sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Quatro bombeiros feridos em incêndio no Memorial da América Latina

Quatro bombeiros ficaram feridos durante o combate ao incêndio que atingiu, nesta sexta-feira, o Memorial da América Latina, na Avenida Auro Soares de Moura Andrade, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Eles sofreram intoxicação por fumaça e foram levados ao Hospital das Clínicas.
O fogo começou por volta das 15h. Espessas nuvens de fumaça podiam ser vistas a distância.
Segundo o Corpo de Bombeiros, 27 viaturas foram enviadas ao local, além de um helicóptero. De acordo com a assessoria de imprensa do Memorial da América Latina, o fogo foi causado por um curto-circuito do Auditório Simón Bolívar. Grande parte do forro da plateia B do auditório teria sido comprometida.
Espessas coluna de fumaça eram vistas ao longe
Espessas coluna de fumaça eram vistas ao longe
Uma testemunha afirmou que faltou energia na região no início da tarde e que, assim que o abastecimento voltou, uma explosão foi ouvida dentro do memorial. O espaço tem capacidade para 1,8 mil pessoas.
O conjunto arquitetônico, projetado por Oscar Niemeyer em uma área de 84,5 mil metros quadrados, foi inaugurado em março de 1989. O complexo abriga manifestações artísticas e científicas ligadas à identidade latino-americana. O conceito e o projeto cultural foram desenvolvidos pelo antropólogo Darcy Ribeiro.
A Companhia de Engenharia de Tráfego pediu aos motoristas que evitassem trafegar pela região. O cruzamento da avenida Senador Auro Soares de Moura Andrade com a alameda Olga foi bloqueado. O desvio para quem vai no sentido Lapa era feito pela alameda Olga, rua Tagipuru e avenida Francisco Matarazzo. As linhas de metrô e trem da Estação Barra Funda, vizinha ao memorial, operaram normalmente.

Black Friday já teve quatro mortos e 56 feridos desde 2008 nos EUA

Consumidores de Nova York enfrentam tumulto para comprar na Black Friday (Getty)
Consumidores de Nova York enfrentam tumulto para comprar na Black Friday
Americanos, brasileiros e consumidores de outros países correram nesta sexta-feira para as lojas e sites de compras para a aproveitar a Black Friday, o dia de liquidações que tradicionalmente se segue ao Dia de Ação de Graças (feriado nos Estados Unidos) quando os vendedores oferecem grandes descontos.
No entanto, a grande popularidade do dia - o termo Black Friday foi usado milhões de vezes no Twitter nas últimas 24 horas - tem um lado obscuro.
O grande número de consumidores tentando aproveitar as ofertas já causou cenas caóticas e episódios de violência nos Estados Unidos.
Pisoteamentos e até tiroteios ocorreram no passado na sexta-feira de descontos, resultando em quatro mortos e 56 pessoas feridos nos últimos cinco anos.
Existem cerca de 1,4 mil vídeos no YouTube relacionados a tumultos ocorridos durante o dia de liquidações.
Apenas na Black Friday de 2012, os americanos gastaram US$ 59 bilhões, o que é o PIB aproximado de um país como o Sudão, na África.

Outros países

Em outros países, também há dias de descontos semelhantes, também trazendo oportunidades para os consumidores e problemas.
No Brasil, além da corrida às lojas de departamentos que abriram mais cedo, os consumidores também tiveram que enfrentar problemas nos sites de compras e o número de reclamações já bateu recordes.
No Canadá, para evitar que os consumidores cruzassem a fronteira com os Estados Unidos em busca de descontos, os comerciantes começaram a oferecer seus descontos, apesar de o dia de Ação de Graças já ter ocorrido há um mês.
No México há o El Buen Fin ("O Bom Final de Semana", em tradução livre) associado ao aniversário da revolução mexicana de 1910, que, em alguns anos coincide com o feriado americano de Ação de Graças. Dura o fim de semana inteiro.
Lojas online globais como o site da Amazon promovem desde 2005 a chamada Cyber Monday, uma segunda-feira para promover descontos para todos os países.
Na China há o "Dia dos Solteiros", um dia de grandes descontos. Na última edição foram vendidos 2 milhões de sutiãs em apenas uma hora por um dos sites de compras do país.
Mas os dias de consumismo estão causando uma reação contrária entre alguns grupos.
E esta reação veio na internet, com manifestações contra o consumismo desenfreado, chegando a ponto de grupos criarem uma campanha chamada Buy Nothing Day ("Dia de Não Comprar" em tradução livre), para permitir que funcionários de lojas americanas passem mais tempo do feriado prolongado com suas famílias.
A campanha se espalhou por 65 países no mundo todo.

Incêndio atinge auditório do Memorial da América Latina, em São Paulo

Um incêndio atinge o auditório do Memorial da América Latina, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, na tarde desta sexta-feira. Segundo o Corpo de Bombeiros, não há vítimas em estado grave.
Quinze viaturas foram enviadas ao local, na Avenida Auro Soares de Moura Andrade.
O fogo começou por volta de 13h30 no Auditório Simon Bolívar. Brigadistas do próprio memorial tentaram controlar o incêndio, mas não conseguiram e acionaram os bombeiros. Os vidros das laterais do prédio foram quebrados por causa da alta temperatura.
Segundo a direção do Memorial, havia funcionários no auditório quando o incêndio começou, mas eles foram retirados rapidamente e não sofreram nenhum ferimento.
O Memorial da América Latina foi projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em março de 1989.

Policial alemão é suspeito de matar e comer partes de outro homem

Coletiva de imprensa da polícia de Dresden | Crédito: Getty
Segundo polícia de Dresden, assassino e vítima se conheceram pela Internet
Um policial de 55 anos foi detido na cidade de Dresden, na Alemanha, suspeito de ter assassinado um homem e depois comido parte de seu corpo.
A vítima, um empresário de 59 anos, morava em Hanover e tinha sido dada como desaparecida. Seu corpo foi localizado nas montanhas de Ore, no leste do país.
A polícia acredita que os envolvidos marcaram um encontro por meio de um site voltado para simpatizantes de sadomasoquismo.
Autoridades alemãs disseram que a vítima foi torturada, morta e desmembrada. Pedaços de seu corpo teriam sido enterrados em um terreno que pertencia ao suposto assassino.
O homem preso, identificado apenas como Detlef G., trabalha no departamento forense da Secretaria de Investigação Criminal do Estado da Saxônia.
Segundo a imprensa alemã, ele é especializado em análise de caligrafia.
O correspondente da BBC em Berlim Stephen Evans contou que ainda não está claro se a morte foi proposital ou decorrente de uma fantasia sexual que teria terminado em tragédia.

'Fantasias'

A polícia acrescentou que há indícios de que ocorreu canibalismo, uma vez que partes do corpo da vítima não foram achadas.
O chefe da polícia de Dresden, Dieter Kroll, disse, em entrevista a jornalistas, que a vítima "tinha a fantasia de ser assassinada e comida desde a sua juventude".
As investigações indicam que os dois homens se reuniram na principal estação ferroviária de Dresden no último dia 4 de novembro e que, logo após o encontro, a vítima, de 59 anos, foi morta com uma faca.
O policial preso confessou parcialmente o crime e deu indicações aos investigadores sobre onde havia enterrado partes do corpo.
A prisão do perito forense ocorreu após o sócio da vítima, que era empresário, ter comunicado seu desaparecimento às autoridades. Os investigadores encontraram, então, um rastro de comunicação eletrônica que o levou até o assassino.
Segundo as autoridades, os envolvidos não se conheciam antes do crime.
O caso guarda semelhanças com o assassinato de Bernd Jürgen por Armin Meiwes Brandes em Rothenburg, no oeste da Alemanha, em 2001.
Meiwes está cumprindo uma pena de prisão perpétua após matar e comer partes de sua vítima, que havia concordado em ser morta.

