segunda-feira, 27 de novembro de 2017

PCC tinha lista com endereços de mais de 20 agentes penitenciários federais

Integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) tinham uma lista com dados como nomes e endereços de mais de 20 funcionários que atuam em presídios federais. A informação é do site UOL, que relata que os detalhes sobre a vida dos profissionais foram encontrados pela Polícia Federal (PF) em posse de criminosos suspeitos de ligação com a morte do agente penitenciário Alex Belamiro Almeida Silva.
O levantamento foi achado no momento da prisão dos suspeitos. Segundo a PF, eles fariam parte de um grupo interno da facção chamado de “sintonia restrita”. Os integrantes seriam criminosos destacados para o cumprimento de “missões especiais”, como a execução de policiais.
O assassinato de Almeida Silva ocorreu na mesma época da morte de outros dois homens que trabalhavam no sistema carcerário federal. Logo depois, o Ministério da Justiça tomou medidas que tinham o objetivo de melhorar a segurança dos profissionais da área.
Em agosto deste ano, outra reportagem mostrava que o PCC tinha planos de matar mais policiais e agentes penitenciários e, para isso, tinha uma reserva de R$ 150 mil para executar as ações. Uma planilha com controle de gastos foi encontrada no computador de um dos membros da facção criminosa.
A dor de cabeça do PT em relação a Bolsonaro (e a estratégia para minar o potencial do candidato) - InfoMoney
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/7108517/dor-cabeca-relacao-bolsonaro-estrategia-para-minar-potencial-candidato
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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Na mira do Judiciário e do Legislativo, foro privilegiado brasileiro é recordista em número de autoridades protegidas

Associação de juízes estima que 45 mil pessoas gozem da prerrogativa; regras devem ser analisadas pela CCJ da Câmara nesta quarta e no STF na quinta.

Deputados, senadores, prefeitos, governadores, secretários estaduais, magistrados, promotores, desembargadores, ministros. O Brasil é recordista no número de autoridades com foro privilegiado - ou seja, que não são julgados pela Justiça comum, mas por tribunais de segunda e terceira instâncias.
Estátua representa a Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília; está na pauta da corte julgamento que pode restringir o privilégio de políticos | Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Estátua representa a Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília; está na pauta da corte julgamento que pode restringir o privilégio de políticos | Foto: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Foto: BBCBrasil.com
Esse grupo seleto, mas de proporções significativas - cerca de 45 mil pessoas, segundo estimativa do presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso - pode sofrer a primeira restrição significativa desde a promulgação da Constituição de 1988, já que o tema está na pauta tanto do Legislativo quanto do Judiciário.
Nesta quarta, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara vota um Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que extingue a prerrogativa de foro para praticamente toda a lista, exceto para os chefes dos três Poderes. No dia seguinte, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma julgamento que pode restringir o privilégio de políticos, que teriam acesso a ele apenas quando os crimes fossem cometidos no exercício da função e tivessem relação com ela.
O foro especial é utilizado em diversos países sob a justificativa de proteger cargos públicos-chave de perseguição política. A ideia é permitir que autoridades sensíveis a represálias e intimidação sejam julgadas por tribunais isentos, explica Newton Tavares Filho, consultor legislativo da Câmara. "A questão é que nós não temos provas concretas dessa isenção", pondera o especialista.
Autor de um estudo técnico que compara o sistema brasileiro com o de 16 outros países, Tavares Filho não encontrou nenhum tão abrangente quanto o do Brasil. De maneira geral, ele afirma, no resto do mundo o foro especial é restrito a poucos líderes, um número que dificilmente passa de algumas dezenas - presidentes da República, do Senado, da Câmara, primeiros-ministros.
Em muitos casos, a prerrogativa se limita aos delitos relacionados ao cargo e não abrange os crimes comuns, como no Brasil. Os crimes de responsabilidade, que ensejam os processos de impeachment, têm um conjunto de regras à parte, que também varia a depender do país.

