Fontes afirmam ao "Washington Post" que Jared Kushner, assessor do
presidente, tentou estabelecer um canal de comunicação secreto com a
Rússia. Discussão teria ocorrido em reunião com o embaixador russo em
dezembro.O genro e um dos principais assessores do presidente americano
Donald Trump na Casa Branca, Jared Kushner, teria tentando estabelecer
um canal de comunicação secreto entre a campanha do republicano e a
Rússia, afirmou nesta sexta-feira (26/05) a imprensa dos Estados Unidos.
Segundo o jornal The Washington Post, o embaixador russo nos EUA,
Serguei Kislyak, teria informado a seus superiores em Moscou que Kushner
sugeriu a criação desse canal num encontro no início de dezembro -
período de transição presidencial - na Trump Tower, em Nova York.
As revelações de Kislyak ao governo russo teriam sido interceptadas
pela inteligência americana. O jornal, por sua vez, conversou com
funcionários do governo em Washington que dizem ter tido acesso a essas
informações.
De acordo com essas fontes, Kushner e Kislyak falaram em estabelecer um
canal "secreto e seguro" utilizando instalações diplomáticas russas na
capital dos EUA. O objetivo era evitar a inteligência americana ainda
sob controle do governo do ex-presidente Barack Obama.
O general Michael Flynn, que mais tarde seria nomeado conselheiro de
Segurança Nacional da Casa Branca, também teria participado da reunião
na Trump Tower - Flynn teve que renunciar ao cargo poucas semanas após a
posse justamente por ter mentido sobre seus contatos com Kislyak.
Ainda segundo o Washington Post, Kislyak teria ficado surpreso com a
sugestão do genro de Trump, uma vez que envolveria um funcionários dos
EUA utilizando equipamentos russos na embaixada ou consulado em
Washington - uma atividade que significaria riscos para os dois
governos.
As informações também foram publicadas pelo jornal The New York Times,
que conversou com três fontes próximas ao caso sob condição de
anonimato. Segundo elas, a criação de um canal secreto serviria para os
dois governos discutirem estratégias na Síria e outras questões
políticas e de segurança. O canal de comunicação nunca foi estabelecido,
acrescentaram as fontes.
A Casa Branca chegou a confirmar a reunião entre Kushner e o embaixador
russo em março, minimizando sua importância. O FBI, no entanto,
considera o encontro importante para as investigações que apuram a
suposta interferência russa nas eleições de 2016, bem como vínculos
entre a campanha de Trump e o Kremlin, segundo disseram fontes ao
Washington Post.
Na quinta-feira, o mesmo jornal publicou que o genro do presidente, que
é casado com Ivanka Trump, é alvo de interesse do FBI, apesar de não
ser formalmente investigado.
O advogado de Kushner, Jamie Gorelick, disse em comunicado na
sexta-feira que seu cliente está disposto a cooperar com as
investigações do FBI no que diz respeito aos laços com a Rússia.
"Kushner já havia se oferecido anteriormente para compartilhar com o
Congresso o que sabe sobre essas reuniões, e fará o mesmo se for
contactado em ligação com qualquer outro inquérito", afirmou o advogado,
mencionando as investigações realizadas também pelo Congresso
americano.
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