segunda-feira, 31 de março de 2014

Movimentos cobram justiça e punição de torturadores, em Brasília

"Se não há Justiça, há escracho popular", estampava a faixa afixada no muro da casa do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o Destacamento de Operações de Informações e o Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo, entre 1970 e 1974. Sobre o gramado da entrada da casa, localizada em um bairro nobre e tranquilo de Brasília, foram colocadas fotografias de vítimas dos agentes da ditadura militar, como Sônia Maria de Moraes Angel e Carlos Lamarca.
"Foi uma forma de Justiça mesmo, para expor para a sociedade que ele praticou crimes muito cruéis de tortura. Ele foi o único torturador que foi punido pela Justiça, porém continua livre e solto. Parece que olha para a sociedade e fala 'Eu matei, eu torturei, agora eu vou continuar recebendo meu salário e vivendo no anonimato'", diz Bárbara Loureiro, integrante do Levante Popular da Juventude, grupo que organizou a ação de "escracho".
As grades da casa deixaram à mostra o carro novo na garagem de Ustra, mas as portas e janelas cerradas não permitiram que os ativistas e a imprensa vissem mais que poucos elementos do cotidiano do coronel. Pelo interfone, a esposa dele, Maria Joseíta Brilhante Ustra, relutou em falar com nossa equipe de reportagem. A única exceção foi para reclamar dos "vândalos" que picharam o local: "Se tivesse vindo um outro grupo, a gente atendia, mas veio um bando de gente marginal com bandeira vermelha", disparou.Do outro lado da rua, Marília Souza, 58 anos, olhava a movimentação de jornalistas e a palavra “Justiça” inscrita repetidas vezes sobre o asfalto e as paredes da casa daquele que ela avalia ser um bom vizinho. Apesar de relatar a convivência tranquila com a família, ela diz que “é revoltante, a gente se coloca no lugar das vítimas”. Logo depois, completa: “Mas é isso. Ele lá e eu cá”. O vizinho de Marília, também conhecido como doutor Tibiriçá, é apontado como coordenador de mais de 500 sessões de tortura na sede do DOI-Codi de São Paulo, muitas delas registradas pela Arquidiocese de São Paulo no livro Brasil: Nunca Mais.
Distante poucos quilômetros dali, em frente ao Congresso Nacional, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Movimento de Mulheres Camponesas e o Movimento dos Pequenos Agricultores lembravam os camponeses que foram perseguidos e torturados durante o regime militar. Em homenagem a eles, foram colocados 1.196 crucifixos na Esplanada dos Ministérios, número equivalente ao que os movimentos consideram ter sido o de camponeses assassinados naquele período.
Integrante da coordenação nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, Beto Palmeira lembra que, antes do golpe, a população rural estava fortalecida e organizada em torno das Ligas Camponesas e da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Depois, “com o golpe, houve um processo de repressão muito forte, de tortura e desaparecimentos. Pelas próprias condições da época e pela invisibilidade das lutas do campo, chegou-se a esse número de 1.196, embora o Estado só reconheça 29”, lamenta.
Para Palmeira, os camponeses mortos precisam ser encarados e contabilizados como mortos políticos e os responsáveis pelas mortes, julgados. Além disso, defende que a luta deles por reformas deve integrar a agenda da sociedade e do Poder Público. “Quando a gente traz a pauta dos camponeses mortos, é para quebrar esse tabu e para lembrar que a reivindicação daqueles camponeses continua sendo atual: a reforma agrária. Depois de 20 anos de democracia, a gente costuma dizer que ainda há resquícios da ditadura. E um desses resquícios é a falta de reforma agrária”, completa.

Câmara pode votar nesta semana MP que altera legislação tributária

O Plenário da Câmara dos Deputados pode votar nesta semana a Medida Provisória 627/13, que faz várias mudanças na legislação tributária. Será analisado o parecer do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a matéria, com temas como a reabertura de parcelamento de dívidas e a forma de tributação dos lucros de empresas coligadas no exterior.
O relatório de Cunha inclui ainda vários pontos que não estavam no texto original, como a diminuição de multas para operadoras de planos de saúde no ano de 2014 e a criação de uma contribuição anual sobre a exploração de aeroporto de uso público em áreas particulares.
Outro tema novo é a isenção da taxa para o bacharel em Direito prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), válida para tantas vezes quantas o candidato precisar.
Também está na pauta das sessões ordinárias a MP 630/13, que originalmente estende o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) para as obras de presídios. Já o relatório da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), aprovado pela comissão mista que analisou a MP, permite o uso desse regime em todas as licitações e contratos de todas as esferas de governo (União, estados, Distrito Federal e municípios).
Atualmente, o RDC é aplicado em obras da Copa do Mundo, das Olimpíadas, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e às relacionadas à educação, entre outras. Esse regime prevê prazos mais curtos e procedimentos simplificados, facilitando a contratação de obras e serviços de engenharia pela administração pública.

PF prende 23 e apreende mais de 3 toneladas de cocaína no Porto de Santos

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta segunda-feira (31/3) 46 mandados de prisão, 80 mandados de busca e apreensão, além da prisão de 23 pessoas. O objetivo foi desarticular um esquema que utilizava contêineres para o transporte de cocaína que partiam do Porto de Santos/SP para a Europa, Cuba e África. Foram apreendidos mais de 3,7 toneladas de cocaína, 230 mil euros, 10 veículos, uma embarcação, 19 armas curtas e dois fuzis.
As organizações criminosas eram investigadas desde 2013 no âmbito das Operações Hulk e da Operação Oversea.
Segundo a PF, a quadrilha colocava a droga em mochilas e sacolas que eram inseridas nos contêineres por empregados particulares, sem o conhecimento dos donos das cargas ou dos navios. A droga seguia junto com um lacre clonado. No local de destino, membros da organização criminosa rompiam os lacres, recuperavam a cocaína e colocavam os lacres clonados, para não gerarem suspeitas.
A Operação Hulk visava um grupo na capital paulista que realizava a compra da droga na Bolívia e a transportava para o Brasil pela fronteira com o Paraguai, realizando a remessa para a Europa pelo porto de Santos.
A Operação Oversea tinha como foco grupo que operava as inserções ilícitas da droga em cargas que partiam do Brasil pelo porto. No procedimento de exportação, os contêineres são carregados em locais privados conhecidos como REDEX - Recintos Alfandegários de Exportação, onde eram lacrados e encaminhados ao porto para embarque.

Dilma: "por 21 anos nossa liberdade e nossos sonhos foram calados"

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (31), ao referir-se ao golpe militar de 1964, que o dia de hoje exige que nos lembremos e contemos o que aconteceu. Dilma lembrou que 50 anos atrás o Brasil deixou de ser um país de instituições ativas, independentes e democráticas e que por 21 anos nossa liberdade e nossos sonhos foram calados, mas que graças ao esforço de todas as lideranças do passado, dos que vivem e dos que morreram, foi possível ultrapassar os 21 anos de ditadura.
"O dia de hoje exige que lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos que morreram e desapareceram, aos torturados e perseguidos, a suas famílias, a todos os brasileiros. Lembrar e contar faz parte de um processo muito humano, desse processo que iniciamos com as lutas do povo brasileiro, pela anistia, Constituinte, eleições diretas, crescimento com inclusão social, Comissão Nacional da Verdade, todos os processos de manifestação e democracia que temos vivido ao longo das últimas décadas. Um processo que foi construído passo a passo, durante cada um dos governos eleitos depois da ditadura", disse.
Dilma afirmou que o Brasil aprendeu o valor da liberdade, de Legislativo e Judiciário independentes e ativos, da liberdade de imprensa, do voto secreto, de eleger governadores, prefeitos, um exilado, um líder sindical, que foi preso várias vezes, e uma mulher também que foi prisioneira.
"A grande Hanna Arendt escreveu um dia que toda dor humana pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história. A dor que nós sofremos, as cicatrizes visíveis e invisíveis que ficaram nesses anos, elas podem ser suportadas e superadas porque hoje temos uma democracia sólida e podemos contar nossa história. Como eu disse, nesse Palácio, repito, há quase dois anos atrás, quando instalamos a Comissão da Verdade, eu disse: se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulos, se existem túmulos sem corpos, nunca, nunca, mas nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem da voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la. E acrescento: quem dá voz à história somos cada um de nós", enfatizou.

Corte Internacional proíbe o Japão de caçar baleias no Oceano Antártico

Ação da Austrália acusava o país de realizar atividade comercial sob fachada científica; caça continua em outras áreas mundiais.

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) ordenou nesta segunda-feira (31) que o Japão suspenda temporariamente seu programa de caça às baleias no oceano Antártico, alegando que não há fins científicos para a prática, como o governo japonês havia alegado.
2012: Frota japonesa de caça às baleias segue para a Antártida
AP
Embaixador do Japão, Koji Tsuruoka, à esq., aguarda decisão do Tribunal Internacional de Justiça sobre caça às baleias em Haia, Holanda
Economia: Caça de baleias tem forte motivação geopolítica
A Austrália havia processado o Japão na corte mais alta da ONU na esperança de acabar com a caça às baleias no Oceano Antártico. Após ler a decisão que teve 12 votos favoráveis contra 4 pelo painel de 16 juízes do tribunal, o Juiz Presidente Peter Tomka disse que o programa do Japão não consegue explicar porquê precisa apanhar um grande número de baleias minke - 850 por ano - tampouco a caça às 50 baleias fin e 50 jubarte.
"O tribunal conclui que as autorizações especiais concedidas ao Japão para matar, levar, e no tratamento de baleias não são ‘para fins de investigação científica’”, disse Tomka.
O tribunal ordenou que o Japão detenha qualquer emissão de licenças de caça às baleias, pelo menos até que o programa seja totalmente reformulado.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros japonês, Noriyuki Shikata, disse aos jornalistas durante coletiva de imprensa que o país "lamenta e está profundamente decepcionado" com a decisão. Mas "como um Estado que respeita o Estado de direito e como um membro responsável da comunidade global, o Japão irá acatar a decisão do tribunal", informou ele.
O ex-ministro do Meio Ambiente australiano Peter Garrett, que ajudou a lançar o processo contra o Japão há quatro anos, disse que se sentiu vingado pela decisão.
AP
Três baleias minke mortas no convés do navio baleeiro japonês Nisshin Maru, no Oceano Antártico (jan/2014)
"Estou absolutamente nas nuvens por todas aquelas pessoas que queriam ver a farsa de baleação científica cessar de uma vez por todas", disse Garrett à rádio Australian Broadcasting Corp. "Eu acho que (isso) significa, sem qualquer sombra de dúvida, que não vamos mais ver a tomada de baleias no Oceano Meridional 'em nome da ciência'."
Embora a decisão seja uma grande vitória para a Austrália e grupos ambientais que se opõem à caça de baleias por razões éticas, a decisão não vai significar o fim da caça às baleias.
O Japão tem o segundo menor programa científico do norte do Pacífico - que agora também pode estar sujeito a mudanças. Enquanto isso, a Noruega e a Islândia rejeitam completamente uma moratória de 1986 sobre a caça comercial imposta pela Comissão Baleeira Internacional.

