sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Anfíbios e répteis ameaçados são achados mortos em aeroporto sul-africano

Cerca de 400 espécimes de répteis e anfíbios, muitos deles ameaçados na natureza, foram encontrados mortos em dois caixotes em um aeroporto de Johanesburgo, na África do Sul, vítimas de desidratação e desnutrição.
Eles eram parte de um carregamento de mais de 1,6 mil animais vindos de um país vizinho, Masagascar, que seguia para lojas de animais exóticos nos Estados Unidos.
Os animais, encontrados no Aeroporto Internacional OR Tambo de Johanesburgo, passaram ao menos cinco dias sem água ou comida, segundo relatos. Os aproximadamente 1,2 mil animais sobreviventes estão sendo tratados no zoológico da cidade.
Acredita-se que a empresa responsável pelo transporte dos animais possuia as licenças corretas para exportação, mas ativistas e o governo sul-africano analisam a possibilidade de processá-la por maus-tratos.
"Um número significativo está em estado estável, comendo e bebendo", disse à BBC Brett Gardener, veterinário do zoológico. No entanto, segundo ele, alguns dos animais que resistiram sofreram "danos irreparáveis".
Gardener diz que é normal que haja perdas durante o transporte de longa distância de animais, mas o número tão grande de mortes neste caso provavelmente se deve ao atraso na conexão do voo rumo aos EUA.
"Os caixotes (com animais) chegaram na terça-feira de manhã e deveriam ter embarcado em um voo na mesma noite. O voo atrasou muito por conta do mau tempo (na América do Norte) e fracassaram tentativas de transportar os animais em outros voos", diz ele.

'Cheiro ruim'

Os animais foram encontrados na quarta-feira, depois que um inspetor da Sociedade Nacional de Prevenção à Crueldade contra Animais (NSPCA, na sigla em inglês) notou um "cheiro ruim" durante uma fiscalização de rotina.
Ele percebeu que alguns animais já estavam em decomposição e outros davam poucos sinais de vida.
Os animais, de pelo menos 30 espécies diferentes de sapos, camaleões, lagartos e lagartixas, haviam sido colocados em dois caixotes de cerca de meio metro, um sobre o outro.
Alguns animais também foram colocados dentro de pequenos tubos plásticos.
O espaço era tão insuficiente para os animais que eles mal podiam se mover, segundo a imprensa local.

Espécies ameaçadas

Muitas das espécies encontradas no carregamento são citadas na Convenção Internacional de Comércio de Espécies Ameaçadas com o status de ameaçadas, vulneráveis ou em perigo.
O documento prevê a comercialização de espécies vulneráveis citadas em um de seus apêndices, mas apenas com licenças especiais.
A NSPCA e o Departamento de Agricultura, Manejo Florestal e Agricultura da África do Sul estão investigando o ocorrido.
"As autoridades suspeitam que agentes sul-africanos estão envolvidos e podem ser indiciados por crueldade contra animais", disse Ainsley Hay, chefe da unidade de vida selvagem da NSPCA.
A África do Sul disse que fará contato com Madagascar para decidir o destino dos animais sobreviventes após eles serem tratados.

Ativista de oposição diz que foi torturado e ‘crucificado’ na Ucrânia

Dmytro Bulatov (Foto: BBC)
Dmytro Bulatov é um conhecido ativista de oposição e ficou desaparecido oito dias
Um dos ativistas líderes da oposição popular na Ucrânia - e que ficou desaparecido durante oito dias - alega ter sido sequestrado, torturado, “crucificado” e abandonado à própria sorte no frio do inverno.
Dmytro Bulatov, que organizou protestos de rua na capital, Kiev, está hospitalizado após ter sido encontrado nos arredores da capital ucraniana.
Ele diz ter sido repetidamente espancado e pendurado pelos pulsos por aqueles que o capturaram.
"Eles me crucificaram, tenho buracos nas minhas mãos", afirmou o ativista. "Também cortaram minha orelha, fizeram cortes no meu rosto. Meu corpo está destroçado. (Mas) estou vivo. Graças a Deus."

Anistia

As alegações de Bulatov foram feitas no momento em que o país enfrenta há semanas uma onda de protestos de oposicionistas, contrários à decisão do governo de não seguir um caminho que levaria a uma maior integração com a União Europeia (UE).
As manifestações começaram em novembro, quando o presidente, Viktor Yanukovich, decidiu não assinar um acordo de cooperação com a UE, em favor de uma aproximação econômica com a Rússia.
Os protestos se tornaram violentos neste mês na capital, quando o governo adotou novas leis com o objetivo de frear as manifestações. Desde então, três manifestantes e três policiais foram mortos, e centenas de pessoas ficaram feridas dos dois lados do conflito.
A intensidade das manifestações reflete características próprias da Ucrânia, onde boa parte do território ao leste é habitado por pessoas que falam russo e têm forte ligação com a Rússia, enquanto que no oeste predominam pessoas que falam ucraniano e teriam maior simpatia pela integração com o bloco europeu.
Yanukovych assinou uma lei de anistia a manifestantes detidos - vista como uma concessão à oposição - sob a condição de que os manifestantes abandonem edifícios ocupados durante os protestos.
Por sua vez, o exército instou o presidente a tomar "medidas urgentes" para aliviar a crise.

Ferimentos

Mão de Dmytro Bulatov (Foto: BBC)
Bulatov alega ter sido pendurado pelos pulsos e 'crucificado'
Bulatov afirmou que não sabe quem são seus captores - apenas que eles falavam com sotaque russo.
Segundo o site noticioso ucraniano Gazeta.ua, exames médicos não identificaram danos aos órgãos internos de Bulatov.
A polícia de Kiev confirma que ele foi ferido e teve um corte em uma das orelhas, diz o jornal local Ukrainskaya Pravda.
Uma investigação foi aberta, e guardas protegem a entrada do hospital onde ele é tratado.
Bulatov é um proeminente ativista antigoverno e um dos líderes do movimento AutoMaidan, que tem patrulhado as ruas ao redor da Praça da Independência, em Kiev.
A ONG Anistia Internacional descreveu o caso de Bulatov como "um ato bárbaro que deve ser investigado imediatamente".
O caso tem causado forte repercussão na Ucrânia. Um jornalista local, Vitaly Portnikov, chegou a sugerir que "esquadrões da morte" estão agindo no país.

Crise política

O governo acusou a oposição de tentar "inflamar" a situação, por ter mantido os protestos na última quinta-feira apesar da assinatura da anistia e da oferta de cargos governamentais a membros da oposição.
Esta acusa as forças de segurança de estar por trás de sequestros e de repressão violenta aos protestos.
A Praça da Independência permanece ocupada por manifestantes antigoverno, e não há sinais de que a crise política esteja perto do fim.
No momento, o presidente Yanukovych, está em licença médica. Segundo sua equipe, ele sofre de febre alta e males respiratórios.
Ao mesmo tempo, um comunicado do Ministério da Defesa afirmou que "a intensificação dos conflitos ameaça a integridade territorial do Estado".
"Os militares e as forças armadas da Ucrânia consideram inaceitável a violenta tomada de instituições estatais", diz o texto.
Até o momento, os militares não foram empregados na contenção dos protestos em Kiev, onde edifícios públicos foram tomados por manifestantes.
Em resposta ao comunicado da Defesa, o secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), Anders Fogh Rasmussen, disse pelo Twitter que "o Exército ucraniano e altamente respeitável e deve permanecer neutro".

