quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Com mais dinheiro, educação decepciona

Segundo a OCDE, entre 2000 e 2009, parcela do PIB brasileiro investida em educação cresceu 57% – só a Rússia fez mais. Mas país terminou em 53º lugar em avaliação de qualidade do ensino

 
Marcos Santos/USP Imagens
Carteiras na sala de aula
Ensino: no ensino superior, o Brasil se aproxima da cifra dos países de ponta, aplicando 11.741 dólares por estudante
São Paulo - Estudo divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que, entre 2000 e 2009, o Brasil foi o segundo país, entre 35 nações, que mais aumentou a parcela do PIB investida em educação. A cifra passou de 3,5% para 5,5%, aumento de 57%, inferior apenas ao registrado pela Rússia, com 90%.
Agora, portanto, a relação entre investimento (público e privado) em educação e PIB se aproxima no Brasil daquele realizado pelas nações desenvolvidas: 6,2%, em média. Mais dinheiro, contudo, não foi suficiente para evitar que o país terminasse o período muito mal colocado no Pisa, avaliação internacional organizada pela própria OCDE, desta vez com 65 nações.
Embora a média brasileira na avaliação tenha subido quase 9% entre 2000 e 2009, terminamos na 53ª posição. Pior: se fossem analisadas separadamente, as escolas públicas brasileiras, justamente as que educam três em cada quatro alunos do país, ficariam na 60ª posição do ranking, logo atrás do Cazaquistão. “É impossível afirmar que o aumento de investimento não foi importante. Mas é igualmente impossível ignorar o fato de que o avanço da educação não foi proporcional a esse investimento”, diz Priscila Cruz, diretora-executiva da ONG Todos Pela Educação.
Os especialistas têm na ponta da língua as razões para explicar por que a qualidade não avança na mesma velocidade dos gastos. Em primeiro lugar, está a dificuldade de os governos gerirem bem o dinheiro extra que têm em mãos. Gasta-se demais onde não é preciso e, é claro, falta dinheiro onde é mais necessário.

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