Como funciona no resto do mundo

O sistema mais parecido com o do Brasil encontrado foi o da Espanha, onde todos os parlamentares têm direito a foro privilegiado e, por isso, são julgados apenas pela Câmara Penal do Tribunal Supremo. "Estamos falando de algumas centenas de pessoas, isso já é uma situação excepcional", diz Tavares Filho.
A lista também é longa na Colômbia, onde os congressistas - além de alguns magistrados, determinados agentes do Ministério Público, procurador-geral, controlador-geral etc. - estão sob a competência da Corte Suprema.
No que diz respeito ao foro privilegiado, EUA tem sistema oposto ao do Brasil
No que diz respeito ao foro privilegiado, EUA tem sistema oposto ao do Brasil
Foto: Reuters / BBCBrasil.com
Os Estados Unidos são o extremo oposto. Nem o presidente americano tem prerrogativa de foro. Esse é um privilégio restrito a alguns diplomatas, embaixadores e cônsules - ou seja, é uma questão mais ligada ao direito internacional.
Na Alemanha, o foro existe apenas para o presidente, que é julgado pela Corte Constitucional em casos de impeachment, previsto para qualquer violação da lei constitucional ou da lei federal. Para ser aberto, o processo precisa passar por uma moção no Bundestag e no Bundesrat, equivalentes à Câmara e ao Senado.
A constituição francesa, por sua vez, dá imunidade ao presidente, que não pode ser sujeito a nenhuma ação, ato de instrução ou ato persecutório perante nenhuma jurisdição ou autoridade administrativa enquanto estiver no cargo. Os casos de impeachment tramitam em uma corte especial formada por membros do Congresso.
Em 1993, os ministros de Estado franceses perderam o foro privilegiado na Suprema Corte e passaram a ser julgados pela Cour de Justice de la République, formada por 12 parlamentares e 3 juízes, apenas nos casos em que os delitos estão diretamente ligados ao cargo. O órgão foi recentemente definido como "jurisdição de exceção" pelo presidente Emmanuel Macron, que é favorável à sua supressão.

No Brasil, o foro já foi ainda mais amplo

Mas se hoje o Brasil se destaca pelo alcance das categorias com foro especial, a situação já foi ainda mais abrangente.
Até 1999, a prerrogativa de foro por função no Brasil valia mesmo depois do fim do exercício funcional - no caso dos políticos, do mandato. A previsão foi estabelecida pela Súmula 394, editada em 1964 e cancelada pelo próprio STF.
Foi ela que garantiu que o ex-presidente Fernando Collor fosse julgado em 1994 pelo Supremo na ação penal que apurava a prática de corrupção passiva. Ele foi absolvido por falta de provas. A mudança na regra permitiu que as denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, fossem enviadas à primeira instância.
No Supremo, Collor foi absolvido por falta de provas em ação penal que o acusava de corrupção passiva | Foto: Elza Fiuza/Ag. Brasil
No Supremo, Collor foi absolvido por falta de provas em ação penal que o acusava de corrupção passiva | Foto: Elza Fiuza/Ag. Brasil
Foto: BBCBrasil.com
O presidente em exercício continua sendo processado e julgado pelos ministros do STF, mas apenas com autorização da Câmara dos Deputados. O caso recente envolvendo Michel Temer é ilustrativo nesse sentido. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral de República (PGR) duas vezes neste ano, mas o plenário da Casa bloqueou o prosseguimento. O processo fica parado até o peemedebista deixar o Planalto e, depois disso, será enviado à primeira instância.
O ex-ministro do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) José Augusto Delgado lembra que até recentemente os governadores também gozavam da blindagem do Legislativo. Para que fossem processados no STJ, era preciso que as assembleias estaduais permitissem.
Duas decisões do STF de maio, uma delas envolvendo processo que tinha como réu o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), mudaram a jurisprudência sobre o assunto.
"Eu passei 17 anos no tribunal, recebi vários processos contra governadores. Em nenhum deles a assembleia permitiu que eles se tornassem réus", diz ele, que integrou o STJ entre 1995 e 2008.

