domingo, 31 de março de 2013

Shakespeare era especulador, revelam documentos

Documentos descobertos no País de Gales mostram que o principal nome da literatura em língua inglesa, William Shakespeare, era mais que um dramaturgo.
Shakespeare era um poderoso proprietário de terras e especulava com o preço dos alimentos.
Segundo os documentos descobertos pela Universidade de Aberyswyth, no País de Gales, Shakespeare se beneficiou da fome e da miséria da população da época.
Registros do fisco mostram que Shakespeare foi processado várias vezes por estocar alimentos ilegalmente e vendê-los depois revendê-los com preços inflacionados.
O autor de Romeu e Julieta e O Mercador de Veneza parou de trabalhar aos 24 anos.
Na época, já era o maior proprietário de terras de sua cidade natal, Stratford-upon-Avon.
Acredita-se que Shakespeare tenha tido a si como referência ao escrever Coriolano, que retrata os distúrbios desatados pela estocagem de grãos durante um período de fome.

sábado, 30 de março de 2013

As ameças da Coreia do Norte são para valer?

Declarações de guerra e ameaças contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos não são novidades.
A última foi a declaração de Pyongyang sobre a retomada do "estado de guerra" com a Coreia do Sul.
Em 1994, o negociador da Coreia do Norte ameaçou transformar Seul em um “mar de fogo”, levando muitos moradores da capital sul-coreana a se preparem para o pior e estocarem comida.
Após o ex-presidente George W. Bush incluir o país no chamado “eixo do mal”, em 2002, Pyongyang disse que “varreria sem piedade os agressores”.
Em junho do ano passado, o Exército da Coreia do Norte disse que a artilharia estava apontada para sete conglomerados de comunicação da Coreia do Sul, falando em uma “guerra sagrada sem piedade”.
Enquanto muitos analistas desdenham das retóricas classificando-as como blefe, muitos mencionam a “tirania da baixa expectativa”, lembrando que os norte-coreanos estiveram envolvidos em vários confrontos nos últimos anos.
“Se você seguir a imprensa norte-coreana, constantemente vai ver linguagem belicosa contra os Estados Unidos e a Coreia do Sul, ocasionalmente contra o Japão. É difícil saber o que levar a sério”, diz o professor John Delury, da Universidade Yonsei, da Coreia do Sul.
“Mas quando você olha alguns ocasiões em que algo realmente aconteceu, como o ataque as ilhas da Coreia do Sul em 2010, há um alerta real”, disse.

Além do blefe

Manobras navais dos EUA e da Coreia do Sul na península coreana
A Coreia do Norte se opõe fortemente às manobras conjuntas entre EUA e Coreia do Sul
As atuais ameças ocorrem após os exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul.
“Quando um país ameaça com uma guerra preventiva nuclear, é para se preocupar”, diz Andrea Berger, do Royal United Services Institute de Londres.
Outros analistas acham que as ameças são,na verdade, um meio da Coreia do Norte negociar um tratado de paz com os Estados Unidos.
“Parece que eles (Coreia do Norte) acredita que não serão levados a sério até que negociem (a paz) com considerável força militar. Isso é coerente com as políticas militares de Pyongyang”, diz Berger.
John Delury tem opinião semelhante.
“A mensagem de Pyongyang é: ‘vocês não podem acabar com conosco, nós não vamos sair daqui, vocês têm de negociar’”, argumenta.
As últimas ameaças têm sido vistas como blefe proque um eventual ataque nuclear é visto como uma ação suicida do regime norte-coreano.

EUA como alvo

Há poucas evidências de que a Coreia do Norte tenha desenvolvido um sistema eficiente para ataques balísticos, com alvos acurados.
Também é pouco provável que consiga furar o bloqueio do escudo balístico americano.
Um ataque nuclear é ainda mais incerto, já que analistas não acreditam que a Coreia do Norte tenha desenvolvido tecnologia necessária para fazer uso de seus armamentos nucleares.
Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, há evidências de que a Coreia do Norte tenha mísseis que até poderiam chegar aos Estados Unidos.
“Mas um míssel balístico nuclear de alcança internacional ainda vai demorar vários anos” para ser desenvolvido, disse o instituto.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Casa Branca culpa Coreia do Norte por tensão

Os EUA culparam a Coreia do Norte pelo aumento na tensão entre os dois países, depois que Pyongyang ameaçou lançar uma ação militar em resposta a manobras com bombardeiros americanos na península coreana.
A Casa Branca acusou a Coreia do Norte de usar uma “retórica belicista”.
Disse ainda que uma recente resolução da ONU condenando um teste nuclear realizado por Pyongyang mostra que a Coreia do Norte está isolada internacionalmente.
A China e a Rússia pediram que ambos os lados evitem um confronto potencialmente perigoso.

PM usa bombas de efeito moral em tumulto na Fonte Nova

A Polícia Militar usou bombas de efeito moral para conter um tumulto nesta sexta-feira durante a venda de ingressos para a partida de inauguração da Arena Fonte Nova, em Salvador.
O estádio vai abrigar os jogos da Copa das Confederações, em junho, e da Copa do Mundo de 2014.
O tumulto envolvendo torcedores do Esporte Clube Bahia começou por volta das 10h, quando foram abertas as bilheterias para a venda de ingressos para a partida entre o Bahia e o Vitória, marcada para 7 de abril.
Ainda não há informações sobre feridos.

Quadrilhas africanas no Brasil usam correio para 'exportar' drogas

Quadrilhas africanas que operam no Brasil estão enviando drogas de forma sistemática para a Espanha, a China e o Reino Unido por meio de serviços postais. A Polícia Federal faz cerca de 50 apreensões por mês dessas remessas. A maioria é de cocaína.
Para tentar enganar a polícia e a Receita Federal, os traficantes usam esconderijos inusitados para esconder a droga.
Entre as técnicas já identificadas estão rechear com pequenas quantidades de cocaína objetos como brinquedos, roupas, ferramentas e utensílios domésticos – e depois enviá-los ao exterior por meio do correio e de empresas de entregas internacionais.
Segundo o delegado Ivo Roberto Costa da Silva, da Polícia Federal, os grupos criminosos são formados majoritariamente por nigerianos. "Eles não chegam a formar uma facção ou uma máfia, mas às vezes se associam para traficar", afirmou o policial.
Os destinos preferidos para as remessas são Espanha e, em menor escala, China e Grã-Bretanha. Segundo Silva, as quadrilhas de africanos também têm ramificações nesses países. Seus membros se encarregam de receber os entorpecentes.
O crescimento do narcotráfico para a China, especificamente, tem chamando a atenção das autoridades. O país pulou do quinto lugar no ranking em 2009 para segundo em 2012. Uma hipótese investigada é que o crescimento econômico chinês tenha estimulado também o tráfico de drogas.
De acordo com o policial, alguns motivos explicam o porquê de quadrilhas africanas terem se instalado no Brasil. Um deles é a grande fronteira com países onde há produção de cocaína (Colômbia, Bolívia e Peru). Outro fator de estímulo seria o Brasil possuir grande número de voos de passageiros e de carga para a Europa.

Apreensões

Cocaína foi escondida em colher (foto: Receita Federal)
Utensílios domésticos também são usados como esconderijos
Em 2012, a Receita e a Polícia Federal apreenderam mais de 140 quilos de cocaína em cerca de 580 remessas ilegais por meio de serviços postais no Brasil.
O número representa uma queda de 35% em relação à quantidade de drogas apreendidas em 2009 – o ano em que essa modalidade de tráfico passou a ser combatida de forma mais intensa.
A diminuição da quantidade de apreensões seria um reflexo do combate feito pelas autoridades brasileiras a esse tipo de narcotráfico, na opinião de Hugo Garcia, chefe do Serviço de Remessas Postais Internacionais, da Receita Federal.
"Hoje 100% dos pacotes (enviados ao exterior) são examinados em um aparelho de raio-X. Alguns também são submetidos a um cão de faro", disse Garcia.
Cocaína enviada pelo correio com roupas (foto: Receita Federal)
Roupas são usadas para ocultar drogas enviadas pelo correio do Brasil para a Europa
O raio-X é semelhante ao utilizado em aeroportos. Sem ter que abrir os pacotes, as autoridades conseguem identificar substâncias suspeitas de serem entorpecentes. As remessas são então submetidas à análise de cães treinados para detectar cocaína pelo odor e abertas por agentes.
Segundo o delegado Silva, a alta taxa de apreensões no correio estaria fazendo com que as quadrilhas africanas se concentrassem em outra modalidade de tráfico internacional: o aliciamento de "mulas" – viajantes recrutados para engolir pacotes de cocaína e embarcar em voos para a Europa e para a África.
De acordo com a Polícia Federal, mais de uma tonelada de cocaína foi apreendida no ano passado só no aeroporto de Cumbica, em São Paulo.