Governo enviará Força Nacional a MS para impedir conflitos por terras

Índios Guarani-Kaiowá (crédito: Agência Brasil)
Conflitos indígenas atingem há tempos parte do Mato Grosso do Sul
Diante do acirramento da tensão entre índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul, o governo decidiu enviar tropas da Força Nacional para o Estado.
Uma portaria do Ministério da Justiça publicada nesta sexta-feira autoriza o emprego imediato da força para impedir confrontos no Cone Sul do Estado e na Terra Indígena Buriti, em Sidrolândia (a 70 km de Campo Grande). Seu período de atuação será de 90 dias e pode ser prorrogado.
As tropas, que atuarão com a Polícia Federal e forças estaduais, chegarão a Mato Grosso do Sul no momento em que se encerra um prazo dado por associações de agricultores locais para a solução dos conflitos agrários no Estado.
Elas têm dito que, caso as autoridades não apresentem até este sábado uma proposta para acabar com as disputas de terras, confrontos violentos poderão ocorrer.
A Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul) marcou para 7 de dezembro um leilão que levantará recursos para a defesa dos agricultores em áreas de disputa. A organização diz que já foram arrecadadas cerca de mil cabeças de gado e toneladas de grãos para o evento, batizado de “Leilão da Resistência”.
Segundo o presidente da Acrissul, Francisco Maia, os recursos servirão para que os fazendeiros contratem três tipos de profissionais: advogados, antropólogos incumbidos de contestar os estudos que embasam as demarcações e empresas de segurança.
“Até agora, eles invadiam e nós recuávamos. Se invadirem outras terras, vai ter tiroteio, e aí ninguém sabe a consequência.” O presidente da Acrissul diz que a contratação de seguranças ocorrerá dentro da lei.
Para os índios, não há novidade na postura dos fazendeiros. “Eles já têm agido com violência nos últimos dez, quinze anos”, diz o líder guarani kaiowá Tonico Benites. Ainda assim, ele afirma que a crescente animosidade no Estado é preocupante e que o leião financiará a criação de uma “milícia” contra os índios.

Poder de barganha

Para outros órgãos familiares ao conflito agrário no Estado, no entanto, o principal objetivo do leilão é ampliar o poder de barganha dos fazendeiros nas negociações para resolver o impasse.
Desde junho, após a morte do índio terena Oziel Gabriel numa ação de reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, em Sidrolândia, representantes de fazendeiros, indígenas, governo federal, governo estadual, Ministério Público, Poder Judiciário e a Assembleia Legislativa passaram a dialogar em conjunto em busca de uma solução para os problemas agrários em Mato Grosso do Sul.
Combinou-se que as negociações começariam pela Terra Indígena Buriti, onde os índios ocupam trechos de 27 fazendas, segundo a Acrissul.
Em 2010, o Ministério da Justiça delimitou a Terra Indígena e determinou que os índios terena têm direito à posse e ao usufruto exclusivo da área. No entanto, fazendeiros se recusam a sair e têm conseguido travar a conclusão do processo na Justiça.
As negociações para acabar com o impasse empacam num ponto: como indenizar os fazendeiros pelas terras.
A Constituição determina que não índios a serem expulsos de áreas indígenas só podem ser indenizados por benfeitorias, como casas. Acontece que muitos dos fazendeiros detêm os títulos dessas áreas (emitidos pelo Estado há décadas) e querem compensação por toda o terreno a ser desapropriado.
A situação se reproduz em vários pontos do Estado. De acordo com a Acrissul, há hoje 80 fazendas ocupadas por índios em Mato Grosso do Sul. Como praticamente todos os casos foram judicializados, as demarcações avançam a conta-gotas e não têm desfecho à vista.
Inicialmente, definiu-se que o governo estadual indenizaria os fazendeiros de Buriti com a venda de terras estaduais à União. O Estado, porém, alegou não ter terras suficientes.
Agora, segundo nota do Ministério da Justiça à BBC Brasil, o governo federal se comprometeu a repassar recursos da União para compensar os fazendeiros.
Ainda não se acertou como o repasse a ocorrerá. Estuda-se a possibilidade de que o governo reserve parte do Orçamento de 2014 para os pagamentos.
Nesta semana, o governo estadual e fazendeiros apresentaram outra proposta, que prevê, entre outros pontos, que o Estado use recursos comprometidos com sua dívida com a União para pagar as desapropriações. O governo federal ainda não se posicionou sobre a proposta.
Quando o caso de Buriti for resolvido, o governo federal diz que passará a negociar soluções para os demais conflitos agrários no Estado.
Embora a gestão se diga empenhada em avançar no diálogo, as demais partes afirmam que o tema se tornou tão complexo que qualquer solução agora depende de uma participação direta da presidente Dilma Rousseff.
Os índios temem o prolongamento do conflito. O clima é tenso nas “retomadas”, como eles se referem às áreas ocupadas. Há relatos frequentes de intimidações e ataques de seguranças contratados por fazendeiros.
De acordo com os indígenas, desde 2012 ao menos sete pessoas – entre as quais seis índios – morreram em decorrência do conflito de terras na região.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ógão ligado à Igreja Católica, calcula que mais de mil índios guarani kaiowá se mataram entre 1988 e 2012, o que, segundo o órgão, sinaliza o desespero e descrença dos indígenas na solução de seus problemas, principalmente da terra.

Guerra do Paraguai

Os problemas agrários em Mato Grosso do Sul tiveram desdobramentos importantes com a Guerra do Paraguai (1864-1870). Após o conflito, enquanto o governo estimulava a migração de agricultores para assegurar seu controle na área próxima à fronteira com o país vizinho, o hoje extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI) foi incumbido de agrupar os indígenas da região em pequenas porções de terra.
A estratégia produziu uma distorção que persiste: embora o Mato Grosso do Sul tenha a segunda maior população indígena do país (73,2 mil pessoas, ou 9% do total de índios no país), as terras demarcadas no Estado correspondem a apenas 0,7% das áreas indígenas no Brasil.
Para o líder guarani kaiowá Tonico Benites, a lentidão para regularizar as terras justifica que novas ocupações ocorram, apesar da ameaça de reação enérgica dos fazendeiros a partir do dia 30.
Segundo Benites, essas ações costumam ser articuladas por índios idosos como um “último recurso" para que eles possam ser enterrados junto de seus antepassados.
“Quando um índio que esperou a vida inteira pela demarcação sente que vai morrer, não tem ameaça de fazendeiro que o impeça de cobrar os filhos, netos e bisnetos a fazer a retomada”.
“É isso que a burocracia e a Justiça do branco se recusam a entender”.

Crianças refugiadas sírias trabalham e não estudam

Um crescente número de criança sírias refugiadas no Líbano e na Jordânia têm se tornado as principais provedoras de suas famílias, que não têm recursos para sobreviver, mostra relatório da agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento de 61 páginas do Alto Comissário da ONU para Refugiados (Acnur) destaca as condições de vida das crianças, que crescem em famílias fragmentadas, deixam de frequentar a escola e cada vez mais saem para trabalhar para ajudar no sustento das famílias no exílio.
Mais de 2 milhões de sírios fugiram de suas casas por causa do conflito em seu país e buscaram abrigo em países como Jordânia, Líbano, Turquia e Iraque. Pelo menos metade desses refugiados, ou 1,1 milhão, são crianças. Dessas, cerca de 75% tem menos de 12 anos, diz o relatório do Acnur.
Crianças de sete anos passam longas horas em trabalhos manuais nos campos, fazendas e lojas em troca de salários baixos, muitas vezes sob condições perigosas e de exploração, afirma o documento.
No extenso campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, a maioria das 680 pequenas lojas emprega crianças, diz o Acnur.
No Líbano, centenas de crianças refugiadas - muitas delas meninas com menos de 12 anos - são apanhadas diariamente em dezenas de assentamentos informais de refugiados que se espalham pelo Vale do Bekaa e áreas fronteiriças ao norte. Elas são transportadas em caminhões e levadas para os campos, onde trabalham por seis a oito horas, recebendo até 6 mil libras libanesas (menos de R$ 10,00) por dia.
Muitas dessas crianças também caem nas mãos de gangues criminosas especializadas em explorar as vítimas mais vulneráveis do conflito. Elas são vistas mendigando nas ruas de Beirute e, mais frequentemente, vendendo flores e chicletes.
A falta de acesso à educação formal é um problema persistente entre crianças refugiadas, informou o Acnur. O levantamento da agência mostra que mais crianças refugiadas sírias estão atualmente fora da escola do que inscritas no sistema educacional formal.
Na Jordânia, mais da metade de todas as crianças sírias em idade escolar está fora de escola. No Líbano, cerca de 200 mil delas deve permanecer fora da escola no final do ano porque os estabelecimentos locais não têm mais vagas.