MP investiga 84 empresas beneficiárias de fraude no IPTU

O Ministério Público Estadual (MPE) investiga 84 empresas suspeitas de integrar um esquema de fraude no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) em parceria com fiscais da Prefeitura da capital.
A fraude consistia em alterar a metragem de grandes construções para que os empresários pagassem menos imposto. Segundo o promotor de Justiça responsável pelo caso, Marcelo Mendroni, o perfil das empresas envolvidas é amplo, incluindo shoppings centers, universidades e grandes construções.
O esquema foi descoberto durante a análise de documentos encontrados em posse do fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães, um dos envolvidos no escândalo do ISS (Imposto Sobre Serviços). O promotor afirmou que a análise de fichas cadastrais de imóveis preenchidas à mão pelo fiscal mostrou diferenças em relação a arquivos da Prefeitura. "A Controladoria Geral do município fez um levantamento usando fotos de satélite para descobrir a metragem das áreas."
O estudo mostrou que a metragem real de alguns imóveis chegava a ser o dobro dos valores lançados como a área, o que embasa o cálculo do IPTU. Mendroni citou o exemplo de um imóvel em que uma das fotos mostrava área "não inferior a 6 mil metros quadrados", mas a metragem nos arquivos da Prefeitura era de 3 mil metros quadrados.
Corrupção
Segundo o promotor de cinco a dez fiscais participavam do esquema, além dos auditores já investigados pela máfia do ISS. A propina era cobrada quando os fiscais faziam visitas às obras. Eles calculavam o imposto correto, mas lançavam apenas metade da área no sistema. A outra metade era o valor que os auditores cobravam de propina. A propina era cobrada apenas no primeiro ano e garantia aos empresários o pagamento de metade do imposto em todos os anos seguintes.
Os crimes investigados são falsidade ideológica, corrupção e lavagem de dinheiro. O promotor afirmou também que ainda há outros esquemas relacionados a sonegação de impostos que estão sendo investigados pelo MPE e devem vir a público em breve.
Os suspeitos estão sob investigação e até o momento ninguém foi preso.

Conheça as profissões 'mais ameaçadas' pela tecnologia

Call center, em foto de arquivo (BBC)
Tendência é de que a crescente informatização continue a substituir algumas profissões
Cargos nas áreas de educação, saúde, arte, mídia, gestão, negócios e finanças são os que têm maior probabilidade de sobreviver aos avanços na tecnologia, aponta estudo da Universidade de Oxford.
A crescente informatização, porém, continuará a eliminar profissões, principalmente aquelas que não exigem habilidades criativas, sociais e percepção espacial mais sofisticada. São atividades em áreas como vendas, produção industrial, suporte administrativo, transporte e construção civil.
Os pesquisadores Carl Benedikt Frey, do Departamento de Filosofia, e Michael A. Osborne, do Departamento de Engenharia, analisaram 702 profissões – retiradas de uma classificação americana - segundo a probabilidade de perdas de postos de trabalho devido aos avanços tecnológicos.
Aplicando fórmulas estatísticas, eles deram notas entre 0 e 1 para essas profissões – quanto maior a classificação, maior o risco de desaparecimento.
A fórmula aplicada levou em conta o quanto essas atividades demandam criatividade, interação social, percepção espacial e atividades manuais complexas.

Profissões com maior probabilidade de serem informatizadas, segundo o estudo

- subscritor de seguros (avaliador de riscos em seguradoras)
- técnicos em matemática
- costureiros manuais
- reparador de relógios
- operadores de telemarketing
São habilidades que ainda não foram incorporadas por computadores e talvez nunca sejam. O atual estágio tecnológico não indica que isso seja possível nas próximas duas décadas, observam os pesquisadores.
"Profissões que exigem habilidades criativas e sociais estão imunes à informatização", disse Osborne, em entrevista à BBC Brasil.

Profissões com menor probabilidade de serem informatizadas, segundo o estudo

- terapeutas recreacionais
-supervisores mecânicos, instaladores e que fazem consertos
- diretores de gerenciamento de emergências
- Assistentes sociais especializados em saúde mental e abuso de drogas
- audiologistas
O artigo que apresenta a pesquisa explica que a criatividade depende de valores humanos que variam muito no tempo e em diferentes culturas, o que torna difícil reproduzi-los em uma máquina.

Avanço das máquinas

Já as habilidades sociais que não podem, ao menos por enquanto, ser informatizadas incluem a capacidade de perceber a reação das pessoas e entender suas causas, de negociar, reconciliar e persuadir, e de cuidar dos outros, dando suporte emocional e médico.
A limitação atual de computadores e robôs de lidar com formas e espaços não padronizados reduz também as possibilidades de substituição de algumas funções, notam os pesquisadores.

Outras profissões


(com notas entre 0 e 1 – quanto maior a classificação, maior o risco de desaparecimento)

Médicos e cirurgiões 0.004

Dentistas 0.004

Clero 0.008

Professores 0.009

Gerente de vendas 0.013

Desenvolvedores de sistema 0.13

Engenheiros 0.014

Gerente de marketing 0.014

Executivos-chefes 0.015

Arquitetos 0.018

Advogados 0.035

Repórteres 0.11

Desenvolvedores de sistema 0.13

Tradutores 0.38

Economistas 0.43

Historiadores 0.44

Pilotos comerciais 0.55

Trabalhadores de construção 0.88

Taxistas 0.89

Padeiro 0.89

Guia turístico 0.91

Cozinheiro 0.96
Outros avanços tecnológicos, porém, têm permitido substituir mais atividades humanas por máquinas, detalha o estudo. Antes, a mecanização estava restrita a atividades manuais mais padronizadas. O desenvolvimento de sensores cada vez mais modernos e o aumento da capacidade de armazenamento e processamento de dados estão permitindo, no entanto, que mesmo atividades menos "ensaiadas" possam ser executadas por máquinas.
É o caso por exemplo do carro autônomo desenvolvido pelo Google, que é conduzido por seu próprio sistema, prescindindo do motorista.
Esses avanços tecnológicos também vêm permitindo mecanizar atividades cognitivas, notam os pesquisadores. Oncologistas do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, já usam tecnologia da IBM para fazer diagnósticos.
Escritórios de advocacia também usam softwares para fazer pesquisas em leis e decisões judiciais antes dos julgamentos, o que reduz a necessidade de pessoal, embora não ponha em risco a existência da profissão que exige, por exemplo, a capacidade de persuadir.

Mais qualificação

Os trabalhos mais ameaçados com a contínua evolução tecnológica são trabalhos de baixa qualificação. Entre eles estão o telemarketing, caixas, e corretores de imóveis. No caso da construção civil, por exemplo, os pesquisadores de Oxford acreditam que o aumento do uso de partes pré-fabricadas vai eliminar algumas etapas do processo.
O principal desafio para evitar o aumento do desemprego com a perda dessas vagas, portanto, é o investimento na educação para desenvolver as habilidades criativas e sociais das pessoas, diz Osborne.
O estudo se baseou em 702 profissões categorizadas pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos. Embora os pesquisadores não calculem quantos postos devem ser fechados, eles estimam que haja risco elevado de perda de vagas em 47% das atividades americanas nas próximas duas décadas.
Para Osborne, essa é uma tendência mundial, mas que deve ser mais lenta nos países pobres, onde a mão de obra é mais barata e há menos recursos para investimentos em informatização.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Rio tem protesto contra aumento das passagens e remoções para Copa

Um grupo de manifestantes iniciou um protesto por volta das 18h30 desta quinta-feira contra o aumento das tarifas de ônibus no Rio de Janeiro e as remoções de moradores de algumas áreas da cidade para dar lugar às obras da Copa do Mundo deste ano. Eles se concentraram na praça Saens Peña, na Tijuca, e iniciaram uma caminhada pelas ruas do bairro, gritando palavras de ordem contra a Fifa e o aumento do preço das passagens.


Os manifestantes pretendem chegar até o Estádio do Maracanã, que será palco da final da Copa. O policiamento foi reforçado por homens do Batalhão de Choque, que apenas acompanham a caminhada dos manifestantes, sem intervir. Por razões de segurança, o trânsito foi bloqueado nas principais avenidas da Tijuca, mas o comércio permanece aberto.
O aumento das passagens de ônibus foi anunciado ontem pelo prefeito Eduardo Paes. A tarifa passou de R$ 2,75 para R$ 3.

Governo e oposição trocam acusações na Ucrânia

O chefe de Estado ucraniano enfrenta há dois meses um movimento de contestação sem precedentes que causou a renúncia do governo na terça-feira.

