sexta-feira, 15 de março de 2013

Conflito na Síria faz dois anos, e europeus discutem armar rebeldes

O conflito na Síria completa dois anos nesta sexta-feira, sem quaisquer perspectivas de um fim ao impasse no confronto entre forças do governo do presidente Bashar al-Assad e rebeldes.
Assad e as forças governistas mantêm firme controle sobre a capital do país, Damasco, e diferentes partes da Síria, mas vem sofrendo crescente pressão por parte dos rebeldes, que já dominam diferentes partes do território sírio.
Grupos de direitos humanos estimam que o conflito já matou mais de 80 mil pessoas desde 2011 e deixou mais de 1 milhão de desabrigados.
Nesta sexta-feira, a Grã-Bretanha e a França pediram durante um encontro em Bruxelas o fim ao embargo de armas à Síria, a fim de permitir que países da União Europeia possam fornecer armamentos aos grupos que lutam contra o regime de Assad.
O embargo deixa de vigorar no início de junho, e acredita-se que franceses e britânicos pressionarão para que ele não seja renovado.

Com ou sem acordo

Segundo Jonathan Marcus, analista da BBC especializado em temas de Defesa e Diplomacia, mesmo que um acordo não seja firmado pela União Europeia, os franceses e os britânicos poderão levar adiante seu plano de fornecer armas aos insurgentes anti-Assad de qualquer maneira.
''A preocupação deles é que o conflito está se transformando em um impasse sangrento. Nenhum dos lados atualmente é capaz de vencer e, quanto mais tempo os combates continuarem, pior será a catástrofe humana e maiores as chances de o conflito se transformar em uma guerra regional'', afirma Marcus.
"Nenhum dos lados atualmente é capaz de vencer e, quanto mais tempo os combates continuarem, pior será a catástrofe humana e maiores as chances de o conflito se transformar em uma guerra regional."
Jonathan Marcus, analista da BBC para assuntos diplomáticos e de defesa
Marcus destaca que existem temores de que, ao se armar os rebeldes, poderia se estar ''militarizando'' o conflito.
Mas os franceses e britânicos acreditam que esse pode ser um dos poucos caminhos para pôr fim ao derramamento de sangue no país.

Propagação do conflito

Existe um temor recorrente de que o conflito se alastre para os países vizinhos, envolvendo nações como Turquia, Líbano, Irã, Arábia Saudita e possivelmente Israel.
Atualmente, o governo iraniano é a maior fonte de sustentação do regime de Assad, a quem estaria supostamente fornecendo armamentos, em violação a sanções da ONU. Os iranianos também apoiam o movimento islâmico Hezbollah, que tem forte influência na política libanesa e que também dá apoio à Síria.
A Arábia Saudita, cuja liderança é muçulmana sunita, se opõe à Síria, cuja elite política é formada por alauitas, um grupo que se considera xiita (ao acreditar que Ali, primo e genro de Maomé, é o seu legítimo sucessor como líder dos muçulmanos) e inclui a família Assad e seus aliados mais próximos.
Os sauditas, assim como outras monarquias do Golfo Pérsico, vêm fornecendo armamentos e apoio financeiro e logístico aos rebeldes.
A despeito de contar com uma elite política xiita, a população síria é predominantemente sunita. O país conta ainda com uma expressiva minoria cristã. Há temores de que a guerra civil no país poderá descambar para um conflito religioso que também poderia ter implicações regionais.

'Explosão'

Nesta sexta-feira, o presidente da Agência da ONU para Refugiados, Antonio Guterres, advertiu que a guerra civil na Síria poderá causar o que ele chamou de ''uma explosão'' no Oriente Médio.
De acordo com Guterres, caso o conflito não cesse, será impossível conter as consequências humanas, políticas e de segurança que ele poderá exercer.
Entidade de direitos humanos estimam que as crianças sírias estejam entre as principais vítimas do confronto no país.
Nesta semana, a ONG britânica Save the Children afirmou que cada vez mais menores de idade estão sendo recrutados pelas duas facções em conflito como soldados, informantes ou até escudos humanos.
O Unicef anunciou nesta semana que cerca de 2 milhões de menores de 18 anos na Síria enfrentam situação de extrema necessidade, cerca de 800 mil com menos de 14 anos estão desabrigados dentro da Síria e mais de 500 mil crianças já foram levadas para fora do país, devido ao medo da violência.

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