Cientistas identificam 'arma secreta' de ataque dos cavalos marinhos

Cavalos marinhos não são tão lentos e estranhos como imaginávamos. Segundo uma pesquisa feita por cientistas americanos, esses animais são na verdade engenhosos e cruéis predadores.
Essas belas criaturas são famosas por serem péssimas nadadoras, mas elas escondem uma arma secreta que as permite se aproximar bem devagar de suas presas, sem despertar atenção.
Seu focinho peculiar é moldado para criar poucas ondulações na água, disfarçando sua aproximação a pequenos crustáceos.
Para suas vítimas, os cavalos marinhos são como monstros do mar, dizem os cientistas da Universidade do Texas, em Austin, responsáveis pela pesquisa.
"O cavalo marinho é um dos peixes mais lentos que conhecemos, mas é capaz de capturar uma presa que nada a uma velocidade incrível", disse Brad Gemmell, autor do estudo divulgado na publicação científica Nature Communications.
As presas, nesse caso, são copépodes, crustáceos muito pequenos que são a comida favorita dos Syngnathidae, a família de peixes que incluí os cavalos marinhos e os peixes-agulha.
Quando os copépodes detectam ondas formadas por seus predadores, eles fogem à velocidades de mais de 500 comprimentos corporais por segundo - o equivalente a um humano de 1,80m nadando a 3.200 km/h.

Ataque mortal

"Os cavalos-marinhos conseguem surpreender o fujão mais talentoso do mundo aquático", diz Gemmell.
"Em condições calmas, eles capturam presas em 90% das tentativas. É uma taxa muito elevada, e queríamos saber o porquê."
Cavalos marinhos usam um método conhecido como alimentação pivô: seus longos pescoços agem como uma mola, que lhes permite girar rapidamente a cabeça e aspirar sua presa.
Mas essa aspiração só é eficaz em distâncias curtas, de cerca de um milímetro. E o ataque ocorre em menos de um milissegundo.
Até agora era um mistério como essas criaturas de olhar manso conseguem se aproximar de suas presas sem serem detectadas.
Para resolver esse dilema, Gemmell e seus colegas estudaram o cavalo-marinho anão (Hippocampus zosterae), das Bahamas e dos Estados Unidos.
Os cientistas estudaram o 'Hippocampus zosterae' para entender a alimentação pivô
Eles filmaram em 3D o movimento da água em torno deles, usando a técnica de holografia, com um microscópio equipado com uma câmera digital a laser e de alta velocidade.
Eles descobriram que o formato do focinho dos cavalos-marinhos minimiza o movimento da água na frente de sua boca antes do ataque.
Outros peixes pequenos com cabeças mais arredondadas, como peixes esgana-gata (Gasterosteus aculeatus), não têm essa vantagem, dizem os pesquisadores.
"É como uma corrida armamentista entre presa e predador, e o cavalo marinho desenvolveu uma boa maneira de chegar perto o suficiente e tornar a distância para o ataque bastante curta", diz Gemmell.
"Em geral as pessoas não pensam em cavalos marinhos como predadores incríveis, mas eles realmente são."

Colesterol 'alimenta' câncer de mama, diz estudo

Mulher examina mamografia. Foto: PA
Entidades que combatem câncer de mama não recomendam uso de estatina e pedem mais estudos
Um estudo feito por cientistas nos Estados Unidos afirma que um subproduto do colesterol pode ajudar o câncer de mama a crescer e se espalhar pelo corpo.
A pesquisa sugere que o uso de medicamentos que diminuem o nível de colesterol – as chamadas estatinas – pode prevenir tumores.
O trabalho, que foi publicado na revista científica Science, ajuda a explicar por que a obesidade é um dos principais fatores de risco da doença.
No entanto, organizações que trabalham na conscientização e combate ao câncer de mama alertaram que ainda é muito cedo para recomendar o uso de estatinas na prevenção de tumores.

Hormônios

A obesidade já é considerada um fator de risco em diversos outros tipos de câncer, como mama, intestino e útero.
A gordura em pessoas acima do peso faz com que o corpo produza mais hormônios como o estrogênio, que pode facilitar a disseminação de tumores.
O colesterol é "quebrado" pelo corpo em um subproduto chamado 27HC, que tem o mesmo efeito do estrogênio. Pesquisas feitas com camundongos por cientistas do Duke University Medical Centre, nos Estados Unidos, demonstraram que dietas ricas em colesterol e gordura aumentaram os níveis de 27HC no sangue, provocando tumores que eram 30% maiores, se comparados a animais que estavam com uma alimentação regular.
Nos camundongos com dieta rica em gordura, os tumores também se espalharam com maior frequência. Testes feitos com tecidos humanos contaminados com câncer de mama também cresceram mais rapidamente quando injetados com 27HC.
"Vários estudos mostraram uma conexão entre obesidade e câncer de mama, e mais especificamente que o elevado colesterol está associado ao risco de câncer de mama, mas nenhum mecanismo foi identificado", afirma o pesquisador Donald McDonnell, que liderou o estudo.
"O que achamos agora é uma molécula, não o próprio colesterol, mas um subproduto abundante do colesterol, chamado 27HC, que imita o hormônio estrogênio e consegue de forma independente provocar o crescimento do câncer de mama."

Mais pesquisa

Café da manhã inglês, com bastante gordura. Foto: BBC
Além de uso estatinas, colesterol pode ser reduzido evitando dietas com muita gordura
As estatinas já são usadas hoje em dia por milhões de pessoas para combater doenças cardíacas. Agora há estudos sugerindo que elas podem ajudar na prevenção ou combate ao câncer.
Mas entidades que lidam com saúde feminina não recomendam que as mulheres passem a tomar estatina por esse motivo.
"Até agora pesquisas que relacionam níveis de colesterol, uso de estatina e risco de câncer de mama ainda são inconclusivas", diz Hannah Bridges, porta-voz da Breakthrough Breast Cancer, entidade britânica de combate ao câncer de mama.
"Os resultados deste estudo inicial são promissores e se confirmados através de mais pesquisas podem aumentar nossa compreensão sobre o que faz com que alguns tipos de câncer de mama se desenvolvam."
Emma Smith, porta-voz de outra instituição, a Cancer Research UK, também afirma que ainda é "cedo demais" para que as mulheres passem a tomar estatina.
As duas entidades dizem que o colesterol pode ser combatido por meios alternativos ao uso de estatina. Uma forma é através de uma dieta mais saudável e de exercícios regulares.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Astrônomos perdem de vista cometa ISON após aproximação do sol

O cometa ISON aparentemente não resistiu à provação de passar perto do sol, concluíram nesta quinta-feira astrônomos após examinar imagens transmitidas por vários satélites de observação solar.
"Parece que o cometa ISON provavelmente não sobreviveu ao seu périplo", concluiu Karl Battams, cometólogo do Laboratório de Pesquisa Naval de Washington, durante mesa redonda organizada pela TV da Nasa.
"Acabo de ver as últimas imagens de satélite e não vejo nada sair de trás do disco solar; este poderia ser o golpe final", acrescentou.
O mesmo concluiu Phil Plait, astrônomo editor do site "Bad Astronomy". "Não acredito que o cometa tenha sobrevivido", afirmou.
O cometa "ISON parece ter desaparecido, ter se desintegrado nas últimas horas", continuou Dean Pesnell, um físico solar, encarregado científico do "Solar Dynamics Observatory" ou SDO, um satélite da Nasa para observar o Sol.
"Não vemos nada e tanto o SDO quanto o SOHO (Observatório Solar e Heliosférico) são muito bons detectores de cometas", insistiu. O SOHO é em conjunto pela Nasa e a ESA, a agência espacial europeia.
Estava previsto que ISON, um bloco de gelo e pedra, se aproximaria até 1,17 milhão de quilômetros da superfície solar por volta das 16H30 de Brasília, enfrentando temperaturas de 2.700 graus e perdendo três milhões de toneladas por segundo. Aparentemente, o cometa teria se volatilizado antes de chegar a este local.
A maior parte dos astrônomos teria previsto que ISON não sobreviveria a esta aproximação do sol.
"Acredito que talvez tenha 30% de chances de fazê-lo", disse Carey Lisse, do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins durante entrevista coletiva por telefone.
O ISON é "como uma bola de neve perdida", explicou, e "talvez a metade ou a terça parte é água, poranto é bastante frágil". Também é menor do que a maioria dos cometas, com 1,2 km de diâmetro.
"O tamanho médio de um cometa é de 3 quilômetros de diâmetro, razão pela qual este cometa provavelmente tem a metade do tamanho que o típico cometa médio", acrescentou.

Por que o papa Bento 16 renunciou?

