O papa Francisco disse nesta quarta-feira a
bispos da Igreja Católica Romana dos EUA que os crimes de abuso sexual
de menores por clérigos não devem nunca se repetir, reconhecendo os
danos causados pelos anos seguidos de escândalos na Igreja Católica
norte-americana.
Nas declarações dadas na Catedral de São Mateus, em Washington,
no segundo dia desde sua chegada aos EUA, o papa não pronunciou as
palavras “abuso sexual”, mas se referiu ao escândalo ao falar sobre
“momentos difíceis” e a prestação de auxílio às vítimas.
“Eu sei o quanto a dor dos últimos anos tem pesado sobre vocês,
e tenho apoiado seus compromissos generosos para trazer alívio às
vítimas... e em trabalhar para garantir que tais crimes nunca serão
repetidos”, disse Francisco aos bispos, que aplaudiram.
As feridas decorrentes do escândalo, em que os padres que
abusavam de crianças eram removidos de paróquia para paróquia em vez de
serem expulsos e denunciados às autoridades judiciais, continuam abertas
e drenando as finanças da igreja.
A igreja dos EUA já teve que absorver um forte golpe financeiro
ao fechar acordos em dinheiro e arcar com outros custos que somaram
cerca de 3 bilhões de dólares, sendo forçada a vender ativos e cortar
gastos.
O pontífice prometeu extirpar “o flagelo” do abuso sexual da
Igreja Católica Romana, e em junho passado criou uma corte no Vaticano
para julgar os clérigos acusados de encobertar ou deixar de prevenir o
abuso sexual de menores.
Nesta quarta-feira, David Clohessy, diretor de uma rede de
pessoas que foram abusadas por padres, ele mesmo agredido sexualmente
por um padre quando criança, disse não ter se impressionado com as
palavras do papa.
“É terrivelmente decepcionante. Os bispos tem sido covardes,
não corajosos, e ainda são”, disse Clohessy em uma entrevista por
telefone. “Quaisquer medidas relutantes e tardias que tenham tomado
foram forçadas a eles pelas pessoas mais corajosas desta crise, as
vítimas de abusos e suas famílias.”
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