O que está em discussão

De autoria do senador Álvaro Dias (PV-PR), a PEC 337/2017 prevê o fim do foro especial para praticamente todas as autoridades hoje previstas na lei. A exceção seria o presidente da República, seu vice e os presidentes da Câmara, do Senado e do STF.
O projeto já passou pelo Senado e está em fase final de tramitação. Na quarta-feira ele será votado na CCJ e, se aprovado, passa para o plenário, onde enfrentará dois turnos.
No STF, o julgamento desta quinta-feira é para restringir o foro somente aos casos ocorridos durante e em razão do cargo ou mandato, não de atos anteriores. Ele foi iniciado em junho, mas interrompido depois que o ministro Alexandre de Moraes pediu vistas - ou seja, mais tempo para analisar o tema.
Já votaram Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e a presidente da corte, Cármen Lúcia, todos a favor da restrição. Durante a sessão, o ministro Gilmar Mendes criticou a proposta e rebateu afirmações de que a tramitação no Supremo seria morosa e favoreceria a prescrição das penas. Para ele, a primeira instância seria "muito mais falha" para julgar casos criminais. Ele citou como exemplo o caso do Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992 e ainda em aberto.
Brasil é recordista no número de autoridades com foro privilegiado | Foto: Paula Cinquetti/Ag. Senado
Brasil é recordista no número de autoridades com foro privilegiado | Foto: Paula Cinquetti/Ag. Senado
Foto: BBCBrasil.com
A mudança discutida no STF é mais branda, explica Tavares Filho, porque a corte não tem a prerrogativa de alterar a Constituição, mas apenas de interpretá-la. A extinção do foro, por exigir uma alteração da Constituição, precisa passar pelo Legislativo.
O caso específico em julgamento é uma questão de ordem proposta por Barroso na Ação Penal 937, que analisa a situação do prefeito de Cabo Frio (RJ), Marquinho Mendes (PMDB).
Denunciado por compra de votos nas eleições de 2008, o político cumpriu o mandato, assumiu como deputado federal em 2015 como suplente de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, em 2016, foi eleito pela terceira vez em Cabo Frio, fazendo com que seu processo mudasse de foro diversas vezes.
A iniciativa do STF, na avaliação de Tavares Filho, é um sintoma do excesso de atribuições da corte. Especialmente depois do início da operação Lava Jato, ele pondera, o Supremo tem se ocupado cada vez mais com processos envolvendo políticos, e acaba se pronunciando em paralelo sobre uma série de questões importantes, de aborto a união homoafetiva.
"O Supremo não tem agilidade suficiente para julgar (todos os casos que recebe) e não está aparelhado para isso", comenta.
A transferência do foro para as instâncias de primeiro grau, avalia o presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, daria celeridade aos processos e evitaria que um maior número de crimes prescrevesse antes do julgamento.
"Em três anos de Lava-Jato, o STF não tem uma condenação, enquanto o juiz (Sergio) Moro tem mais de cem", ele acrescenta.
O ex-ministro do STJ José Augusto Delgado defende o fim do privilégio e chama atenção para o protagonismo que os magistrados mais jovens, que em geral estão nas instâncias inferiores, receberiam com a mudança.
"Ao serem chamados a proferir decisões contra autoridades, eles não poderão se deixar pelo prestígio e pelas pressões do julgamento", aconselha.

