Uma onda de assaltos em ônibus levou a Polícia Militar do Espírito
Santo a reforçar a segurança nas linhas de ônibus com mais ocorrências
de violência, na região da Grande Vitória. A medida foi acordada em uma
reunião, nesta quinta-feira (2), com a participação de representantes da
Secretaria de Estado de Segurança (SESP) e do Sindicato dos
Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Espírito Santo
(Sindirodoviários). O combate aos crimes praticados no transporte
coletivo de passageiros é um dos desafios da segurança pública, que
terão de ser enfrentados pelo próximo governador do Espírito Santo.
Em
uma conversa que durou por volta de 40 minutos, o sindicato apresentou
uma lista com as linhas de ônibus que precisam de reforço na segurança.
Os representantes dos rodoviários recordaram a série de roubos e
agressões praticados nos ônibus, que levou a categoria a uma
paralisação, na terça-feira (30). Para os rodoviários, a gota d'água foi
o atentado contra um motorista do Sistema Transcol, baleado na cabeça,
durante o assalto a um ônibus, na noite do último sábado (27), em
Cariacica.
O presidente do Sindirodoviários, Carlos Roberto
Lousada, disse que rodoviários e passageiros precisam que esse cenário
se modifique o quanto antes. "Os casos de violência nos coletivos são
constantes. Não só o trabalhador, mas a sociedade como um todo precisa
de um pouco mais de segurança. Alguns motoristas foram agredidos e por
isso fizemos uma paralisação".
No terminal Carapina, são comuns os
relatos de assalto entre os passageiros. O passageiro Edimar Carvalho
destacou ter sido vítima de uma ação criminosa, na semana passada. Há
20, Edimar trabalha em uma pesquisa que coleta dados do transporte de
passageiros nos terminais rodoviários do estado e contou que presencia
assaltos com frequência.
"Não tem nenhuma segurança. Eu já fui
assaltado e perdi o meu celular, na última quinta-feira. Quase todos os
dias vejo assalto dentro dos ônibus. Acontece mais nas linhas de bairro,
como Planalto Serrano, Divinópolis, Jardim Bela Vista e Vila Nova de
Colares, mas está generalizado", ressaltou Carvalho.
Na última
quarta-feira, o secretário de Estado de Segurança, André Garcia,
determinou a presença de dois policiais militares nas linhas que têm o
maior número de ocorrências criminosas, nos horários mais críticos.
Outra medida recém-anunciada foi a implantação de um botão do pânico,
acessível a motoristas e cobradores para sinalizar situações de perigo.
O
motorista Roberto da Costa, transporta os passageiros no trajeto entre
os terminais Carapina e São Torquato. O rodoviário contou ter
presenciado uma agressão contra um cobrador, porque havia pouco dinheiro
no caixa. Roberto acrescemtou que não teria coragem de acionar o botão
do pânico, porque acredita que estaria exposto a represálias por parte
dos criminosos.
"Você aqui, todos os dias, se você apertou o botão
do pânico e a viatura apareceu, quem é que eles os criminosos vão
procurar depois? Eu não aperto, porque vou ter que trabalhar no outro
dia e não acredito que os assaltantes vão ficar presos".
Durante a
paralisação dos rodoviários, os terminais ficaram fechados e os pontos
de ônibus lotados. Nenhum coletivo do Sistema Transcol e das empresas
que fazem as linhas em Vitória e em Vila Velha circulou até o fim da
paralisação, por volta das 16h de terça-feira. Após a reunião com a
Secretaria de Segurança, o Sindirodoviários informou que não há previsão
de novas paralisações.
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