MG: mãe é presa por queimar bebê para remover tatuagem

Uma mulher de 24 anos foi presa em Minas Gerais por suspeita de ter causado queimaduras na perna de seu bebê. Luciene Ramos Lima teria cometido a agressão, segundo a Polícia Civil, para tentar remover uma tatuagem na criança.
A mãe foi presa ainda no sábado por policiais da 2ª Delegacia Regional de Betim. O estado de saúde da criança não foi informado.

domingo, 30 de março de 2014

Maré: após ocupação, confronto entre facções rivais deixa um morto

Um menor morreu e dois ficaram feridos a tiros neste domingo (30), durante confronto entre facções rivais no Complexo da Maré, após a ocupação das forças de segurança. Os grupos das comunidades de Nova Holanda e Baixo do Sapateiros trocaram pedradas e, depois, houve um tiroteio.
Vinícius Guimarães, de 15 anos, foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré mas, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, “deu entrada na unidade neste domingo (30), às 13h42 já em óbito".
Os outros dois baleados - um de 13 anos e outro de 16 - foram socorridos no Hospital Federal de Bonsucesso.
O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso), para onde suspeitos de envolvimento no conflito foram encaminhados.
PF: presos na ocupação da Maré tem ligações com Menor P
O chefe da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Roberto Cordeiro, disse neste domingo (30) que todas as pessoas presas pelos agentes da PF - durante a ocupação do Complexo da Maré pelas forças de segurança da Polícia Militar - têm relações diretas com a facção criminosa chefiada pelo traficante Menor P, preso na Operação Maioridade, na quarta-feira (26), em Jacarepaguá, zona oeste da cidade.
“Foi exatamente a Operação Maioridade deflagrada pela Policia Federal, que levou à prisão do Menor P e permitiu a localização para prender alguns dos traficantes que fazem parte da facção. Todos têm de alguma forma ligação e participam diretamente da quadrilha que era chefiada por ele”, disse.
Cordeiro explicou que as drogas e armas apreendidas também pertencem a facção criminosa. Durante a operação a PF apreendeu quase meia tonelada de maconha, além de farto armamento em um paiol localizado atrás da Vila Olímpica. “O importante é que esse desdobramento foi possível graças à ocupação do território pelas forças de segurança do estado. Foi o que nos possibilitou entrar, operar e prender esses criminosos”, disse.
Na manhã deste domingo a Polícia Federal prendeu, em Niterói, no Grande Rio, Diane de Barros Rodrigues, de 24 anos, ex-namorada do traficante Marcelo dos Santos das Dores, o Menor P, ex-chefe do tráfico em 11 comunidades do Conjunto de Favelas da Maré.
Em operação paralela à ocupação do Complexo da Maré, agentes da Polícia Federal prenderam, também na manhã de domingo (30), pelo menos três pessoas ligadas ao chefe do tráfico de drogas da Maré. Além de Diane, foram presos o agente penitenciário Luciano Fagundes Pinheiro e um sargento da Polícia Militar, cujo nome não foi revelado.
A Operação Maioridade vem sendo desenvolvida pela Polícia Federal com a meta de prender Fabiano Santos de Jesus, o Zangado, irmão de Menor P, além de cumprir 14 mandados de prisão.

Comissão Nacional da Verdade vai propor criminalização da homofobia

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) poderá incluir no relatório sobre as violações dos direitos humanos, no período da ditadura militar (1964-1985) a ser concluído, no início do segundo semestre, a proposta de criar penalidades contra atos homofóbicos. A informação foi dada pelo cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, um dos membros da CNV, presente na audiência pública Ditadura e homossexualidade no Brasil ocorrida no sábado (29), no Memorial da Resistência.
“Vinte e cinco anos depois da Constituição de 1988 não existe uma legislação que puna o delito de discriminação por homofobia”, disse Pinheiro. Ele acrescentou que no período em que foi baixado o Ato Institucional  nº 5 (AI-5), em 13 dezembro de 1968, houve um freio ao movimento contra a discriminação por orientação sexual.
Entre os participantes da audiência, o pesquisador da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC),Rafael Freitas informou ter tido dificuldades para obter dados oficiais sobre as torturas, perseguições e outras atrocidades sofridas pela militância - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros  naquele período, após cinco anos, os arquivos podem ser expurgados. Segundo ele, os apontamentos que conseguiu relativos as ações desenvolvidas em São Paulo, dizem respeito a política de repressão durante os governos de Paulo Egídio e Paulo Maluf, entre o final da década de 70 e o início de 1980.
O pesquisador relatou na audiência que uma portaria de 1976 criou no âmbito do 4º Distrito Policial, localizado na região central  foi usada para perseguir homossexuais, que eram levados presos a pretexto de contravenção penal por vadiagem e, depois, obrigados a declarar quanto ganhavam, e em alguns casos, passavam também a ser vítimas de extorsão. Além disso, continuou, quando a Secretaria de Segurança Pública, tinha sob o seu comando o coronel Erasmo Dias, “muitos travestis cortavam os pulsos para evitar a prisão”.
Era a Operação Limpeza, desenvolvida pelo delegado José Wilson Richetti, em maio de 1980, com o propósito de prender homossexuais, travestis e prostitutas, no centro da capital paulista, e mais de 1.500 pessoas foram detidas, esclareceu James Green, homossexual norte-americano, professor de história e cultura brasileira na Brown University, nos Estados Unidos.
Ele vivia no Brasil, no final da década de 70 e ajudou a organizar a primeira parada gay do país , em 13 de junho de 1980, contra o fim da repressão policial. “Os movimentos buscavam convencer a sociedade a aceitar que pessoas do mesmo sexo pudessem se amar e reivindicar os seus direitos. Havia um estado de terror e as pessoas tinham medo de se organizar”, disse.
No Itamaraty, exemplificou, havia uma campanha para expulsar do órgão aqueles que eram considerados subversivos, viciados em álcool e homossexuais. Já, no Rio de Janeiro,” existia uma paranoia contra os bailes à fantasia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro porque consideravam um lugar de homossexuais que se fantasiavam de roupas luxuosas para o concurso”.
De acordo com ele havia preconceito até mesmo entre os esquerdistas, condição que só começou a mudar após o período do exílio por conta do movimento internacional protagonizado pelo jornalista, escritor e político Fernando Gabeira.

Ao menos 8 pessoas morrem em eleições na Turquia

A Turquia realizou neste domingo (30) eleições municipais que serviram como uma prova para o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, envolvido em escândalos de corrupção. Ao longo do dia, foi registrada a morte de oito pessoas em todo o país, em confrontos entre facções rivais. Outras 20 ficaram feridas. Cerca de 53 milhões de eleitores estavam habilitados a comparecer às urnas.
Dados preliminares indicam que a afluência foi de mais de 80%. De acordo com a versão on-line do jornal local "Hurriyet", a polícia da província de Adana aproveitou as eleições para prender 350 pessoas que eram procuradas pela justiça. Erdogan governa a Turquia há 12 anos, mas tem visto seu poder se fragilizar desde o ano passado, quando começaram a surgir casos de corrupção e interceptações telefônicas. Para evitar novos ataques às vésperas das eleições, o premier chegou a bloquear sites e redes sociais no país, como o Twitter e o YouTube.

Ônibus é incendiado após assalto em Florianópolis

Um ônibus foi incendiado após um assalto na noite deste sábado, em Florianópolis  e a polícia investiga a possível relação do crime com um atentado ocorrido contra o prédio do Fórum neste final de semana.
O caso ocorreu por volta das 19h30 próximo a um movimentado supermercado localizado às margens da Via Expressa, no bairro José Mendes. Dois homens - um deles armado - entraram no coletivo, exigiram carteira e dinheiro de um passageiro. Em seguida, um deles jogou gasolina no motor e ateou fogo no veículo.
O ônibus ficou completamente destruído pelas chamas. A dupla conseguiu fugir em uma motocicleta e não foi localizada pela polícia.
Atentado ao Fórum
Apesar das autoridades não confirmarem oficialmente, a polícia investiga a possibilidade de relação com outras ocorrências registradas no final de semana. Um veículo foi incendiado na cidade de São José, localizada na região metropolitana de Florianópolis, na manhã deste domingo.
Além disso, um atentado foi realizado ainda na noite de sexta contra o prédio do Fórum da região central de Florianópolis. Um homem em uma motocicleta disparou três tiros contra o local e um deles atingiu o vigilante que estava na portaria. Por sorte, o trabalhador usava colete a prova de balas.
O clima de tensão após a situação verificada no Centro de Triagem, onde a superlotação fez a Justiça determinar a  transferência de todos os presos, e a greve dos agentes prisionais, fazem com que os serviços de inteligência acompanhem a situação com mais proximidade.