sábado, 18 de novembro de 2017

Fortes ventos e ondas prejudicam busca por submarino argentino desaparecido

Fortes ventos e ondas no Atlântico Sul continuaram a dificultar a busca de um submarino argentino com 44 tripulantes a bordo, disse a Marinha neste sábado, com autoridades preparando uma missão para vasculhar o fundo do mar por sinais da embarcação desaparecida.
Construído na Alemanha, o submarino AR San Juan divulgou sua posição pela última vez na quarta-feira, a 432 quilômetros da costa atlântica do sul da Argentina, levando as autoridades a lançar uma operação de emergência de busca e resgate na sexta-feira.
Mas uma tempestade com poderosos ventos e ondas de 6 metros de altura continuou a prejudicar a visibilidade e os esforços para explorar o mar do sul da Argentina, disse o porta-voz da Marinha, Enrique Balbi, a repórteres.
No entanto, as autoridades estavam dobrando os esforços de busca acima e abaixo da superfície da água e estavam preparando uma operação para esquadrinhar o fundo do oceano, disse Gabriel Gonzalez, que lidera a base da Marinha no porto de Mar del Plata.
O submarino estava se dirigindo a Mar del Plata a partir da cidade de Ushuaia.
"A busca subaquática é obviamente muito mais complicada do que a busca na superfície porque exige uma combinação de ferramentas de alta tecnologia", disse Gonzalez em entrevista coletiva.
As condições precárias eram esperadas até domingo à tarde, disse uma pessoa na Marinha que não estava autorizada a comentar o assunto publicamente.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

