A presidenta afastada Dilma Rousseff
disse hoje (27) que os supostos pagamentos ilegais referentes à sua
campanha presidencial de 2010, recebidos pelo publicitário João Santana e
a mulher dele, Mônica Moura, por meio de caixa 2, devem ser explicados
pela tesouraria do PT, e não por sua coordenação de campanha à época.
Na
semana passada, João Santana e Mônica Moura confirmaram, em depoimento
ao juiz Sérgio Moro, terem recebido, em 2013, U$ 4,5 milhões referentes a
dívidas da campanha de 2010 de Dilma, por meio de uma conta do
empresário Zwi Skornicki na Suíça. O casal de publicitários encontra-se
preso preventivamente em Curitiba desde fevereiro.
“Não
é a mim que você deve perguntar isso. Como o próprio João Santana
falou, ele tratou disso com a tesouraria do PT”, respondeu Dilma ao ser
questionada sobre o assunto, em entrevista à Rádio Educadora, de
Uberlândia (MG).
A
petista argumentou que uma vez que o suposto pagamento foi feito, três
anos após encerrada a campanha, quem deve esclarecer o repasse do
dinheiro é o PT. “A minha campanha não tem nenhuma responsabilidade
sobre as circunstâncias em que se pagou uma dívida remanescente da
campanha de 2010, por que ela foi paga três anos depois”, afirmou a
presidenta afastada.
Romance
Dilma
negou também declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), que disse na semana passada a jornalistas ter escutado um
“desabafo” da petista, no qual ela confidenciou estar cansada e abatida
com o processo de impeachment. “Quero acabar logo com essa agonia”,
teria confessado a presidenta afastada.
“Isso
é um romance, porque, primeiro, eu não estive com o presidente do
Senado nem na semana passada, nem na semana retrasada”, afirmou ela. Sem
citar quais, Dilma acusou veículos de imprensa de querer criar a
impressão de que ela esteja propensa a renunciar. “Há uma fantasia, uma
invenção, uma ficção que foi divulgada de forma incorreta e indevida.”
Ela
garantiu que irá cumprir o prazo dado até amanhã (28) para apresentar
suas alegações finais à Comissão Processante do Impeachment no Senado.
“Não estou cansada, não. Estou plenamente disposta a lutar até o ultimo
minuto pelos meus direitos”, afirmou Dilma.
Perguntada
se a tendência para a votação do impeachment não estaria desfavorável a
ela, Dilma respondeu que “não é verdade” que não tenha votos o bastante
para derrotar seu impedimento. “Nós teremos uma guerra de informações,
uma parte vai dizer que tem os votos, outra parte vai dizer que não tem,
mas nós vamos saber só no dia o que vai acontecer.”
Olimpíada
Dilma
confirmou que não comparecerá à abertura dos Jogos Olímpicas do Rio
2016, marcada para 5 de agosto. “Eu não vou participar de um ato nessa
condição de expectadora, num ato em que fui protagonista, então prefiro
não ir, para não causar nenhum constrangimento”, explicou ela.
A
presidenta afastada demonstrou descontentamento com o fato do
presidente interino Michel Temer, “uma pessoa que não trabalhou” ser o
representante do governo que estará no palanque da cerimônia ao lado de
outras autoridades internacionais.
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