueto defende a proposta e afirma que as áreas da saúde e educação estão protegidas no texto que está sendo discutido no Congresso.
Mansueto disse que a nova regra não tem impacto na educação para 2017, primeiro ano de vigência da PEC. Segundo ele, o gasto na área vai seguir a regra constitucional prevendo que 18% de tudo que o governo arrecada tem que ser aplicados em educação. No caso da saúde, disse o secretário, o orçamento aumentará. A regra atual determina que 13,7% da arrecadação devem ser aplicados na área.
Com a PEC, de acordo com o secretário, o percentual de 15% previsto para 2020 passa a valer para o próximo ano. Ele ressaltou, contudo, que, a partir de 2018, os pisos para educação e saúde passam a ser corrigidos pela inflação do ano anterior.
A audiência pública foi requerida pela presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Além de Laura Cardoso, participou da discussão o cientista político Jessé Souza, professor do departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense.
Souza disse que os favoráveis à aprovação da PEC têm uma visão imediatista e que os parlamentares serão cobrados pelos eleitores. “No longo prazo, as pessoas que vão sofrer com isso vão cobrar. Isso vai ser exigido. O ano de 2018 não será igual a 2016. Em 2018 é um outro quadro”, afirmou.

domingo, 9 de outubro de 2016

Alemanha segue em busca de sírio suspeito de preparar atentado

A polícia alemã prendeu neste domingo o suposto cúmplice do jovem sírio fugitivo, suspeito de preparar um atentado e cujo paradeiro continua sendo desconhecido apesar da importante operação para capturá-lo.
Sem poder alcançar o principal suspeito, de 22 anos e registrado como Jaber Albakr, que escapou por muito pouco da polícia no sábado, os investigadores se concentram sobre seu entorno.
O homem também de nacionalidade síria, "é suspeito cumplicidade na preparação de um atentado", disse à AFP um porta-voz da polícia local.
O homem havia sido detido na véspera junto a outros dois conhecidos do suspeito, que foram liberados sem acusações. O suposto cúmplice é o "locatário oficial" do apartamento de Chemnitz (leste) onde foram encontrados no sábado explosivos altamente perigosos.
No domingo, as forças de intervenção especial da polícia detiveram em Chemnitz outro homem próximo ao suspeito foragido, que, segundo a polícia, "está sendo interrogado".
Na véspera, a polícia encontrou "várias centenas de gramas" de uma "substância explosiva muito mais potente que o TNT" em seu apartamento, ocupado pelo suspeito e alugado pelo suposto cúmplice.
Segundo vários meios de comunicação, trata-se de 500 gramas de TATP, uma substância altamente explosiva utilizada por extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) em atentados na Europa.
Pode ser fabricado com produtos disponíveis à venda liberada.
Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, a polícia também encontrou cerca de um quilo de produtos químicos, detonadores e utensílios que podem servir para fabricar bombas.
O suspeito estava em contato pela internet com o grupo Estado Islâmico, de acordo com o jornal.
O Ministério Público Federal alemão, autoridade competente para casos de terrorismo, anunciou que se encarregará da investigação. "Tudo indica que o suspeito tinha a intenção de cometer um atentado islamita", anunciou.
Não se exclui que o homem tenha conseguido fugir com uma parte dos explosivos, já que ele foi visto correndo com uma mochila, afirmou o jornal.
- Erro policial? -
Em meio às operações para achar o fugitivo, uma polêmica se instala na Alemanha, que se pergunta como Jaber Albakr, que era vigiado pelos serviços secretos, pôdo escapar da polícia neste sábado pela manhã.
Os serviços secretos enviaram um alerta na sexta-feira aconselhando a polícia local a intervenir devido a um risco iminente.
"Estávamos preparando a intervenção quando ele deixou o edifício", disse a polícia.
Vários veículos da imprensa alemã falam de "erro". As forças de segurança teriam estado frente a frente com o fugitivo ao se aproximar de sua casa e teriam tentado, sem sucesso, pará-lo com disparos de advertência.
As forças de segurança argumentaram que um disparo direto poderia ter desencadeado uma explosão. O homem pôde finalmente desaparecer em circunstâncias ainda pouco claras.
O suspeito, Jaber Albakr é um demandante de asilo que chegou à Alemanha em fevereiro de 2015, ou seja, vários meses antes da onda de migrantes do fim do ano passado. Obteve o status de refugiado em junho deste ano.
Neste domingo, o suspeito seguia foragido, apesar de uma ordem de busca com sua foto divulgada em todo o país e da mobilização da polícia em várias regiões.
A segurança foi reforçada nos dois aeroportos de Berlim e nas estações da capital. Chemnitz está situada 260 km ao sul de Berlim.
A polícia também disse estar ativa "para além das fronteiras da Alemanha".
As autoridades alemãs acreditam ter desmantelado ao menos três atentados extremistas neste ano.
No mês passado, três pessoas foram detidas em centros de acolhimento de refugiados, e um demandante de asilo sírio de 16 anos foi preso em Colônia suspeito de preparar um atentado para o EI.
A polícia alemã estima que há várias centenas de islamitas que representam um perigo no país.
A Alemanha sofreu em julho dois atentados reivindicados pelo EI: um ataque suicida cometido por um sírio de 27 anos que deixou 15 feridos e um ataque com machado lançado por um refugiado de 17 anos (cinco feridos).
Estes atos contribuíram para alimentar o temor de uma parte da opinião pública diante dos demandantes de asilo, apesar dos apelos das autoridades para evitar o preconceito.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