PF investiga desvios de R$ 183 bilhões em tributos na Operação Cadeia Velha

O esquema criminoso investigado pela Operação Cadeia Velha levou o estado do Rio de Janeiro a deixar de arrecadar R$ 183 bilhões em tributos em um prazo de cinco anos.  A afirmação foi feita hoje (14), pelo delegado da Polícia Federal encarregado da operação, Alexandre Ramagem Rodrigues, na sede da Superintendência da Polícia Federal no estado.
“O conluio criminoso se traduzia em excessivos benefícios fiscais em favor de determinadas empresas e empreiteiras, que levaram a que o estado deixasse de arrecadar em um período de cinco anos mais de R$ 183 bilhões, ocasionando o atual colapso nas finanças do estado - com este efeito avassalador que essa corrupção sistêmica causou à administração pública”, afirmou Ramagem Rodrigues.
O esquema criminoso contava com a participação de agentes públicos dos poderes Executivo e do Legislativo (inclusive do Tribunal de Contas do Estado - TCE) e de grandes empresários da construção civil e do setor de transporte do estado.
Segundo o superintendente regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Jairo Souza da Silva, a ação de hoje tem como base informações colhidas em operações anteriores ao longo do ano, como a Calicuti, a Ponto Final e a Quinta do Ouro.
As informações da Polícia Federal e do Ministério Público indicam que entre os principais beneficiados pelo esquema estariam o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, e os deputados estaduais Paulo Melo (ex-presidente da casa) e Edson Albertassi, indicado na semana passada para ocupar uma vaga no TCE – todos do PMDB fluminense.
O superintendente da Polícia Federal no estado disse que, com a documentação já reunida pelas duas instituições, é possível concluir que o esquema de desvio de recursos públicos não contava com um líder principal, a atuação era diversificada e em várias frentes.
“Com o que já foi reunido já é possível concluir que não há um chefe-mor, mas sim um comando horizontal de uma grande confraria do crime organizado no Rio de Janeiro, mantido por agentes públicos do Executivo, Legislativo e grandes empresários, sobretudo da construção civil e da Fetranspor [Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro]”, afirmou o superintendente da PF.
Jairo Souza Silva avaliou que o estado do Rio “vem sendo saqueado por este grupo há mais de uma década, tendo como consequência a falência moral e econômica do estado: salários atrasados, hospitais sem condições, uma policia sucateada, com metade de sua frota parada e uma violência que agonia a todos nós dia a dia”.
Para Ramagem Rodrigues, “a operação deflagrada hoje constatou que o Poder Executivo, o Legislativo e o Tribunal de Contas – órgãos que presumivelmente têm o dever de ser autônomos e independentes e com a função de fiscalizar – na realidade estavam estruturados em flagrantes organizações criminosas com fim de garantir o contínuo desvio de recursos públicos e a lavagem de capitais”.
O procurador regional Carlos Alberto Gomes de Aguiar disse que, através do pagamento de propina a agentes públicos, os empresários envolvidos almejavam obter vantagens em atos de ofício. “Segmentos empresariais pagavam rotineiramente propina para agentes políticos, não só no Legislativo, mas também no Executivo e no próprio TCE, em troca de atos de ofício".
Paralelamente, segundo Aguiar, mediante a ocupação estratégica em órgãos públicos, os políticos envolvidos “ganharam força política quase insuperável e enriqueceram assustadoramente, enquanto o estado definhava nesse caos social em que se encontra”.
A Operação
A Operação Cadeia Velha foi deflagrada na manhã de hoje e envolveu agentes do Ministério Público e cerca de 150 policiais federais, por ordem do desembargador federal Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), relator da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.
Foram cumpridas conduções coercitivas de Jorge Picciani e de Paulo Melo, além de seis prisões preventivas e quatro temporárias e de 21 ações de busca e apreensão.
Foram decretadas as prisões preventivas de Lélis Teixeira, ex-presidente da Fetranspor; Jacob Barata Filho, dono de 28 empresas de ônibus no Rio; e José Carlos Lavouras (que encontra-se foragido da Justiça), todos investigados na Operação Ponto Final; além de Jorge Luiz Ribeiro, Carlos Cesar da Costa Pereira e Andreia Cardoso do Nascimento.
Os presos temporários são Felipe Picciani (filho de Jorge Picciani, preso em Minas Gerais), Ana Claudia Jaccoub, Marcia Rocha Schalcher de Almeida e Fabio Cardoso do Nascimento.
Jacob Barata Filho já havia tido a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio, responsável pelos desdobramentos da Operação Lava Jato, em primeira instância, e chegou a ser preso. Posteriormente, foi beneficiado por um habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), do dia 17 de agosto.
Beneficiados
Segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, a contabilidade paralela da Fetranspor chegou a movimentar entre 2010 e 2016 cerca de R$ 350 milhões em propinas. Planilha entregue pelo delator Álvaro Novis aponta que Jorge Picciani e o Paulo Melo estão entre os principais beneficiários e teriam recebido respectivamente R$ 49,96 milhões e R$ 38,62 milhões da Federação.
Uma das acusações que pesam contra o presidente da Alerj é a de utilizar a sua empresa Agrobilar, do ramo agropecuário, comandada por Felipe Picciani, para lavar dinheiro. A Agrobilar teria inclusive terceirizado operações de lavagem de dinheiro para outros envolvidos no esquema de propina e também de empresários envolvidos no esquema.
“As chances de manipulação, as dificuldades de se estabelecer um preço determinado não só pelo gado, mas também pelos embriões comercializados, os obstáculos às investigações, tornavam as operações uma das formas mais simples de se lavar dinheiro. Aliado a essas vantagens, há ainda a baixa tributação, a pouca fiscalização no setor”, ressaltou um dos procuradores.
Outro lado
Em nota, Jorge Picciani disse que a prisão do seu filho foi um ato de covardia com o objetivo de atingi-lo. “O que aconteceu hoje com meu filho é uma covardia feita para atingir tão somente a mim. Felipe é um zootecnista, bom pai, bom filho, bom amigo, que trabalha de sol a sol e não tem atuação política. Todos que o conhecem o respeitam e sabem do seu caráter e correção”, disse.
Na nota, o presidente da Alerj afirmou que sua família atua “há 33 anos” no ramo da pecuária, no qual ele ingressou antes mesmo de se eleger deputado. “Com trabalho duro, nos transformamos numa das principais referências em alta genética do país. Trinta e três anos não são trinta e três dias”.
O presidente da Alerj também afirmou que a indicação do nome do deputado Edson Albertassi para integrar o TCE foi do governador Luiz Fernando Pezão e que aconteceu quando os três auditores que deveriam fazer a indicação decidiram não concorrer, pelo fato de ainda estarem no período de estágio probatório, o que foi avaliado por eles como insegurança jurídica.
“Diante da determinação da Justiça, pedindo 72 horas para esclarecimentos, eu já havia inclusive suspendido a votação da indicação, que estava prevista para hoje 14 no plenário. Em toda a minha carreira jamais recebi qualquer vantagem em troca de favores", afirmou.
O presidente da Alerj também negou que a casa tenha favorecido o setor de transportes. "A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro não atua a serviço de grupos de interesse, não interfere em aumento de tarifas (que é autorizado pela Agetransp Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro e não votou isenção de IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores para ônibus, porque isso foi feito por decreto pelo ex-governador (Sérgio Cabral, preso em Benfica, na zona norte do Rio sob a acusação de corrupção), quando eu nem sequer tinha mandato. São portanto falsas as acusações divulgadas”, garantiu.
Em nota, a defesa de Jacob Barata Filho disse que não teve acesso ao teor da decisão que originou a operação de hoje e, por isso, não tem condições de se manifestar a respeito. “A defesa pedirá o restabelecimento das medidas que foram ordenadas pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, que já decidiu que a prisão preventiva do empresário é descabida e pode ser substituída por medidas cautelares, que vêm sendo fielmente cumpridas desde então”.
A Fetranspor informou, em nota, que "permanece à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários às investigações da Operação Cadeia Velha, deflagrada hoje (14) pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal".