Investigações

Segundo autoridades, os serviços postais são largamente usados por traficantes internacionais por oferecer a eles uma suposta sensação de segurança.
Mas, quando um pacote com drogas é encontrado pela Receita Federal, segundo Garcia, começa um trabalho de investigação policial. Ele envolve o rastreamento da agência onde a remessa foi enviada e até a busca por impressões digitais do traficante.
Cocaína oculta em níveis de construção (foto: Receita federal)
Quadrilhas africanas se especializaram em usar serviços postais no Brasil para traficar drogas
Em 2012, a Polícia Federal prendeu 12 membros das quadrilhas de origem africana operando no Brasil.
Porém, segundo Silva, a resistência de autoridades de outros países em colaborar com as investigações tem prejudicado as operações da Polícia Federal.
De acordo com ele, uma parte importante da investigação é permitir que remessas suspeitas entrem de forma controlada em seus países de destino – com o objetivo de identificar quem são os receptadores.
Contudo, autoridades da Espanha e de alguns países europeus não teriam cooperado em ações dessa natureza. Uma exceção é a Grã-Bretanha, segundo Silva, onde ao menos duas operações do gênero foram realizadas.

quinta-feira, 28 de março de 2013

ONU critica Brasil por 'uso excessivo de privação de liberdade'

Um grupo de trabalho da ONU criticou nesta quinta-feira o "uso excessivo da privação de liberdade" como punição a crimes no Brasil e deficiências na assistência jurídica a presos pobres no país.
As críticas constam de texto divulgado ao fim de uma visita de dez dias do grupo pelo país, a convite do governo brasileiro. No documento, a equipe se disse “seriamente preocupada” com o uso da privação de liberdade no Brasil.
O governo brasileiro não se pronunciou sobre as críticas.
"O Brasil tem uma das maiores populações de prisioneiros do mundo, com mais de 550 mil pessoas na prisão. O que é mais preocupante é que cerca de 217 mil detidos aguardam julgamento em prisão preventiva."
Segundo os peritos, prender acusados ou condenados por crimes é a punição mais usada no país, embora o Brasil seja signatário de acordos internacionais que fornecem proteção contra a privação arbitrária de liberdade.
O grupo elogiou as alterações no Código de Processo Penal em 2011, que tratam a prisão preventiva como o último recurso aos que cometeram crimes com pena de prisão inferior a quatro anos.
Os especialistas consideraram positivas, ainda, mudanças na Lei de Execução Penal que reduzem sentenças de prisioneiros que busquem educação.
No entanto, a equipe observou uma "tendência preocupante" de que a privação de liberdade está sendo usada como primeiro recurso, em vez de último. O grupo alertou ainda para o aumento de 33% na proporção de indígenas presos em relação à população carcerária geral nos últimos anos.
“O grupo de trabalho também foi informado que as pessoas indígenas foram muitas vezes discriminadas tanto em relação a medidas preventivas aplicadas quanto em relação à punição imposta, o que muitas vezes envolveu uma prisão dura.”
A equipe, que visitou centros de detenção em Brasília, Campo Grande, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo, diz ter encontrado pessoas presas em razão de infrações leves, que deveriam ter sido punidas com medidas alternativas.
Os especialistas condenaram ainda as dificuldades para que brasileiros pobres tenham assistência jurídica. Segundo o grupo, boa parte da população carcerária no país não tem condições de pagar advogados, dependendo de defensores públicos.
No entanto, o documento diz que o número de defensores no país é inadequado. Há inclusive Estados – como Santa Catarina, Paraná e Goiás – onde não há nenhum defensor público.
“A sobrecarga de trabalho dos defensores públicos também é um problema crítico”, afirma o grupo, que cita casos em que profissionais lidam com até 800 casos ao mesmo tempo.
“Mesmo em Estados onde há um sistema de defensoria pública, muitas vezes as áreas rurais ou do interior não têm defensores públicos atendendo as pessoas em detenção.”
O longo período que antecede o julgamento de acusados no Brasil foi outro problema apontado pelos especialistas, que citam casos de presos que esperam por julgamento há anos.
A equipe da ONU expressou ainda preocupações com prisões de dependentes de drogas. “O grupo de trabalho está seriamente preocupado com a informação de que estas medidas também são fortemente aplicadas devido a futuros grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 que o Brasil sediará”.
Na visita, a delegação se reuniu com as autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário nas esferas federal e estadual e com organizações da sociedade civil.
O grupo, integrado pelo chileno Roberto Garretón e pelo ucraniano Vladimir Tochilovsky, foi acompanhado por equipe do Escritório da ONU do Alto Comissariado para os Direitos Humanos em Genebra.
A visita gerará um relatório, a ser apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2014.
Contatado pela BBC Brasil, o Ministério da Justiça não comentou as críticas da delegação da ONU.

Hollande condiciona envio de armas à Síria a sua entrega aos rebeldes

Paris, 28 mar (EFE).- O presidente da França, François Hollande, condicionou o hipotético envio de armas à Síria em troca de ter a certeza que esse armamento chegará aos opositores "legítimos" ao regime de Bashar al Assad.
Os representantes dos 27 países da União Europeia (UE) tinham discutido na semana passada os repetidos pedidos da França e do Reino Unido para suspender o embargo de armas europeu à Síria e permitir o envio de equipamentos militares à oposição, mas descartaram essa ideia em favor de uma solução política.
Nestes dois anos de conflito, segundo Hollande, "houve mais de 100 mil mortes na Síria, com uma guerra civil que se radicaliza e jihadistas que aproveitam esta oportunidade para bater em Assad e ao mesmo tempo tomar um lugar para o futuro".
O presidente francês, em entrevista concedida à principal emissora pública do país, "France 2", assegurou hoje que respeita o embargo existente, mas pediu que a possibilidade de sua suspensão seja estudada.
"Não podem entregar armas quando acabar o embargo se não se têm a certeza que essas armas serão utilizadas por opositores legítimos", declarou Hollande, não sem defender essa via apenas quando se possa confirmar que "a oposição tem um controle total da situação". EFE

Assassinato de jovem choca Equador

O brutal estupro e assassinato de uma jovem de 20 anos chocou o Equador e chamou a atenção sobre o problema da violência contra a mulher no país.
O corpo de Karina del Pozo foi encontrado com sinais de golpes na cabeça e de estrangulamento após uma busca de vários dias realizada por seus familiares.
Cinco jovens que participaram de um evento social com Karina na noite do crime estão presos. Segundo depoimentos prestados às autoridades e vazados para a imprensa, acredita-se que três deles tivessem ligação direta com o crime.
O jornal equatoriano El Universal diz que um dos acusados, identificado como Geovanny P., teria dito a seus amigos ''querem ver como se mata uma prostituta?'' e, em seguida, começado a golpear a cabeça da jovem.
O caso teve ampla repercussão, entre outros motivos, por sua ampla difusão pelas redes sociais do país. A família de Karina del Pozo, morta em Quito no dia 20 de fevereiro, tem organizado várias passeatas desde sua morte como forma de protesto e conscientização para o problema da violência contra a mulher no país.
José Luis del Pozo, primo de Karina, acredita que a divulgação do caso pelas redes sociais e pelos meios de comunicação do país foram importantes para chamar a atenção sobre o problema.
''Acreditamos que este caso padrão servirá para que venham à tona outros casos que estão arquivados'', disse, em entrevista à BBC.
Muitos familiares de outras mulheres assassinadas no país aderiram às manifestações; outras estão sendo planejadas para os próximos dias.

