Juiz Sérgio Moro aceita denúncia do MPF contra ex-ministro e outras 14
pessoas, incluindo Marcelo Odebrecht e ex-dirigentes da Petrobras.
Acusado de corrupção, Palocci teria recebido 128 milhões de reais em
propina.O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato
na primeira instância, aceitou nesta quinta-feira (03/11) uma denúncia
do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-ministro Antonio
Palocci. Assim, ele se torna réu na ação, que envolve os crimes de
corrupção e lavagem de dinheiro.
Palocci, preso preventivamente em Curitiba desde 26 de setembro, é
acusado de receber propina do grupo Odebrecht. Em troca, teria agido em
favor da construtora em diversos projetos controlados pelo governo
federal, incluindo a contratação de sondas para exploração do pré-sal
pela Petrobras.
Segundo mostram planilhas apreendidas durantes as investigações, o
ex-ministro teria solicitado e coordenado o pagamento de 128 milhões de
reais pela empresa. Os documentos também apontam que a empreiteira
mantinha uma "conta-corrente de propina" com o PT, que seria gerida por
Palocci.
Os investigadores acreditam que o codinome "Italiano", visto nessas
planilhas, seja em referência ao ex-ministro. "Há razões fundadas para
identificar Antonio Palocci Filho como a pessoa identificada pelo
codinome 'Italiano' no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht",
diz Moro no despacho.
As investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF) destacaram que
Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, "era o principal ator
corruptor nos fatos ora investigados, tendo mantido incessante contato
com Antonio Palocci Filho, de 2003 a 2015", afirmaram os investigadores.
Outros 14 acusados
A denúncia aceita nesta quinta-feira envolve ainda outras 14 pessoas,
incluindo nomes que já respondem a outras ações penais na Lava Jato,
como o próprio empresário Marcelo Odebrecht, o ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato Duque, o ex-gerente da Área Internacional da estatal
Eduardo Musa, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o publicitário
João Santana.
No despacho, Moro ordenou que os réus sejam intimados com urgência,
dando um prazo de 10 dias para as respostas de defesa. Ele não se
manifestou sobre o pedido do MPF para que fossem bloqueados cerca de
284,6 milhões de reais das contas de todos os acusados, referentes ao
pagamento de propinas e às operações de lavagem de dinheiro apuradas na
investigação.
Palocci - que foi ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e da
Fazenda durante o governo Lula - foi preso durante a 35ª fase da
Operação Lava Jato, deflagrada no fim de setembro.
O indiciamento do político, sob a suspeita de relação criminosa com a
construtora Odebrecht, foi realizado pela Polícia Federal no dia 24 de
outubro, envolvendo a princípio seis pessoas. Quatro dias mais tarde, o
MPF ofereceu denúncia à Justiça Federal, acrescentando nove acusados ao
processo.
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