RJ: forças de segurança ocupam Complexo da Maré em 15 minutos

Reduto do crime organizado do Rio de Janeiro, o complexo de favelas da Maré, na zona norte da capital fluminense, foi ocupado nas primeiras horas deste domingo pelas forças de segurança do Estado no primeiro passo para a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região que compreende 15 favelas no total, com aproximadamente 130 mil moradores.
Segundo a Secretaria de Estado de Segurança, “as comunidades foram recuperadas pelas forças policiais sem encontrar resistência, o que permitiu o domínio dos pontos planejados dos territórios em 15 minutos”. Policiais continuam nas comunidades em operações de busca de criminosos, apreensões de armas, drogas e objetos roubados.
Participam da operação 1.180 policiais militares de várias unidades, entre elas o Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), além de policiais da Corregedoria Interna da PM. O Bope ocupa as favelas Nova Holanda e Parque União, enquanto que o Batalhão de Choque as outras 13 favelas. Da Polícia Civil, o efetivo no local é de 132 pessoas. Uma base móvel do Instituto Félix Pacheco está instalada no 22º BPM (Maré) para fazer a identificação biométrica de suspeitos.
Além disso, os policiais militares usam 14 blindados disponibilizados pela Marinha e um blindado do Batalhão de Polícia de Choque. Agentes do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal e do Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal apoiam a operação.
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, as comunidades que fazem parte do Complexo da Maré e serão ocupadas são: Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Conjunto Nova Maré, Baixa do Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros, Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa&Merengue), Vila do João e Conjunto Esperança.
O intuito da secretaria de Segurança Pública do Estado é abrir espaço para a entrada do Exército no local, que a exemplo do que ocorreu no complexo de favelas do Alemão, fará a ocupação do local até que o efetivo da Polícia Militar forme o novo efetivo para atuar na Maré – o acordo foi feito junto com ao Ministério da Justiça por intermédio do secretario José Mariano Beltrame e o governador Sérgio Cabral.
O clima no sábado nas comunidades da Maré era de aparente tranquilidade, uma vez que grande parte dos criminosos já deixaram o local, que, diferentemente de outras regiões, tem o domínio de três facões distintas: duas do tráfico de drogas, rivais, além de milicianos.
A Justiça, no último sábado, autorizou a PM a fazer, além do trabalho tradicional de varredura na busca de armas e drogas, a entrar em todas as residências de duas comunidades específicas: favela Nova Holanda e Parque União, tidas como as mais complicadas no que se refere à atuação do tráfico de drogas na região.
No total, atualmente, o Rio de Janeiro conta com 38 UPPs – ainda não existe uma definição de quantas unidades serão instaladas na Maré. No último sábado, na véspera da ocupação definitiva (homens do Bope já atuam há mais de uma semana na região), o governador Sérgio Cabral citou como “muito significativa” a tomada de controle de território “para que a sociedade e poder público possam entrar no local agora com tranquilidade”.
Prisões e apreensões
Por volta das 7h, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) anunciou as primeiras prisões no Complexo da Maré. Segundo a corporação, foram presos dois homens com drogas no Beco Uruguai, em Nova Holanda. Os detidos foram flagrados com 24 trouxinhas de maconha e encaminhados para o 21º DP.
A Força de Segurança também apreendeu uma grande quantidade de maconha, suficiente para lotar uma picape da Polícia Federal, escondida em um buraco na sede da Vila Olímpica da Maré. A Vila Olímpica da Maré é um complexo social que visa proporcionar aos moradores da comunidade diversas atividades esportivas, educativas e culturais. Além da grande quantidade da droga, que ainda precisa ser quantificada, foram encontrados um fuzil, uma submetralhadora e munição.
A Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores dessas comunidades na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia (21) 2253-1177 ou para o 190 da PM.  As forças de ocupação pedem para que moradores andem com documentos de identificação pessoal, assim como documentação de carros, motos e CNH.
O governo pede ainda para que a população denuncie casos de abuso policial. Foram divulgados os telefones de ouvidoria da Polícia Civil – (021) 3399-1199 e da Corregedoria da Polícia Militar (21) 2332 2341

sábado, 29 de março de 2014

Venezuela registra mais duas mortes em protestos

Mais duas pessoas morreram durante a onda de protestos na Venezuela, elevando a 39 o número de vítimas. A oposição ressalta as mortes de manifestantes em confrontos.
Roberto Annese, 33, estudante de ciências políticas, foi morto enquanto protestava na cidade industrial de Maracaibo. Na hora da morte, ele estaria próximo a uma barricada. A prefeitura, de oposição ao governo de Nicolás Maduro, não deu mais detalhes.
Em San Cristóbal, o empresário Franklin Alberto Romero Moncada, 44, teria morrido após se chocar com um cabo de alta tensão solto depois que manifestantes derrubaram um outdoor, segundo o ministro do Interior venezuelano, Miguel Rodríguez.
Segundo o governo, as duas mortes serão investigadas.Opositores do governo de Nicolás Maduro vêm bloqueando as ruas de várias cidades do país há sete semanas. Desde 4 de fevereiro, eles protestam contra a insegurança, a escassez de produtos básicos e a inflação.
Após as manifestações, saíram feridos 379 civis e 180 militares e policiais, segundo informou a procuradoria-geral do país nesta sexta-feira (28).
Desde 12 de fevereiro, as marchas da oposição vêm sendo dispersadas com gás lacrimogêneo. Outras acabaram em confrontos entre grupos mascarados e uniformizados, deixando mais de 550 feridos. Foram abertas 81 investigações por violações aos direitos humanos.

Cabral: UPPs serão instaladas na Maré já a partir do segundo semestre

O governador Sérgio Cabral disse hoje (29) que, embora esteja acertado com o governo federal que as Forças de Segurança fiquem no Complexo da Maré até o dia 31 de julho, o decreto que institui na área a Garantia da Lei e da Ordem  (GLO), assinado pela presidenta Dilma Rousseff, já prevê a possibilidade da ampliação desse prazo de ocupação, “desde que necessário”.
Cabral disse, porém, que a intenção é de que o prazo seja cumprido e que já no segundo semestre do ano o governo do estado inicie a instalação das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas 16 favelas que integram o complexo.
>> Maré: forças de segurança abrem caminho a um dia da ocupação
Em entrevista. o governador Sérgio Cabral lembrou as dificuldades que cercam o complexo de favelas que fica às margens da Avenida Brasil, a principal via de ligação entre as zonas norte e oeste, ao centro, e à zona sul da cidade.
“É preciso ter em mente que o Complexo da Maré é uma cidade dentro da cidade. O estado do Rio tem 92 cidades e talvez 80% delas não tenham 120 mil habitantes”, população estimada do Complexo da Maré. “Então mas que uma cidade dentro da cidade, a Maré tem regras próprias. É dividida entre facções, milicias, comandos e onde o estado não está presente para garantir a lei e a ordem”.
Na avaliação do governador, a ocupação da Maré será mais uma vitória para o Rio e mais um passo na conquista da pacificação. “Nós estabelecemos na GLO uma solicitação de prazo até 31 de julho para a ocupação, mas já negociamos com o governo federal que se tiver que ser estendido assim será”.
“Mas o nosso projeto é que essa transição seja feita para  que, já no segundo semestre, seja feita para podermos entrar com as UPPs, como foi feito no Alemão”, disse.
Sérgio Cabral disse que a diferença desta ocupação em relação a ocupações anteriores é que agora a politica de segurança do estado obteve credibilidade junto aos órgãos federais de segurança, ao contrário das vezes anteriores em que teve de recorrer à ajuda federal.
“Essa é uma etapa nova que me fez lembrar o início do governo". Na ocasião, nós não tínhamos ainda credibilidade. Me lembro a primeira vez que pedi ao presidente Lula que mandasse para o Rio os ministros da Defesa e da Justiça para nos apoiar numa ação efetiva. E me lembro do ceticismo, da falta de crença, sobretudo das Forças Armadas, com o Rio. E sei que hoje já há uma clara mudança de postura em relação ao Rio”.
“A própria reunião com a presidenta foi uma coisa absolutamente tranquila. Com todos naturalmente se colocando à disposição do Rio para nos apoiar no reforço à política do estado de combate ao crime organizado. De dar resposta ao crime e mostrar que a politica de estado, de pacificação, de garantir paz á sociedade, é nossa. Mas é também do governo federal”. Sérgio Cabral informou que já há todo um planejamento para que os governos estadual, federal e municipal possam ocupar as 16 favelas que integram o complexo da Maré com ações sociais tão logo a região seja ocupada pelas forças de segurança.
“Com certeza já existe todo um planejamento: o governo do estado, a prefeitura e o governo federal vão entrar muito forte com serviços básicos. É todo um conjunto de ações sociais e educacionais que serão introduzidas na Maré - só que a partir de agora com segurança”.
As declarações do governador foram dadas no Centro do Rio onde ele, acompanhado do prefeito Eduardo Paes, inaugurou a Biblioteca Parque Estadual. Foram aplicados R$ 71 milhões em obras civis, acervos, equipamentos e instalações da unidade, que passa a ser a matriz da rede de Bibliotecas Parque já implantadas no Rio de Janeiro.
Segundo o governador Sérgio Cabral, o novo espaço é pioneiro no país, já que reúne várias possibilidades de interação do público com a cultura. “Estou muito feliz em entregar à cidade do Rio de Janeiro a Biblioteca Parque do Estado completamente renovada. É um projeto de Glauco Campello, contemporâneo, com o que há de mais moderno no que se refere a espaços públicos de cultura e arte no mundo. E aqui na Avenida Presidente Vargas, nesta biblioteca, teremos o livro, uma viagem pela internet e pelo mundo da tecnologia. Esta biblioteca é, de fato, o epicentro de um novo projeto de conceito de biblioteca no Brasil”, disse.