Em meio a ameaças da Coreia do Norte, Coreia do Sul cogita arsenal nuclear

Crescente número de políticos e colunistas defende medida perante avanço de programa nuclear e de mísseis de Pyongyang e temores de que EUA não possam manter apoio a Seul

Enquanto seu país prosperava, a maioria dos sul-coreanos amplamente desconsiderava a constante ameaça de um ataque da Coreia do Norte. Mas avanços em mísseis e no programa nuclear e fortes ameaças de guerra têm aumentado os temores no Sul de que até mesmo pequenos erros de cálculo de novos e inexperientes líderes possam ter consequências desastrosas.
Canal de diálogo: Coreia do Norte diz que cortou contato militar direto com o Sul
Jornal: Coreia do Norte anula armistício com Coreia do Sul
Reuters
Soldados sul-coreanos de unidade blindada participam de disparo em campo em Pocheon, a 15 km de zona desmilitarizada que separa a Coreia do Sul da Coreia do Norte
Ameaça: Coreia do Norte diz que colocou tropas em posição de combate contra os EUA
Agora, essa nova sensação de vulnerabilidade faz com que alguns influentes sul-coreanos quebrem um tabu de décadas ao pedir abertamente que o Sul desenvolva seu próprio arsenal nuclear, um movimento que poderia aumentar o que está em jogo em uma das regiões mais militarizadas do mundo.
Embora poucos em Seul acreditem que isso deverá acontecer a qualquer momento, duas pesquisas de opinião recentes mostraram que dois terços dos sul-coreanos apoiam a ideia exposta por um pequeno mas crescente número de políticos e colunistas - um reflexo, de acordo com analistas, da mudança de atitudes desde o teste nuclear subterrâneo da Coreia do Norte em 12 de fevereiro, o terceiro desse país desde 2006.
Quinta-feira: Coreia do Norte ameaça base dos EUA no Pacífico
Assista: Coreia do Norte divulga vídeo com simulação de 'ataque' aos EUA
"O terceiro teste nuclear foi para a Coreia do Sul o que a crise dos mísseis em Cuba significou para os EUA", disse Han Yong-sup, um professor de política de segurança na Universidade Nacional de Defesa da Coreia, em Seul. "Ele fez com que a ameaça da Coreia do Norte parecesse muito próxima e real."
Mas, além do medo imediato de uma provocação militar, analistas disseram que a Coreia do Sul também está preocupada. Um dos maiores medos é o ressurgimento de antigas preocupações sobre a confiabilidade do protetor de longa data dessa nação, os EUA, que têm procurado assegurar seu aliado de que continuará comprometido com a região.
Após terceiro teste nuclear:  ONU aprova novas sanções contra Coreia do Norte
Reação: Coreia do Norte rejeita sanções da ONU e China pede diálogo
Especialistas afirmaram que a discussão sobre aquisição de armas nucleares pela Coreia do Sul é uma forma oblíqua de expressar os medos de um número pequeno mas crescente de sul-coreanos de que os EUA, por causa de cortes orçamentários ou por falta de vontade, podem um dia não agir como um porto seguro político da Coreia do Sul.
Decisão: EUA reforçarão defesa de mísseis contra a Coreia do Norte
"Os americanos não acreditam que as armas nucleares da Coreia do Norte sejam uma ameaça direta", disse Chung Mong-joon, um filho do fundador do grupo industrial Hyundai e ex-líder do partido do governo, que tem sido o principal proponente do desenvolvimento de um programa de armas nucleares da Coreia do Sul. "Em um momento de crise, não há 100% de certeza de que os americanos nos protegerão com seu guarda-chuva nuclear."

Nova lei cria dilemas e expectativa para domésticas

Nos fundos de um prédio na Asa Sul, bairro nobre de Brasília, a aprovação de uma legislação que amplia os direitos de trabalhadores domésticos tornou-se o principal assunto entre babás e empregadas na quarta-feira.
Enquanto descansavam ou observavam os filhos dos patrões no playground, elas debatiam os efeitos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 478/10, que estendeu à categoria direitos como hora extra, fundo de garantia, seguro contra acidentes, auxílio-creche, licença-maternidade, adicional noturno e jornada máxima de 44 horas semanais.
Ainda que não estivessem a par dos detalhes da medida, quase todas se mostraram esperançosas de que a categoria seja mais valorizada com a PEC. Algumas, porém, citaram colegas que temem ser demitidas em razão do aumento dos custos para os patrões.
Doméstica há um ano, Marcela (nome fictício), de 24 anos, nunca teve a carteira assinada. Ela diz que a patroa propôs contratá-la formalmente, mas que recusou porque "não queria ficar amarrada" no emprego.
Marcela pretendia trabalhar como doméstica por um curto período e voltar à escola para concluir o ensino médio, plano que acabou adiando. Com a nova lei, ela afirma que pedirá à patroa que a formalize. Com o limite à jornada previsto na PEC, ela espera sair do trabalho mais cedo e estudar à noite.
Para Luiza (nome fictício), de 42 anos, o limite à jornada e o pagamento por hora extra são as principais vantagens da nova legislação. Ela, que tem carteira assinada, diz trabalhar cerca de 50 horas por semana – seis a mais do que o limite imposto pela PEC. Caso mantenha a jornada, calcula que ganhará ao menos R$ 90 além do salário de R$ 700 mensais.
Já Paula (nome fictício), de 30 anos, teme ser prejudicada pelo controle de horas. Hoje, diz ela, seu patrão não controla rigidamente sua chegada, que varia conforme o trânsito.
Normalmente, Paula diz levar duas horas e meia no trajeto entre sua casa, no município goiano de Cidade Ocidental, e Brasília. Em dias chuvosos ou quando há acidentes, porém, afirma que a viagem pode levar até três horas e meia. "Acho que a gente vai ser mais cobrada a cumprir o horário".
Os novos direitos das domésticas fizeram com que Márcia (nome fictício), de 37 anos, passasse a considerar voltar à carreira. Hoje funcionária de uma barraca de lanches, ela começou a trabalhar como doméstica aos 14 anos – "para pagar minha festa de 15 anos".
Ele disse ter perdido a conta de quantos patrões teve – entre eles, uma patroa que a humilhou com gritos – até servir um casal com um bebê. Márcia passou dez anos na casa, onde diz que se sentia "quase parte da família".
"Eles nunca me trataram como empregada, sempre diziam para os outros que eu era uma secretária." Márcia se refere ao filho do casal, já adulto, como 'meu menino".
O laço se rompeu quando, durante uma gravidez de risco, deixou a casa e os 15 anos de trabalho como doméstica. Entre as desvantagens da carreira, cita as longas jornadas, o trabalho desgastante e o risco de ter de lidar com patrões grosseiros e autoritários.

Benefícios

Paula trabalha como doméstica e cuidadora de idosos
Domésticas podem ser forçadas a se tornar diaristas após nova lei
Para Paula, que trabalha como doméstica e cuidadora de um idoso há um ano, o maior benefício da carreira é não enfrentar a competição de colegas.
Embora avalie que a nova legislação favorecerá as domésticas de forma geral, ela diz que metade das trabalhadoras que conhece teme ser demitida com as novas regras. "Acho que muitas vão virar diaristas."
A PEC não alterou as regras para diaristas que vão até duas vezes por semana ao local de trabalho. A categoria segue sem direitos trabalhistas.
Críticos da PEC afirmam que, ao encarecer os custos dos patrões, ela aumentará a informalidade no setor, fazendo com que muitos patrões deixem de contratar com carteira assinada e com que domésticas se tornem diaristas.
Porém, para Antonio Ferreira Barros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Distrito Federal, a PEC terá efeito contrário.
"Hoje só 15% dos trabalhadores domésticos no Brasil têm carteira assinada, porque não tinham os direitos assegurados por lei. Já recebi um monte de ligações de gente querendo se formalizar e de diaristas querendo voltar a ser domésticas, com todos os direitos".
Segundo Barros, mesmo com o aumento nos custos trabalhistas, manter empregadas domésticas continuará a ser vantajoso para a grande maioria das famílias que hoje conta com o serviço.
"Qual patroa vai conseguir mandar toda a roupa da família para a lavanderia? Ela vai mandar a família comer no restaurante todos os dias? Vai levar os filhos para a creche?"
A legislação, diz ele, desencorajará práticas "escravistas" entre empregadores. "Conheço muitas empregadas que dormem no serviço e são acordadas por patroas que voltam da boate às três da manhã querendo um lanche. Outras têm que ficar acordadas até altas horas da noite para servir o jantar do filho do patrão quando ele chega da faculdade."
Para Barros, os próprios empregados garantirão a aplicação das novas leis. "A categoria está muito bem informada, o assunto está tendo muita visibilidade. Essa não é uma luta nova: faz 30, 40 anos que brigamos por esses direitos."

Mercado de trabalho

Mesmo que a nova medida venha a causar demissões, domésticas ouvidas pela BBC Brasil não demonstraram grande preocupação.
"Se não der para ficar onde estou, arranjo outra coisa", afirma Luiza.
Para Marcela, "hoje em dia só fica desempregado quem quer". Ela afirma ter recebido recentemente um convite para trabalhar na limpeza de um hospital, o que consideraria mais vantajoso do que trabalhar como diarista.
"Prefiro ter o dinheirinho seguro todo mês. Trabalho de diarista é instável: você recebe por dia trabalhado e logo gasta."

quarta-feira, 27 de março de 2013

Acusado de massacre nos EUA quer evitar pena de morte

Advogados do americano James Holmes - acusado de assassinar 12 pessoas em um cinema no Colorado, Estados Unidos, no ano passado - afirmaram que ele se declarará culpado para evitar a pena de morte.
A defesa do acusado chegou a levantar durante o processo a hipótese de defender sua inocência - alegando problemas mentais.
Promotores, por sua vez, devem pedir a pena capital. O julgamento de Holmes está previsto para acontecer em agosto.