sábado, 11 de novembro de 2017

Sete pessoas são mortas em favela da Região Metropolitana do Rio

Os corpos foram encontrados pela Polícia Civil, na madrugada desta sábado.Sete pessoas foram mortas na madrugada deste sábado (11) no Conjunto da Marinha, área do complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Parentes de vítimas acusam a Polícia Civil pelas mortes. Segundo eles, as vítimas estavam em um baile funk quando homens chegaram em veículos da corporação, atirando e causando pânico e correria. Em nota, a Polícia Civil informou que está investigando o caso.
Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico-Legal (IML) de São Gonçalo. Até as 15h deste sábado os nomes das vítimas não haviam sido divulgados oficialmente, mas alguns corpos já haviam sido reconhecidos por pessoas que foram ao IML neste sábado. Uma das vítimas é Márcio Sabino, de 21 anos, morador do Conjunto da Marinha.
Familiares dos mortos afirmam que homens chegaram em carros da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), departamento da Polícia Civil, e atiraram contra as vítimas. Pelas redes sociais pessoas relataram que estava ocorrendo um baile funk nessa comunidade e que, quando os homens chegaram atirando, por volta de 1h30, houve correria e pessoas teriam sido pisoteadas.
Em nota, a Polícia Civil não comentou as acusações, mas apenas respondeu que as investigações sobre o caso estão sendo feitas pela Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. Segundo a instituição, foi feita perícia no local e os corpos foram encaminhados para identificação no IML da região.
Nesta sexta-feira, 10, o soldado da Polícia Militar Joubert dos Santos Lima, de 26 anos, foi morto durante uma operação na favela Brejal, no mesmo município. Ele foi o 117º policial militar morto no Estado do Rio de Janeiro em 2017. O policial, que trabalhava no 7º Batalhão, em São Gonçalo, levou um tiro no pescoço durante, em um confronto com traficantes. Lima chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Estadual Alberto Torres, também em São Gonçalo. Na mesma operação, um cabo também foi baleado, mas sobreviveu, e um suspeito foi morto. Ele portava um fuzil Colt calibre 5,56, que foi apreendido.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Fernando Segóvia vai substituir Leandro Daiello no comando da PF

O Planalto estava irritado com o atual comandante de corporação, Leandro Daiello, após vazamento de relatório da PF sobre o 'quadrilhão do PMDB'.

O delegado Fernando Segóvia é anunciado nesta quarta-feira, 8, como o substituto de Leandro Daiello no comando da Polícia Federal, segundo revelou a jornalista Eliane Cantanhede.