Na véspera da ocupação do Complexo da Maré, forças de segurança preparam caminho

Está confirmada para a madrugada deste domingo (30) a ocupação do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio. A operação contará com tropas federais, Batalhão de Operações Especiais (Bope), Batalhão de Choque (BPChoque) e Batalhão de Ações com Cães (BAC). Agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal também atuarão, com serviço de inteligência e cerco aos acessos do conjunto de favelas.
Na manhã deste sábado (29), a Marinha fez o reconhecimento da região. A Polícia Militar também já atua na área, fazendo buscas por criminosos, revistas em carros e ônibus e apreendendo armas e munições. Ao todo, o complexo abrange 16 comunidades.
A tecnologia de ponta será utilizada na operação de ocupação do Complexo da Maré. Parte dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) utilizará óculos com câmeras de visão noturna acopladas, capazes de filmar as ações de combate, mesmo durante a noite. Os equipamentos estavam sendo testados em situação real, na tarde de sexta-feira (28), por um grupo de sete homens do Bope, em ações na Favela Nova Holanda.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais vão usar óculos com câmeras acopladas na ocupação do Complexo da Maré, capazes de filmar durante a noite 
Policiais do Batalhão de Operações Especiais vão usar óculos com câmeras acopladas na ocupação do Complexo da Maré, capazes de filmar durante a noite 
Equipamento semelhante já foi utilizado por oficiais da Polícia Militar (PM) durante as manifestações de rua, no ano passado. A intenção é gravar as operações, possibilitando comprovação das ações de combate. Segundo a assessoria da PM, “o objetivo é garantir a isenção nas abordagens policiais e ter arquivos de imagens que possam contribuir posteriormente”.
A câmera fica acoplada ao lado de um óculos especial, ligada por fio a uma unidade de processamento e bateria, guardadas no bolso da farda. Os policiais, que estavam usando armamento pesado, recebiam instrução de um oficial, antes de retornarem para a favela, a partir do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM), onde estão baseados.
Um modelo de câmera bastante semelhante à usada pelos homens do Bope custa cerca de US$ 500 em lojas de comércio eletrônico, nos Estados Unidos. O modelo Axon Flex, da marca Taser, tem resolução VGA, pode filmar à noite, com sensibilidade de apenas 1 lux, e tem bateria com duração de até 12 horas.

Rússia não pretende mandar tropas à Ucrânia, diz ministro


A Rússia não tem intenção de enviar suas forças armadas para a Ucrânia, embora esteja pronta para proteger os direitos dos representantes russos na ex-república soviética, afirmou neste sábado em entrevista o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
"Não temos absolutamente nenhuma intenção de, ou interesse em, cruzar a fronteiras da Ucrânia", disse Lavrov a um canal de televisão russo.
A Rússia tem tropas na Crimeia, que recentemente anexou da Ucrânia, com milhares de militares perto da fronteira com a Ucrânia.

Espaços públicos de Bauru participam da Hora do Planeta hoje

Pelo sexto ano consecutivo, Bauru participará da Hora do Planeta, ação promovida no mundo todo pela Rede WWF, na qual governos, empresas e a população demonstram a sua preocupação com o aquecimento global, apagando as suas luzes durante sessenta minutos.
A Hora do Planeta acontecerá neste sábado (29) entre  20h30 e 21h30, quando as luzes de três espaços públicos estarão apagadas, que são o Parque Vitória Régia, Praça das Cerejeiras e Praça Rui Barbosa.
Com o slogan “Use seu poder para salvar o planeta”, o movimento aposta no poder de cada um para a mudança, seja o cidadão brasileiro ou o Homem-Aranha, primeiro embaixador global do movimento.
Quantos?
Em 2013, a Hora do Planeta contabilizou 113 cidades no Brasil, que juntas apagaram mais de 627 ícones (entre eles, monumentos artísticos, espaços públicos e prédios históricos).

sexta-feira, 28 de março de 2014

Mais objetos são avistados em nova área de buscas por avião desaparecido


A operação de buscas pelo avião desaparecido da Malaysia Airlines deslocou-se cerca de 1.100 quilômetros ao norte nesta sexta-feira, depois de autoridades australianas receberem informações da Malásia sugerindo que o avião ficou sem combustível mais cedo do que se pensava.
A mudança dramática na área de buscas no Oceano Índico deve-se à análise de dados de radar e de satélite apontando que o avião desaparecido viajou mais rápido do que o calculado anteriormente, e teria queimado sua carga de combustível em menos tempo.
A Austrália disse que cinco aviões haviam avistado "vários objetos de várias cores" na nova área de busca.
"Imagens fotográficas dos objetos foram capturadas e serão analisadas durante a noite", informou um comunicado da Autoridade Australiana Marítima e de Segurança (AMSA, na sigla em inglês).
"Os objetos não podem ser verificados ou considerados como sendo do voo MH370 até que sejam realocados e resgatados por navios."
A última reviravolta destaca a desconcertante e frustrante operação de busca de quase três semanas, desde o desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines dos radares menos de uma hora após decolar de Kuala Lumpur com destino a Pequim.
A Malásia afirma que o avião foi provavelmente desviado, mas investigadores não descobriram possíveis motivos para mudança de rota ou alertas vermelhos entre os 227 passageiros e 12 tripulantes.
Autoridades da Malásia disseram que a nova área de busca é resultado de uma análise minuciosa dos dados de radar militar e das leituras de satélite da empresa britânica Inmarsat, realizadas por pesquisadores norte-americanos, chineses, britânicos e da Malásia.
A análise de desempenho do motor pelo fabricante do avião Boeing ajudou os investigadores a determinar quanto tempo o avião pode ter voado antes de ficar sem combustível e cair no oceano.
"A informação que já tinha sido examinada pela investigação foi reexaminada à luz de novas evidências a partir da análise de dados da Inmarsat" , disse o ministro dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein, em entrevista coletiva.

Hackers bloqueiam site do governo da Turquia

Em protesto ao bloqueio do Youtube decretado ontem, 27, pelo primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o grupo hacker RedHack atacou durante a noite o site da Autoridade Turca de Telecomunicações (TIB). De acordo com a mídia turca, o site da TIB ficou inoperante durante toda a noite. Recentemente, o primeiro-ministro havia também decretado o bloqueio do Twitter para evitar a publicação de supostos casos de corrupção envolvendo a cúpula de seu governo. Porém, na última quarta-feira, uma corte administrativa derrubou a decisão.
 O bloqueio das duas populares redes sociais ocorre próximo das cruciais eleições administrativas, que deverão ocorrer no próximo dia 30 de março. A medida acarretou em nova onda de críticas dos Estados Unidos e da União Europeia. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Marie Harf, afirmou que os Estados Unidos são contra todo tipo de violações da liberdade de expressão e pediu que a decisão de bloquear o Youtube fosse revista. (ANSA)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Operação da PF combate desvio de R$ 9 milhões da Caixa

A Polícia Federal faz nesta quinta-feira uma ação para combater fraudes bancárias cometidas por duas organizações criminosas que causaram prejuízo superior a R$ 9 milhões à Caixa Econômica Federal. A Operação Cártula é resultado de um método inédito de investigação e cumpre 52 mandados judiciais: 10 de prisão preventiva, 11 de busca e apreensão, 31 de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir até a delegacia depor), além do sequestro de imóvel, veículos e contas bancárias.
Os grupos criminosos atuavam em seis Estados - São Paulo, Ceará, Piauí, Maranhão, Alagoas e Paraíba) - e no Distrito Federal. De acordo com a PF, os líderes possuem antecedentes como homicídios, latrocínios e assalto a mão armada. Um deles pertenceu a um bando que assassinava policiais em Fortaleza (CE) e, atualmente, age também no tráfico de drogas na região.
As investigações mostraram que as organizações usavam documentos falsos para a abertura de contas bancárias na Caixa Econômica Federal ou cooptavam titulares de contas bancárias existentes para que permitissem o uso das mesmas no esquema ilegal. A fraude consistia na obtenção de folhas de cheques originais. Em seguida, os criminosos inseriam dados falsos com alteração da numeração. Para a compensação dos cheques fraudados, eles faziam uso das contas abertas irregularmente ou através das contas bancárias dos terceiros cooptados, que as cediam mediante pagamento em dinheiro.
Para descobrir o golpe, a Polícia Federal usou pela primeira vez um sistema nacional de bancos de dados. A novidade foi criada para cruzar informações bancárias que verificou a incidência de crimes de estelionato e lavagem de dinheiro na modalidade clonagem de cheques.
Além das fraudes bancárias, as investigações revelaram que as quadrilhas agiam com violência e grave ameaça para manter o domínio e controle de suas atividades. O nome da operação se refere ao título de crédito ou cheque, usado para a prática criminosa da organização.