Mais de 30 prisioneiros já estão em greve de fome em Guantánamo

A Casa Branca disse nesta quarta-feira que está monitorando com atenção a greve de fome adotada por um crescente número de prisioneiros no Campo de Detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba.
Segundo fontes militares, já são 31 os detentos da prisão militar americana em greve de fome. A prisão abriga um total de 166 detentos.
Alguns dos prisioneiros em greve de fome estão sendo alimentados com líquidos por meio de tubos.
Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que a ação, iniciada em fevereiro, reflete a crescente frustração por parte dos prisioneiros em relação a sua detenção por tempo indeterminado.

Coreia do Norte corta ponto de contato com o Sul

O governo da Coreia do Norte decidiu cortar um ponto de contato com a vizinha Coreia do Sul, em meio a uma escalada da retórica bélica do país, que chegou a ameaçar um ataque nuclear contra os Estados Unidos nos últimos dias.
O ponto de contato é usado para facilitar a passagem de trabalhadores sul-coreanos para um complexo industrial em Kaesong.
Os norte-coreanos têm tomado uma série de medidas em retaliação a novas sanções das Nações Unidas contra o país aprovadas no dia 12 de fevereiro.

terça-feira, 26 de março de 2013

Serviço secreto dos EUA terá uma diretora

Pela primeira vez, os Estados Unidos terão uma mulher no comando de seu serviço secreto.
Julia Pierson, ex-chefe de gabinete do órgão assumirá o cargo de Mark Sullivan - que anunciou sua aposentadoria no mês passado.
O serviço secreto americano investiga crimes financeiros e protege o presidente Barack Obama e sua família.

Arábia Saudita acusa Irã de espionagem

O Ministério do Interior da Arábia Saudita acusou nesta terça-feira o Irã de estar por trás de uma suposta rede de espionagem no país.
Na semana passada, autoridades sauditas prenderam supostos envolvidos no esquema.
Por meio de um comunicado, o órgão do governo saudita afirmou ter provas materiais e confissões de que os acusados teriam recebido dinheiro do governo iraniano para obter informações sobre o país.
Teerã, entretanto, negou qualquer envolvimento no esquema de espionagem.

Coreia do Norte diz estar pronta a atacar os EUA

A Coreia do Norte anunciou que sua artilharia está preparada para atacar alvos americanos no Estado do Havai, no território de Guam e até no território continental dos Estados Unidos.
O anúncio foi feito pela TV estatal norte-coreana e ocorre um dia após o acordo de defesa mútuo assinado entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.
O anúncio também ocorre no dia em que a Coreia do Norte lembra o afundamento do navio sul-coreano Cheonan, que deixou 46 mortos em 2010.
O afundamento do barco aumentou a tensão entre os dois países. Nos últimos dias, o regime liderado pelo jovem Kim Jong-un fez varias declarações que foram consideradas provocações pelos sul-coreanos.

segunda-feira, 25 de março de 2013

ONU retira funcionários internacionais da Síria

A ONU está retirando da Síria cerca de metade de seus funcionários internacionais devido à insegurança no país.
A decisão foi tomada após morteiros caírem próximo ao hotel usado por funcionários da organização, em Damasco.
O prédio e um veículo da ONU foram atingidos.
A organização tem cerca de 100 funcionário de outras nacionalidades que não sírios no país.
Em um comunicado, a ONUG informou que continua comprometida em fornecer assistência às milhões de pessoas que sofrem com a guerra no país.
Grupos de direitos humanos estimam que o conflito já matou mais de 80 mil pessoas desde 2011 e deixou mais de 1 milhão de desabrigados.

EUA entregam polêmico presídio ao controle afegão

Os EUA entregaram nesta segunda-feira o controle da famigerada prisão de Bagram ao governo afegão.
Era o único presídio no país ainda sobre comando americano, algo que gerava tensão entre Cabul e Washington.
A cerimônia de transferência ocorreu durante a visita-surpresa do secretário de Estado americano, John Kerry, ao Afeganistão, para conversas com o presidente Hamid Karzai.
Bagram foi sempre alvo de polêmica, por ter sido palco de diversas acusações de abusos de direitos humanos cometidos contra prisioneiros. O local recebeu o apelido de "Guantánamo do Afeganistão".
A transição de comando às forças afegãs fora adiada previamente por desacordos quanto ao destino de prisioneiros considerados perigosos. Ficou definido que o Afeganistão não vai liberar detentos "perigosos" sem uma revisão de seus casos, e cerca de 50 prisioneiros continuarão sob custódia americana.

Justiça indiana tenta encerrar processo iniciado em 1878

Assim como no Brasil, a lentidão da Justiça na Índia é apontada como um dos calcanhares de aquiles para o desenvolvimento do país.
Com milhões de casos pendentes nos tribunais do país, no entanto, há um processo que chama a atenção por sua antiguidade - ele se arrasta desde 1878.
O processo envolve a disputa por um pedaço de terra em Doshipura, na cidade de Varanasi. Quando o caso começou, a Índia ainda estava sob mandato britânico, Rutherford Hayes era o 19º presidente dos Estados Unidos e ainda levariam 28 anos para que Santos Dumont sobrevoasse Paris com seu 14-Bis.
Hoje, Barack Obama é o 44º presidente dos Estados Unidos, a Índia independente tem Pranab Mukherjee como seu 13º presidente, e a chegada do homem à Lua é notícia velha.
Durante todo esse tempo, a comunidade muçulmana xiita de Doshipura vem processando a comunidade sunita por uma área de 2 acres (cerca de 8 mil metros quadrados). Até hoje, nenhuma conclusão foi alcançada.

Marajá

O pai, o avô, o bisavô e outros antepassados do xiita Jaffar Imam encabeçaram o processo ao longo das décadas. "Eles tiveram que fazer isso, então hoje precisamos lutar", comenta.
O representante da outra parte no processo é Khalilur Rahman, um sunita de 80 anos. "Não queremos contestar isso, mas se alguém chega até você, o que você faz?", questiona.
Acredita-se que o marajá de Benares (como Varanasi era chamada no mandato britânico) era o dono original da terra em disputa.
Os xiitas dizem que o marajá deu a terra a eles de presente, seguindo orientações religiosas, mas os sunitas dizem que o local é um cemitério antigo e que os xiitas não têm autoridade religiosa sobre ele.
Khalilur Rahman
Khalilur Rahman diz não ter opção a não ser continuar com defesa contra processo de xiitas
Os sunitas dizem que o terreno abriga tumbas não identificadas de dois sunitas.
O processo já passou por dezenas de tribunais, mas nenhuma solução efetiva foi encontrada até agora.
Apesar disso, na maioria dos tribunais, o argumento dos xiitas foi aceito.
Em 1976, os sunitas levaram o caso à Suprema Corte da Índia, que em 3 de novembro de 1981 deu seu veredicto a favor dos xiitas.
A Suprema Corte ordenou ao governo de Varanasi que construísse um muro no entorno do terreno e que levasse as duas tumbas para outro local.
Mas o governo do Estado de Uttar Pradesh, onde está Varanasi, alegou à Justiça que a realocação das tumbas poderia levar à violência, e até agora nada foi feito.

Negociações

A Suprema Corte questionou agora o governo do Estado sobre a razão de a ordem estar pendente há 32 anos. A Justiça parece querer resolver a questão agora por meio de negociações.
Mas as posições das duas partes, até aqui, não se mostram animadoras.
"Desde o começo esse caso tem deixado os tribunais bravos. Estamos prontos a ter tanto os sunitas quanto os xiitas usando a terra para finalidades religiosas", afirma Rahman.
Mas Imam contesta, dizendo: "Até a mais alta corte do país está sendo desrespeitada aqui. Não deixaremos os sunitas realizarem rituais religiosos neste pedaço de terra", diz.
"Nós somos uma minoria minúscula e há centenas de milhares de sunitas nesta área. Por isso ninguém nos escuta. Mas nós temos plena fé no judiciário", acrescenta.
E assim a batalha continua...

domingo, 24 de março de 2013

Milhares protestam contra casamento gay em Paris

Milhares de manifestantes protestaram nesse domingo em Paris contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. É a terceira manifestação contra a lei proposta pelo governo do presidente francês, François Hollande.
Os protestos, que contam com a participação de diversos deputados conservadores, acontecem um mês e meio depois que os deputados aprovaram a lei que legaliza o casamento gay.
Para entrar em vigor, a lei precisa da aprovação do Senado, que deve discuti-la em abri.
A manifestação aconteceu ao redor do Arco do Triunfo, depois que as autoridades proibiram que o trajeto acontecesse na avenida Champs Élysées, como haviam pedido os organizadores.