Governo e oposição trocaram acusações nesta quinta-feira pela responsabilidade na continuação da crise na Ucrânia, onde o anúncio da "doença" do presidente Viktor Yanukovitch aumentou ainda mais a confusão.
O chefe de Estado ucraniano enfrenta há dois meses um movimento de contestação sem precedentes que causou a renúncia do governo na terça-feira, além das pressões opostas da Rússia e da União Europeia. Em uma nota, ele se declarou na manhã desta quinta indisponível em razão de uma "doença respiratória aguda".
Em um comunicado divulgado algumas horas depois pela Presidência, Yanukovitch acusou a oposição de "envenenar a situação (...) em razão das ambições políticas de alguns de seus líderes".
Os três principais nomes da oposição - Vitali Klitschko, Arseni Yatseniuk e Oleg Tiagnybok - afirmaram em uma declaração conjunta que Yanukovitch tinha violado a Constituição. Eles denunciam que o presidente "chantageou" os deputados de sua própria formação política, o Partido das Regiões, para que votassem na quarta-feira uma lei concedendo anistia aos manifestantes detidos, apesar das reticências de alguns.
De acordo com o texto publicado nesta quinta, aprovado pela maioria favorável a Yanukovitch no Parlamento, o poder envia uma espécie de ultimato aos opositores.
Para que a anistia entre em vigor, é necessário que os manifestantes se retirem das ruas, das praças e dos prédios públicos de Kiev de de outras regiões nos próximos 15 dias, algo que a oposição se recusa a fazer.
Andrei Portnov, integrante da administração presidencial, afirmou que os manifestantes podem continuar a se reunir na Praça da Independência, na capital, "para protestar pacificamente".
Esse lugar simbólico e estratégico dos protestos, também conhecido com o nome de Maïdan, permanece ocupado há vários dias, repleto de barracas, fogueiras e grandes barricadas.
Os militantes presentes no centro de Kiev não dão sinal algum de que podem deixar a praça, apesar do frio que chega a menos 20 graus.
"Tenho a sensação de que este homem quer nos enganar e tenta apenas ganhar tempo. Mas não vamos deixá-lo fazer isso", disse o ex-boxeador Vitali Klitschko ao jornal alemão Bild, referindo-se a Yanukovitch.
"O presidente pode usar sua doença para não promulgar a revogação (na terça-feira pelos deputados, ndlr) das leis 'ditatoriais' (punindo com pesadas penas os manifestantes, ndlr), não se reunir com os representantes da oposição e da comunidade internacional, e evitar tomar decisões urgentes para tirar o país da crise", indicou o partido de Klitschko em um comunicado.
"Nossa luta vai continuar!", disse à noite o líder do partido nacionalista Svoboda, Oleg Tiagnybok, a algumas centenas de manifestantes.
Pressões internacionais
O presidente francês, François Hollande, disse nesta quinta que a situação na Ucrânia "é grave" e que ela exige "vigilância máxima", ao final de um encontro com o primeiro-ministro polonês Donald Tusk.
"Nas próximas horas, nos próximos dias, pode acontecer um confronto e devemos fazer de tudo para restabelecer o diálogo e favorecer o apaziguamento", acrescentou o presidente francês à imprensa.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, exortou nesta quinta Viktor Yanukovitch a "manter as promessas" feitas à oposição".
Depois de uma viagem à Ucrânia na quarta-feira, a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, pediu na quarta o fim da "violência" e das "intimidações", "de onde quer que venham".
O presidente americano, Barack Obama, ressaltou que os Estados Unidos defendem o direito dos ucranianos de "se expressarem livre e pacificamente", e de terem sua "palavra a dizer pelo futuro do país".
A Rússia, que denunciou o que acredita ser ingerências europeias na Ucrânia, manteve sua cautela em relação às mudanças em curso em Kiev.
Vladimir Putin considerou que é preciso "aguardar a formação do novo governo", antes de continuar a enviar a ajuda econômica de 15 bilhões de dólares concedida em dezembro à Ucrânia depois que o governo desse país desistiu de se associar à UE.
A Ucrânia, prestes a dar um calote, precisa com urgência de apoio financeiro para cumprir suas obrigações.
Dados divulgados nesta quinta-feira indicaram que uma leve recuperação no quarto trimestre de 2013 permitiu ao país registrar um crescimento nulo, após cinco trimestres sucessivos de recuo do PIB.

Humanos herdaram genes de doenças dos neandertais, diz estudo

Esqueleto de homem neandertal | Foto: BBC
Genes neandertais influenciam em doenças e pigmentação de pele de humanos modernos
Genes responsáveis por doenças que afetam humanos atualmente foram herdados do cruzamento com neandertais, sugere um estudo divulgado na publicação científica Nature.
Esses cruzamentos teriam transmitido adiante genes variantes envolvidos no desenvolvimento da diabetes tipo 2, da doença de Crohn (inflamação no sistema digestivo) e, curiosamente, do tabagismo.
Estudos do genoma revelam que a nossa espécie (Homo sapiens) cruzou com neandertais após deixar a África em direção à Eurásia, cerca de 65 mil anos atrás.
No entanto, até então não estava claro que tipo de influência teve o DNA neandertal e se havia quaisquer implicações para a saúde humana.
Entre 2% e 4% do código genético de não-africanos atuais veio de neandertais.
Ao selecionar os genomas de 1.004 homens modernos, os cientistas envolvidos no estudo, Sriram Sankararaman e seus colegas da Escola de Medicina de Harvard (EUA), identificaram regiões que apresentavam versões neandertais de diferentes genes.
Uma surpresa foi descobrir que uma variante do gene associado à dificuldade em parar de fumar tem origem neandertal. Mas, obviamente, não há qualquer sugestão de que nossos primos evolutivos consumissem tabaco em suas cavernas.
Em vez disso, os pesquisadores argumentam, essa mutação genética pode ter mais de uma função, e o efeito moderno desse gene no ato de fumar pode ser um efeito entre vários.

Novas paragens

Os pesquisadores descobriram que o DNA neandertal não é distribuído uniformemente no genoma humano, mas é encontrado geralmente em regiões que afetam a pele e o cabelo.
Isso sugere que algumas variações de genes forneceram uma maneira rápida de os humanos modernos se adaptaram aos novos ambientes mais frios que encontraram ao migrarem para a Eurásia. Quando as populações se encontraram, os neandertais já vinham se adaptando a essas condições há centenas de milhares de anos.
A espécie de fortes caçadores se espalhava por uma área que ia da Grã-Bretanha à Sibéria, mas foi extinta há cerca de 30 mil anos, enquanto o Homo sapiens se expandia para além de seu berço africano.
A linhagem neandertal permaneceu nos humanos modernos e foi encontrada, por exemplo, em regiões do genoma ligadas à regulação da pigmentação da pele.
"Encontramos provas de que os genes neandertais da pele fizeram com que europeus e asiáticos do leste se adaptassem melhor à evolução", disse Benjamin Vernot, da Universidade de Washington, coautor de outro estudo sobre o tema publicado na revista Science.
Vernot e sua equipe analisaram o genoma de mais de 600 pessoas da Europa e do leste da Ásia pelo computador, para encontrar variantes de genes que continham marcas neandertais.
Genes responsáveis pelos filamentos de queratina - uma proteína fibrosa que confere resistência a cabelos, pele e unhas - também foram enriquecidos com o DNA neandertal. Isso pode ter ajudado os novos humanos a terem um isolamento maior contra o frio, segundo os cientistas.
"É tentador pensar que os neandertais já estavam adaptados ao ambiente não-africano e deixaram este benefício genético aos humanos (modernos)", disse o professor David Reich, coautor do estudo publicado na Nature.
Mas outros de seus genes variantes influenciaram algumas doenças humanas, como a diabetes tipo 2, a depressão de longo prazo, o lúpus, a cirrose biliar - doença autoimune do fígado - e a doença de Crohn. No caso desta última, os neandertais passaram adiante diferentes marcados que aumentam ou diminuem o risco da doença.
"Acho que o que estamos vendo, de maneira mais ampla, são os restos mortais deste genoma extinto, enquanto ele é lentamente expurgado da população humana."
Joshua Akey, pesquisador da Universidade de Washington
No entanto, Sriram Sankararaman afirmou que os cientistas ainda não conhecem o suficiente da genética neandertal para afirmar se eles também sofreram destas doenças, ou se as mutações em questão só afetaram o risco das doenças quando transplantadas para o contexto genético do homem moderno.
Ele diz que mais pesquisas sobre o genoma da espécie podem oferecer mais respostas à questão.
"Misturas aconteceram há relativamente pouco tempo em termos evolutivos, então não esperávamos que o DNA neandertal tivesse desaparecido completamente a esta altura", disse Joshua Akey, da Universidade de Washington e coautor do estudo publicado na Science.
"Acho que o que estamos vendo, de maneira mais ampla, são os restos mortais deste genoma extinto, enquanto ele é lentamente expurgado da população humana."

