A ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, disse hoje (15) que o
medicamento usado em um ensaio clínico na França - que deixou uma
pessoa em coma e outras cinco em estado grave - não contém qualquer
derivado de cannabis, contrariando informações anteriores.
"Não
continha cannabis nem qualquer derivado de cannabis", afirmou a ministra
em entrevista coletiva. Os testes foram conduzidos por um laboratório
privado para a empresa farmacêutica portuguesa Bial, que já indicou que
vai emitir um comunicado sobre o assunto.
Anteriormente, uma fonte
próxima do laboratório tinha dito à agência France Presse que o produto
testado é uma molécula com efeitos analgésicos contendo um canabinóide.
Segundo
a ministra, no laboratório da empresa Biotrial, em Rennes, oeste da
França, o medicamento analgésico foi dado a 90 pessoas que participaram
voluntariamente dos ensaios clínicos e que começaram a manifestar
sintomas no domingo passado.
Pierre-Gilles Edan, diretor do
departamento de neurologia do hospital de Rennes, onde os doentes
afetados foram internados, afirmou que das seis pessoas afetadas, uma
está em morte cerebral e outras três sofreram "lesões que poderão ser
irreversíveis".
Edan adiantou que os pacientes têm entre 28 e 49
anos de idade e que a primeira vítima a chegar ao serviço, e que se
encontra em coma, apresentava sintomas de acidente vascular cerebral.
A
ministra francesa disse que se trata de um acidente inédito na França,
cujas causas ainda são desconhecidas, e que todas as pessoas afetadas
pertenciam ao mesmo grupo, a quem o medicamento foi ministrado de forma
repetida.
Marisol Touraine garantiu que os ensaios clínicos foram
interrompidos e ordenou uma inspeção administrativa à "organização,
meios e condições de intervenção" do laboratório na realização do ensaio
clínico.
O departamento de saúde da Procuradoria de Paris abriu
um inquérito e a agência francesa para medicamentos vai fazer uma
inspeção técnica no laboratório.
Em uma mensagem divulgada na rede
social Twitter, a Biotrial afirmou que o ensaio decorreu “de acordo com
todas as regras internacionais” e que providenciou a transferência
imediata das pessoas que começaram a manifestar sintomas para o
hospital.
O acidente ocorreu na primeira fase do ensaio clínico, quando o medicamento é dado a pessoas saudáveis, conscientes dos riscos.
Antes
de ser utilizado em seres humanos, o medicamento, que se destinava a
tratar perturbações de humor e ansiedade, foi testado em chimpanzés.
Milhares
de pessoas participam todos os anos em ensaios clínicos na França.
Muitos são estudantes que procuram ganhar dinheiro para pagar os
estudos.
Embora raros, os acidentes com este tipo de ensaios já
aconteceram em outros países, como no Reino Unido, onde em 2006 seis
homens foram internados depois de serem submetidos a um novo tratamento
contra a leucemia e outras doenças.
Em 2001, uma jovem
norte-americana de 24 anos morreu quando participava em um ensaio
clínico de um medicamento experimental para a asma conduzido pela
universidade Johns Hopkins.
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