PEC dos Gastos Públicos é questionada no STF; Planalto não se pronuncia

Deputados do PT e do PCdoB protocolaram hoje (7), no Supremo Tribunal Federal (STF), mandado de segurança, com pedido de liminar, para suspensão imediata da tramitação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos do país pelos próximos 20 anos. O relator é o ministro Roberto Barroso. O Palácio do Planalto informou que, por enquanto, não vai se manifestar sobre a ação.
No pedido, os parlamentares argumentam que a PEC 241/2016 "atenta contra a separação dos Poderes, o voto direto, secreto, universal e periódico e os direitos e garantias individuais". Na interpretação dos autores do pedido, a limitação dos gastos restringirá também a atuação do presidente da República e de deputados e senadores que serão empossados em 2019, 2023, em 2027, 2031 e 2035.
Comissão especial
A Comissão Especial da Câmara que analisa a PEC 241 aprovou ontem o substitutivo apresentado pelo relator da proposta, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). A proposta será levada à votação no plenário da Câmara, em primeiro turno de votação na próxima segunda-feira (10).
Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão,  o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a proposta preservará a saúde e a educação, sem retirar direitos dessas áreas “O governo [do presidente Michel] Temer enviou uma proposta para mudar a Constituição e equilibrar o orçamento nos próximos anos. É necessário um prazo para ajustar as contas de forma gradual, sem retirar direitos, sem cortar o dinheiro dos projetos mais importantes, aqueles essenciais. Saúde e educação, por exemplo, serão preservados. Estamos criando mecanismos para garantir que essas áreas prioritárias não terão perdas”, destacou o ministro.
De acordo com Meirelles, o controle dos gastos permitirá ao país recuperar a credibilidade. “A confiança de consumidores, investidores e empresários já está retornando. Já notamos os primeiros sinais dessa mudança. Confiamos que o Congresso aprovará essa medida que vai equilibrar as contas públicas. Este é o caminho para a volta do crescimento de nossa economia e para a criação dos empregos de que o nosso povo precisa.”
Mandado
“Uma grave consequência da limitação que, por intermédio da PEC 241/2016, pretende-se impor ao povo brasileiro, como titular do poder político do Estado, consiste em que seus representantes, parlamentares que serão eleitos, não terão, conforme já destacado, a possibilidade de exercer em plenitude a representação popular no Poder Legislativo”, diz trecho do mandado de segurança.
Além disso, os autores do mandado de segurança argumentam que a separação dos Poderes, prevista na Constituição, será desrespeitada caso a PEC seja aprovada.
“Ao prever que as despesas a serem contempladas nos orçamentos de cada Poder da República e suas respectivas execuções, devam permanecer limitadas à variação anual de índice decorrente de pesquisa de preços, implementada que é, por autarquia do Poder Executivo da União, as necessidades que o Poder Judiciário, como o Poder Legislativo, tenham e considerem imprescindíveis contemplar no Orçamento Geral da União, para atender suas legítimas e necessárias demandas, estarão restringidas”, acrescentam os autores do pedido.
O mandado de segurança é assinado por um deputado do PT Afonso Florence (BA) e sete do PCdoB: Jandira Feghali (RJ), Luciana Santos (PE), Daniel Almeida (BA), Angela Albino (SC), Jô Moraes (MG), Francisco Lopes (CE) e Alice Portugal (BA). 
Comissão especial
 A Comissão Especial da Câmara que analisa a PEC 241 aprovou ontem o substitutivo apresentado pelo relator da proposta, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS). A proposta será levada à votação no plenário da Câmara, em primeiro turno de votação na próxima segunda-feira (10).
Em pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão,  o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a proposta preservará a saúde e a educação, sem retirar direitos dessas áreas “O governo [do presidente Michel] Temer enviou uma proposta para mudar a Constituição e equilibrar o orçamento nos próximos anos. É necessário um prazo para ajustar as contas de forma gradual, sem retirar direitos, sem cortar o dinheiro dos projetos mais importantes, aqueles essenciais. Saúde e educação, por exemplo, serão preservados. Estamos criando mecanismos para garantir que essas áreas prioritárias não terão perdas”, destacou o ministro.
De acordo com Meirelles, o controle dos gastos permitirá ao país recuperar a credibilidade. “A confiança de consumidores, investidores e empresários já está retornando. Já notamos os primeiros sinais dessa mudança. Confiamos que o Congresso aprovará essa medida que vai equilibrar as contas públicas. Este é o caminho para a volta do crescimento de nossa economia e para a criação dos empregos de que o nosso povo precisa.” 