Regiões desérticas

Os cientistas também descobriram que algumas regiões do nosso genoma são desprovidas de DNA neandertal, sugerindo que alguns dos genes tinham um efeito tão prejudicial nos filhos dos casais de humanos modernos e neandertais que eles foram descartados rapidamente pela seleção natural.
"Vemos que há grandes regiões do genoma onde a maioria dos humanos modernos têm pouca ou nenhuma linhagem neandertal", disse Sankararaman à BBC.
"Esta redução na linhagem aconteceu provavelmente pela seleção contra os genes que eram ruins ou deletérios para nós."
As regiões privadas dos genes neandertais englobam genes que se expressam em exames específicos e também o cromossomo X, ligado ao sexo feminino.
Isso sugere que alguns híbridos de neandertais e humanos modernos tinham fertilidade reduzida e, em alguns casos, eram estéreis.
"Isto nos diz que, quando neandertais e humanos modernos se encontraram e se misturaram, eles estavam à beira da compatibilidade biológica", afirmou o David Reich.
Para Joshua Akey, os resultados de sua equipe foram compatíveis com a ideia de que houve múltiplas ondas de cruzamentos entre humanos modernos e neandertais.

Casa Branca vai atualizar governo brasileiro sobre 'política de vigilância'

Dilma discursa em frente à cartaz do Snowden | Crédito: AFP
Relações entre Brasil e EUA ficaram estremecidas após denúncia de Snowden
A Casa Branca vai garantir ao governo brasileiro que tomou medidas para evitar a espionagem "desnecessária" de líderes de países aliados, e detalhar como pretende igualar e elevar a proteção da privacidade de cidadãos estrangeiros à dos americanos monitorados eletronicamente.
A conversa será nesta quinta-feira em Washington entre a conselheira de Obama para a Segurança Nacional, Susan Rice, e o chanceler Luiz Alberto Figueiredo, que têm se reunido desde o início dos escândalos, no ano passado, para tentar reconstruir as relações abaladas pelas denúncias do ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden.
O vice-conselheiro de Obama para Segurança Nacional, Ben Rhodes, disse na quarta-feira que "agora que fizemos uma série de decisões sobre nossas políticas de vigilância, é natural que atualizemos os brasileiros em primeira mão sobre essas decisões".
Ben Rhodes lembrou que, em um discurso no dia 17, Obama anunciou que o governo americano vai estender algumas das proteções aplicadas a cidadãos americanos para cidadãos não-americanos no exterior, "como o tempo em que guardamos os metadados, como eles são pesquisados e quem têm acesso a eles".
"Nós também colocamos nossas atividades de inteligência sob uma revisão política. Há mais revisões regulares da coleta de inteligência pela equipe de segurança nacional do presidente, para assegurar que seja focada em nossas prioridades e não em áreas desnecessárias", disse o assessor.
"Não esperamos que todos os países abracem ou aceitem totalmente nossa abordagem, mas achamos que com maior transparência e diálogos frequentes podemos pelo menos dar a esses países uma maior noção do que estamos e não estamos fazendo", afirmou.
"Acho que avançamos muito com o Brasil, no sentido de compartilhar informações, deixando claro qual é o sujeito do nosso monitoramento e o que não é."

Reparando as relações

As relações com o Brasil, assim como com outros países incomodados com as revelações de espionagem no ano passado, serão uma das prioridades na agenda de política externa da Casa Branca neste ano, segundo o assessor de Obama.
Alemanha e México, outros dois países cujos chefes de Estado foram monitorados pelas agências americanas de inteligência, também estarão entre os países que os EUA devem cortejar diplomaticamente neste ano, disse Ben Rhodes.
Susan Rice | Crédito: Getty
Susan Rice vai se encontrar com Luiz Alberto Figueiredo em Washington
Após os escândalos, a Casa Branca disse que não está monitorando e nem pretende monitorar a chanceler alemã, Angela Merkel, cujas comunicações foram captadas pelos serviços secretos americanos, segundo a espionagem.
Porém, o governo americano nunca emitiu publicamente um pedido de desculpas à presidente Dilma Rousseff, como foi reivindicado. Os comunicados emitidos após os encontros entre o ministro Figueiredo e Susan Rice até agora foram vagos.
Obama disse que os EUA "não vão monitorar as comunicações de chefes de Estado e governo de amigos e aliados próximos".
Mas o presidente fez uma ressalva – a existência de "motivo convincente de segurança nacional" –, não especificou quem são estes aliados, e nem por que a Casa Branca que merece o voto de confiança apesar da escassez de justificativas.

Visita de Estado

Sempre que se manifesta sobre o assunto, o governo americano enfatiza que mantém aberto o convite para que a presidente Dilma Rousseff faça uma visita de Estado a Washington assim que os dois países estiverem em condições de avançar em outros temas de uma pauta bilateral abrangente.
O adiamento da visita ocorreu, entre outras razões, porque os dois lados concordaram que os escândalos ofuscariam qualquer outro tema bilateral.
"Queremos recolocar o relacionamento em um patamar onde possamos ter essas discussões e eventualmente até nossas divergências em temas de inteligência, mas que possamos avançar na agenda mais ampla", disse Ben Rhodes.
"Deixaremos para a presidente Dilma Rousseff se manifestar sobre se está satisfeita ou se pretende ver outras medidas da parte dos Estados Unidos."

Petição por deportação de Bieber dos EUA já tem 180 mil assinaturas

Justin Bieber se entrega à polícia em Toronto (AP)
A chegada de Bieber à uma delegacia de Toronto foi marcada pelo tumulto
Uma petição registrada no site da Casa Branca, sede do governo americano, pedindo a deportação do cantor canadense Justin Bieber, já contava, na manhã desta quinta-feira, com mais de 180 mil assinaturas.
Para que o governo americano seja obrigado a dar uma resposta oficial a uma petição de cidadãos são necessárias 100 mil assinaturas. No entanto, até o momento, a Casa Branca ainda não se manifestou a respeito e o presidente também não tem poder para ordenar a deportação de indivíduos.
A petição foi postada no dia 23 de janeiro, logo depois de Bieber ser preso em Miami, na semana passada, acusado de participar de uma corrida dirigindo um carro de luxo alugado em uma via pública em alta velocidade e sob efeito de bebidas alcoólicas e drogas.
Ele também foi indiciado por resistir à prisão e dirigir com carteira vencida.
A petição, encaminhada por um cidadão que se identificou apenas como J.A., de Detroit, diz: "Nós, o povo dos Estados Unidos, sentimos que estamos sendo mal representados no mundo da cultura pop. Gostaríamos de ver o perigoso, irresponsável, destrutivo e usuário de drogas Justin Bieber deportado, e seu visto de residente estrangeiro revogado".
Na quarta-feira, Bieber voltou às manchetes policiais após a revelação de que foi indiciado pela agressão, no mês passado, ao motorista de uma limusine em Toronto.
O cantor se entregou à polícia, foi liberado e deve comparecer a uma audiência em Toronto no dia 10 de março.
O advogado de Bieber afirma que o cantor é inocente desta última acusação.