Papa Francisco abraça o papa emérito Bento 16 | Crédito: AFP
Repórter da BBC investiga os motivos que levaram Joseph Ratzinger a abandonar o cargo
Em fevereiro deste ano, o agora papa emérito Bento 16 chocou o mundo quando se tornou o primeiro pontífice a renunciar em quase 600 anos. Mas a atenção rapidamente se voltou para a sua sucessão, e a consequente eleição do argentino Francisco.
Em meio ao episódio dramático, uma pergunta nunca foi totalmente respondida – por que Bento 16 renunciou?
Em sua declaração oficial de renúncia, o papa Benedito creditou sua saída à fragilidade de sua idade avançada e às exigências físicas e mentais do cargo, mas sempre houve a suspeita de que algo não havia sido contado. A minha apuração confirmou isso.
Fui visitar o cardeal nigeriano Francis Arinze em seu apartamento, com vista para a Praça de São Pedro, no Vaticano. Arinze é uma das figuras mais importantes da Igreja Católica atualmente e conhece o Vaticano como ninguém. Ele foi, inclusive, ainda que por pouco tempo, considerado um provável sucessor do papa Bento 16. Além disso, Arinze era um dos poucos cardeais a quem o alemão contou pessoalmente a notícia de iria renunciar.
Levantei o assunto dos escândalos que precederam o anúncio bombástico do papa e, em particular, o vazamento dos documentos papais, conhecido como Vatileaks, pelo ex-mordomo de Bento 16, Paolo Gabriele. Isso poderia ter contribuído para a renúncia do então pontífice? A resposta de Arinze foi inesperada.
"É legítimo especular e dizer "talvez", porque alguns de seus documentos foram furtados secretamente. Claro que poderia ser uma das razões (para a renúncia de Bento 16)", afirmou Arinze.
"Talvez ele tenha ficado tão triste ao tomar conhecimento de que seu próprio mordomo, em quem tinha confiança, vazou tantas cartas que um jornalista poderia escrever um livro. Não esperava que ele estivesse contente com isso".
No Vaticano, membros jovens e ambiciosos da Igreja são aconselhados a "ouvir muito, ver tudo e não dizer nada". O fato de que uma figura tão importante dentro da Igreja não siga à risca tal cartilha é minimamente surpreendente.
Na essência, o papa Bento 16 era um acadêmico, um téologo e um intelectual. "Para ele, o inferno seria participar de uma semana de treinamento sobre como melhor gerir a Igreja", ironiza uma fonte.
O azar do agora pontífice emérito foi ascender ao trono de Pedro em um momento em que havia um vácuo de poder, no qual um número considerável de integrantes de meio escalão da Cúria, a máquina administrativa da Igreja, se tornaram "pequenos Bórgia" (em alusão à família espanhola-italiana de mesmo nome que produziu três papas, lembrados por seu governo corrupto e ganância pelo poder).
Essa última declaração veio da figura mais importante da Igreja atualmente, o próprio papa Francisco, conhecido por não medir suas palavras. "A corte é a lepra do papado", disse ele certa vez. O argentino descreveu a Cúria como narcisista e egoísta. Foi a mesma Cúria com a qual Joseph Ratzinger teve de lidar.

Intrigas e interesses

Cardeal Arinze | Crédito: AFP
Para cardeal nigeriano Francis Arinze, Vatileaks teria influenciado decisão de Bento 16
No período que antecedeu à morte do papa João Paulo 2º (1920-2005), o coração da Santa Sé foi dominado por intrigas e brigas internas. Essa foi a justificativa para o ex-mordomo do papa, Paolo Gabriele, tornar público documentos confidenciais.
Mas Gabriele afirmou que sua relação com o papa Bento 16 era como "a de um pai com um filho". Sendo assim, por que ele agiu de forma a constranger o homem de quem era tão próximo?
"Ele disse que havia visto muitas coisas ruins acontecendo dentro do Vaticano. Em um dado momento, ele afirmou que havia chegado a seu limite", disse a mim a advogada de Gabriele, Cristiana Arru, enquanto agarrava as contas de seu rosário, em sua segunda entrevista pública.
"E então ele buscou uma saída para tudo isso. Ele diz que viu mentiras sendo contadas. Meu cliente pensou que o papa não estava sendo informado sobre alguns assuntos importantes que estavam acontecendo."
Gabriele foi considerado culpado de "furto qualificado" e passou três meses sob custódia antes de ser perdoado pelo Papa. Mas isso não foi o fim de tudo. O líder da Igreja convocou um inquérito sobre o caso.
Três cardeais foram incumbidos de produzir um relatório de 300 páginas, a ser mantido a sete chaves. Mas um importante jornal italiano informou que havia conseguido ter acesso a parte de seu conteúdo. O resultado? Vazamentos ainda mais embaraçosos, desta vez com rumores sobre a existência de uma rede de sacerdotes homossexuais que exercia "influência inadequada" dentro do Vaticano.
As dores de cabeça continuaram a incomodar o papa alemão. O estopim ocorreu com o episódio envolvendo o presépio anual montado na Praça de São Pedro durante o Natal.
Durante anos, acordos fechados no Vaticano foram superfaturados. Quando um delator tentou reformar o sistema, funcionários da corte papal conveceram o pontífice a "promovê-lo" a um cargo a 6,5 mil quilômetros de Roma.
Episódios semelhantes ocorreram no Banco do Vaticano, durante anos uma fonte de manchetes constrangedoras para a Igreja Católica. A instituição financeira havia sido criada para ajudar as ordens religiosas e as fundações em transferir dinheiro para partes distantes do mundo. Mas quando uma proporção considerável das transações é feita em dinheiro e está sendo enviada para regiões politicamente instáveis do planeta, não é preciso ser um gênio para prever que algo possa dar errado.
Parece que os funcionários do banco tomaram decisões importantes sem informar o Papa. Quando o conselho da instituição demitiu seu presidente reformador, Ettore Gotti Tedeschi (convenientemente no dia em que a notícia da prisão de Gabriele recebia toda a atenção da imprensa), o pontífice foi um dos últimos a saber do ocorrido. Posteriormente, disse, por meio do seu secretário, que ficou "muito surpreso". Tedeschi era um membro da Opus Dei (organização católica dedicada à evangelização) e pensava que estava próximo do papa, mas, no final, isso não o protegeu.

Mudança

Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano | Reuters
Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse que Igreja precisa de alguém com maior energia
Será que tudo isso foi um fardo muito grande para um Bento 16 envelhecido?
A resposta talvez esteja nas palavras do porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi. Disse ele: "A Igreja precisava de alguém com mais energia física e espiritual que seria capaz de superar as adversidades e os desafios de governá-la neste mundo moderno em constante mudança".
Na minha avaliação, a Igreja Católica tem agora uma grande oportunidade para seguir em frente e enfrentar os desafios do século 21. Muitas vezes vista como remota, sua liderança agora precisa debater questões polêmicas como a contracepção e casamento gay. A reforma chegou na esteira do escândalo. Isso é algo que não passou batido pelo cardeal Arinze.
"O que você tem de se lembrar", diz ele , "é de que muitas vezes Deus escreve certo por linhas tortas."

Polícia do Rio procura mãe suspeita de vender virgindade da filha por R$ 50

A Polícia Civil do Rio de Janeiro procura uma mulher acusada de prostituir a própria filha, de 15 anos, desde que a jovem tinha 9 anos. Usuária de drogas, ela recebia pequenas quantias em dinheiro para que os acusados mantivessem relações sexuais com a menina. Em 2006, quando a vítima tinha 9 anos, a mãe teria vendido a virgindade dela para um homem por R$ 50.
De acordo com a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), cinco homens acusados de manter relações sexuais com a jovem foram presos na manhã desta quinta-feira. De acordo com o delegado Marcelo Braga Maia, titular da DCAV, a delegacia recebeu a denúncia através do Disque 100 e deu início às investigações. Os agentes identificaram a vítima e a irmã dela, de 20 anos, que foram ouvidas na especializada.
A menina contou que, a partir dos 9 anos, a mãe a obrigou a manter relações sexuais com diversos homens em troca de dinheiro, bebidas ou drogas. Enquanto a jovem era abusada, a mulher permanecia na casa, mas em outro cômodo. Em 2011, a adolescente conseguiu sair da casa da mãe, indo morar com a irmã mais velha.
Durantes as investigações, os policiais chegaram à identificação dos suspeitos de estupro que tiveram a prisão pedida à Justiça. Humberto Ricardo Marsico Morelli Alves, 58 anos, o Maninho; José Henrique Gomes, 63 anos, o Russo; David Macedo Gonçalves de Aquino, 56 anos, o Davi; José Belizário da Silva, 79 anos, o Dedé; e Celso Medeiros Barrientos, 55 anos, o Celso Protético vão responder por estupro de vulnerável e exploração sexual. A mãe da menina é acusada dos mesmos crimes, além de maus tratos e abandono material.
Os policias estão ainda à procura de outros dois acusados, Alexandre Ítalo Oliveira Santos, 60 anos, o Alex, e George Correira Teteu, 58 anos, o Jorge.

