Em depoimento prestado nesta segunda-feira (24) ao Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura,
afirmaram que a ex-presidente
Dilma Rousseff sabia da existência do caixa dois em sua campanha de
2014. Eles repetiram a afirmação que já havia sido feita ao juiz Sergio
Moro, em Curitiba (PR), na semana passada.
O casal afirmou que
Dilma os recebeu em duas ocasiões: a primeira, em maio de 2014, e a
segunda no final do mesmo ano. Eles afirmaram que, no entendimentos
deles, estava claro que o assunto tratado eram pagamentos
não contabilizados da campanha daquele ano. Contudo, eles reforçaram
que a expressão "caixa dois" não foi utilizada em nenhum momento.
O ministro
Herman Benjamin, relator da ação que pede a cassação da chapa
Dilma-Temer, questionou quais fatos concretos levavam o casal a achar
que a petista sabia. A resposta de Mônica Moura foi que na segunda
conversa, no final de 2014, no Palácio do Alvorada, Dilma perguntou
abertamente sobre a conta que havia no exterior, indicada para receber
os valores por fora da campanha.
Segundo
João Santana e Mônica Moura, Dilma teria mencionado diretamente a
Operação Lava Jato no encontro, perguntando se a offshore que receberia
os repasses estava protegida do alcance das investigações. O casal havia
recebido apenas a parte oficial, de R$ 70 milhões. Havia ainda dívida de R$ 35 milhões, que, pelo combinado, seriam pagos por caixa dois.
Cinco horas de depoimento
Após
mais de cinco horas de depoimentos, o publicitário João Santana e a
empresária Mônica Moura saíram da sede do Tribunal Regional Eleitoral da
Bahia (TRE-BA), sem falar com a imprensa.
O depoimento foi
transmitido por videoconferência a membros do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), mesmo com a presença do ministro Herman Benjamin,
relator do processo que veio a Salvador somente para a oitiva das
testemunhas.
Mônica Moura foi a primeira a falar e depôs durante quase três horas. Já a oitiva de João Santana durou cerca de duas horas.
O
casal chegou ao TRE, acompanhado por seus advogados, por volta das 9h
desta segunda-feira (24), em um veículo de luxo que ficou estacionado na
área destinada a veículos de funcionários do Tribunal, para evitar
contato com a imprensa.
Processo
As contas da
campanha da chapa Dilma-Temer foram aprovadas por unanimidade, embora
com ressalvas, pelo TSE em dezembro de 2014. Pouco depois, no entanto,
foi aberta uma ação de investigação, a pedido do PSDB – partido do
segundo colocado, Aécio Neves –, para apurar o eventual abuso de poder
político e econômico pela chapa vencedora.
Em caso de condenação, o
TSE pode tornar inelegíveis tanto Dilma Rousseff como Michel Temer, que
pode ainda ser afastado da Presidência da República.
A campanha
de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o
processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi
documentado e monitorado. A defesa do presidente Michel Temer sustenta
que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos
suspeitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário