quinta-feira, 16 de abril de 2015

Rússia responsabiliza EUA por crises de segurança no mundo e turbulência na Ucrânia


Autoridades russas acusaram os Estados Unidos, nesta quinta-feira, de buscarem o domínio político e militar do mundo e colocaram a culpa no Ocidente por crises na segurança internacional, incluindo o conflito no leste da Ucrânia.
Evocando a retórica típica da Guerra Fria, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que o movimento dos Estados Unidos e seus aliados para trazer a Ucrânia para mais perto do Ocidente era uma ameaça para a Rússia e forçou o país a reagir.
"Os Estados Unidos e seus aliados têm atravessado todos os limites possíveis em sua movimentação para trazer Kiev para sua órbita. Isso não poderia ter deixado de provocar nossa reação", disse o ministro em conferência anual de segurança em Moscou.
Ecoando seus comentários, o general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior Geral das Forças Armadas russas, afirmou no evento: "Considerando-se os vencedores da Guerra Fria, os Estados Unidos decidiram mudar o mundo para atender às suas necessidades”.
"Com o objetivo de ter o domínio completo, Washington parou de levar em conta os interesses de outros países e o respeito ao direito internacional", acrescentou.
A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em março do ano passado, depois do que considerou ter sido um "golpe inconstitucional" quando protestos de rua em Kiev derrubarem um presidente ucraniano aliado a Moscou, depois que ele rompeu um acordo de cooperação com a União Europeia.
Depois disso, um movimento separatista se espalhou pelo leste da Ucrânia, em regiões de língua russa, onde os combates entre as tropas de Kiev e rebeldes pró-Rússia já deixaram mais de 6.000 mortos.
O Ocidente diz que a Rússia instiga a rebelião, envia tropas regulares russas para o local e fornece armas, treinamento e informações de inteligência aos insurgentes.
O presidente Vladimir Putin reiterou nesta quinta-feira que forças militares russas não estão em território ucraniano e também negou que o país esteja fornecendo tropas e apoio aos rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia.
Shoigu atribuiu a violência ao governo da Ucrânia e procurou rebater as críticas de países ocidentais de que a Rússia esteja refazendo à força as fronteiras europeias. Ele apontou para o envolvimento militar dos EUA e aliados na Sérvia, Iraque e Líbia.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse na conferência, da qual tomaram parte enviados da China, Irã, Paquistão e alguns dos aliados da Rússia, que a Ucrânia tem de cumprir as suas obrigações no âmbito dos acordos de paz celebrados em Minsk para "salvaguardar a unidade do Estado ucraniano".
Ambos disseram que a Rússia considera o desenvolvimento do escudo antimísseis na Europa, conduzido pelos Estados Unidos, como uma alteração do equilíbrio de poder do pós-guerra e uma ameaça à sua capacidade estratégica de dissuasão nuclear. Shoigu disse que a Rússia está tomando medidas para se contrapor a isso.

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