Israel lança míssil contra Síria nas colinas de Golã

O Exército israelense lançou um míssil contra um posto militar na Síria, ferindo dois soldados sírios.
Relatos dizem que soldados israelenses lançaram um míssil guiado antitanques contra o posto sírio no sul das colinas de Golã, depois que uma patrulha de Israel foi alvejada.
Pouco depois do incidente, o novo ministro de Defesa israelense, Moshe Yaalon, disse que toda a agressão dos sírios no território ocupado por Israel teria resposta imediata.
Nas últimas semanas aumentou a tensão na região, onde se registraram diversos incidentes de troca de tiros na fronteira.

sábado, 23 de março de 2013

Bolívia vai exigir em Haia que Chile devolva saída para o mar

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesse sábado que nos próximos dias apresentará ao Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, uma demanda contra o Chile para buscar a restituição da saída do país ao mar.
Morales fez o anúncio em um discurso em comemoração ao dia do Mar, lembrando a invasão do território costeiro boliviano pelo Chile em 1879.
"Decidi que nos próximos dias uma comissão viajará a Haia e apresentará a demanda para recuperar a saída para o mar com soberania", disse.
"Ao decidir não ouvir as reclamações do povo boliviano, o Chile lhe nega a paz, a solidariedade e a irmandade, nega a integração latino-americana e destrói o anseio dos povos de viver em paz e harmonia compartilhando benefícios mútuos", afirmou o presidente.
A Bolívia, juntamente com o Peru, foi à guerra contra o Chile no final do século 19, depois que soldados chilenos ocuparam o território costeiro boliviano.
A guerra do Pacífivo custou à Bolívia 400 km de costa e 120 mil quilômetros quadrados de superfície

Rebeldes dizem ter tomado base estratégica na Síria

Rebeldes sírios dizem ter capturado uma base aérea estratégica do país depois de duas semanas de combate.
Em um vídeo divulgado na internet, os ativistas mostram o que dizem ser o corpo mutilado do comandante da base, o general Mahmoud Darwish, sobre uma poça de sangue.
Não foi possível verificar de forma independente os relatos sobre a captura da Base 38, que fica na estrada entre Damasco e Amã, a capital da Jordânia.
Os correspondentes da BBC na região dizem que os combates no sul da Síria se intensificaram. Os rebeldes estão tentando assegurar o domínio sobre as rotas de abastecimento antecipando um possível avanço até Damasco.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Polícia pede que 16 sejam indiciados pelo incêndio na boate Kiss

A polícia civil do Rio Grande do Sul apresentou nesta sexta-feira a conclusão do inquérito sobre a tragédia na boate Kiss, em que pede o indiciamento de 16 pessoas pelo incêndio, que deixou 241 mortos e 623 feridos na cidade de Santa Maria, em 27 de janeiro.
"Tínhamos uma casa funcionando em absoluta irregularidade", disse o delegado Marcelo Arigony, ao listar os problemas da boate, como superlotação, reformas irregulares e falta de sinalização.
Serão indiciados por homicídio doloso (por dolo eventual, ou seja, assumindo o risco de matar) o vocalista da banda Gurizada Fandangueira (que acendeu o sinalizador que provocou o incêndio), Marcelo de Jesus dos Santos; o produtor da banda, Luciano Bonilha Leão; os dois sócios, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann; e o gerente da Kiss, Ricardo de Castro, além da mãe e da irmã de Spohr, respectivamente Marlene e Angela Callegaro.
Dois bombeiros vistoriadores da boate, Gilson Martins Dias e Vagner Guimarães Coelho, também foram indiciados por homicídio doloso (dolo eventual), "pela verificação falha" do local.
Por homicídio culposo, serão indiciados os secretários municipal de Mobilidade Urbana, Miguel Passini, e de Meio Ambiente, Luiz Alberto Carvalho Jr.; o chefe de fiscalização da secretaria de Mobilidade, Beloyannes Orengo de Pietro Jr.; e o responsável pela emissão do alvará de localização da boate Kiss, Marcus Vinicius Biermann, funcionário da secretaria de Finanças.
Um ex-sócio da boate será indiciado por falso testemunho, e dois bombeiros por fraude processual.
Arigony afirmou ainda que o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, deve ser investigado pela Justiça por "indícios de prática de homicídio culposo", além do comandante regional do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, coronel Moisés Fuchs, e de outros nove bombeiros, que serão remetidos à Justiça Militar.

Irregularidades

O delegado listou uma série de irregularidades que levaram à tragédia, segundo apontaram provas e testemunhas. Entre as principais estão:
  • Superlotação (haveria no local mais de mil pessoas; se a casa estivesse corretamente equipada, caberiam ali apenas 769);
  • Falta de rota de fuga sinalizada para emergências e apenas uma porta de saída e entrada;
  • Barras de ferro de contenção impediram muitas pessoas de chegar à saída da boate a tempo de se salvar;
  • Uso de um sinalizador barato (para ambientes externos), que causou o fogo;
  • Falha nos extintores de incêndio acionados para conter o fogo;
  • Reformas na casa foram realizadas sem projeto aprovado por autoridades e sem responsável técnico; o inquérito apontou também falhas na fiscalização do local e na emissão de alvarás;
  • Falha no treinamento dos seguranças da boate, que nos primeiros segundos (ou minutos, de acordo com testemunhas) impediram a evacuação do local.
O delegado também citou "falhas severas" no salvamento realizado pelos bombeiros, que não impediram civis de entrar no local (cinco deles morreram tentando resgatar vítimas).
Segundo Arigony, o fogo, iniciado às 3h17 do dia 27 de janeiro, se propagou "em questão de segundos" e matou as 241 vítimas por asfixia, causada pela fumaça tóxica da espuma que revestia a Kiss.
Quatro pessoas já estão presas: Spohr e Hoffmann, sócios da casa, e os dois integrantes da Gurizada Fandangueira.
O inquérito dos 55 dias de investigações, com mais de 13 mil páginas, foi entregue nesta sexta-feira pela polícia à 1ª Vara Criminal do Fórum de Santa Maria.
Na semana que vem, o documento será analisado pelo Ministério Público.

Polícia usa gás para dispersar protestos em ação na Aldeia Maracanã

Em meio à operação de retirada dos índios da Aldeia Maracanã, na manhã desta sexta, a polícia do Rio usa spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes do local, na zona Norte da cidade.
O índio Afonso Apurinã disse à BBC Brasil que a maioria dos índios já deixou o Museu do Índio, mas acusou a polícia de usar spray de pimenta na retirada. Não foi possível ainda confirmar a informação com os policiais.
Há muito tumulto entre a polícia e os manifestantes que foram ao local demonstrar apoio aos índios, interrompendo temporariamente a via de acesso ao Museu do Índio.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Governo do Rio apresenta proposta ‘final’ para desocupação de Museu do Índio

O governo do Estado do Rio de Janeiro apresentou nesta quinta-feira uma proposta que classificou como "final" parta tentar convencer os índios que ocupam o prédio do antigo Museu do Índio, nas imediações do Estádio do Maracanã, na zona norte da cidade, a deixarem o local voluntariamente.
O prazo dado pela Justiça para que os índios desocupem o prédio terminou na última quarta-feira, e, caso não haja um acordo entre as partes, uma operação para a retirada dos índios da chamada Aldeia Maracanã pode acontecer a qualquer momento.
"Existe uma ordem judicial que será cumprida. Nós queremos que eles saiam pacificamente de lá", disse o secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira.
Teixeira apresentou à imprensa uma versão modificada da proposta que já havia sido negociada com as lideranças indígenas, que prevê a retirada dos ocupantes do imóvel e sua instalação em locais provisórios até que seja construído um centro de referência indígena.
Pelos termos da nova proposição, além dos quartos em um hotel usado para abrigar moradores de rua, os índios também poderiam se instalar provisoriamente em áreas em Jacarepaguá ou Bonsucesso ou ainda em uma estrutura provisória nas proximidades do Maracanã. Os ocupantes ainda teriam a opção de voltar às suas aldeias de origem ou receber aluguel social no valor de R$ 400.
A possibilidade de se instalar no hotel havia sido rejeitada previamente pelos indígenas. Na quarta-feira, o defensor público da União Daniel Macedo, que vem defendendo os índios, havia afirmado que o local não permitiria que eles preservassem seus costumes e tradições.
Além disso, o governo se comprometeu a construir um Centro de Referência da Cultura Indígena após a demolição da Unidade Prisional Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, zona norte. Embora não haja prazo para a entrega do centro, o secretário afirmou estimar que ele ficaria pronto em cerca de um ano e meio. A falta de uma data específica para a finalização do centro já havia sido alvo de críticas por parte dos índios.
"Estamos no prazo limite daquilo que poderíamos estar ofertando para que pudéssemos obter a resolução pacífica para isso", disse o secretário, que afirmou ser essa a "última" proposta.
Teixeira afirmou ainda ter solicitado na manhã desta quinta-feira que os índios formassem uma comissão para avaliar os novos locais, mas não obteve resposta.
De acordo com o secretário, o governo pretende preservar o prédio do antigo Museu do Índio e lá instalar um Museu Olímpico.
A reportagem da BBC Brasil não conseguiu localizar lideranças da Aldeia Maracanã ou representantes da Defensoria Pública da União para comentar a proposta.