Tumulto

Bieber se entregou em uma delegacia de Toronto, onde foi cercado por equipes de televisão, fotógrafos e fãs.
De acordo com a polícia da cidade canadense, Bieber foi uma das seis pessoas que entraram em uma limusine em frente a uma casa noturna na madrugada do dia 30 de dezembro.
"Enquanto levava o grupo para um hotel, ocorreu uma discussão entre um dos passageiros e o motorista da limusine. Durante a discussão, um homem atingiu o motorista atrás da cabeça várias vezes", informou a polícia canadense em uma declaração.
"O motorista parou a limusine, saiu do veículo e chamou a polícia. O homem que o atingiu fugiu do local antes que a polícia chegasse."
Justin Bieber, de 19 anos, trabalha nos Estados Unidos com um visto do tipo O-1, que é dado a artistas e não proporciona a residência permanente no país.
Juristas ouvidos por jornais americanos estão divididos sobre as chances de Bieber ser deportado após uma eventual condenação pelo incidente em Miami.

Jogos do Rio podem custar 4 vezes mais, diz autora de estudo

Bandeira olímpica | Crédito: AFP
Autora de levantamento feito pela Universidade de Oxford alerta para risco de gastos excessivos na Olimpíada do Rio em 2016
A realização de Jogos Olímpicos oferece grande risco financeiro e a Olimpíada do Rio pode chegar a ficar três vezes mais caro do que o orçamento inicial, na opinião de uma pesquisadora da Universidade de Oxford.
Allison Stewart, coautora de um estudo que concluiu que as Olimpíadas desde 1960 têm estourado orçamentos em 252%, diz ver o risco de que os Jogos do Rio tenham um aumento na mesma magnitude do verificado nos Jogos de Londres em 2012, orçados inicialmente em US$ 3,95 bilhões e com custo final de US$ 15 bilhões - um aumento de mais de quatro vezes o valor inicial.
"Com base nos nossos estudos e no que temos visto do Rio eu diria que não é impossível que o orçamento dos Jogos de 2016 também tenha um aumento nesta magnitude", disse ela em entrevista à BBC Brasil.
Para a doutora pela Universidade de Oxford, sediar uma Olimpíada é um dos megaprojetos com maior risco financeiro que existe. Em 2012, ela copublicou o estudo que analisou todos os orçamentos dos Jogos realizados entre 1960 e 2012.
Ao fazer comparações entre os orçamentos apresentados pelas cidades-sede ao Comitê Olímpico Internacional (COI) no momento da candidatura e as contas finais ao término dos Jogos, chegou-se à média de gastos além do previsto de 252%.
Nenhuma Olimpíada fechou a contabilidade dentro das previsões iniciais.
"Nenhum outro tipo de megaprojeto (ferrovias, grandes hidrelétricas, megaeventos) tem 100% de consistência de exceder o orçamento como as Olimpíadas", dizem os pesquisadores.
Stewart alertou para a necessidade de monitoramento dos gastos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio-2016, cujos gastos totais foram estimados em R$ 22 bilhões no dossiê de candidatura.
Nesta semana, o Comitê Rio-2016 divulgou pela primeira vez um orçamento operacional de R$ 7 bilhões. Também foi divulgada uma versão incompleta da Matriz de Responsabilidades dos Jogos – o documento que detalha os projetos a serem concretizados para a Olimpíada. De 52 projetos citados na Matriz, apenas 24 foram orçados, num total de R$ 5,6 bilhões.
Os organizadores vêm sendo criticados pelo atraso em divulgar os dados e a falta de definição, mas argumentam que estão trabalhando dentro dos prazos.
Veja os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Seu estudo foca na diferença entre os valores dos orçamentos iniciais, incluídos nos dossiês de candidatura ao COI, e os custos finais de sediar uma Olimpíada. É possível afirmar que as cidades-sede tendem a apresentar orçamentos mais baixos do que a realidade, numa tentativa de legitimar o projeto?
Allison Stewart - É curioso, porque de fato a intenção de se pedir um orçamento para alguma coisa é prever custos, informando o máximo que pode-se gastar para um determinado projeto ou atividade. No caso das Olimpíadas, no entanto, vemos que o orçamento inicial é sempre o mais baixo possível, e que na verdade os orçamentos apresentados nesta etapa dificilmente poderão ser colocados em prática.
Outra coisa é que as cidades-sede, ao assinarem o contrato com o COI, assinam também um cheque em branco, para cobrir todos os custos que ultrapassem a previsão inicial.
"Com base nos nossos estudos e no que temos visto do Rio eu diria que não é impossível que o orçamento dos Jogos de 2016 também tenha um aumento nesta magnitude"
Allison Stewart, doutora pela Universidade de Oxford e autora de estudo sobre orçamentos olímpicos
Imagine que você chama um pedreiro para reformar sua casa. Você diz a ele que há um orçamento, mas que todos os custos excedentes serão cobertos. Obviamente não é o melhor estímulo para que ele mantenha as contas da reforma em dia. Nas Olimpíadas, estes recursos de cobertura estão saindo do bolso do contribuinte, então poder monitorar o orçamento é crucial.
BBC Brasil - Você diria que nas últimas décadas os países que sediaram Olimpíadas falharam em criar mecanismos para aprimorar os mecanismos de monitoramento do uso de recursos públicos?
Allison Stewart - Se você analisar os dados dos Jogos realizados entre os anos 2000 e 2010 vai perceber que as cidades-sede estavam começando a ter uma previsão melhor dos custos finais e a reduzir de forma significativa os gastos excedentes.
A tendência foi revertida pelos Jogos de Londres, no entanto, que voltaram a aumentar os gastos excedentes, e com base nas evidências que já temos, as Olimpíadas de Sochi e do Rio também devem mostrar gastos excessivos.
BBC Brasil - A Matriz de Responsabilidades dos Jogos do Rio só foram divulgadas nesta terça-feira, com atraso e após pressão do TCU e do COI. A demora e a falta de definições quanto ao orçamento são um mau sinal quanto à transparência? É comum que as cidades-sede demorem a divulgar seus orçamentos?
Allison Stewart - Não é raro que as cidades tomem um tempo para apresentar seus orçamentos, mas pouco mais de dois anos antes dos Jogos é um atraso considerável, sim. O único orçamento disponível até então era o do dossiê de candidatura, em 2009, e até agora o Rio não havia divulgado nenhuma atualização.
É difícil avaliar o que essa atitude em si nos diz sobre o que podemos esperar da contabilidade dessas Olimpíadas. Outras cidades-sede também já atrasaram e isto certamente levanta dúvidas sobre a transparência. Se eles não conseguem divulgar um orçamento e atualizá-lo de forma mais regular, o que estão fazendo com o dinheiro?
E por que os contribuintes não têm o direito de monitorar esses gastos? Em Londres, o orçamento foi publicado cinco anos antes e tinha atualizações frequentes.
BBC Brasil - Os Jogos de Londres foram orçados inicialmente em US$ 3,95 bilhões e o custo final foi fechado em US$ 15 bilhões, um aumento de mais de quatro vezes o valor inicial. No Rio o dossiê de candidatura contém um orçamento de US$ 9 bilhões. Com base na sua experiência, é possível um aumento semelhante aqui?
Allison Stewart - Com base nos nossos estudos e no que temos visto do Rio eu diria que não é impossível que o orçamento dos Jogos de 2016 também tenha um aumento nesta magnitude.
Em Sochi não temos tido nenhuma atualização orçamentária e há chances de gastos excedentes semelhantes aos de Londres. Eu ficaria supresa devido ao clima político no Brasil neste momento, com os protestos, mas definitivamente não é impossível.
BBC Brasil - Se os Jogos Olímpicos têm na sua essência uma sobrecarga dos recursos públicos, como sustentar os supostos benefícios dos legados da competição para a cidade-sede?
"Se no Brasil o TCU está se queixando de falta de acesso a dados orçamentários eu diria que isto é um motivo de bastante preocupação e deveria ser levado a sério."
Allison Stewart - É uma faca de dois gumes. De um lado há, de fato, a possibilidade de obter grandes avanços em uma cidade, com obras de infraestrutura que poderiam levar de 20 a 30 anos para angariar o apoio político necessário para sair do papel.
Dito isso, é claro que pode-se ao mesmo tempo acabar numa situação como Montreal (1976), que teve um custo excedente de quase 800% e levou 30 anos para pagar suas Olimpíadas. Claro que este é o pior caso possível, e esperamos que isso não aconteça no Rio, mas há sempre este risco. O uso do termo legado tem sido deturpado. O legado de uma Olimpíada é tudo que sobra para a cidade-sede após todos os turistas irem para casa, de bom e de ruim.
BBC Brasil - Como você avalia a posição do COI em relação aos gastos olímpicos nas últimas décadas? O órgão tende a se isolar ou tem buscado alguma iniciativa de monitoramento, de controle?
Allison Stewart - O COI introduziu no ano 2000 um programa chamado Gerenciamento de Conhecimento dos Jogos Olímpicos (OGKM, na sigla em inglês), que é uma iniciativa excelente.
Dito isso, ainda há muito mais que o COI poderia fazer. Estruturas temporárias e a reutilização de grandes estruturas existentes ao invés de construir novas são algumas das recomendações do COI, por exemplo. Mas isto não significa que eles vão selecionar a cidade que apresentar o orçamento com maior custo-benefício. Este não tem sido um dos critérios mais importantes na seleção de uma cidade olímpica.
CEO das Olimpíadas do Rio apresenta orçamento | Crédito: Reuters
Allison Stewart alerta para a necessidade de monitoramento dos gastos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio-2016
BBC Brasil - No Brasil o TCU, principal agente fiscalizador de contas públicas do país, tem criticado a falta de informações orçamentárias por parte dos organizadores dos Jogos do Rio. Isto tem acontecido em outros países?
Allison Stewart - O papel dos órgãos auditores é inacreditavelmente importante para garantir que os Jogos ocorram com boa disciplina fiscal. Infelizmente vemos em muitos países que os auditores só recebem o poder que realmente necessitam para monitorar as contas olímpicas após o término das competições.
Eles acabam tendo um papel de produzir relatórios apontando todos os erros cometidos, mas muitas vezes não conseguem ter a chance de monitorar os custos enquanto as decisões estão sendo tomadas, com transparência e possibilidade de intervenção. Claro que isto varia de país para país. Se no Brasil o TCU está se queixando de falta de acesso a dados orçamentários eu diria que isto é um motivo de bastante preocupação e deveria ser levado a sério.
BBC Brasil - Na sua opinião, o que deveria ser o foco de preocupação da sociedade, dos órgãos auditores, do governo e dos organizadores das Olimpíadas do Rio nestes próximos dois anos, para evitar problemas semelhantes a outros Jogos?
Allison Stewart - Todos que têm interesse em que tudo corra bem deveriam se envolver ao máximo para monitorar e fiscalizar a preparação para os Jogos do Rio, tentando garantir que estão por dentro do que está acontecendo com o orçamento conforme os Jogos tomem forma. Estudamos alguns casos em que os últimos dois anos de preparação foram os que registraram os maiores gastos excessivos.
Nessa altura, embora ainda haja oportunidades para influenciar alguns dos gastos, muitas decisões já foram tomadas. Tentar intervir agora para evitar maiores estragos é algo crucial.