A difícil tarefa de deixar as contas do governo em dia

Dilma Rousseff (Reuters)
Política de desoneração do governo tem pressionado as contas públicas do país
A decisão do Banco Central de elevar na terça-feira a taxa básica de juros para 10% ao ano, que está sendo interpretada por muitos analistas como uma tentativa de controlar a inflação, foi anunciada em um momento que economistas veem com pessimismo a forma como o governo vem gerenciando suas contas.
A fórmula adotada ainda na década passada e mantida nos últimos anos para manter a estabilidade financeira se baseia no tripé controle da inflação, câmbio flutuante e metas de superávit primário.
Mas, nos últimos meses, os três elementos têm gerado preocupações. No período de 12 meses até outubro, o IPCA, índice oficial de inflação, dicou em 5,84% ao ano, acima do centro da meta de 4,5% ao ano; o governo tem sido obrigado a comprar títulos públicos e inundar a economia com dólares, o que tem segurado a cotação da moeda americana.
Mas na política fiscal residem alguns dos principais temores. Para 2013, o governo se comprometeu a entregar um superávit equivalente a 2,3% do PIB, o que representa R$ 108,09 bilhões.
No meio do ano, o Ministério da Fazenda anunciou que deduziria desse valor investimentos e desonerações (uma medida vista por muitos como uma manobra para driblar as contas), anunciando uma nova meta - R$ 73,03 bilhões.
De janeiro a outubro, no entanto, a economia foi de apenas R$ 33,43 bilhões. Para especialistas, o governo terá de fazer malabarismos para atingir a meta.
Para economistas ouvidos pela BBC Brasil, enquanto o desequilíbrio fiscal representa um risco real à estabilidade da economia, ainda há tempo para as autoridades reverterem o quadro, por meio de ajustes.

Situação 'manejável'

Para o economista Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, a situação não é a mais agradável, mas está longe de ser uma tragédia.
"Houve um movimento de deterioração que já era esperado, reflexo de algumas medidas tomadas recentemente que devem reduzir bastante o superávit primário. Mas dizer que a dívida pública está numa trajetória insustentável é muito forte. É uma piora manejável", diz.
As medidas em questão são a isenção temporária de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos automóveis e de produtos da linha branca, baixada pelo governo nos últimos três anos a fim de estimular o consumo e bater de frente com a crise.
"O governo tentou usar a politica fiscal para dar um empurrãozinho na economia. Na hora da transição, todo mundo achou que a desaceleração fosse passageira, que o PIB voltaria a crescer na velocidade antes da crise. Não cresceu."
Emerson Marçal, da FGV
"O governo tentou usar a política fiscal para dar um empurrãozinho na economia. Na hora da transição, todo mundo achou que a desaceleração fosse passageira, que o PIB voltaria a crescer na velocidade de antes da crise. Não cresceu", diz Marçal.
Segundo a Receita Federal, entre janeiro e setembro deste ano, o governo deixou de arrecadar R$ 64,3 bilhões com as desonerações.
Ao mesmo tempo, as despesas do governo também cresceram, apesar das promessas e do esforço para fechar a torneira. Segundo levantamento feito pela ONG Contas Abertas no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), os gastos no primeiro semestre atingiram R$ 1,01 trilhão, aumento de 6,6% em relação ao mesmo período no ano anterior.
"Houve uma deterioração inegável das contas públicas. Nos próximos anos deve haver ajuste. Ou vai se repensar a questão de desoneração, ou vai ter de aumentar imposto e cortar despesa. O governo terá de usar a tesoura", diz o economista.
"O próximo governo terá de fazer uma correção de rumo", conclui Marçal, independentemente de quem esteja no comando do Planalto após as eleições do ano que vem.

Longo prazo

O pesquisador Alvaro Martim Guedes, professor de Administração Pública da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara, a grande discussão não é se o país vai ou não atingir a meta de superávit.
"Se não atingirmos a meta do superávit, começa a haver desequilíbrio. Começamos a dar sinais evidentes de que, mesmo no curto prazo, não há controle, o que aumenta a incerteza e retrai a confiança de investidores externos", diz.
"Se não atingirmos a meta do superávit, começa a haver desequilíbrio. Começamos a dar sinais evidentes que mesmo no curto prazo não há controle, o que aumenta a incerteza e retrai a confiança de investidores externos."
Alvaro Martim Guedes, da Unesp
Guedes defende um ajuste rápido nas contas públicas.
"Quanto mais você posterga, maior é a distância entre o enfrentamento e os resultados. Se o indivíduo tem infecção e é tratado logo, não precisa de muito remédio. Se demora, vai precisar de mais medicamento", diz.
Guedes diz, no entanto, que ajustar as contas públicas não é suficiente para o país ganhar competitividade, assim como não bastam políticas de incentivo ao consumo para estimular a economia.
"É preciso uma ruptura. Já temos uma infraestrutura onerosa, o chamado Custo Brasil. Precisamos fazer reformas mais profundas. Hoje temos uma legislação trabalhista ruim, uma legislação tributária que não atende ao federalismo. A coisa vai além do superávit primário", diz.

Renan diz não haver dúvida sobre o voto aberto na Constituição

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), garantiu que não há dúvidas sobre a interpretação da Emenda Constitucional nº 76, que assegura o voto aberto nas cassações de mandatos parlamentares e na apreciação de vetos presidenciais. Renan afirmou que apesar do Regimento Interno do Senado e da Câmara dos Deputados ainda preverem o voto secreto, o texto constitucional, por ser mais importante do ponto de vista legal, se sobrepõe a qualquer outra legislação em contrário.
“A Constituição Federal que prepondera no país, ela é a lei maior do país. A regra geral é o voto aberto, a expressão voto secreto foi retirada do texto constitucional. O regimento é um conjunto de regras para organizar melhor os trabalhos e não vai revogar a Constituição, o que prepondera é a Constituição”, enfatizou Renan.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lembrou que na próxima semana, a Casa deve votar a reforma do Regimento Interno do Senado, que vai incluir todas essas modificações ocorridas em relação ao voto aberto no novo texto.

Cometa atinge proximidade máxima do Sol e pode ser destruído

Ison, fotografado em 15 de novembro. Foto: Damian Peach
O Ison corre o risco de ser destruído em sua aproximação máxima do Sol
Astrônomos do mundo todo esperam com ansiedade para observar se um cometa vai sobreviver a sua aproximação máxima com o Sol, nesta quinta-feira.
Seguindo sua trajetória orbitando a estrela, o cometa Ison vai ficar a cerca de 1,2 milhão de quilômetros do Sol às 16h37 (hora de Brasília) na tarde desta quinta-feira.
Os cientistas afirmam que, por ter potencial de grande brilho nesse momento, o Ison pode acabar se transformando no "cometa do século", mas, por outro lado, o calor do Sol e o campo gravitacional do astro podem destruir o Ison.
Tão perto da estrela, o Ison terá que enfrentar uma temperatura de mais de 2 mil graus celsius.
"É como atirar uma bola de neve no fogo. Será difícil sobreviver", afirmou Tim O'Brien, professor associado do Observatório Jodrell Bank, na Grã-Bretanha.
"Mas, por sorte, é um objeto grande e se move rapidamente, então não vai passar muito tempo perto do Sol", acrescentou o professor.

