O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que "muita água vai
rolar debaixo da ponte até a próxima eleição" e que ainda vai entrar com
recursos contra o processo que tirou seu mandato na Câmara. Após votar
em uma escola na Barra da Tijuca, bairro onde mora no Rio, o ex-deputado
preferiu não revelar seu candidato a prefeito "em respeito ao partido" e
disse que seu livro sobre o processo de impeachment sairá até o fim do
ano.
"Em respeito ao meu partido eu não vou falar do prefeito,
mas com certeza não votei em quem votou contra mim", disse, alfinetando o
candidato do PMDB, Pedro Paulo. Cunha chegou ao Centro Educacional
Santa Mônica por volta de 9h10, de calça jeans, camisa social branca e
sapato de couro, acompanhado da filha Camila Dytz Cunha. Os dois vieram
em um carro com adesivos do candidato a vereador Chiquinho Brazão e
ficaram por cerca de dez minutos no local.
A presença de Cunha
dividiu os eleitores na zona eleitoral. Uma mesária da Seção 15, onde
Cunha votou, se despediu ironicamente do político com um "tchau deputado
cassado". Algumas pessoas, como o ex-jogador do Flamengo Nunes,
cumprimentaram Cunha e pediram até para tirar fotos.
O
ex-deputado foi hostilizado por um eleitor enquanto conversava com a
imprensa. "O senhor é um verdadeiro palhaço", gritou Pedro Bevilaqua de
Lucca, 28. Cunha revidou com a frieza habitual. "Vai, petista. (...) Tem
os dois lados da reação. Tem outras pessoas tirando foto, como você
viu. Estou habituado", disse. O eleitor negou ser filiado a qualquer
partido.
Eduardo Cunha afirmou que vai entrar com recursos contra
a cassação de seu mandato e inelegibilidade. "Até a próxima eleição
ainda tem muita água pra rolar debaixo da ponte. Ainda vou entrar com
alguns recursos, algumas ações no Supremo, já entrei com embargo na
Câmara. Eu não diria a você que esse assunto está sepultado ainda não",
disse.
O deputado cassado contou que tem trabalhado 15 horas por
dia em seu livro, no qual contará bastidores do processo de impeachment,
e que deve ser lançado até o fim do ano. "Está indo de vento em popa",
garantiu, dizendo que está praticamente certa a escolha da editora, mas
que manterá o nome em segredo.
Questionado sobre possíveis
denúncias a serem abordadas no livro, Cunha disse que fará "um livro de
História". "Eu não disse que vou fazer denúncia, vou fazer um livro de
História", afirmou, explicando que pretende encerrar a narrativa no dia
18 de abril, quando entregou para o presidente do Senado, Renan
Calheiros, a decisão da Câmara.
O ex-deputado do PMDB se esquivou
de avaliar o governo do presidente da República, Michel Temer (PMDB).
"Acho que está muito cedo para avaliar. Depois da eleição é que vai
começar de verdade", disse.
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