PSB eleva tom das críticas a Dilma na TV e tenta colar imagem de Marina a Campos


O programa do PSB na TV, que vai ao ar na noite desta quinta-feira, eleva o tom das críticas a presidente Dilma Rousseff e, ao apresentar imagens apenas de um diálogo entre o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva, tenta colar a imagem dela a do socialista para que ele suba nas pesquisas.
Gravado antes da divulgação de novas informações sobre a aquisição da uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, em 2006, o programa também critica Dilma pela perda de valor de mercado da estatal durante sua gestão.
"Eu que vi em 2010 a presidenta Dilma dizer que ia defender a Petrobras, que o adversário dela ia privatizar a Petrobras. Eu vi três anos depois a Petrobras valer metade do que valia. Ou seja, tem meia Petrobras. E dever quatro vezes mais do que devia", ataca Campos num trecho do vídeo, ao qual a Reuters teve acesso.
Numa tentativa clara de evitar um embate direto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Campos e Marina, que foram ministros durante a gestão do petista, centraram suas críticas à Dilma e asseguraram que vão garantir as conquistas dos últimos governos.
"É inegável que houve avanços (nos últimos anos) e o presidente Lula cuidou de preservar esses avanços", afirma Campos. "De 2011 para cá, todos nós sabemos que começamos a ver as coisas não darem certo como se imaginava que poderia dar", continua.
E Marina prossegue com a crítica. "A gente vinha numa trajetória de progresso econômico e social e até com alguns ganhos ambientais, e o que a gente percebe é que estamos numa trajetória de retrocessos", afirma.
Os dois criticam ainda a inflação elevada, o modelo energético, que foi elaborado por Dilma quando era ministra de Minas e Energia, e a falta de disposição da presidente para dialogar com a sociedade.
"Ela teve a oportunidade de chegar à Presidência da República, de receber um legado do presidente Lula, com quem nós trabalhamos. Ela poderia ter feito pelo Brasil aquilo que ela se comprometeu a fazer, que era seguir melhorando o Brasil. Não desmanchar o que estava feito e fazer o que restava fazer", ataca Campos.
A união entre o socialista e Marina ocorreu em outubro do ano passado, num lance que surpreendeu a cena política, depois que a ex-senadora não conseguiu criar seu partido, a Rede Sustentabilidade, para se candidatar à Presidência.
Os dois então passaram a tentar superar a polêmica sobre quem estará na cabeça da chapa, já que Campos preside o PSB, mas Marina, recém filiada, sempre esteve melhor posicionado que ele nas pesquisas.
Após superada a polêmica e definido que Campos encabeçará a chapa tendo Marina como provável vice, a expectativa dos socialistas é que houvesse uma maior transferência da intenção de votos para o governador pernambucano, que até agora as pesquisas não registraram.
Por isso, parte do programa foi produzido para ratificar que os dois estão juntos e que Campos encabeça a chapa.
"Sua decisão mudou a política brasileira, uma mulher que tem o respeito do povo brasileiro e do mundo, que teve 20 milhões de votos, dizendo assim: 'eu não estou aqui em busca de candidaturas de partidos para me filiar'", diz Campos logo no começo do vídeo.
"O que nos une é o desejo de voltar a fazer o Brasil melhorar", prossegue. "O povo brasileiro já sabe o que quer, ele quer é mudar. Ainda não sabe é que nós estamos juntos para ajudar nessa mudança", acrescenta Campos, que aposta na união com Marina para se tornar conhecido e chegar ao segundo turno da eleição.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Câmara conclui votação do Código de Processo Civil

A Câmara dos Deputados concluiu hoje (26) a votação do projeto de lei do novo Código de Processo Civil (CPC), ao aprovar a redação final da matéria. O projeto retorna agora para apreciação do Senado, uma vez que o texto que já havia sido aprovado pelos senadores sofreu mudanças nas discussões e votação na Câmara. O texto a ser enviado ao Senado é um substitutivo elaborado pela comissão especial da Câmara que analisou a matéria.
A nova votação no plenário ocorreu porque foram feitas várias alterações no texto por causa das emendas e destaques aprovados na primeira votação no plenário. O texto aprovado consolida as mudanças feitas, sem qualquer alteração de mérito. Ontem (25), a comissão especial aprovou a redação final da proposta. O projeto original foi elaborado por uma comissão de juristas com o objetivo de desburocratizar e dar rapidez ao andamento de ações cíveis.
O novo CPC tem mudanças significativas em relação ao atual sobre a tramitação de ações civis na Justiça. Ele exclui recursos, elimina formalidades, incentiva a conciliação e cria uma ferramenta para aplicar uma mesma decisão a processos semelhantes.

Satélite identifica 122 novos objetos que podem ser do voo da Malásia

Imagens obtidas pela França mostram destroços de até 25 m de comprimento. Local das buscas é difícil, diz autoridade malaia

Dados enviados por um satelite identificaram 122 novos objetos que podem ser do avião desaparecido da Malaysia Airlines, de acordo com o ministro da Defesa e dos Transportes interino da Malásia, Hishammuddin Hussein, nesta quarta-feira (26). “É o principal vestígio que temos”, afirmou ele.
Hoje: Austrália diz ter avistado mais três objetos em buscas por avião desaparecido
AP
O ministro da Defesa da Malásia e dos Transportes, Hishammuddin Hussein, indica local onde os objetos foram registrados por satélite francês, na Malásia

Ontem: Parentes de passageiros de voo da Malásia entram em choque com a polícia
Hussein explicou que os objetos estavam a aproximadamente 2.500 km a sudoeste da Austrália, área que se tornou uma prioridade nas buscas desde que satélites detectaram possíveis destroços da aeronave na região.
Nuvens dificultam o registro de novas imagens pelo satélite, mas dezenas de objetos podem ser vistos, com comprimentos que variam de 1 até 25 metros. O ministro disse ainda que alguns desses destroços “parecia ser brilhante, possivelmente indicando que são materiais sólidos.”
As imagens foram registradas no último domingo (23) e retransmitidas pela empresa francesa Airbus Defence and Space, uma divisão da Airbus Grupo da Europa; seus negócios incluem a operação e comunicação por satélite.
Vários objetos flutuantes foram vistos por aviões e satélites ao longo da última semana, inclusive nesta quarta, quando a Autoridade de Segurança Marítima da Austrália avisou, por meio do Twitter, que mais três destroços foram encontrados na região. A origem dos destroços ainda é incerta, já que os objetos podem ser de outro avião ou mesmo de um navio de carga.
Premiê da Malásia: Avião caiu no sul do Índico e não há sobreviventes
"Se for confirmado que os objetos são mesmo do MH370, ao menos passaremos para a próxima fase das buscas de vigilância em alto mar", afirmou Hishammuddin.
As buscas foram retomadas nesta quarta depois que ventos fortes e ondas muito altas forçaram as equipes a fazerem uma pausa na terça-feira (25). Um total de 12 aviões e cinco navios dos Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia estavam participando da pesquisa, na esperança de encontrar uma única peça do jato a fim de oferecer uma evidência concreta do acidente aéreo e fornecer pistas para encontrar o restante dos destroços.
A Malásia anunciou na segunda-feira (24) que uma análise matemática dos sinais de satélite do avião mostraram que a aeronave, desaparecido desde o último dia 8 com 239 pessoas a bordo, havia caído no mar, sem deixar sobreviventes. Os novos dados reduziram - e muito - a área de buscas, que continua a ser enorme - estima-se que são 1,6 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente o tamanho do Alaska.
"Estamos dando tudo o que temos nas buscas”, afirmou o primeiro-ministro australiano Tony Abbott à rede de televisão Nine Network nesta quarta. "Esse é o local mais inacessível que se pode imaginar. São milhares de quilômetros de lugar nenhum", disse mais tarde à televisão Seven Network. Ele prometeu que "vamos fazer o que pudermos para resolver esse enigma."
China
A China enviou uma autoridade especial à Malásia, segundo a agência de notícias chinesas Xinhua. O político Zhang Yesui encontrou-se com o premiê da Malásia, Najib Razak, para discutir as operações de busca. O país está participando das missões com quatro navios e um avião militar. A maior parte – 153 – dos 239 passageiros a bordo do MH370 era chinesa.
Em Pequim, algumas famílias mantém a esperança de que seus entes queridos podem ter sobrevivido ao desastre. Cerca de dois terços dos desaparecidos eram chineses e seus parentes têm criticado a Malásia por declarar a morte das pessoas a bordo sem qualquer evidência física. Muitos também acreditam as autoridades não foram transparentes ou rápidas na divulgação de notícias sobre as buscas.
Segunda: Austrália avista 'novos objetos' que podem ser do voo desaparecido no Índico
Wang Chunjiang, cujo irmão estava no avião, disse que vive "um conflito interno."
"Queremos saber a verdade, mas temos medo dos destroços do avião serem encontrados”, afirmou ele enquanto espera por mais informações em hotel perto do aeroporto de Pequim. "Se eles encontrarem os destroços, então a nossa última esperança será frustrada. Não teremos a mínima esperança."
Área de buscas 
As equipes estão concentrando seus esforços durante as próximas 36 horas, já que a previsão é que o clima vai piorar. Especialistas dizem que mesmo que alguns destroços sejam recuperados, o avião ainda pode levar meses ou anos até ser descoberto.
David Ferreira, oceanógrafo da Universidade de Reading, na Grã-Bretanha, explica que pouco se sabe sobre a topografia detalhada do fundo do mar onde o avião pode ter caído.
Já para Kerry Sieh, diretor do Observatório Terra de Cingapura, na região, o fundo do mar é relativamente plano, com depressões e fendas semelhantes a parte do Oceano Atlântico onde os destroços Air France foi encontrado.
Sieh acredita que todos os pedaços grandes do avião provavelmente ficariam parados depois de terem afundado completamente. Mas a recuperação de qualquer parte do avião vai ser difícil por causa da profundidade - em grande parte chega a 4.500 metros  - e pelas condições inóspitas na superfície, onde os ventos intensos e imensas ondas são comuns.

Ex-chefe do serviço médico da F1 aponta erros no atendimento a Schumacher

Gary Hartstein, ex-chefe do serviço médico da Fórmula 1, afirmou nesta quarta-feira que as possibilidades de recuperação de Michael Schumacher do acidente de esqui são cada vez menores e apontou erros no atendimento após a queda do piloto.
Gary Hartstein, chefe dos médicos da F1 até 2012, escreveu em seu blog que soube por "fontes habitualmente impecáveis com acesso a esta informação" que erros foram cometidos nos primeiros momentos posteriores ao acidente do hexacampeão mundial nos Alpes franceses, em 29 de dezembro.
"Acredito que quando começou o tratamento de Michael é evidente que aconteceram lapsos sérios de avaliação", escreveu.
"Estes lapsos poderiam ter piorado (e quase com toda certeza pioraram de fato) o caso de Michael", completou.
Mais tarde, Hartstein explicou que se referia ao atendimento médico "improvisado" que o piloto alemão recebeu antes de ser internado em um hospital de Grenoble, sudeste da França.
Hartstein não detalhou os erros que poderiam ter prejudicado Schumacher, de 45 anos, que se encontra em fase de despertar progressivo depois de ter sido colocado em coma induzido.
De acordo com Hartstein, "à medida que o tempo passa (...) é cada vez menos provável que Michael se recupere de forma notória".
Em 29 de dezembro, o piloto caiu quando esquiava ao lado do filho e de amigos na estação alpina de Meribel (França e bateu com a cabeça em uma rocha.
Ao ser internado no hospital, ele tinha lesões cranianas "difusas e graves".
Depois de ser colocado em coma induzido, no dia 30 de janeiro entrou na fase de despertar progressivo, que consiste em reduzir progressivamente os sedativos administrados.

terça-feira, 25 de março de 2014

Standard espera ajustes na política fiscal brasileira após eleições

Agência destaca que não vê novo rebaixamento para o país.

