sexta-feira, 15 de junho de 2012

As negociações da ONU sobre desenvolvimento sustentável, no Rio, estão enfrentando divergências, atrasos e disputas diplomáticas, apenas dias antes da chegada dos líderes mundiais para assinar um novo acordo.
O objetivo das negociações é colocar a economia mundial em um caminho mais sustentável, que ajude as pessoas a sair da pobreza e, ao mesmo tempo, proteja a natureza.
No entanto, países em desenvolvimento se retiraram por divergências em relação a dinheiro, e a presença de palestinos trouxe complicações.
Ativistas dizem que há pouca esperança de que haja acordo para mudanças importantes.
"Isso já nem é mais uma questão", disse Lasse Gustavsson, diretor executivo de conservação da WWF Internacional.
"Está claro que vamos conseguir algo, mas está igualmente claro que não vamos conseguir o que o planeta precisa", disse ele à BBC News.
Reuniões preparatórias foram travadas na tarde de quinta-feira, quando o grupo G77 + China, que reúne 131 países em desenvolvimento, se retirou de diversas sessões.
Eles disseram que não podiam discutir questões como economia verde – que alguns veem como um possível freio ao desenvolvimento – a menos que as nações ricas sejam claras sobre o tamanho da ajuda financeira que estão preparadas para oferecer.
O texto base do acordo no qual os negociadores estão trabalhando contém parágrafos que comprometeriam o mundo desenvolvido a fornecer US$ 30 bilhões por ano (podendo chegar a US$ 100 bilhões por ano), mas os governos dos países ricos não estão preparados para aceitar nenhum desses números.

Longo fim de semana

Grupos de discussão voltaram a se reunir na manhã de sexta-feira. Nikhil Seth, chefe do escritório do secretariado da Rio+20, disse a repórteres que havia "um sentimento de otimismo cauteloso".
Mas até a noite de quinta-feira, segundo ele, havia acordo sobre somente 28% do texto em negociação.
Observadores afirmam que é pouco provável que as reuniões preparatórias sejam encerradas nesta sexta-feira, como programado.
Parece mais provável que as reuniões avancem pelo fim de semana e possivelmente até terça-feira, quando ministros e cerca de 130 chefes de governo devem chegar para uma cúpula de três dias.
Decisões sobre a forma e o tamanho dessas reuniões estarão a cargo do governo brasileiro, que assume a responsabilidade à meia-noite nesta sexta-feira.

Palestinos

Outro entrave é relacionado à participação de delegados palestinos.
Como um membro recém-aceito na Unesco, a delegação palestina acreditava ter um assento à mesa na Rio+20.
Mas quando as negociações começaram, os Estados Unidos fizeram objeção. Então, oficialmente, as reuniões preparatórias não começaram. Até a tarde desta sexta-feira, a situação continuava sem solução.
Não está claro se e como a presença palestina irá afetar a conferência na semana que vem, na qual o ministro palestino poderá fazer um discurso.
Mais de 26 mil delegados já estão inscritos para a conferência, incluindo políticos, negociadores dos governos, jornalistas e líderes empresariais.
Mas o maior contingente vem de grupos que fazem campanha pela redução da pobreza ou pela proteção ambiental. E eles parecem frustrados pelo tempo gasto em discussão de detalhes, em vez de se chegar a um acordo sobre um resultado visionário.
"São os países em desenvolvimento e as pessoas mais pobres do mundo que têm mais a perder no caso de um resultado fraco na Rio+20", disse Stephen Hale, da Oxfam.
"Nós precisamos urgentemente que o Brasil dê um passo à frente e convença os outros países a assumir compromissos à altura da urgência do desafio."

Europa

A WWF sugeriu que os chefes de governo europeus, que em sua maioria estão se mantendo distantes, deveriam reavaliar suas prioridades.
O britânico David Cameron e a alemã Angela Merkel estão entre os líderes que devem participar do encontro do G20 no México, segunda e terça-feira, antes de voltar a seus países para lidar com qualquer problema relacionado à eleição geral grega, no domingo, em vez de fazer a comparativamente curta parada no Rio.
"Nós temos a maioria dos chefes de governo, mesmo chefes de Estado, das economias emergentes vindo. Seu PIB é de cerca de 30% do PIB mundial. O da Grécia, é de cerca de 0,37%", disse Gustavsson.
"Nós talvez venhamos a olhar para isso como o momento histórico em que a Europa entregou o bastão do desenvolvimento sustentável para as economias emergentes."

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