sábado, 28 de julho de 2012

A cerimônia de abertura da Olimpíada de Londres estabeleceu um parâmetro alto para o Rio superar, em uma superprodução rigorosa que serviu de mensagem para que a cidade comece a pensar logo na imagem que quer passar ao mundo em 2016.
Para artistas ouvidos pela BBC Brasil, a cerimônia concebida pelo cineasta Danny Boyle chamou a atenção pelo uso da história, do humor e da música para sintetizar a cultura britânica.
Com opiniões por vezes conflitantes, os entrevistados destacaram o resgate às raízes do país, do campo à Revolução Industrial, e a participação da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que carregou a bandeira olímpica.
A cerimônia foi acompanhada com atenção pelo cineasta Cao Hamburguer, que é o diretor artístico, ao lado da cenógrafa Daniela Thomas, da apresentação de 8 minutos que o Rio fará na cerimônia de encerramento, marcando o passagem do bastão.
Hamburguer diz que a cerimônia "assusta de um jeito aterrador" pelo nível alto que tem – como a de Pequim e a de Barcelona. Para ele, o rigor exibido na performance lembra que o Brasil precisa planejar muito bem a sua. "Um show desse tamanho não pode ser no improviso."
Cao Hamburguer | Crédito da foto: Divulgação
"Foi uma superprodução, como sempre é. Gostei muito do começo, mostrando a vida no campo e depois a revolução industrial. Foi uma época muito dura para os trabalhadores e eles conseguiram incluir isso sem glamorizar muito. Adorei a Marina Silva representando a ideia de preservação ambiental, de um novo modelo para o futuro. Os cenários e efeitos não me surpreenderam tanto, porque eu já esperava algo impactante. A Inglaterra sempre tem muito rigor nos espetáculos musicais, nos shows de bandas inglesas. Em termos musicais, achei que faltaram algumas coisas, como os teve Rolling Stones. Mas nós consumimos muito a cultura inglesa, não caberia tudo.
"É um tipo de evento muito difícil de fazer. Logo temos que começar a planejar o nosso. O essencial é pensar com antecedência para não ter que improvisar muito. Um show desse tamanho não pode ser no improviso. Tem que ter o espírito brasileiro do calor e da espontaneidade, mas tem que ter um rigor técnico e artístico também. Não dá para achar que o improviso e o jeitinho brasileiro resolvem, porque aí o barco afunda. É algo que tem que ser levado muito a sério para representar bem o legado e a cultura do Brasil."
Cao Hamburguer, diretor dos filmes "Xingu" e "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" e diretor artístico da apresentação brasileira na cerimônia de encerramento de Londres 2012.

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