Depois de ter rebaixado a nota do Brasil, de BBB para BBB-, nesta segunda-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) disse hoje que espera alguns pequenos ajustes na política fiscal brasileira após as eleições de outubro, mas não uma reversão rápida na tendência de deterioração das contas públicas.
Em uma teleconferência, Lisa Schineller, analista da S&P responsável pelo Brasil, afirmou que esses riscos fiscais já estão embutidos no rating e perspectivas atuais. Ela reafirmou também que o Brasil é consistente com o grau de investimento.
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A Standard & Poor's indicou que não vê novo rebaixamento para o Brasil, destacando que isso só acontecerá se os indicadores externos tiverem forte deterioração e se o governo romper seu compromisso com políticas pragmáticas.
"Reduzir os ratings de novo é realmente um cenário que nós não estamos contemplando", disse Lisa Schineller.
Ela reafirmou que os sinais da política econômica são "mistos" e, por isso, a agência trabalha com uma perspectiva de crescimento fraca. Segundo ela, o rebaixamento não se deveu a um só fator e, sim, a uma combinação de indicadores mais fracos.
Segundo a S&P, outros riscos para o Brasil são o setor de energia, a inflação e o julgamento de eventual correção da poupança por conta de planos econômicos. “É importante ressaltar que a perspectiva da nota é estável. Vimos ajustes na economia e damos valor a isso, como a subida dos juros pelo Banco Central”, ponderou.

Arquimedes

Arquimedes nasceu em Siracusa, atual Itália, no ano 287 a.C. Foi um matemático, engenheiro, físico, inventor e astrônomo grego, filho de um astrônomo, que provavelmente o apresentou à matemática. Arquimedes estudou em Alexandria, onde teve como mestre Canon de Samos e, assim, entrou em contato com Erastótenes. A este último Arquimedes dedicou seu método, no qual expôs sua genial aplicação da mecânica à geometria, desta maneira, “pesava” imaginariamente áreas e volumes desconhecidos para determinar seu valor. Voltou logo a Siracusa, onde se dedicou totalmente ao trabalho científico.
Da biografia de Arquimedes, o maior matemático da antiguidade, a quem Plutarco creditou uma inteligência bem acima do normal, somente é conhecida uma série de anedotas. A mais divulgada é aquela relatada por Vitrúvio e se refere ao método que utilizou para comprovar se existiu fraude na confecção de uma coroa de ouro pedida por Hierão II, tirano de Siracusa e protetor de Arquimedes, quem sabe, até seu parente. Ao tomar banho, Arquimedes percebeu que a água transbordava da banheira, na medida em que mergulhava nela. Esta observação lhe permitiu resolver a questão que lhe havia sido proposta pelo tirano. Conta-se que ao descobrir como detectar se a coroa era ou não de ouro, tomado de tanta alegria, partiu correndo nu pelas ruas de Siracusa em direção à casa de Hierão gritando “Eureka!, Eureka!”, ou seja, descobri!, descobri!
Segundo outra anedota famosa, contada por Plutarco, Arquimedes assegurou ao tirano que, se lhe dessem um ponto de apoio, conseguiria mover a terra. Acredita-se que, incentivado pelo rei a pôr em prática o que dizia, Arquimedes, com um complexo sistema de roldanas, pôs em movimento, sem esforço, um grande navio com três mastros e totalmente carregado.
São famosas as diversas invenções bélicas de Arquimedes que, segundo se acredita, ajudaram Siracusa a resistir, durante três anos, ao assédio romano, antes de cair nas mãos das tropas de Marcelo.
Dentre seus mais famosos livros podemos citar: Equilíbrios Planos, onde fundamentou a lei da alavanca, deduzindo-a por meio de poucos postulados, determinou o centro de gravidade de paralelogramos, trapézios, retângulos e de um segmento de parábola; Sobre a Esfera e o Cilindro, aqui Arquimedes utilizou um método conhecido como exaustão, precedente do cálculo integral, para determinar a superfície de uma esfera e para estabelecer a relação entre uma esfera e o cilindro circunscrito nela.
Arquimedes foi morto (212 a.C.) por um soldado romano ao recusar-se a abandonar um problema matemático no qual estava imerso.

PMDB decide votar a favor do Marco Civil da internet

Partido retirou também propostas para alterar texto após governo recuar em dois pontos na proposta.

O PMDB, que era considerado o principal entrave para a votação do Marco Civil da internet, decidiu votar favoravelmente ao projeto, considerado uma constituição da internet, e retirar todos os destaques previstos para tentar modificar o texto. O líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), disse que a bancada ficou satisfeita com os recuos do governo no texto.
Para acalmar o PMDB e outros partidos da base aliada, o governo concordou em retirar do texto a previsão de obrigar empresas estrangeiras a manter dados de usuários brasileiros no Brasil, numa tentativa de facilitar o cumprimento de decisões judiciais. O ponto era de interesse pessoal da presidente Dilma Rousseff, após denúncias de espionagem por parte dos Estados Unidos contra autoridades e cidadãos brasileiros.
Outra polêmica em torno do projeto era sobre a chamada neutralidade da rede, que obriga empresas a tratar usuários e conteúdo acessado por eles de forma igualitária, independente do pacote assinado. O PMDB abandonou a briga sobre o artigo depois de o governo incluir no texto que ouviria a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Comitê Gestor de Internet (CGI) antes de editar decretos para regulamentar a discriminação ou degradação de tráfego.
“O PMDB, com o recuo que houve,  a mudança nos dois artigos, concordou em acompanhar os demais partidos que nós fizemos uma aliança informal, que já haviam concordado em alterar a sua posição em função dessa mudança e, consequentemente, vamos votar favorável”, disse.
Cunha afirmou, no entanto, que a bancada continua contrária ao artigo 20, que trata da responsabilização de provedores pelo conteúdo publicado por usuários. Segundo ele, se algum partido apresentar um destaque para retirar este ponto da proposta, a legenda votará a favor.

Senado aprova requerimento para ouvir Foster e Lobão sobre refinaria

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, deve ir ao Senado prestar esclarecimentos sobre a aquisição, em 2006, pela estatal brasileira, de uma refinaria em Pasadena, no Texas (EUA). Após um acordo entre parlamentares governistas e de oposição o requerimento de convite foi aprovado nesta terça-feira (25) pelas Comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e de Fiscalização e Controle (CMA) e a de Assuntos Econômicos (CAE).
Os senadores querem saber porque a Petrobras desembolsou um valor 30 vezes maior que o montante pago pela empresa belga Astra Oil para adquirir a mesma refinaria, um ano antes. Os senadores também cobram explicações sobre declarações da presidenta Dilma Rousseff de que um "parecer falho" teria embasado a compra da refinaria.
Outro requerimento aprovado pela CMA e pela CAE foi um convite ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Além de falar da compra refinaria, Lobão será questionado sobre relatório da consultoria PSR, apontando 20% de probabilidade de que o Brasil decrete racionamento de energia este ano. Os parlamentares querem esclarecer, ainda, notícias sobre problemas na Eletrobrás, como a queda do valor das ações da empresa.
Presidenta da Petrobras deve falar, no Senado, sobre compra de refinaria em Pasadena
Presidenta da Petrobras deve falar, no Senado, sobre compra de refinaria em Pasadena
Na Comissão de Meio Ambiente deverão ser votados na semana que vem outros dois requerimentos: um para convidar o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e outro de convite ao ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Ele é apontado como o responsável pelo “parecer falho” que teria orientado o negócio.
Cerveró era o diretor, em 2006, quando a estatal comprou 50% da refinaria de Pasadena. Devido a suspeitas de superfaturamento, a transação, que resultou em um gasto total de US$ 1,18 bilhão para a Petrobras, é alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU), da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF).
Caso outras comissões do Senado aprovem requerimentos para ouvir essas mesmas autoridades, a audiência será feita em conjunto.