Rastro brilhante

O cometa Ison veio da Nuvem de Oort, uma região gelada, misteriosa e remota nos limites do nosso Sistema Solar.
O cometa vem avançando em direção ao Sol a mais de um milhão de quilômetros por hora e agora está entrando na fase mais perigosa de sua jornada.
"(O cometa) ficará exposto ao pior que o Sol tem para oferecer. Ficará exposto ao mais intenso calor solar, que vai começar a sublimar (transformar em vapor) o gelo a uma taxa crescente", afirmou Marke Bailey, professor no Observatório Armagh, na Irlanda do Norte.
Foto: ESA/Nasa/Soho
O cometa é visto se aproximando do Sol abaixo e à direita nesta imagem da sonda Soho
Além do calor, o intenso campo gravitacional do Sol também produz uma força descomunal.
Os cientistas temem que o Ison tenha o mesmo destino do cometa Lovejoy, que se despedaçou depois de passar perto do Sol em 2011. Mas, os especialistas afirmam que o tamanho do Ison poderá protegê-lo.
Os astrônomos estimam que o núcleo do Ison pode ter vários quilômetros de diâmetro, o que poderá ajudar o cometa a resistir à passagem pelo Sol.
Se o Ison permanecer intacto em sua maior parte, o calor do Sol vai agitar a poeira e o gás em seu centro, permitindo que ele deixe um rastro de grande brilho no céu.
"Se ele sobreviver, a melhor chance de vê-lo será no começo de dezembro", explicou Robert Massey, da Sociedade Real de Astronomia da Grã-Bretanha.
Além disso, cientistas acreditam que as pessoas no Hemisfério Norte terão a melhor visão do fenômeno.
“Eu realmente duvido que ele será o tipo de objeto que apareça de uma forma espetacular no céu noturno de madrugada, pouco antes do amanhecer”, diz Massey.
“É muito mais provável, sendo otimista, que ele seja visível, a olho nu ou com um binóculo, com sua cabeça e uma bela cauda.”

Britânico sobrevive a 17 paradas cardíacas em um só dia

John Gilmartin | Crédito: Royal Derby Hospital
Segundo médicos, John Gilmartin não sofreu nenhum dano irreversível e já se recuperou totalmente
Um britânico que sofreu 17 paradas cardíacas e sobreviveu já se recuperou totalmente do incidente, afirmaram os médicos que o atenderam.
John Gilmartin, de 41 anos, de Chaddesden, no leste da Inglaterra, teve o coração reiniciado 11 vezes em direção ao hospital e em outras seis ocasiões no Royal Derby Hospital, onde foi atendido.
O médico que atendeu Gilmartin, Gareth Hughes, afirmou que pacientes que são submetidos a reanimações repetidas quase sempre sofrem algum tipo de dano neurológico.
Gilmartin, que está em boa forma e não tinha tido nenhum problema cardíaco anteriormente, afirmou que teve sorte ao sobreviver.

Família em choque

Ele contou que se sentiu mal e decidiu descansar. Quando acordou, estava em uma Unidade de Terapia Intensiva do hospital.
"Eu nunca tive nenhum problema cardíaco. Sempre estive em forma e muito bem", afirmou ele.
"Minha família ficou em estado de choque. Minha mulher me deitou no chão e começou a fazer massagem cardiorrespiratória até os paramédicos chegarem".
"Havia uma chance de eu ter sofrido dano cerebral sem a massagem cardíaca".
Os paramédicos tiveram que administrar repetidamente choques elétricos para manter o coração de Gilmartin funcionado durante o caminho até o hospital.

'Vida longa e frutífera'

Gilmartin sofreu mais seis infartos durante uma operação para colocar uma pequena bomba de balão intra-aórtica dentro do seu coração.
Hughes, uma das 10 pessoas envolvidas no salvamento de Gilmartin, afirmou: "É incrivelmente raro ter um resultado tão bem-sucedido. Ele não só sobreviveu aos ataques, como não sofreu nenhum dano neurológico".
"O fato de ele ser muito jovem e, provavelmente, ter funções cardíacas razoáveis com certeza o ajudou neste caso".
"Não há nenhuma razão para que ele não deva continuar a ter uma vida longa e frutífera", concluiu Hughes.

Acidente amplia lista de tropeços na organização da Copa

Socorristas próximo do local de queda de guindaste na Arena Corinthians (foto: AP)
Acidente no Itaquerão e onda de arrastões no Rio prejudicam imagem do Brasil no exterior
O acidente com um guindaste na Arena Corinthians em São Paulo na quarta-feira, que deixou dois operários mortos, é o problema mais recente – e talvez o mais grave para a imagem do país, na opinião de especialistas – no processo de organização da Copa do Mundo de 2014.
A lista de imprevistos, que inclui mortes, atrasos, manifestações e crimes, não impedirá a realização nem deverá causar grandes alterações da agenda do torneio do ano que vem.
Porém, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil, já podem até afastar torcedores estrangeiros.
De acordo com Peter Tarlow, consultor internacional de segurança em grandes eventos, a imagem do Brasil como anfitrião da Copa foi bastante prejudicada no exterior nas últimas duas semanas. Isso ocorreu devido ao acidente no Itaquerão e aos dois arrastões contra banhistas nas praias do Rio de Janeiro.
"A cada semana vem uma notícia ruim do Brasil, que volta a ser visto como um país com falta de segurança. É uma combinação de fatores", afirmou.
O americano é professor da universidade Texas A&M, atuou na organização do Super Bowl (campeonato de futebol americano), nos Jogos Olímpicos de Inverno nos Estados Unidos e atualmente presta consultoria para a polícia do Rio.
Segundo ele, além da criminalidade nas ruas, o acidente desta semana pode fazer o estrangeiro ver os estádios como locais inseguros. "E agora é a hora em que o americano ou o europeu estão decidindo se compram ingressos e passagem para o Brasil."
O analista disse, porém, que se não ocorrerem outros grandes tropeços até a data do evento (especialmente no Rio de Janeiro, cidade brasileira mais conhecida no exterior), os episódios negativos de agora devem ser rapidamente esquecidos.
Segundo ele, a notícia do acidente não teve maior repercussão nos Estados Unidos A por causa do feriado de Ação de Graças, mas o mesmo não ocorreu na Europa.

Projetos

Segundo o jornalista e colaborador da BBC baseado na América do Sul Tim Vickery, outro evento negativo também contribuiu para prejudicar a imagem do país nesta semana: o anúncio de que 14 projetos de mobilidade, orçados em R$ 1,2 bilhão, foram retirados da matriz de responsabilidade da Copa.
Entre eles estavam projetos para melhorias em portos, aeroportos e rodovias que perdurariam, beneficiando a população mesmo após o fim do torneio. "Isso é um escândalo porque houve muito tempo para planejar", disse.
Segundo ele, notícias como essa aumentam o descontentamento de setores da sociedade que - com alguma razão - criticam gastos que o país está tendo com a Copa do Mundo. Partidários dessa opinião têm manifestado esse descontentamento por meio de diversos protestos.
Contudo, segundo Vickery, a Copa ocorrerá de qualquer maneira. "Passou o momento de pular fora. A Copa pode ser bem sucedida e torço para que ela seja", disse.
"A Copa do Mundo vai ser um sucesso com morte ou com manifestações, mas elas deixam uma mancha", disse o consultor independente de marketing esportivo Amir Somoggi.
Segundo ele, o Estado brasileiro, como anfitrião do evento, não pode ser responsabilizado pelas mortes em Itaquera. "Também houve mortes na Copa da África do Sul."
Porém, diferente de Tarlow, Somoggi disse não acreditar que o acidente em São Paulo crie uma imagem de insegurança nos estádios capaz de dissuadir turistas e torcedores de irem às partidas.
"Não acredito que o turista vai deixar de vir, mas terá uma preocupação a mais, como já tem com a questão do arrastão", disse.
Leia abaixo sobre outros tropeços que já preocuparam os organizadores da Copa.

Acidentes e mortes

Além do acidente no Itaquerão outras duas mortes foram registradas em obras de estádios que serão usados em jogos da Copa do Mundo de 2014. Em junho de 2012 o carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, de 21 anos, morreu ao cair de uma laje do Estádio Nacional de Brasília. Em março de 2013 o pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, 49 anos, morreu na construção do estádio de Manaus
Também foram registradas uma explosão na Arena da Baixada, em Curitiba no ano de 2012, e um princípio de incêndio na Arena Pantanal, em Cuiabá, já em 2013.

Atrasos

Discussões entre a Fifa e autoridades brasileiras sobre o cronograma das obras dos estádios têm sido frequentes. Em 2012, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, chegou a dizer que o Brasil merecia um "chute no traseiro" – causando grande mal estar.
A Fifa trabalha com a meta de que os estádios estejam prontos até o fim deste ano. Atualmente as maiores preocupações recaem sobre a Arena Pantanal, em Cuiabá, a Arena Amazônia, em Manaus e a Arena da Baixada, em Curitiba – cujas obras ainda não teriam atingido a marca dos 90% de conclusão dos trabalhos. A Fifa cogita até fazer intervenções nas obras para garantir o mundial.
Entre as razões dos atrasos estão problemas de financiamento e greves de trabalhadores – que já paralisaram ao menos oito das 12 obras.
O acidente desta semana lança novas preocupações sobre o cronograma de obras da Arena Corinthians, que neste mês estava com 94% das obras concluídas. Promotores públicos e sindicatos discutem uma eventual paralisação da obra por questão de segurança.
Mas especialistas dizem acreditar que, mesmo com o acidente, ainda há tempo para concluí-la sem a necessidade de alterar locais de jogos no mundial.