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

‘Objetivo de programa Criança Feliz é criar cabos eleitorais do golpe’

O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) criticou as diretrizes do programa Criança Feliz, lançado nesta quarta-feira por Michel Temer, que tem como escopo a criação de uma nova atividade profissional, o "visitador", para realizar visitas nas residências em que há crianças com idade de 0 a 3 anos; "É um agente comunitário de saúde paralelo. O governo é tão contra os agentes, que está criando um paralelo, chamando de visitador, pagando uma bolsa. Não confiam nos agentes comunitários, vetaram o dinheiro para a capacitação dos agentes comunitários de saúde e agora vão capacitar outra pessoa, outro cidadão, para fazer o papel de agente comunitário de saúde paralelo", disse Solla.O deputado federal Jorge Solla (PT-BA) criticou as diretrizes do programa Criança Feliz, lançado nesta quarta-feira (5) por Michel Temer, que tem como escopo a criação de uma nova atividade profissional, o "visitador", para realizar visitas nas residências em que há crianças com idade de 0 a 3 anos.
"É um agente comunitário de saúde paralelo. O governo é tão contra os agentes, que está criando um paralelo, chamando de visitador, pagando uma bolsa. Não confiam nos agentes comunitários, vetaram o dinheiro para a capacitação dos agentes comunitários de saúde e agora vão capacitar outra pessoa, outro cidadão, para fazer o papel de agente comunitário de saúde paralelo", disse Solla em pronunciamento no plenário da Câmara.
Na segunda-feira, o governo federal vetou três artigos da LEI 13.342/2016, que tratava de benefícios aos agentes de saúde. Entre os benefícios aprovados no Congresso que foram vetados, estavam a destinação de recursos para qualificação profissional dos agentes, o pagamento de insalubridade nos casos devidos, e o artigo que colocava os agentes entre os beneficiários prioritários no programa Minha Casa, Minha Vida.
"É um absurdo jogar os agentes comunitários de saúde de lado depois do que eles fizeram neste país, melhorando a qualidade de vida das nossas crianças. Nós temos em cada comunidade um agente comunitário de saúde para acompanhar as crianças de 0 a 3 anos. Não tem cabimento vetar a melhoria dessa categoria, pegar os recursos para criar outra atividade profissional bolsista, não concursado, para que? Para que seja pinçado um agente político para defender o governo golpista em cada comunidade? Só se for. Nós temos agentes comunitários preparados, capacitados, que já acompanham as famílias e as crianças. É um absurdo esse programa, serão cabos eleitorais do golpe", completa o deputado baiano.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Barack Obama fala em 'decisões manipuladas' do COI sobre sedes olímpicas

Presidente dos Estados Unidos compara Comitê Olímpico com a Fifa ainda por conta de derrota de Chicago para o Rio pelos Jogos de 2016.