Israel precisa agir para não cair em isolamento, diz Obama

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta quinta-feira em discurso em Jerusalém que Israel está em uma "encruzilhada" e precisa reverter seu isolamento - agregando que o país só prosperará como um Estado democrático judeu se houver a concretização de um Estado palestino independente.
Seu discurso ocorreu perante estudantes de Israel na primeira visita oficial do americano ao país, em que ele pediu aos israelenses que se coloquem na posição de palestinos e vejam a situação sob sua ótica.
A maior parte do discurso foi aplaudida, mas ele chegou a ser vaiado - e disse que as vaias são parte do debate e fizeram com que ele "se sentisse em casa".
Ao mesmo tempo, Obama também pediu aos palestinos, em sua visita a Ramallah, que abandonem a exigência de interrupção nos assentamentos judaicos como precondição para o diálogo de paz com Israel.
Ele afirmou que os assentamentos - construídos em terras reivindicadas por palestinos - são "contraproducentes" e "não apropriados para a paz". Mas acrescentou que isso não deve impedir as negociações bilaterais.
Obama disse também que mantém seu compromisso com a solução de dois Estados, mas que ambos os lados têm de superar desavenças.

EUA apoiam estado independente palestino, diz Obama

O presidente americano, Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão "profundamente comprometidos" com a criação de um estado palestino soberano.
Falando depois de uma reunião com o líder palestino, Mahmoud Abbas, na Cisjordânia, o presidente americano afirmou ainda que as atividades isralenses de expansão dos assentamentos não são "adequadas para a paz" e que a solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino é muito difícil mas ainda é possível.
Obama acrescentou que o secretário de Estado, John Kerry, vai dedicar tempo e energia para tentar aproximar os dois lados.
Mahmoud Abbas afirmou que teve uma reunião "boa e útil" com Obama em Ramallah.
Apesar das afirmações de Obama e Abbas depois da reunião, segundo analistas, os palestinos não têm muitas expectativas em relação à vista do presidente americano.
Em sua primeira visita oficial a Israel e aos territórios palestinos ocupados, Obama passa apenas algumas horas nos territórios palestinos antes de regressar a Israel.
Nesta quinta-feira, pouco antes de haver chegado à Cisjordânia, mísseis foram disparados a partir da Faixa de Gaza contra o sul de Israel.
Fontes israelenses acusaram o movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, de ter orquestrado os ataques.
Na quarta-feira, Obama prometeu apoio a Israel.
Ele se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e os dois líderes reafimaram o compromisso com uma solução de dois Estados para o conflito na região.
Depois da reunião, em Jerusalém, Obama afirmou que um elemento central para garantir uma paz duradoura no Oriente Médio "deve ser um Estado judeu forte e seguro onde as expectativas de segurança sejam atendidas, junto com um estado palestino soberano e independente".

Itamaraty teme por brasileiros no corredor da morte na Indonésia

A retomada das execuções de prisioneiros condenados à pena capital na Indonésia na semana passada levou o Ministério das Relações Exteriores a intensificar a atenção dada a dois brasileiros que estão no corredor da morte.
Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt Gularte foram condenados em última instância à pena de morte por tráfico de drogas e somente uma clemência presidencial poderá salvá-los do fuzilamento.
"O governo brasileiro acompanha com atenção a situação dos presos brasileiros na Indonésia e, respeitando as leis do país e as diferenças culturais existentes, procura prestar toda a assistência consular possível, tendo em vista o caráter humanitário da questão", afirmou à BBC Brasil a assessoria do Ministério das Relações Exteriores.
A preocupação se deve ao fato de o procurador-geral do país, Basrif Arief, ter afirmado à imprensa que o país irá fuzilar outros nove condenados até o final do ano e que até 20 presos poderiam vir a ter suas penas executadas antes de 2014.
Na quinta-feira da semana passada o africano do Malauí Adami Wilson foi fuzilado por tráfico drogas. Ele tentou entrar no país com um quilo de heroína em 2004 e foi acusado de coordenar uma gangue internacional de dentro da prisão.
Até então, a última vez que a Indonésia havia executado um condenado fora em 2008, quando os terroristas responsáveis pelo ataque a bomba à praia de Kuta, em Bali, foram fuzilados.
"Estamos preocupados com os comentários do procurador-geral, de que pelo menos outras nove pessoas serão executadas", disse à BBC Brasil Josef Benedict, da ONG de Direitos Humanos Anistia Internacional.
Tecnicamente, os brasileiros ainda não poderiam ser fuzilados, pois o pedido de clemência presidencial ainda está sob avaliação, mas falta transparência quanto à situação dos presos que aguardam no corredor da morte.
"Nós estamos incertos sobre quem será o próximo a ser executado e quando. Pedimos ao governo da Indonésia que seja transparente e disponibilize qualquer informação à respeito das próximas execuções", disse Benedict.

Execução

Em junho de 2012, a imprensa indonésia chegou a noticiar que Marco Archer Cardoso seria executado em julho, mas a informação foi desmentida pelo embaixador brasileiro após uma reunião pessoal com o procurador-geral Basrief Arief.
O carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi preso em flagrante ao tentar passar a fronteira com 13 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos estruturais de uma asa-delta, em 2004.
Igualmente esportista, o surfista catarinense Rodrigo Muxfeldt Gularte foi pego ao tentar trazer cocaína dentro da prancha.
O advogado indonésio que defende os dois brasileiros, Riak Akbar, disse em janeiro à BBC Brasil que o processo de pedido de clemência não foi concluído e que havia esperança de que a pena de morte pudesse ser convertida em prisão perpétua.
"Eu espero que ambos sejam perdoados pelo presidente Susilo Bam-bang Yudhoyono e tenham a pena alterada", disse Akbar.
Em dezembro de 2012, 113 presos aguardavam no corredor da morte na Indonésia - deste, 71 condenados por tráfico de drogas e muitos deles estrangeiros.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Como dois espiões ajudaram a causar a guerra no Iraque

Foto: BBC
O principal argumento que levou os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a invadir o Iraque há dez anos, o de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa, foi baseado em informações falsas divulgadas por dois espiões iraquianos.
É o que revela uma investigação conduzida pelo programa de televisão Panorama, exibido nesta semana pela BBC na Grã-Bretanha.
Mesmo antes da ação militar no Iraque, várias fontes confiáveis de serviços secretos ocidentais diziam que Saddam não tinha as supostas armas de destruição em massa.
No dia 24 de setembro de 2002, o governo do primeiro-ministro Tony Blair apresentou um dossiê sobre a suposta ameaça das armas de Saddam. "O programa de armas de destruição em massa do Iraque não foi encerrado", disse Blair. "Ele permanece ativo."
No entanto, o dossiê - preparado para o público doméstico e com um prefácio pessoal de Tony Blair assegurando "não haver dúvidas" de que Saddam Hussein continuava a produzir armas de destruição em massa - omitiu questionamentos feitos por agências de inteligência como o MI6 (serviço secreto britânico voltado para o exterior).
Frases e adjetivos como "esporádico e inconsistente" ou "permanece limitado" foram cortados do texto original, o que conferiu ao documento um grau de certeza que ele não deveria ter.

'Ouro de tolo'

Boa parte da informação-chave usada pela Casa Branca e por Downing Street (sede do governo britânico) foi baseada em invenções e mentiras.
No Panorama, o general Mike Jackson, então chefe do Exército britânico, diz que "o que parecia ser ouro em termos de inteligência acabou se revelando ouro de tolo, porque parecia, mas não era".
Frederick Butler, que chefiou o primeiro inquérito parlamentar sobre o dossiê após a guerra, diz que Blair e os organismos de inteligência britânicos "enganaram a si mesmos".
Butler e o general Jackson concordam que Blair não mentiu. Segundo eles, o primeiro-ministro realmente acreditava que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa.
Seja como for, boa parte da base das acusações contra Saddam no dossiê - que "justificou" uma guerra violenta que devastou um país e deixou mais de uma centena de milhares de mortos - derivara de informações falsas passadas por um desertor iraquiano, o espião Rafid Ahmed Alwan Al-Janabi.
Suas invenções e mentiras contribuíram para consolidar uma das maiores falhas de inteligência de que se tem memória.
Janabi ficou conhecido como Curveball (bola com efeito), codinome dado a ele pelos serviços secretos americanos - e que acabaria se mostrando bastante apropriado.