Fonte Nova

Em maio, parte da cobertura que forma o telhado da Arena Fonte Nova, em Salvador, se rompeu em meio a chuvas fortes. Além disso, um viaduto de acesso ao estacionamento trincou e teve que ser escorado poucos dias antes do início da Copa das Confederações. Os incidentes não chegaram a causar problemas para o torneio.

Manifestações

Uma onda de manifestações contra os gastos públicos com a Copa e as imposições da Fifa marcaram a realização da Copa das Confederações neste ano. Manifestantes enfrentaram barreiras policiais, mas não conseguiram invadir nenhum dos estádios durante o torneio.
Os atos ocorreram em meio a uma onda de manifestações pelo país deflagrada por propostas de aumento nas tarifas do transporte público.
Para especialistas, o recorde de público e o próprio evento em si foram ofuscados pelos protestos. Segundo informações de inteligência da polícia, os manifestantes tentam articular novos protestos para a época da Copa do Mundo.

Troca de comando na CBF

Em março de 2012, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deixou o comando da confederação alegando problemas de saúde. Teixeira estava no cargo desde 1989. Enfrentava uma série de acusações - inclusive um processo, considerado o mais sério da história da Fifa, o chamado dossiê da ISL, em referência à ex-agência de marketing da entidade, então em tramitação na Justiça suíça. Teixeira já havia enfrentado duas Comissões Parlamentares de Inquérito, mas as críticas acabaram, segundo a imprensa esportiva, abafadas pelos êxitos da Seleção sob o comando dele.
A saída de Teixeira foi vista como uma vitória pelos críticos, mas elevou as dúvidas sobre a capacidade de organização da CBF. Assumiu o comando da entidade e a direção do Comitê Organizador Local da Copa o ex-governador biônico de São Paulo José Maria Marin, 80 anos de idade.
O ex-jogador e deputado federal Romário celebrou a saída de Teixeira e disparou contra Marin, dando do tom da polêmica que envolve a CBF há anos.
"Hoje podemos comemorar. Exterminamos um câncer do futebol brasileiro. Finalmente, Ricardo Teixeira renunciou a presidência da CBF. Espero que o novo presidente, João Maria Marin, o que furtou a medalha do jogador do Corinthians na Copa São Paulo de Juniores, não faça daquele ato uma constante na Confederação. Senão, teremos que exterminar a AIDS também", escreveu o parlamentar, à época, em sua conta no Twitter.

Morumbi versus Itaquerão

Como uma isenção fiscal de R$ 420 milhões com a Prefeitura da capital e apoio declarado do ex-presidente Lula, o Corinthians finalmente realizou o sonho de ter uma arena própria. O plano do São Paulo de ver o Morumbi como sede da Copa foi desmantelado em 2010, quando a Fifa alegou falta de garantias financeiras por parte do clube paulista para a adequação do estádio aos padrões da entidade que comanda o futebol, um deles, a distância entre o público e o gramado.

Atraso no Maracanã, amistoso suspenso

Em maio de 2013, atrasos nas obras do Maracanã fizeram a Justiça suspender um amistoso entre as seleções de Brasil e Inglaterra, primeiro teste do estádio reformado para a Copa. O temor era de que os canteiros de obra representassem uma ameaça para os torcedores. Mas, logo em seguida, a Justiça liberou o jogo, após a apresentação de laudos atestando a finalização das obras.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Conselho de Ética da Câmara aprova cassação de Natan Donadon

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, pelo placar de 13 a 0, o relatório do deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) recomendando a cassação do mandato de Natan Donadon (sem partido-RO). As informações são da Agência Câmara.


Para Araújo, é inconcebível que uma pessoa condenada e cumprindo pena continue com seu mandato parlamentar. "Nós não podemos ter um colega deputado cumprindo pena de 13 anos e seis meses. É um absurdo e nós não podíamos concordar com isso. Esse erro tinha que ser corrigido”, disse. 
O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), afirmou que a manutenção do mandato de Natan Donadon foi decorrente de diversos erros que antecederam a sessão de 28 de agosto, quando o deputado teve seu mandato mantido por seus colegas de Casa.
Albuquerque lembrou que a decisão de realizar a sessão para cassar o mandato de Donadon foi tomada na reunião de líderes realizada na véspera. "Acabou que a ausência de uns, a falta de outros que estavam na Casa, que acabaram não votando já tarde da noite, confirmou a manutenção do título de deputado a um homem que não tem direitos políticos, a um homem que está preso em regime fechado, a um homem que foi condenado com sentença transitada em julgado."
Desgaste desnecessário
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirmou que a Câmara está passando por esse desgaste desnecessariamente. Ele lembrou que, na Constituição, uma das formas previstas para a perda do mandato parlamentar é o não comparecimento a um terço das sessões.
Como Donadon está preso desde junho, lembrou Júlio Delgado, ele já deveria ter sido desligado da Câmara por ato da Mesa.
Decisão do Plenário
A decisão do Conselho de Ética vai agora ser analisada no Plenário da Câmara com voto aberto. A defesa de Donadon, porém, afirmou que vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, se for preciso, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a decisão da Câmara.

Zona de defesa aérea chinesa aumenta risco de guerra na região, diz analista

Reuters
A China afirma que aviões que entram nesta zona precisam se identificar e obedecer a protocolos
A China monitorou os voos de dois bombardeiros americanos que sobrevoaram sua nova zona de defesa de identificação aérea, segundo informações do Ministério da Defesa chinês.
Os aviões B-52 voaram sobre ilhas de Diaoyu e Senkaku, disputadas entre o país e o Japão no Mar do Leste da China, sem avisar as autoridades chinesas que estavam entrando em uma parte de seu novo espaço aéreo, declarado no sábado.
O Japão e os Estados Unidos se opõem à decisão da China de alterar unilateralmente seu espaço aéreo e acusam o país querer escalar as tensões regionais.
A zona de defesa de identificação aérea chinesa se sobrepõe ao espaço aéreo japonês e inclui ilhas disputadas que são controladas pelo Japão.

Escalada

Para Alexander Neill, do Instituto Internacional para estudos estratégicos (IISS), a demarcação de uma zona de defesa área representa uma tomada de posição por parte da China que pode trazer riscos para a região.
Ainda segundo Neill, a medida demonstra a determinação do presidente Xi Jinping em defender a integridade territorial do país.
Este é o maior sinal de escalada militar envolvendo a China desde que ele chegou ao poder, há um ano.
Líderes chineses devem se abster de críticas à sua decisão, argumentando que o espaço de defesa aérea japonês se estende sobre o território reivindicado pela China.
A imposição da zona de defesa de identificação aérea da China ecoa um episódio ocorrido em 1996, quando o então presidente chinês Jiang Zemin ordernou uma exclusão aérea e marítima durante uma série de testes com mísseis no norte e no sul de Taiwan.
A declaração de sábado confirma que as ilhas de Diaoyu e Senkaku passam para o centro de preocupações da China, sendo incluídas na mesma categoria do Mar do Sul da China e de Taiwan.

Narrativa oficial

Alexander Neill afirma que na última década o nacionalismo populista da China tem sido alimentado por uma narrativa oficial de humilhação devido ao fato de as ilhas estarem nas mãos do Ocidente. Este sentimento havia sido atenuado graças à adesão de Deng Xiaoping (líder chinês dos anos 1970, 1980 e 1990) a uma estratégia mais contida em relação ao assunto.
Mas, recentemente, as demonstrações do poder militar chinês sugerem que Xi Jinping pode estar preparado para ignorar esta política mais contida.
A nova identidade regional da China, como uma potência econômica com um setor militar cada vez mais forte, tornou a narrativa da humilhação menos relevante; um sentimento de orgulho nacional agora é comum no país.
E este último gesto do governo chinês ocorreu em um momento de tensão militar na região.
Em janeiro de 2013, o Ministério da Defesa do Japão acusou o Exército de Liberação do Povo chinês de direcionar seus radares contra um navio japonês que estava próximo das ilhas. A China nega.
Agora, a melhor opção da China para manter a dominância na falta de uma presença militar permanente na região de Senkaku é o estabelecimento da zona de defesa de identificação aérea.
Por outro lado, a grande limitação para a China seria o estabelecimento, por Tóquio, de posições habitadas por japoneses nas ilhas, uma ação que pode levar a um aumento rápido das hostilidades.
Os dois países estão evitando estas ações até agora. No entanto, recentemente a China enviou aviões não tripulados para perto da região disputada.

