quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Egito condena à prisão perpétua 230 ativistas e líder de protestos

Um tribunal egípcio condenou nesta quarta-feira (4) 230 ativistas à prisão perpétua por entrarem em confrontos com as forças de segurança do país durante manifestações em 2011. Outras 30 pessoas -todas menores de idade- foram condenadas a dez anos de prisão. A defesa pode recorrer da decisão. Um dos condenados pela corte é o ativista secular Ahmed Douma, um dos principais líderes do levante que forçou o então ditador Hosni Mubarak a renunciar em fevereiro de 2011.
Douma já cumpria uma pena de três anos de reclusão por ter organizado uma manifestação ilegal contra o atual governo militar. Além da pena de prisão perpétua, os ativistas receberam uma multa por conta de edifícios que ficaram danificados durante os protestos, incluindo o Parlamento e outros prédios do governo. Na segunda-feira (2), a mesma corte condenou 183 homens à morte por participarem de um ataque supostamente planejado pela Irmandade Muçulmana que deixou 16 policiais mortos em 2013.
O juiz da corte, Mohammed Nagi Shehata, já havia gerado polêmica ao sentenciar três jornalistas da Al Jazeera em Junho, acusados de ajudarem uma "organização terrorista" - uma referência à Irmandade Muçulmana. "A severidade do veredicto não nos surpreende, pois o juiz é influenciado por motivações pessoais e políticas. Isso deixa claro o nível de imparcialidade do poder judiciário no Egito", afirmou o advogado de Douma, Mohammed Abdel-Aziz, sobre a condenação. "Os argumentos sobre a independência do judiciário não têm embasamento", completou.
INSTABILIDADE POLÍTICA O veredicto emitido nesta quarta é representa a maior punição recebida por ativistas que participaram do levante da população egípcia que depôs Hosni Mubarak em 2011, pondo fim a uma longa ditadura e abrindo caminho para as primeiras eleições abertas do país. Divisões entre setores da sociedade civil, porém, formaram um ambiente propício para o golpe militar que depôs em julho de 2013 o presidente eleito Mohammed Mursi, da Irmandade Muçulmana.
O atual governo militar liderado por Abdel Fattah al-Sisi é acusado de promover uma campanha de perseguição de opositores, incluindo a prisão de jornalistas da Al Jazeera e as recentes condenações de islamitas e ativistas. Além disso, recentemente a Justiça do Egito reverteu acusações contra os ex-ditador Mubarak, que pode sair da prisão em breve, e ordenou a libertação de filhos de Mubarak que estavam na cadeia.

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