Dúvidas

Janabi chamou a atenção do serviço de inteligência alemão, o BND, ao se apresentar como engenheiro químico quando chegou a um centro de refugiados iraquianos na Alemanha, em 1999, pedindo asilo político.
Ele disse ter visto laboratórios biológicos móveis montados em caminhões para evitar sua detecção.
Os alemães tinham dúvidas sobre as informações passadas por Janabi e alertaram os serviços secretos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha sobre isso.
Foto: PA
Para Butler, Blair e serviços de inteligência "se enganaram"
O MI6 também tinha dúvidas, expressas em um telegrama secreto à CIA: "Elementos do comportamento [dele] nos desafiam por serem típicos de indivíduos que normalmente avaliaríamos como mentirosos, [mas estamos] inclinados a acreditar que uma parte significativa [do que dizia Curveball] é verdade."
O serviço de inteligência britânico decidiu aceitar as informações de Curveball, como fizeram os americanos - só bem mais tarde é que o ex-espião iraquiano viria a admitir que as informações eram fabricadas.
E, para azar dos serviços americano e britânicos, apareceram, na mesma época, informações de outro espião que pareciam confirmar as informações passadas por Curveball.
Tratava-se de um ex-oficial de inteligência iraquiano chamado Muhammad Maj Harith, que disse ter sido sua a ideia de desenvolver laboratórios biológicos móveis. Ele chegou a dizer que encomendou sete caminhões Renault para tal propósito.
Harith tinha desertado para a Jordânia, onde se entregou aos americanos. Aparentemente, ele inventou sua história porque queria um novo lar. Suas informações também viriam a ser descartadas como falsas.
O MI6 também havia acreditava ter uma confirmação da história de Curveball quando outra fonte, de codinome Rio Vermelho, revelou ter estado em contato com uma fonte secundária que disse ter visto fermentadores em caminhões.
Mas essa fonte jamais afirmou que esses fermentadores tinham a ver com a produção de armas biológicas. Depois da guerra, concluiu-se que Rio Vermelho também não era confiável como fonte.

Terno feito à mão

Mas nem todas as provas e evidências estavam erradas. Informações de duas fontes altamente qualificadas próximas a Saddam Hussein estavam corretas. Ambas disseram que o Iraque não tinha qualquer arma de destruição em massa ativa.
A primeira fonte, da CIA, era o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Naji Sabri.
Ex-membro da CIA, Bill Murray - então chefe da agência em Paris - negociou com ele por meio de um intermediário, um jornalista árabe, a quem deu cerca de US$ 200 mil (cerca de R$ 400 mil) em dinheiro vivo como pagamento.
Foto: BBC
Murray não concorda com interpretação da CIA para informações obtidas junto a fontes de alta confiança
Murray disse que Sabri "parecia ser uma pessoa confiável - alguém com quem realmente deveríamos estar falando" e montou uma lista de perguntas para o ministro, com armas de destruição em massa no topo.
O intermediário se reuniu com Naji Sabri em Nova York, em setembro de 2002, quando o ministro estava prestes a prestar esclarecimentos à ONU - seis meses antes do início da guerra, e apenas uma semana antes de o dossiê britânico ser concluído.
O intermediário comprou um terno feito à mão para o ministro iraquiano, que este acabou usando nas Nações Unidas, um gesto que Murray interpretou como sinal de que Naji Sabri estava colaborando.
Murray diz que a informação era de que Saddam Hussein "tinha algumas armas químicas abandonadas no início dos anos 90, que havia dado a diversas tribos leais a ele".
"Ele teve a intenção de ter armas de destruição em massa - químicas, biológicas e nucleares - mas naquele momento praticamente não tinha nada", afirma o ex-agente da CIA.
A agência americana, por outro lado, insiste que o relato de Sabri indicava que o ex-presidente iraquiano tinha programas para desenvolver essas armas porque mencionava que "o Iraque estava atualmente produzindo e estocando armas químicas" e, "como último recurso, tinha plataformas móveis para lançamento de mísseis armados com armas químicas".
Murray contesta essa avaliação.

'Sem explicação'

Foto: BBC
No baralho de cartas de Saddam, Tikriti era o valete de ouros
A segunda fonte altamente qualificada que passou informações corretas foi o chefe de inteligência do Iraque, Tahir Jalil Habbush Al-Tikriti - o "valete de ouro" no baralho dos "mais procurados" pelos Estados Unidos, como eram classificados os membros procurados do governo de Saddam Hussein.
Um importante funcionário do MI6 o encontrou na Jordânia em janeiro de 2003 - dois meses antes da guerra.
Pensava-se que Habbush queria negociar um acordo para evitar a invasão iminente. Ele também disse que Saddam Hussein não tinha um programa ativo de armas de destruição em massa.
Surpreendentemente, Frederick Butler - que diz que os britânicos têm "todo o direito" de se sentir enganados pelo seu então primeiro-ministro - só tomou conhecimento da informação de Habbush depois que seu relatório foi publicado.
"Não posso explicar isso", diz Butler. "Foi algo que perdemos em nossa análise. Quando perguntamos sobre isso, fomos informados que não era um fato muito significativo, porque o MI6 encarava aquela informação como algo plantado por Saddam."
Butler diz que também não sabia de nada sobre os relatos de Naji Sabri.
Já Bill Murray faz questão de frisar que não ficou satisfeito com a forma como a informação destas duas fontes altamente qualificadas foram utilizadas.
"Acho que provavelmente produzimos a melhor informação gerada no período pré-guerra, que se provaram - no longo prazo - precisas. Mas essa informação foi descartada."

Sonda Voyager sai do Sistema Solar

Voyager-1 | Foto: Nasa
Voyager terá até 15 anos de exploração espacial antes de ficar sem energia
A sonda espacial Voyager-1 tornou-se o primeiro objeto feito pelo homem a deixar o Sistema Solar, de acordo com a Agência Especial Americana (Nasa).
Lançada em 1977, a sonda foi criada inicialmente para estudar os planetas mais afastados da Terra, mas continuou viajando.
A Nasa diz que a Voyager acaba de entrar em uma área do espaço além da influência do Sol.
Calcula-se que a região interestelar esteja a mais de 18 bilhões de quilômetros da Terra, ou 123 vezes a distância entre nosso planeta e o Sol.
Atualmente, as mensagens de rádio da Voyager-1 levam 16 horas para chegar ao nosso planeta.
A Voyager-1 caminha para se aproximar de uma estrela chamada AC +793888, mas só chegará a dois anos luz de distância da estrela - e levará cerca de 40 mil anos para fazê-lo.
Na terça-feira, a União Geofísica Americana confirmou que a sonda deixou a heliosfera - a bolha de gás e campos magnéticos que tem origem no Sol.
A organização aceitou um artigo sobre o assunto escrito por cientistas da Nasa, que será divulgado em breve na publicação Geophysical Research Letters.
O anúncio de que a sonda deixaria o Sistema Solar já era esperado há algum tempo.

Detecção de raios cósmicos

A Voyager-1 vinha monitorando mudanças no ambiente ao seu redor que sugeriam a proximidade da fronteira do Sistema Solar - a chamada heliopausa.
A sonda havia detectado um aumento no número de partículas de raios cósmicos vindo do espaço interestelar em sua direção e, ao mesmo tempo, um declínio da intensidade de partículas energéticas vindo do Sol.
Uma grande mudança, que os cientistas chamaram de "heliopenhasco", aconteceu em 25 de agosto de 2012.
"Em poucos dias, a intensidade heliosférica da radiação caiu e a intensidade de raios cósmicos subiu, como era de se esperar quando se sai da heliosfera", explicou o professor Bill Webber da Universidade Estadual do Novo México, em Las Cruces.
A Voyager-1 foi lançada em 5 de setembro de 1977 e sua "sonda irmã", a Voyager-2, em agosto do mesmo ano.
O objetivo inicial das duas sondas era investigar os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - tarefa que completaram em 1989.
Em seguida, elas foram enviadas para mais além no espaço, na direção do centro da Via Láctea.
No entanto, suas fontes de energia, feitas de plutônio, devem parar de produzir eletricidade em cerca de 10 a 15 anos, quando seus instrumentos e transmissores irão parar de funcionar.
As Voyagers se tornarão "embaixadores silenciosos" da Terra enquanto se movem pela galáxia.
Ambas transportam discos de cobre banhados a ouro com gravações de saudações em 60 línguas, amostras de música de diferentes culturas e épocas, sons naturais da Terra e outros sons produzidos pelo homem.

Sobe para 28 número de vítimas de deslizamentos em Petrópolis

A Defesa Civil de Petrópolis confirmou nesta quarta-feira a morte da 28ª vítima dos deslizamentos de terra causados por fortes chuvas na região.
Segundo a prefeitura da cidade, trata-se de uma pessoa que estava internada no hospital local com ferimentos causados pelas avalanches de terra. Outras 14 pessoas permanecem internadas.
O Corpo de Bombeiros ainda realiza buscas por desaparecidos, e a cidade permanece em estado de vigilância, apesar de as chuvas terem diminuído de intensidade.
Medições do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que há 90% de probabilidade de chover em Petrópolis nos próximos dias. O mesmo ocorre no Rio e em Duque de Caxias, que também têm enfrentado fortes chuvas.