Ucrânia: Parlamento aprova demissão do ministro da Defesa

O Parlamento ucraniano (Rada) aprovou hoje (25) a demissão do ministro da Defesa, Igor Teniukh, criticado por sua atuação durante a perda da Crimeia, e nomeou para o cargo o general Mikail Koval. A Rada havia rejeitado antes a demissão do almirante Teniuk, mas a saída foi finalmente aprovada por 228 deputados, em sessão parlamentar bastante agitada.
Posteriormente, os deputados votaram a favor da nomeação de Mikail Koval para o cargo, apresentada pelo presidente interino, Oleksandr Turchinov, que recebeu 251 dos 314 votos dos parlamentares presentes à sessão. “Entendo toda a responsabilidade. Sou militar de carreira. Amo a minha profissão, amo a Ucrânia”, disse o general Koval, de 58 anos, pertencente ao corpo de Guarda-Fronteiras.
Koval agradeceu ao almirante sua gestão à frente do ministério e Turchinov defendeu Teniukh das acusações de “ineficácia” de que foi alvo nos últimos dias.
“A Rússia esperava na Crimeia provocações dos militares, um confronto direto para que morressem centenas de milhares de civis e houvesse uma desculpa para invadir a Ucrânia continental. Mas, graças à paciência do Ministério da Defesa e das unidades colocada ali, o plano não funcionou”, disse Turchinov.
Vários deputados da Rada, entre eles o líder do partido Udar, o ex-boxeur Vitaly Klitschko, acusaram o governo ucraniano de não ter oferecido resistência às tropas russas na Crimeia e de ter abandonado os soldados que mantiveram lealdade a Kiev.
Mais de 200 unidades ucranianas içaram a bandeira russa e mais da metade dos soldados das Forças Armadas da Ucrânia trocaram de lado, colocando-se às ordens da Rússia.
A maioria das últimas unidades, bases e navios de guerra que continuavam leais a Kiev foram tomados pelas forças russas no sábado passado, face à inoperância da liderança militar e política do país, denunciada como negligente por muitos oficiais ucranianos.
Os efetivos ucranianos foram forçados pelas tropas russas a deixar todo o armamento e os equipamentos nas bases militares.
Pelo menos cinco oficiais ucranianos, entre eles o comandante adjunto da Marinha da Ucrânia para a Defesa do Litoral, general Igor Voronchenk, foram detidos pelas autoridades da Crimeia por resistir aos russos.
Península da Ucrânia, a Crimeia foi ocupada durante mais de três semanas por tropas russas, tendo sido anexada à Federação russa na semana passada, depois da realização de um referendo.
A Rússia concedeu, até o momento, cidadania a cerca de 2.500 habitantes da Crimeia, segundo o Serviço Federal Migratório russo.

segunda-feira, 24 de março de 2014

G7 suspende reuniões com a Rússia por causa de crise com Ucrânia

Os chefes de Estado e de Governo do G7 decidiram hoje (24) não participar em reuniões com a Rússia, no formato G8, até que Moscou “mude de posição” em relação à Ucrânia.
“Vamos suspender a nossa participação no G8 até que a Rússia mude de posição”, diz comunicado dos líderes dos sete países e que confirma a suspensão da reunião do G8 que estava agendada para julho, na cidade russa de Sochi.
“Vamos nos reunir no novo formato G7 no mês de junho, em Bruxelas, para discutir a ampla agenda que temos em conjunto”, declararam também os líderes da França, do Reino Unido, da Itália, da Alemanha, dos Estados Unidos, do Canadá e do Japão.
A reunião do G7 foi convocada pelo presidente norte-americano, Barack Obama, durante a cúpula sobre segurança nuclear, na Holanda. Os países reuniram-se para a adoção de uma posição comum em relação à Rússia, após a intervenção de Moscou na Península da Crimeia, e suspenderam outras reuniões previstas com a Rússia.
Foi suspensa a reunião de ministros de Negócios Estrangeiros do G8, prevista para abril, e que devia decorrer sob a presidência da Rússia, assim como foi anunciado um encontro dos ministros de Energia dos sete países para “discutir o reforço da segurança energética coletiva”.
O comunicado indica também que o G8 irá reunir-se com base em “responsabilidades conjuntas”, assinalando que as ações da Rússia nas últimas semanas não condizem com o posicionamento do grupo,  que incluía Moscou.
Os chefes de Estado e de Governo “reafirmaram apoio quanto à soberania, integridade territorial e independência” da Ucrânia. “A lei internacional proíbe a anexação de parte ou totalidade de território de outro Estado através da coação ou da força”, declararam, sublinhando que as ações da Rússia violam o “sistema internacional”.
Da mesma forma, condenaram o “referendo ilegal” feito na Crimeia, contra a Constituição da Ucrânia e condenaram “energicamente” as “intenções ilegais da Rússia de anexar a Crimeia”, deixando claro que não reconhecem as duas circunstâncias.”
“Reafirmamos que as ações da Rússia vão ter consequências significativas”, enfatizaram, acrescentando que a “clara violação da lei internacional é um grave desafio ao Estado de direito em todo o mundo e deveria ser motivo de preocupação para todas as nações”.
Na sequência das posições acertadas hoje, os sete países referiram igualmente que, de forma individual e coletiva, vão adotar sanções contra a Rússia e contra pessoas e entidades responsáveis, assinalando que estão dispostos a intensificar medidas, incluindo mesmo sanções setoriais, que “vão ter um impacto mais significativo na economia russa”, caso se verifique uma escalada da tensão.
Os países pedem que Moscou siga a via diplomática e o diálogo com Kiev e foi bem recebido o apoio russo ao envio da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na Ucrânia.
Da mesma forma, asseguraram que se mantêm firmes no apoio ao povo ucraniano e elogiaram a “ambiciosa” agenda de reformas propostas pelas autoridades de Kiev.
Por último, qualificaram como “central” o papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) para liderar esforços internacionais no apoio da “debilitada” economia ucraniana e confiaram que a instituição consiga um acordo, em breve, com Kiev.

Deputada da oposição na Venezuela perde mandato

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, anunciou que a deputada da oposição María Corina Machado perdeu o mandato. De acordo com Cabello, María Corina infringiu artigos da Constituição ao ter aceitado cargo de representante alternativa do Panamá para poder participar de uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Os artigos 149 e 191 determinam que os deputados "não podem aceitar cargos públicos, sem prévia autorização da assembleia" e que" deputado e deputada perde a investidura ao aceitar exercer cargos públicos, com exceção em atividades docentes, acadêmicas, acidentais ou assistenciais, sempre que não sejam de dedicação exclusiva", conforme Cabello.
"A senhora Machado deixa de ser deputada. A partir deste momento, na Assembleia Nacional, a senhora Machado não volta a entrar como deputada, pelo menos neste período [legislatura]", anunciou  Cabello.
Conforme o presidente, María Corina perdeu a imunidade parlamentar e poderá ser investigada por "traição à pátria". O governo venezuelano acusa a parlamentar de ser responsável pelas mortes nas recentes manifestações contra o governo.
Na sexta-feira (21), María Corina esteve em uma reunião da OEA, em Washington, para relatar a situação na Venezuela, do ponto de vista dos movimentos opositores. Diante da possibilidade de participação da opositora, a Nicarágua pediu que a reunião fosse privada e o Panamá pediu que a sessão fosse pública. Na decisão, por votos, a Venezuela teve o respaldo de 21 países, a maior parte do Caribe, além da Argentina, Bolívia, do Brasil, da Bolívia e do Uruguai. Alguns países se abstiveram de votar.
Depois, a reunião foi retirada da ordem do dia com 22 votos a favor, três contra e nove abstenções dos representantes dos países-membros.
"Eu sou deputada da Assembleia Nacional enquanto o povo da Venezuela assim o quiser", escreveu María Corina em sua conta no Twitter ao saber da decisão da direção do Parlamento. Ela está em Lima para participar de um seminário da Fundación Libertad, do escritor Mário Vargas Llosa.

Familiares se revoltam após Malásia admitir morte de todos os ocupantes de avião


Parentes de passageiros chineses a bordo do voo desaparecido da Malaysia Airlines gritaram, choraram e desmaiaram nesta segunda-feira depois que o primeiro-ministro da Malásia anunciou que o jato terminou sua jornada caindo numa região remota no sul do oceano Índico.
No hotel de Pequim onde muitos parentes permaneciam aguardando informações, muitos explodiram em gritos e gemidos, depois de ouvirem a notícia. Alguns caíram. Uma mulher gritou: "Não é possível, não é possível!", e depois desmaiou.
Pelo menos quatro pessoas foram removidas do local de maca, depois de aparentemente terem sido sobrepujadas pela forte emoção. Outras atacaram jornalistas.
"Alguma coisa está sendo escondida, algo está sendo escondido!", gritou outro homem. Outros não conseguiam aceitar o que tinha sido divulgado sobre o destino do voo.
"Eu quero dizer aos jornalistas... a informação que acabam de enviar... não é verdade!", disse uma senhora.
O voo MH370 desapareceu dos radares civis menos de uma hora após a descolagem de Kuala Lumpur com destino a Pequim em 8 de março, com 239 pessoas, sendo mais da metade de chineses, a bordo.
Depois disso não foi confirmada nenhum dado da localização do avião, mas muitos destroços foram encontrados em águas da Austrália, os quais podem ser parte do Boeing desaparecido.
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, disse que uma nova análise de informações de satélite da empresa britânica Inmarsat mostraram que a aeronave foi identificada pela última vez no oceano Índico a oeste de Perth, na Austrália.
Vários meios de comunicação chineses relataram no microblogue oficial do país, o Weibo, que os parentes dos ocupantes do avião receberam uma mensagem de texto dizendo que "temos que assumir além de qualquer dúvida razoável" de que nenhuma daquelas pessoas a bordo sobreviveu.
A China vem pressionando repetidamente a companhia aérea e o governo da Malásia a dar mais informações aos familiares e garantir que estejam sendo devidamente cuidados. Alguns parentes vinham ameaçando fazer greves de fome e protestos em frente à embaixada da Malásia para expressar sua revolta.
O jornal oficial do Partido Comunista da China, o Diário do Povo, escreveu em seu microblogue que muitas questões ficaram para ser respondidas, inclusive os motivos de o avião ter ido para o oceano Índico e quais são exatamente as novas evidências do satélite.

Dilma Rousseff deve visitar quatro cidades esta semana, inclusive Bauru

Duas cidades que estavam na previsão de viagem da presidenta Dilma Rousseff saíram da lista, mas Bauru continua. Com isso, pelo menos quatro compromissos estão programados. Mais cedo, a expectativa era que Dilma visitasse seis municípios ao longo da semana, mas as idas a Goiânia e Araçatuba (SP) foram retiradas da agenda de viagens previstas, segundo informações da Secretaria de Imprensa da Presidência da República. 
Na agenda, constam a entrega de casas do Programa Minha Casa, Minha Vida e inauguração de estádio da Copa. Na última semana, Dilma esteve em cinco cidades de três Estados: Pará, Ceará e Maranhão.
Amanhã (25), a presidenta vai a São Paulo, onde tem compromissos em três municípios do Interior, inclusive em Bauru. Em Mato Grosso, na sexta-feira (28), pela manhã, Dilma entrega unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá. Em seguida, a presidenta participa da inauguração simbólica da Arena Pantanal, que sediará jogos da Copa do Mundo.