Vigilância americana

Outro fato recente foi a apresentação do primeiro avião de tecnologia stealth (que não pode ser detectado por radares) da China, algo que ocorreu logo depois do primeiro voo do J-31, o jato stealth chinês, no começo do ano.
Todas estes sistemas de armas ainda estão na fase de desenvolvimento, mas eles destacam o sucesso da modernização no setor militar da China.
A China ainda pode estar longe de se transformar em uma potência militar global, mas os especialistas em defesa dos Estados Unidos notaram que o país conseguiu concentrar uma capacidade militar formidável em seu próprio quintal. Alguns analistas sugerem até que, em certas áreas, o Exército chinês pode conseguir rivalizar com a capacidade militar americana na região.
E a zona de defesa de identificação aérea é um símbolo da insatisfação da China com os destacamentos de vigilância e inteligência reunidos pelos militares americanos no mar e no espaço aéreo nas fronteiras do país.
Um episódio delicado de destaque foi a perda do piloto de caça chinês, morto em uma colisão com uma aeronave de vigilância americana que estava em uma missão para colher informações secretas no Mar do Sul da China em 2001.
Líderes chineses vão argumentar que o estabelecimento da zona de defesa de identificação aérea visa evitar este tipo de incidente, mas com os tempos de reação extremamente curtos necessários para uma interdição aérea e a inexperiência relativa das forças aéreas chinesas e japonesas, o potencial para um rápido aumento das hostilidades e possíveis erros aumentarão.
A proximidade da 7ª Frota americana no Japão e as operações regulares dos militares americanos na zona de de defesa chinesa significam que o Pentágono vai resistir muito antes de obedecer aos protocolos de identificação aérea exigidos pela China. E isto também pode ser aplicado aos militares japoneses.
A criação de uma zona de defesa de identificação aérea também desmente a confiança da China em suas próprias redes de comando e controle e em sua capacidade de estabelecer uma vigilância aérea em uma grande extensão do Mar do Leste da China.
A resposta americana poderá ser o aumentdo do ritmo de seus exercícios militares planejados para a região, obrigando o Exército chinês a dar uma resposta defensiva, testando a determinação de Xi Jinping e também sua cadeia de comando.

Junta médica diz que estado de Genoino não é grave e rejeita aposentadoria do petista

O deputado teve sua licença médica renovada por 90 dias e depois disso será reavaliado.O diretor do Departamento Médico da Câmara, Jezreel Avelino da Silva, disse nesta quarta-feira (27) que o deputado licenciado José Genoino (PT-SP) não é portador de cardiopatia grave e rejeitou o pedido de aposentadoria imediata do petista.
— Não existe no momento invalidez definitiva, mas circunstância de ter riscos na atividade laboral.
Genoino foi condenado à prisão em regime semiaberto na ação penal do mensalão. A junta recomendou que o deputado fique em licença por mais 90 dias, contados a partir dos exames feitos na última segunda-feira (25), e depois seja periciado novamente. José Genoino entrou com o pedido de aposentadoria por invalidez na Câmara em setembro.
Leia mais notícias no R7
Segundo o médico cardiologista Luciano Janussi Vacanti, integrante da junta médica que analisou o parlamentar, houve uma piora do quadro de Genoino desde a análise pela perícia da Câmara em setembro por causa das tensões dos últimos dias que fizeram aumentar a pressão.
Os médicos concederam entrevista coletiva para apresentar o laudo dos exames realizados no parlamentar. Eles afirmaram que o paciente poderá ter o seu estado de saúde alterado para melhor ou pior em dois anos.
Doença
No dia 24 de julho, Genoino foi diagnosticado com uma dissecção da aorta (quando uma ou mais das três camadas da artéria se rompem forçando uma hemorragia interna) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
No hospital, ele sofreu uma isquemia cerebral leve - obstrução da circulação sanguínea no cérebro – e teve alta em 19 de agosto. Genoino está de licença médica da Câmara até 19 de setembro.
Laudo da UnB
Nesta terça-feira (26), um laudo de cinco cardiologistas da UnB (Universidade de Brasília), a pedido do Supremo Tribunal Federal, afirmou que a cardiopatia do deputado "não se caracteriza como grave", mas recomenda que os medicamentos sejam "rigorosamente mantidos enquanto perdurar o tratamento anticoagulante".

Pelo menos três morrem em acidente no estádio da Copa em SP

O corpo de bombeiros confirmou que menos três pessoas morreram nesta quarta-feira em um acidente na Arena Corinthians, o estádio em São Paulo que está sendo construído para a Copa do Mundo do ano que vem.
Aparentemente, um guindaste que era utilizado para a colocação da última peça metálica da cobertura do estádio caiu sobre a arquibancada.
Durante a queda, parte da estrutura metálica da cobertura também desabou, e ela teria atingido juntamente com a grua caminhões que estavam do lado de fora do estádio.
Uma parte da parte externa do estádio acabou também sendo destruída no acidente, que aconteceu por volta de 12h30.
As obras na Arena Corinthians, que deve receber outros seis jogos da Copa além da partida de abertura, estavam 94% concluídas.
A previsão era que o estádio seria entregue à Fifa dentro do prazo estipulado, em 31 de dezembro.

Suicídio de octogenários reacende debate sobre eutanásia na França

Hotel Lutetia. Foto: AFP
O casal foi encontrado deitado na cama, com sacos plásticos na cabeça, em um quarto do Hotel Lutetia
O suicídio de um casal de octogenários em Paris reacendeu o debate na França sobre o direito à eutanásia.
Bernard e Georgette Cazes, ambos de 86 anos, foram encontrados mortos na sexta-feira em uma suíte do luxuoso hotel Lutetia, em Paris, por um funcionário que foi levar o café da manhã pedido pelo casal na véspera.
Eles estavam na cama de mãos dadas, com sacos plásticos na cabeça.
O motivo do duplo suicídio é atribuído a problemas de saúde de um dos octogenários, provavelmente a esposa, segundo a imprensa francesa.
No local, a polícia encontrou várias cartas nas quais o casal explicava seu gesto. Uma delas é dirigida ao procurador da República, onde Georgette exprimiu sua revolta por não poder "ter partido serenamente", já que a legislação francesa não autoriza "uma morte suave", diz o texto.
"A lei proíbe o acesso a qualquer pastilha letal que permitiria uma morte suave. Em nome de qual direito se obriga pessoas a práticas cruéis quando ela quer deixar a vida serenamente?", questionou Georgette na carta endereçada ao procurador da República.
Bernard, ex-alto funcionário da Comissão de Planejamento, economista e filósofo, publicou vários livros e colaborava para a revista Quinzena Literária.
Georgette foi professora de letras e de latim e autora de manuais escolares.
Segundo o jornal Le Parisien, que revelou o caso, o casal tinha reservado o quarto pela internet havia uma semana e chegou ao hotel na véspera à noite.
Em entrevista ao jornal, o filho, cujo nome não foi citado, diz que "eles temiam a separação e a dependência (de outras pessoas) bem mais do que a morte" e que eles já teriam decidido morrer juntos havia vários anos.

Morte com dignidade

Jean-Luc Romero, presidente da Associação pelo Direito de Morrer com Dignidade (ADMD, na sigla em francês), que reúne milhares de membros, afirma não ter ficado surpreso com o drama.
"A França é um dos países com uma das mais altas taxas de suicídio de pessoas idosas e com graves problemas de saúde", segundo ele.
A França autoriza apenas a "eutanásia passiva", ou seja, a interrupção do tratamento médico em caso de constatação de que não há soluções terapêuticas para o caso.
Associações ligadas à defesa do direito de morrer criticam a lei porque na prática ela garante apenas o direito de "deixar alguém morrer", permitindo que o doente seja induzido a um coma artificial e morra de fome e de sede, o que pode levar vários dias.
Vários casos de eutanásia ganharam grande repercussão na França nos últimos anos. Um deles foi o de Chantal Sébire, em 2008, que sofria de uma doença rara que deformou seu rosto e provocava dores terríveis.
Ela teve seu pedido para morrer com a ajuda de um médico negado pela Justiça.
Vincent Humbert, um jovem que havia se tornado tetraplégico, surdo e mudo após um acidente de carro, havia escrito ao ex-presidente Jacques Chirac para solicitar o direito de morrer.
Sua mãe provocou sua morte em 2003 com a ajuda de um médico. Ambos foram absolvidos pela Justiça.