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama levantou suspeitas sobre as escolhas das cidades-sede dos Jogos Olímpicos feitas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O mandatário americano usou em sua tese a definição do local da Olimpíada de 2016, quando Chicago estava na disputa. Ele até chegou a fazer uma comparação com a Fifa.
- Uma delegação muito bem preparada havia viajado a Copenhague para fazer uma apresentação e (a primeira-dama) Michelle estava com eles - explicou em entrevista concedida à New York Magazine no fim de agosto, e publicada na noite do último domingo.
- Recebi uma ligação (...) dizendo que todos pensavam que se eu fosse ao local teríamos boas chances de ganhar e que poderia valer a pena ir e voltar no dia - continuou.
A medida não deu muito certo. Na disputa final com Rio de Janeiro, Madri e Tóquio, Chicago foi eliminada logo na primeira rodada da votação.
- Fui ao local, (mas) mais tarde entendemos que as decisões do COI são similares às da Fifa: um pouco manipuladas. Segundo todos os critérios objetivos, a candidatura americana era a melhor - afirmou Obama.
A perda de Chicago em 2009 foi ruim para o presidente americano. Um ano antes, ele tinha acabado de assumir a presidência do país.
Vale lembrar que os Estados Unidos não sediam uma edição dos Jogos Olímpicos desde 1996, quando Atlanta foi a sede olímpica. Para os Jogos de 2024, Los Angeles está na disputa com Paris e Budapeste.
O presidente dos Estados Unidos Barack Obama (Foto:AFP)
O presidente dos Estados Unidos Barack Obama (Foto:AFP)
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domingo, 2 de outubro de 2016

Cunha diz que entrará com 'alguns' recursos

O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que "muita água vai rolar debaixo da ponte até a próxima eleição" e que ainda vai entrar com recursos contra o processo que tirou seu mandato na Câmara. Após votar em uma escola na Barra da Tijuca, bairro onde mora no Rio, o ex-deputado preferiu não revelar seu candidato a prefeito "em respeito ao partido" e disse que seu livro sobre o processo de impeachment sairá até o fim do ano.
"Em respeito ao meu partido eu não vou falar do prefeito, mas com certeza não votei em quem votou contra mim", disse, alfinetando o candidato do PMDB, Pedro Paulo. Cunha chegou ao Centro Educacional Santa Mônica por volta de 9h10, de calça jeans, camisa social branca e sapato de couro, acompanhado da filha Camila Dytz Cunha. Os dois vieram em um carro com adesivos do candidato a vereador Chiquinho Brazão e ficaram por cerca de dez minutos no local.
A presença de Cunha dividiu os eleitores na zona eleitoral. Uma mesária da Seção 15, onde Cunha votou, se despediu ironicamente do político com um "tchau deputado cassado". Algumas pessoas, como o ex-jogador do Flamengo Nunes, cumprimentaram Cunha e pediram até para tirar fotos.
O ex-deputado foi hostilizado por um eleitor enquanto conversava com a imprensa. "O senhor é um verdadeiro palhaço", gritou Pedro Bevilaqua de Lucca, 28. Cunha revidou com a frieza habitual. "Vai, petista. (...) Tem os dois lados da reação. Tem outras pessoas tirando foto, como você viu. Estou habituado", disse. O eleitor negou ser filiado a qualquer partido.
Eduardo Cunha afirmou que vai entrar com recursos contra a cassação de seu mandato e inelegibilidade. "Até a próxima eleição ainda tem muita água pra rolar debaixo da ponte. Ainda vou entrar com alguns recursos, algumas ações no Supremo, já entrei com embargo na Câmara. Eu não diria a você que esse assunto está sepultado ainda não", disse.
O deputado cassado contou que tem trabalhado 15 horas por dia em seu livro, no qual contará bastidores do processo de impeachment, e que deve ser lançado até o fim do ano. "Está indo de vento em popa", garantiu, dizendo que está praticamente certa a escolha da editora, mas que manterá o nome em segredo.
Questionado sobre possíveis denúncias a serem abordadas no livro, Cunha disse que fará "um livro de História". "Eu não disse que vou fazer denúncia, vou fazer um livro de História", afirmou, explicando que pretende encerrar a narrativa no dia 18 de abril, quando entregou para o presidente do Senado, Renan Calheiros, a decisão da Câmara.
O ex-deputado do PMDB se esquivou de avaliar o governo do presidente da República, Michel Temer (PMDB). "Acho que está muito cedo para avaliar. Depois da eleição é que vai começar de verdade", disse.