Leis da ditadura seguem em vigor após 29 anos de democratização

Quase três décadas após o fim da ditadura (1964-1985), o Brasil continua regido por uma série de leis, práticas e códigos criados pelos militares. São daquela época, por exemplo, as atuais estruturas tributária, administrativa e financeira do país. E mesmo após a Constituição de 1988 definir como pilares do Estado brasileiro a democracia e o respeito aos direitos humanos, seguem em vigor normas e práticas que, segundo especialistas, contrariam esses valores.
É o caso, dizem eles, do Estatuto do Estrangeiro, que nega direitos políticos a estrangeiros que residam no país. Ou de um mecanismo que permite a tribunais anular decisões judiciais favoráveis a comunidades afetadas por grandes obras se as cortes avaliarem que as medidas põem em risco a economia nacional.
Gilberto Bercovici, professor de direito econômico e economia política da Universidade de São Paulo (USP), diz que, em busca de refundar o país e valendo-se de medidas autoritárias, os militares redefiniram as regras de várias das principais áreas da administração pública.
As ações, segundo ele, anularam os esforços da Presidência de João Goulart (1961-1964) para ampliar a participação popular na gestão do país.
- Até hoje isso (maior participação popular) não foi recuperado. Parece que temos na nossa democracia certos limites que não podem ser ultrapassados – diz.
Bercovici cita a reforma agrária, que, mesmo prevista na Constituição de 1988, gera grande resistência e jamais foi plenamente realizada.
O professor atribui a manutenção de regras da ditadura em parte à instabilidade e à crise econômica que o país vivia durante a redemocratização. “Havia um entendimento de que havia coisas mais urgentes a se pensar”.
Segundo Bercovici, outro estímulo à permanência das normas é a dificuldade na democracia para se chegar a consensos sobre mudanças.
Para o secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, a manutenção da Lei de Anistia (1979), que perdoou crimes políticos cometidos por militantes e agentes de Estado durante a ditadura,  é um “escudo para que não se coloque o dedo na ferida em todas as demais pendências institucionais de fundamento autoritário” dos tempos da ditadura.
A agência britânica de notícias BBC  listou algumas das heranças institucionais do regime de exceção que permanecem em vigor.
Política migratória
O atual Estatuto do Estrangeiro, que orienta a regularização de estrangeiros no Brasil, data de 1980 e foi inspirado pela lógica de segurança nacional.
Os estrangeiros residentes no Brasil são proibidos, por exemplo, de exercer qualquer atividade política (inclusive votar) ou de “se imiscuir, direta ou indiretamente, nos negócios públicos” do país. O documento veda também a regularização de imigrantes não documentados.
Paulo Abrão, secretário Nacional de Justiça, diz que a legislação é incompatível com o discurso oficial da política externa brasileira. Ele afirma que a proposta de um novo estatuto será entregue ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na semana que vem e encaminhada ao Congresso em seguida.
Impostos, administração pública e finanças
Aprovado em 1966, o Código Tributário Nacional jamais foi alterado em sua essência. É ele quem define os impostos que municípios, Estados e União podem cobrar e os critérios gerais para a distribuição das receitas entre os entes federativos.
O atual Sistema Financeiro Nacional (SFN) também foi criado pelos militares na década de 1960. Uma das principais novidades do SFN foi a fundação do Banco Central, que tomou do Banco do Brasil as funções de organizar o sistema monetário. A lei que disciplina bolsas de valores no país também é daquela época.
Os militares criaram ainda o atual sistema de administração pública, que aprofundou a divisão entre a administração direta (exercida por órgãos subordinados a ministérios) e a indireta (autarquias, fundações e empresas públicas).
Práticas policiais
Ainda que a Polícia Militar (PM) tenha sido criada antes do Golpe de 1964, organizações que militam pelos direitos humanos dizem que, durante a ditadura, foram incentivadas práticas que violam esses valores e que seguem em vigor.
O advogado Eduardo Baker, da ONG Justiça Global, cita entre esses mecanismos o crime de desacato, “usado pela polícia como forma de intimidação em sua atividade cotidiana”. “A existência dele permite que um policial leve qualquer um para a delegacia, colocando o policial acima do cidadão.”
Outra prática criticada é o registro de mortes provocadas pela polícia como “autos de resistência”. Segundo a Justiça Global, o mecanismo visa proteger policiais infratores e impedir a investigação de execuções sumárias.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública não se pronunciou sobre as críticas. Tramita no Congresso um projeto de lei que prevê a investigação de mortes e lesões corporais cometidas por policiais durante o trabalho, mas não há prazo para a sua votação.
Exportação de armas
Desde os anos finais da ditadura, as vendas de armas brasileiras ao exterior são regidas por um documento secreto e jamais divulgado, a Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar (Pnemem).
Segundo Daniel Mack, analista sênior do Instituto Sou da Paz, não há clareza sobre os critérios do Brasil para decidir sobre a exportação de armamentos. Mack diz esperar que, tão logo o Congresso ratifique o Tratado de Comércio de Armas, assinado pelo Brasil no ano passado, as operações se tornem mais transparentes.
O Ministério da Defesa disse à BBC que geralmente os contratos para a venda de armas têm, a pedido dos países compradores, cláusulas de sigilo, o que impede a divulgação das informações. O Itamaraty não respondeu os questionamentos sobre o tema.
Código Penal Militar
Aprovado em 1970, o Código Penal Militar dá margem para que civis sejam investigados por cortes militares. Organizações dizem que essa possibilidade, inexistente em vários países democráticos, contraria a Constituição de 1988. Elas defendem a extinção do código.
Críticas à manutenção da legislação ganharam força em 2008, quando o economista Roberto de Oliveira Monte se tornou réu na Justiça Militar acusado de “incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar” e “ofender a dignidade ou abalar o crédito das Forças Armadas”.
A acusação se embasou em palestra feita por Monte em 2005, quando ele criticou as humilhações sofridas por militares por seus superiores e defendeu que os praças pudessem se sindicalizar. Já a Procuradoria de Justiça Militar diz que Monte fez “apologia à insubordinação” e empregou termos ofensivos ao Exército.
Políticas para a Amazônia
Críticos às políticas do governo na Amazônia dizem que, mesmo após a redemocratização, continua em vigor o modelo de desenvolvimento para a região preconizado pelos militares. “Ainda que a legislação atual preveja discussões e o licenciamento das obras, o objetivo maior do governo continua a ser exportar os recursos da Amazônia por meio de grandes projetos de mineração e energia, desprezando posições contrárias da sociedade”, diz o jornalista e sociólogo paraense Lúcio Flávio Pinto, autor de 12 livros sobre a região.
Ele afirma que, ao empregar a Força Nacional de Segurança em canteiros de grandes obras na Amazônia, o governo federal visa impor sua vontade pela força, assim como faziam os militares. Para o advogado Raul do Valle, do Instituto Socioambiental (ISA), outro mecanismo da ditadura que, segundo ele, continua a legitimar políticas autoritárias na Amazônia é a Suspensão de Segurança.
Criada em 1964, ela permite a tribunais anular decisões judiciais favoráveis a comunidades afetadas por grandes obras se as cortes avaliarem que essas decisões põem em risco a ordem, a saúde, a segurança ou a economia públicas. O mecanismo tem sido usado para derrubar decisões que ordenaram a paralisação das obras da hidrelétrica de Belo Monte e de uma estrada de ferro que escoará minérios na região dos Carajás, ambas no Pará.
O Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Justiça (responsável pela Força Nacional de Segurança) não se pronunciaram sobre as críticas.

domingo, 23 de março de 2014

SP: já são 26 as vítimas de 'encoxadores' no metrô e na CPTM

Vinte e seis homens com idades predominantemente entre 25 e 30 anos foram presos, desde o início do ano, suspeitos de crime de assédio sexual em trens do Metrô ou da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) contra mulheres e até contra um homem. Desses, “grande parte” tem curso superior e prefere atuar nas linhas 3-Vermelha do Metrô, ou na 7-Rubi e 11-Coral, da CPTM.
A informação é do delegado Osvaldo Nico Gonçalves, divisionário da Divisão Especial de Atendimento ao Turista (Deatur), responsável pela Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom). Nas últimas semanas, o órgão se viu às voltas com uma onda de denúncias de vítimas da ação dos “encoxadores”, como os abusadores ficaram popularmente conhecidos.
De acordo com o delegado, nos próximos dias será mantida a estratégia de se infiltrarem agentes da polícia e da Guarda Civil Metropolitana nos vagões em busca de flagrantes dos “encoxadores”.
“Esse é um tipo de ação que tem ajudado muito a identificar esses abusadores, vamos continuar. Agentes do Metrô e da CPTM também têm auxiliado bastante a Polícia Civil nas investigações”, declarou Gonçalves.
Indagado sobre o caso que mais surpreendeu, na recente onda de ataques, o policial foi taxativo: “Sem dúvida, a do rapaz que ejaculou sobre a vítima dentro do vagão. Temos vários casos, em geral de homens de 25 a 30 anos, muitos com diploma de ensino superior, e inclusive uma vítima do sexo masculino. Mas aquele caso chocou”.
O delegado se referiu ao caso de uma vítima de 30 anos atacada no último dia 19 na estação Sé, na linha 3-Vermelha do metrô. Ela afirmou à polícia que foi atacada por um rapaz, engenheiro de 26 anos, durante o empurra-empurra na plataforma da estação. Preso, o rapaz negou a ação, mas foi reconhecido pela vítima. Ele vai responder pelo crime de importunação ofensiva ao pudor. Na mesma semana, outros casos foram registrados em estações do metrô, como a Luz (linha Azul), e na CPTM.
A orientação da polícia é para que a vítima desse tipo de abordagem vá até uma delegacia e preste queixa.