Prefeitura do Rio autoriza reajuste das passagens de ônibus para R$ 3

A prefeitura do Rio de Janeiro autorizou o aumento do valor das passagens de ônibus urbanos na cidade de R$ 2,75 para R$ 3. Segundo decreto publicado hoje (8) no Diário Oficial do Município, a nova tarifa será cobrada a partir de 8 de fevereiro.
O reajuste, de 9,09%, foi calculado com base em índices de inflação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e levando-se em consideração a unificação das tarifas de ônibus com e sem ar condicionado, a desoneração do PIS/COFINS de 3,65% e o desconto de 50% do IPVA dos ônibus.
O decreto também propõe uma série de medidas que visam melhorar a qualidade do transporte público rodoviário na cidade, por determinação do Tribunal de Contas do Município (TCM). Entre as ações estão a criação da Comissão de Acompanhamento do Serviço Público de Transporte de Passageiros por Ônibus e a obrigatoriedade dos consórcios de instalarem ar condicionado em toda a frota até dezembro de 2016.
A prefeitura também instituiu o passe livre para estudantes universitários com renda familiar per capita até um salário mínimo e para aqueles beneficiados pelos programas de cotas e Programa Universidade para Todos.
O atual valor da passagem de ônibus foi estabelecido em janeiro de 2012. Reajuste para R$ 2,95 chegou a ser anunciado pela prefeitura para entrar em vigor em junho do ano passado, mas foi cancelado devido às manifestações que ocuparam as ruas da cidade.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Por que os mercados voltam a temer os países emergentes?

Bolsa de Tóquio, nesta quarta-feira (Reuters)
Redução dos estímulos monetários nos EUA tem afetado mercados financeiros
Antes considerados um dos motores do crescimento mundial, os países emergentes deram sinais de instabilidade econômica nas últimas semanas. Brasil, Turquia, África do Sul e Índia tiveram de elevar suas taxas de juros enquanto a Argentina viu sua moeda sofrer uma forte desvalorização perante o dólar.
Por trás da turbulência estão tanto problemas internos desses emergentes como uma mudança na conjuntura internacional - sobretudo nos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira, o Fed (banco central americano) anunciou mais uma redução em seus estímulos financeiros: vai cortar sua compra mensal de títulos do patamar atual, de US$ 75 bilhões, para US$ 65 bilhões. O motivo é o fortalecimento da economia americana, que tem precisado de menos estímulos para voltar a crescer.
Mas, na prática, isso tem impacto significativo nos países emergentes: de um lado, há menos dinheiro sendo injetado no mercado; de outro, o fortalecimento americano provoca fuga de capitais de economias menos desenvolvidas, já que o investidor ruma aos EUA em busca de mais segurança.
No Brasil, o dólar chegou nesta quarta a R$ 2,435, uma das maiores altas dos últimos anos; outras moedas estrangeiras também perderam valor perante o dólar.
Mas qual a origem dessa instabilidade? Ela pode levar a uma crise maior, como a que derrubou economias emergentes no final da década de 1990? Veja o que dizem especialistas consultados pela BBC Brasil:

Por que os mercados emergentes estão sofrendo?

Depois de terem atraído investidores no pós-crise de 2008, quando países desenvolvidos se tornaram pouco atraentes, os países emergentes já não são o destino favorito do dinheiro que circula no mercado financeiro.
De um lado, os EUA estão se recuperando, diminuindo seus estímulos financeiros e abrindo caminho para elevar suas taxas de juros - elementos que atraem os investidores, em busca de um porto seguro para seus investimentos.
"Isso leva a uma fuga de capitais, que por sua vez afeta o câmbio (desvalorizando as moedas perante o dólar) e gera um processo inflacionário (encarecendo produtos importados)", diz André Pereira Perfeito, economista-chefe do Gradual Investimentos.
A reação dos bancos centrais é aumentar as taxas de juros, para atrair investidores oferecendo uma rentabilidade mais alta. Mas é o efeito colateral o que esfria a economia - fica mais caro pegar dinheiro emprestado para abrir um negócio, por exemplo.
De outro lado, a China já não cresce na mesma velocidade, diminuindo suas compras de commodities de economias emergentes como Brasil e Argentina.
"Esse esfriamento desequilibra as balanças comerciais e o país perde a capacidade (de reter) moeda estrangeira", explica Otto Nogami, professor de economia do Insper.
Fora isso, persistem os problemas internos desses países, de infraestrutura à falta de confiança na habilidade de governos em administrar economia, que acabam perdendo a atratividade perante os olhos de investidores externos.

Os emergentes enfrentam problemas semelhantes?