Nova espécie de dinossauro leva nome de menina que achou fóssil

Foto: PA
O Vectidraco Daisymorrisae, descoberto por Daisy
Uma menina de nove anos de idade, moradora da Ilha de Wight, acabou dando nome a um dinossauro antes desconhecido, depois de encontrar um fóssil.
Daisy Morris tropeçou em restos fossilizados na praia de Atherfield há quatro anos. Um artigo científico informou que a espécie recém-descoberta de pterossauro seria chamada Vectidraco daisymorrisae.
O especialista em fósseis Martin Simpson disse que este era um exemplo de como "grandes descobertas podem ser feitas por amadores".

"Lavados"

A família Morris procurou Simpson, especialista da Universidade de Southampton, após a descoberta feita pro Daisy em 2009.
"Eu sabia que estava diante de algo muito especial. E estava certo", disse Simpson.
Foto: PA
Daisy tropeçou no dinossaurol quando andava na praia
O fóssil revelou-se como uma espécie até então desconhecida de pterossauro pequeno, um réptil voador de 115 milhões de anos, do período Cretáceo Inferior.
A nova espécie e o nome foram confirmados em um artigo científico publicado na segunda-feira.
Simpson disse que a erosão no litoral da ilha teria feito com que o fóssil tivesse sido "lavado pelo mar e destruído, se não tivesse sido encontrado por Daisy".
O pterossauro já foi doado para o Museu de História Natural, que recentemente nomeou a Ilha de Wight como a "capital dos dinossauros da Grã-Bretanha".
A confirmação do Vectidraco daisymorrisae vem uma semana após a descoberta na ilha de um esqueleto quase completo de um dinossauro de 12 metros de comprimento.

terça-feira, 19 de março de 2013

Lembranças do Iraque assombram editor da BBC

Famílias fogem de Basra, no Iraque, em 2004 (Arquivo/AFP)
A guerra liderada pelos Estados Unidos no Iraque completa dez anos em 20 de março
Dez anos depois da invasão do Iraque, o repórter e editor de noticias internacionais da BBC John Simpson admite que algumas lembranças do conflito nunca mais saíram de sua cabeça.
Simpson, um dos mais conhecidos jornalistas da Grã-Bretanha, participou de importantes coberturas durante o conflito. Em um momento-chave, ele e sua equipe foram atingidos por uma bomba que deixou inúmeros mortos.
O editor da BBC acredita que, apesar do pessimismo dos iraquianos, o futuro do país inspira otimismo, mas isso depende da diminuição da violência que, atualmente, opõe sunitas e xiitas.
Leia abaixo o depoimento de Simpson.
Na última década, passei mais de um ano da minha vida no Iraque.
Vi de perto como o país ficou marcado pela violência, desde o início. Durante a invasão, um piloto da Marinha americana descuidado jogou uma bomba de cerca de 450 kg em um grupo de forças especiais americanas e curdas. Minha equipe e eu viajávamos com eles. Dezoito pessoas morreram, muitas delas queimadas. Não ouve um inquérito apropriado depois e ninguém foi punido.
Assisti o tumulto que se seguiu à invasão liderada pelos Estados Unidos se transformando em uma rebelião e então em uma guerra civil entre sunitas e xiitas, enquanto as forças americanas e britânicas assistiam impotentes os acontecimentos.
Em 2006 e 2007 até parecia possível que as forças americanas pudessem ser derrotadas. Uma atmosfera de pessimismo predominava no comando americano. Os planos foram traçados para uma evacuação da chamada Zona Verde de Bagdá. O poder americano no mundo parecia diminuir.
Então, um novo comandante, o general David Petraeus, mudou toda a estratégia. Como resultado, os Estados Unidos conseguiram se retirar sem uma humilhação maior. Depois disso, Petraeus se transformou no chefe da CIA e ficou no cargo até que um escândalo destruiu sua carreira em 2012.

Sem as tropas

Quando as forças estrangeiras deixaram o país, o Iraque teve que se virar sozinho.
Políticos iraquianos eleitos começaram a estabelecer a autoridade pelo país, a situação de segurança teve uma melhora marcante, mas a vida no país ainda é perigosa em algumas ocasiões.
O governo dominado pelos xiitas ainda não fez o bastante para tranquilizar a minoria sunita, e ela está insatisfeita. Os curdos, cada vez mais independentes e ricos, demonstram pouco interesse em fazer parte do Iraque como um todo.
A maioria dos iraquianos demonstra um profundo pessimismo. Mas, para um estrangeiro, o futuro do país parece estar melhorando. O que falta é que seu povo tenha um pouco de paz.
Então, isto significa que a invasão era justificada? Os iraquianos estão divididos a respeito deste assunto. A tendência entre xiitas e curdos, os grandes beneficiados com a queda de Saddam Hussein, é concordar.
A maioria dos sunitas, os grandes perdedores, não concorda.
Certamente, a invasão resultou na queda de um tirano que governava pelo terror. Uma vez conversei com um morador de Bagdá que foi sentenciado à morte com execução em um banho de ácido por escrever um número de telefone em uma nota de dinheiro com o retrato de Saddam Hussein.
Comboio no qual estava John Simpson foi atingido (BBC)
John Simpson sobreviveu a um ataque com bomba no Iraque
Até os executores tiveram pena dele e apenas o mergulharam no ácido por um momento. Mas as costas do homem ainda tem cicatrizes horríveis.

Mais perto do Irã

Poucos dos pressupostos nos quais a invasão se baseava eram precisos.
O Iraque não se transformou em um grande aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio, como o governo de George W. Bush esperava. Ao contrário, agora o país está mais próximo do Irã do que dos americanos.
E o Iraque também não se transformou no grande fornecedor de petróleo dos Estados Unidos. Companhias de petróleo americanas têm contratos importantes no Iraque, mas as britânicas, russas e chinesas também.
Provavelmente os maiores beneficiados foram duas companhias americanas: Halliburton, com a qual o ex-vice-presidente Dick Cheney tem conexões, e a companhia de segurança Blackwater, cuja reputação foi questionada tantas vezes que agora ela se chama Academi, um nome que faz a empresa parecer totalmente pacífica.
Já se sabe há tempos que Saddam Hussein não era a ameaça estratégica que os governos americano e britânico afirmavam ser em 2002 e 2003. Havia alegações que os mísseis de Saddam poderiam atingir a costa leste dos Estados Unidos e até bases britânicas no Chipre.
Na verdade, o relatório Duelfer, de 2004, descobriu que Saddam Hussein tinha parado todas as pesquisas de armas nucleares em 1991 e encerrado a pesquisa de armas químicas e biológicas em 1995. As armas de destruição em massa do Iraque tinham sido destruídas ou enviadas para fora do país.
A maioria das pessoas nunca entendeu realmente o motivo da invasão. Uma pesquisa de opinião do Washington Post, em 2004, mostrou que 69% dos americanos pensavam que Saddam Hussein era o responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001.

Imagens perturbadoras

Criança protege os ouvidos quando um soldado americano passa. Fallujah, 2005 (AP)
A guerra no Iraque deixou lembranças que Simpson diz que preferia esquecer
Refletindo sobre a última década no Iraque, algumas imagens perturbadoras não me saem da memória.
Na cidade de Fallujah, que foi atingida pelos soldados americanos em 2004, observei duas crianças sentadas, silenciosas, no chiqueirinho, mal se moviam. Como um grande número de crianças na cidade, elas também sofriam de problemas de má formação.
Não sou especialista em armas, não posso dizer se estes casos são os resultados de alguma arma usada pelos americanos, mas eu queria poder esquecer a cena dos gêmeos deformados e com danos cerebrais.
Ouvi também a história de uma família de Bagdá, cujo principal provedor de renda foi sequestrado por uma gangue local. O resgate era de US$ 20 mil, a família fez empréstimos e vendeu tudo para conseguir o dinheiro.
Depois, foram exigidos mais US$ 5 mil, que a família conseguiu com muito sacrifício. Mas tudo o que eles receberam de volta foi o cadáver do homem, que tinha sido morto minutos depois da captura.
Não me esqueço de meu jovem tradutor, Kamaran, encostado em um monte de terra, os pés quase arrancados pela bomba americana que caiu por engano sobre nós, o sangue escorrendo dos ferimentos.
"Sei que é perigoso, mas eu realmente quero trabalhar com você", me disse ele dias antes.
Não se passa um dia destes dez anos em que eu não pense nele.