Um novo nome para a diretoria-geral da PF já era negociado desde que maio, quando o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, assumiu a pasta. Alegando estar cansado, o diretor-geral da PF - que é responsável pelas principais investigações de combate à corrupção - pôs o cargo à disposição e disse que iria se aposentar.
A pressão do PMDB sobre o ministro para que troque o comando da pasta se intensificou desde a deflagração da Operação Tesouro Perdido, no dia 5 de setembro, que descobriu o bunker dos R$ 51 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).
Além disso, o Palácio do Planalto também não escondeu a irritação com o "vazamento" de um relatório da Polícia Federal sobre o chamado "quadrilhão do PMDB", que embasou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer enterrada em votação na Câmara Federal.
O Planalto chegou a cotar Rogério Galloro, número 2 de Daiello, que chegou a ser fotografado em um almoço com Torquato e o diretor-geral. No entanto, ele vai assumir a diretoria Américas da Interpol.Além de Galloro, Torquato havia dito, em entrevista, que outros dois delegados estariam cotados para a sucessão. A reportagem apurou que um deles era o ex-superintendente da PF no Maranhão, o delegado Fernando Segovia.
Na PF, o delegado enfrentava resistências para ocupar o posto por causa da relação com o ex-presidente José Sarney. Nos bastidores, Segovia era visto como o nome que o PMDB queria indicar para a vaga de Daiello.
Segovia assumiu a Superintendência da Polícia Federal no Maranhão em agosto de 2008.
Entre as Operações conduzidas por ele, estão a Rapina III, que prendeu ontem 24 pessoas envolvidas em um esquema de fraudes em contratos públicos nas áreas de saúde e educação, que agiam em três cidades do interior do Maranhão.
Durante um ano e meio de investigações, os agentes apuraram desvio de R$ 30 milhões dos cofres públicos. A operação da PF atingiu três municípios onde as fraudes teriam ocorrido - Imperatriz, Ribamar Fiquene e Senador La Rocque - e também a capital, São Luís.

domingo, 5 de novembro de 2017

Secretário do Comércio dos EUA com ligações a empresa de genro de Putin

O secretário de Comércio norte-americano, Wilbur Ross (na imagem), detém uma participação numa empresa de transporte que tem negócios com uma empresa de gás detida em parte pelo genro do Presidente russo, Vladimir Putin.

No ano passado, oito por cento dos rendimentos da Navigator Holdings, de que Ross detém uma parte, tiveram origem em remessas de gás da Sibur, empresa que já foi detida em 20 por cento pelo genro de Putin.
Esta é uma das revelações hoje divulgadas no âmbito de uma nova investigação realizada pelo mesmo grupo de jornalistas de investigação que divulgou os documentos conhecidos como 'Panama Papers'.
Um porta-voz do departamento de Comércio afirmou que Ross apenas entrou para a administração da Navigator depois de terem começado as remessas da Sibur e que o governante norte-americano se rege pelos "mais elevados padrões éticos".
No novo trabalho, batizado como 'Paradise Papers', o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação analisou 13,4 milhões de ficheiros, numa nova fuga de informação sobre paraísos fiscais.
A investigação expõe 127 líderes políticos de todo o mundo, empresários, artistas e futebolistas com sociedades em paraísos fiscais.
Entre eles, estão a rainha Isabel II de Inglaterra; o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos; o antigo chanceler alemão Gerhard Schröder; Stephen Bronfman, angariador de fundos da campanha eleitoral do primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau; os cantores Bono (U2) e Madonna, além de mais de uma dúzia de financiadores, conselheiros e membros do governo de Donald Trump (EUA).
Grandes multinacionais, como a Apple, a Nike e a Uber, também estão envolvidas.
Segundo o jornal Expresso, que está a investigar a parte sobre Portugal no âmbito desta operação, não constam nestes documentos Presidentes ou primeiros-ministros portugueses, mas os ficheiros incluem mais de 70 cidadãos nacionais, incluindo uma série de antigos administradores do Grupo Espírito Santo e do BPN.
Os documentos, que abarcam um período de 70 anos, têm origem numa fuga de informação de ficheiros do escritório de advogados Appleby, com sede nas Bermudas, e da empresa familiar especializada na gestão de 'offshores', sedeada em Singapura.
De acordo com os quase 100 meios de comunicação, num total de 382 jornalistas, que participaram na investigação, esta é a maior fuga de sempre de documentos de paraísos fiscais e tem uma relevância "ainda mais importante que os 'Panama Papers'".
Desde o início de abril de 2016, os 'Panama Papers', baseados em cerca de 11,5 milhões de documentos provenientes da sociedade de advogados Mossack Fonseca, levaram à abertura de muitos inquéritos em todo o mundo e à demissão do primeiro-ministro islandês e de um ministro espanhol.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Funcionário do Twitter desativa temporariamente conta de Trump