O Brasil é apontado pelos especialistas como muito mais sólido do que outras economias emergentes, apesar de seus problemas conjunturais.
"Ao contrário da Argentina, que não tem conseguido gerar investimentos, o Brasil avançou no varejo, na construção civil, nos setores automotivo de de infraestrutura", opina André Perfeito, agregando que as reservas internacionais brasileiras são bem mais robustas - ou seja, o país tem mais capacidade de se manter solvente.
Segundo o economista, as reservas atuais brasileiras seriam suficientes para bancar, sozinhas, um ano e meio de importações (as da Argentina, por exemplo, durariam pouco mais de quatro meses).
Além disso, diz ele, a elevação de juros tem ocorrido de forma bem mais controlada - ao contrário da Turquia, que dobrou sua taxa de juros na última terça-feira, de 4,5% para 10%, um "ato de desespero" para evitar uma fuga maior de capitais, na visão do analista.
"O conjunto de emergentes é muito heterogêneo, e a situação dos países deve ser vista caso a caso", agrega Perfeito.
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a instabilidade atual é parte de um momento de acomodação da economia mundial.

Existe o risco de uma crise maior?

As turbulências despertaram especulações quanto a um possível contágio financeiro semelhante ao que derrubou, em efeito dominó, as economias emergentes no final da década de 1990.
Para Nogami, do Insper, esse risco existe se os países não tomarem medidas para evitar um ciclo de recessão (em que a alta de juros freie a economia e a inflação tire o poder de compra das pessoas).
"Para reverter o ciclo, os governos precisam equilibrar seus gastos, controlar a inflação e resgatar sua credibilidade para atrair investimentos", diz. No entanto, para Samy Dana, professor da FGV-SP, o cenário mudou muito desde os anos 1990: "Nossas reservas internacionais estão muito maiores do que eram", explica. Ou seja, temos um "colchão" maior para conter uma eventual crise.
O mesmo vale para outros países emergentes, cujas dívidas em dólar também não são tão grandes.
Além disso, no caso do Brasil, a moeda local está muito mais consolidada (nos anos 1990, o real era uma moeda nova e recém-estabilizada), explica Perfeito.
"Não acho que o cenário seja tão ruim o quanto estão pintando", diz o economista. "Até porque não vale a pena para os EUA manterem sua moeda tão valorizada (perante moedas emergentes) num momento em que tenta se recuperar economicamente."
A Argentina, porém, vive situação muito mais frágil, com baixas reservas internacionais, uma economia bem menos diversificada que a do Brasil e sinais de esgotamento do modelo adotado pelo governo Kirchner.
O diretor do departamento Monetário e de Mercado de Capitais do FMI, José Viñals, declarou à imprensa nesta sexta-feira que "a situação não é de pânico" e que a turbulência nos emergentes ocorre porque os emergentes "ainda não se ajustaram a condições externas mais voláteis".

Brasil, Argentina e Uruguai assinam tratado para abertura de arquivos de ditaduras

O governo brasileiro assinou dois tratados, com o Uruguai e a Argentina, que determinam a abertura dos arquivos nacionais para facilitar a apuração de abusos de direitos humanos cometidos durante as ditaduras nesses países.
Segundo o chanceler brasileiro Luis Alberto Figueiredo, com os acordos “será possível usar o material da Argentina e do Uruguai para facilitar os trabalhos de recuperação da memória”.
A Comissão da Verdade, estabelecida no Brasil para esclarecer abusos ocorridos durante o regime militar (1964-1985), será diretamente beneficiada.
O grupo apura, por exemplo, a hipótese de que o ex-presidente João Goulart, deposto em 1964, tenha sido morto por envenenamento durante seu período de exílio na Argentina.
O possível assassinato poderia ter sido praticado por membros do regime militar, embora a causa oficial da morte é um infarto.
O tratado também deve ajudar a Comissão da Verdade a apurar ações realizadas no âmbito da Operação Condor, uma aliança entre os regimes autoritários da América do Sul para perseguir opositores.
O memorando de intenções foi assinado nesta quarta-feira por Figueiredo e pelos chanceleres argentino Hector Timerman e uruguaio Luis Almagro.
O tratado prevê o compartilhamento de “toda informação contida em qualquer meio ou tipo documental, produzida, recebida e conservada por qualquer organização”.
O tratado diz que o objetivo do intercâmbio de informações visa contribuir para o processo de “reconstrução histórica da memória, verdade e justiça”.
Contudo, o tratado isenta os países de fornecerem documentos se sua entrega violar legislações internas por questões de segurança.

Declaração de Havana

O presidente cubano Raúl Castro proclamou nesta quarta-feira a declaração de Havana, o documento resultante dos dois dias da cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos).
O documento estabelece na região uma "zona de paz", com o compromisso permanente de seus membros em solucionar de forma pacífica as controvérsias que venham a surgir.
Um dos pontos principais da declaração é o compromisso de respeitar “o direito inalienável de escolher seu sistema político, econômico e cultural” para assegurar a convivência pacífica.
Segundo o chanceler Figueiredo, isso não significa, ao menos para o Brasil, prejuízo aos valores democráticos.
“Embora seja uma área de grande diversidade, nós temos nossos valores democráticos e vamos sempre defendê-los”, disse Figueiredo.

Ensino de igualdade de gênero gera boicote a escolas na França

Crianças em escola | Foto: BBC
Projeto do governo quer ensinar que não existem atividades específicas para meninos ou meninas
Alunos de escolas primárias francesas estão boicotando aulas, por iniciativa dos pais, após rumores difundidos por veículos de comunicação de que o governo criou um programa de ensino que visaria "negar as diferenças sexuais entre homens e mulheres".
Uma centena de escolas na França sofrem com um índice elevado de alunos ausentes desde a sexta-feira.
A polêmica surgiu após a criação recente do "ABCD Igualdade", um programa dos ministérios da educação e dos direitos das mulheres e testado em mais de 600 salas de aula em todo o país, com o objetivo de transmitir às crianças o conceito de igualdade entre homens e mulheres e lutar contra os estereótipos que envolvem ambos os sexos.
O programa pretende pôr fim a ideias homofóbicas e misóginas e mostrar que não existem atividades, inclusive recreativas, específicas para meninos ou meninas - que uma garota pode desejar ser engenheira ou bombeira e um garoto pode querer ser parteiro, por exemplo.
Mas grupos ligados à extrema direita difundiram na internet rumores de que o governo teria tornado obrigatório nas escolas primárias o suposto ensino da "teoria do gênero", interpretado por eles como sendo algo que visa eliminar as diferenças biológicas e sociais entre os homens e mulheres e promover a homossexualidade.

Igualdade

Especialistas ressaltam que não existe uma "teoria do gênero" e sim os estudos sobre gênero (gender studies), iniciados nos Estados Unidos nos anos 60 e 70, que analisam a construção social da identidade sexual e a questão das desigualdades entre homens e mulheres.
O ministro da Educação, Vincent Peillon, declarou que o ministério "rejeita totalmente a teoria do gênero e a instrumentalização feita por pessoas da extrema direita, que estão difundindo uma ideia que causa medo aos pais de alunos".
"Queremos promover a igualdade entre homens e mulheres", afirmou Peillon.
Nesta quarta-feira, o ministro pediu a diretores de escolas para convocar os pais que não levaram seus filhos às aulas após o início dos rumores.
Muitos pais receberam mensagens pelo celular pedindo que não levassem seus filhos à escola na sexta-feira passada e também na segunda-feira desta semana para protestar contra o ensino da "teoria do gênero" e publicaram as mensagens nas redes sociais.
"Eles vão ensinar aos nossos filhos que eles não nascem meninos ou meninas, mas sim que eles escolherão seu sexo depois. Isso sem mencionar a educação sexual desde a escola maternal", diz uma mensagem reproduzida pelo jornal francês Le Monde.
O Instituto Civitas, ligado a católicos conservadores, também apoia o boicote às aulas, afirmando que o ministério da Educação estaria difundindo a "ideologia do gênero às escondidas sob pressão de movimentos gays e lésbicos".
Os boatos chegaram a afirmar ainda que o governo estaria promovendo nas escolas primárias uma introdução à sexualidade, com aulas que fariam demonstrações "explícitas" às crianças.
"Nós não falamos nada sobre sexualidade no primário. Na escola, ensinamos a igualdade entre garotos e garotas e não a teoria do gênero", declarou nesta quarta-feira Najat Vallaud-Belkacem, porta-voz do governo e ministra dos Direitos das Mulheres.
"Falamos que os meninos e meninas podem ter ambições de igualdade em relação às suas escolhas profissionais e aos seus sonhos", diz a ministra, se referindo ao programa "ABCD Igualdade".

