sexta-feira, 28 de abril de 2017

Rússia e China isolam Trump, que passa a considerar diplomacia na Coreia do Norte

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encontrou duas grandes pedras em seu caminho, em sua escalada retórica contra a Coreia do Norte: a Rússia e a China; nesta sexta-feira, os governos de Vladimir Putin e Xi Jinping se opuseram frontalmente ao uso da violência contra o governo de Pyongyang; isolado, Trump passou a reconhecer o uso da diplomacia como o melhor meio para solucionar o conflito na região, sem, no entanto,  descartar a alternativa militar.Em meio a tensões cada vez mais acaloradas na península coreana, e o mundo dedicando cada vez mais atenção a essa situação, o presidente norte-americano Donald Trump disse algo inesperado: que considera a opção diplomática – e não a guerra – como o melhor meio para enfrentar o problema.
Foi a primeira vez que Trump amenizou seu discurso, sem, no entanto, retirar a opção militar da mesa de possibilidades. A reviravolta de Trump não se deve apenas aos riscos que uma intervenção norte-americana poderia causar, mas sim, porque surgiram duas grandes pedras em seu caminho: a Rússia e a China. Os dois países se opuseram frontalmente ao uso da violência contra o regime de Pyongyang.
"A retórica combativa associada com demonstrações imprudentes de força levaram a uma situação em que todo o mundo está se perguntando seriamente se vai haver uma guerra ou não", disse Gennaty Gatilov, o vice-ministro das relações exteriores da Rússia, ao Conselho de Segurança da ONU. "Um passo mal pensado ou mal interpretado pode levar a consequências muito lamentáveis e assustadoras."
Gatilov também apelou à Coreia do Norte para acabar com programas proibidos de desenvolvimento nuclear e de mísseis, mas advertiu que o uso de força contra Pyongyang seria "completamente inaceitável", segundo reportagem da Reuters.
Assim com a Rússia, a China também se posicionou contra a intervenção militar na região, e reiterou o mesmo apelo que Gatilov fez à Coreia do Norte. "O uso da força não resolve diferenças e só vai causar desastres ainda maiores", disse o ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi. "A China não é o ponto principal do problema na península (coreana). A chave para resolver a questão nuclear na península não está nas mãos do lado chinês", também disse o ministro, para dar ênfase de que a solução do problema cabe aos países que se encontram em atrito na região: os Estados Unidos e a Coreia do Norte.
Sem força para iniciar um conflito na região, uma vez que enfrentaria duas superpotências, Trump ao menos afirmou que a Coreia do Norte não seria capaz de de atacar seu país com um míssil nuclear – uma arma que, segundo especialistas, o regime de Kim Jong-Un poderá ter em algum momento depois de 2020. 
Abaixo, reportagem da Reuters sobre o isolamento americano:
Por Michelle Nichols e Lesley Wroughton
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, disse nesta sexta-feira que não conter o desenvolvimento nuclear e de mísseis da Coreia do Norte pode levar a 'consequências catastróficas', enquanto China e Rússia advertiram os Estados Unidos a não ameaçar usar a força militar.
Recentemente Washington cobriu Pequim de elogios por seus esforços para conter sua aliada Pyongyang, mas o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, deixou claro ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que não depende só de seu país resolver o problema norte-coreano.
"A chave para solucionar a questão nuclear na península não está nas mãos do lado chinês", disse Wang ao organismo de 15 membros em comentários que contradisseram a crença da Casa Branca de que a China exerce uma influência significativa sobre o regime isolado.
A reunião ministerial do conselho, presidida por Tillerson, expôs antigas divisões entre os EUA e a China sobre a maneira de lidar com a Coreia do Norte. A China quer conversar primeiro e agir depois, enquanto os norte-americanos querem que Pyongyang freie seu programa nuclear antes do início de tais conversas.
"É necessário pôr de lado o debate sobre quem deveria dar o primeiro passo e parar de discutir sobre quem está certo e quem está errado", afirmou Wang ao conselho. "Agora é hora de cogitar seriamente retomar as conversas."
Tillerson respondeu: "Não iremos negociar nosso retorno à mesa de negociação com a Coreia do Norte, não iremos recompensar as violações de resoluções anteriores, não iremos recompensar seu mau comportamento com conversas".
A Coreia do Norte não participou da reunião.
Em sua primeira visita à ONU, o secretário dos EUA repreendeu o Conselho de Segurança por não implantar totalmente as sanções contra os norte-coreanos e disse que, se a entidade tivesse agido, as tensões resultantes de seu programa nuclear poderiam não ter se intensificado.
"Deixar de agir agora a respeito do tema de segurança mais premente do mundo pode trazer consequências catastróficas", afirmou.
Os EUA não estão pressionando por uma mudança de regime e preferem uma solução negociada, mas Pyongyang deveria desmantelar seus programas nuclear e de mísseis por iniciativa própria, disse.
"A ameaça de um ataque nuclear a Seul, ou Tóquio, é real, e é só uma questão de tempo para a Coreia do Norte desenvolver a capacidade de atacar o território continental dos EUA", argumentou o secretário.
Tillerson repetiu a posição do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, de que todas as opções estão na mesa se Pyongyang persistir com seu desenvolvimento nuclear e de mísseis, mas Wang disse que ameaças militares não ajudam, e que o diálogo e as negociações são "a única saída".
Em entrevista à Reuters na quinta-feira, Trump disse que um "grande, grande conflito" com a Coreia do Norte é possível devido a seus programas nuclear e de mísseis.
O vice-chanceler da Rússia, Gennady Gatilov, alertou nesta sexta-feira que o uso da força seria "completamente inaceitável".

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