Um funcionário do Twitter que estava em seu último dia de trabalho na empresa foi o responsável por desativar na quinta-feira a conta do presidente americano Donald Trump, que foi restabelecida em poucos minutos, anunciou a rede social.
Às 23H00 GMT (21H00 de Brasília), as pessoas que tentavam acessar a página da conta @realDonaldTrump recebiam a mensagem: "Desculpe, esta página não existe".
O Twitter já havia informado que a conta de Trump havia sido desativada "inadvertidamente" por um funcionário da empresa.
"Mais cedo, a conta @realDonaldTrump foi inadvertidamente desativada pelo erro humano de um funcionário do Twitter", indicou a empresa.
"A conta permaneceu desativada por 11 minutos e desde então foi restabelecida", completou a rede social, que anunciou uma investigação interna sobre o incidente e prometeu "medidas para prevenir que isto não aconteça de novo".
Pouco depois, a rede social anunciou que descobriu em sua investigação que o "corte foi provocado por um funcionário do Twitter que fez isto no que foi seu último dia de trabalho".
O presidente americano tem 41,7 milhões de seguidores no Twitter, plataforma que utiliza com frequência para divulgar informações de seu interesse e fazer comentários, muitas vezes polêmicos.
Críticos do presidente elogiaram, de brincadeira, a iniciativa do funcionário. "Querido funcionário do Twitter que fechou a conta de Trump: você fez os Estados Unidos se sentirem melhores por 11 minutos", escreveu o legislador democrata Ted Lieu.
O ex-congressista David Jolly disse que o responsável "poderia ser um candidato ao prêmio Nobel da Paz".
Simpatizantes do mandatário republicano não acharam graça: "Os liberais estavam comemorando que a conta de Trump sumiu por 15 minutos, provando mais uma vez que amam a censura e odeiam a liberdade de expressão", diz um tuíte muito compartilhado.
- Assunto sério -
Jennifer Grygiel, professora da Universidade de Syracuse que estuda as redes sociais, disse que a desativação é preocupante.
"Não é um assunto para dar risada", disse.
"É um assunto sério e de segurança nacional. Este incidente demonstra que o Twitter não tem instaladas as salvaguardas adequadas para as contas importantes", expressou.
"É chocante que um funcionário qualquer do Twitter possa fechar a conta do presidente. E se, em vez disso, ele tivesse tuitado mensagens falsas?", tuitou Blake Hounshell, chefe de redação da revista Politico Magazine.
"Sério, e se essa pessoa tivesse tuitado sobre um ataque nuclear falso contra a Coreia do Norte?", questionou.
Trump não reagiu ao incidente até 12 horas depois, com uma resposta surpreendentemente moderada.
"Minha conta no Twitter foi derrubada por 11 minutos por um funcionário trapaceiro. Eu acho que a palavra deve finalmente estar se espalhando e tendo um impacto", escreveu.
A conta oficial da Casa Branca @POTUS, que tem 20,9 milhões de seguidores, aparentemente não foi afetada no incidente.