Boicote organizado

A ideia dos opositores que difundiram os rumores é lançar um dia de boicote às aulas por mês. Na próxima semana, pedidos para faltar às aulas em algumas escolas já foram lançados.
O rumor teria ganhado força, segundo a imprensa francesa, principalmente junto aos pais com baixo nível de instrução e de religião muçulmana.
Em uma escola em Estrasburgo, no leste da França, um terço dos alunos faltou às aulas, sendo quase 90 turcos, ciganos e de origem árabe, segundo o jornal Le Figaro.
Em Meaux, periferia pobre nos arredores de Paris, considerada "zona urbana sensível", 20% dos alunos faltaram na sexta-feira, segundo a imprensa.
O governo minimiza o impacto dos rumores, afirmando que apenas uma centena das 48 mil escolas francesas foi afetada. Mas o assunto vem ganhando força no país.

Menina de 16 anos sobrevive a queda livre de 900 m após falha de paraquedas

Makenzie Wethington realizava o sonho de saltar de paraquedas quando despencou de uma altura de 900 metros
Uma adolescente americana do Texas que celebrava seu aniversário de 16 anos realizando o sonho de pular de paraquedas, escapou por pouco da morte ao despencar cerca de 900 metros depois de problemas com seu paraquedas.
Makenzie Wethington, de 16 anos, foi hospitalizada após o acidente, neste final de semana, com sangramento interno, rompimento do fígado e fraturas em bacia, vértebras lombares, ombro e várias costelas, além de outros ferimentos.
Wethington tinha ido para Oklahoma fazer o salto por ser nova demais para fazê-lo no Texas, disse sua irmã Megan Wethington ao canal de TV Fox News em Dallas.
"No Texas você precisa ter 18 anos. Você precisa saltar quatro vez com alguém antes de saltar sozinha. Em Oklahoma você só precisa ter 16 anos."
Wethington está tendo uma recuperação "milagrosa" e deve sair da unidade de tratamento intensivo nesta semana.
"Eu não sei os detalhes do acidente, porque não estava lá. Mas se ela realmente caiu de uma altura de mil metros, eu não sei como ela sobreviveu", disse Jeffrey Bender, cirurgião responsável pelo caso, em uma coletiva de imprensa.
"Mesmo os enfermeiros e médicos que escutam a história, se perguntam 'Como? Como é que ela ainda está aqui?'", disse sua irmã.

A queda

Depois de completar uma aula de treinamento de seis horas exigida pela Pegasus Air Sports Center, em Oklahoma, Makenzie Wethington e seu pai embarcaram em um pequeno avião.
O pai da adolescente saltou primeiro e pousou em segurança. Ele, então, viu sua filha saltar.
"Eu queria ter ido depois dela, caso algo acontecesse. Mas isso não foi possível por causa do peso do avião e das pessoas, então eu tive que ir primeiro e ela seria a última", Joe Wethington disse à NBC em Dallas.
Depois de ser acionado, dois segundos depois do salto, seu paraquedas saiu da mochila, mas não abriu. Ela girou no ar e caiu em um campo com grama.
"Foi um horror assistir a essa cena, não importa quem fosse, mas eu definitivamente não queria que fosse a minha menina", disse Wethington.
O proprietário do Pegasus Air Sports Center, Robert Swainson, disse que não estava claro se a queda foi causada pela adolescente ou se pela maneira como o paraquedas foi preparado para o salto.
Ele disse que o paraquedas do adolescente abriu corretamente, mas ela começou a rodopiar quando o paraquedas saiu sem se abrir.
Wethington recebeu instruções sobre como lidar com esses problemas durante a sessão de treinamento. Ela também recebeu instruções por meio de um microfone de rádio em seu capacete, mas não seguiu os procedimentos corretos, disse ele.
Swainson acrescentou que ele não conseguiria ajudar a jovem uma vez ficou claro que ela estava com problemas.
"O máximo que eu podia fazer era gritar", disse ele.

Explosão estelar iluminará o céu nas próximas semanas

Foto: UCL/University of London Observatory/Steve Fossey/Ian Howarth/Ben Cooke/Guy Pollack/Matthew Wilde/Thomas Wright
Imagem mostra um ponto brilhante de luz na galáxia M 82 (Foto: UCL/University of London Observatory/Steve Fossey/Ian Howarth/Ben Cooke/Guy Pollack/Matthew Wilde/Thomas Wright)
Uma explosão estelar excepcionalmente próxima da Terra vai iluminar o céu nas próximas semanas.
A explosão da supernova será na Galáxia do Charuto, chamada assim devido ao seu formato. O local fica a cerca de 12 milhões de anos-luz da Terra e oferecerá uma oportunidade única para se estudar uma supernova.
A descoberta, no entanto, foi feita por acaso. Steve Fossey, um astrônomo do University College de Londres (UCL), da Grã-Bretanha, descobriu a galáxia com um pequeno telescópio de 35 centímetros.
"Estávamos fazendo uma observação há uma semana com estudantes do UCL e, em uma das imagens que conseguimos, de curta exposição, pudemos ver este ponto brilhante de luz na imagem da galáxia. Imediatamente nos demos conta que isto era uma supernova, a explosão de uma estrela", disse Fossey à BBC.
Fossey consultou colegas de outros observatórios e confirmou a descoberta. A União Astronômica Internacional catalogou a supernova como SN2014J.
A supernova é tão brilhante que poderá ser vista com telescópios domésticos de boa qualidade ou até mesmo com binóculos, quando atingir o ponto máximo de seu brilho, algo que deve ocorrer dentro de uma semana.
Junto com observadores do mundo todo, Fossey se prepara para recolher informações e aprender tudo o que puder enquanto a supernova for visível no céu.

Oportunidade

O astrônomo explicou que esta galáxia, "em particular, é incomum e está muito próxima; uma supernova tão próxima como esta provavelmente ocorre uma vez em décadas".
"É uma oportunidade excelente para a frota de naves espaciais que temos e para os observatórios na Terra", acrescentou Fossey.
Foto: UCL/University of London Observatory/Steve Fossey/Ian Howarth/Ben Cooke/Guy Pollack/Matthew Wilde/Thomas Wright
Ponto brilhante em destaque na foto da galáxia
A supernova da Galáxia do Charuto, na constelação de Ursa Maior, permanecerá brilhante por cerca de um mês e os cientistas querem aproveitar ao máximo a possibilidade de conhecer todos os segredos desta galáxia.
"Um dos modelos aceitos é que ela tem o que chamamos de uma anã branca, que efetivamente é uma estrela como o Sol e que está na fase final de sua vida, inerte e quente, uma estrela que tem uma companheira binária, uma amiga, atraindo material dessa amiga e ficando maior e mais quente até que se detona a uma temperatura crítica e explode em pedaços", explicou o astrônomo.
"Com estas naves no espaço, podemos observar a onda expansiva deste material, desta explosão, ao impactar no material que há a seu redor, incluindo sua companheira. E esta é a chave, precisamos compreender a companheira", acrescentou Fossey.
O cientista afirma que esta poderia ser uma estrela como o Sol ou este poderia ser um outro tipo de evento espacial, que incluiria duas anãs brancas.
Para o cientista, compreender estes "estalos estelares" pode levar à resolução de outros mistérios, pois as "supernovas são faróis de luz".
Além de ajudar a compreender o processo de morte de uma estrela, as supernovas são muito importantes pela luminosidade, que permite medir com precisão as distâncias entre as galáxias do universo, disse Fossey.
O cientista afirmou que os astrônomos estão vivendo semanas de "atividade furiosa" com os instrumentos ópticos espaciais e terrestres apontando para a direção da galáxia, para acompanhar este processo e conseguir toda a informação possível sobre o brilhante fim desta estrela.