quarta-feira, 6 de março de 2013

Venezuela chora a morte de Hugo Chávez em cortejo pelas ruas de Caracas

Uma maré vermelha humana acompanhava com tristeza o cortejo fúnebre do presidente Hugo Chávez, partindo do hospital Militar onde faleceu até a capela ardente instalada na Academia Militar, berço do projeto político que o levou ao poder.
O caixão com o corpo de Chávez, coberto com a bandeira venezuelana, foi trasportado por um carro fúnebre ornamentado com coroas de flores brancas e amarelas abrindo caminho lentamente em meio à multidão, que enche a capital.
"Até a vitória sempre, comandante! Nós te amamos!", gritavam entre lágrimas milhares de seguidores, que pediam que o dirigente seja enterrado no Panteão Nacional, ao lado do Libertador Simón Bolívar.
"Isto é História. Passarão mais de cem anos até que haja outro líder assim", disse entre soluços Luz Mayel, de 38 anos, de origem colombiana.
A mãe de Chávez, Elena Frías, apoiava-se em seu caixão, chorando e escondendo o rosto com um lenço, enquanto os presentes se recolhiam em uma breve oração dirigida por um capelão militar.
Vestido com uma jaqueta esportiva com as cores da bandeira venezuelana, o vice-presidente Nicolás Maduro,herdeiro político de Chávez, avançava em frente ao carro, junto ao presidente boliviano Evo Morales, ministros e líderes, como o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.
Nenhum alto responsável do chavismo, que enfrentarão agora o desafio de levar adiante seu movimento seu indiscutível líder, fizeram declarações.
Durante o cortejo, o hino da Venezuela foi entoado pela voz gravada de Chávez e acompanhado com emoção por todos os presentes.
Centenas de partidários, muitos deles vestidos de vermelho, a cor do chavismo, acenavam em direção ao carro, lançando beijos, expressando todo o espanto pelo dramático desaparecimento do mandatário.
Em outros pontos da capital, como no bairro opositor de Chacao, alguns venezuelanos destacaram como o governante contribuiu para dividir o país em dois, com o seu discurso polarizador e agressivo.
"Ódio e divisão foram as únicas coisas semeadas", disse José Mendonza, um programador de 28 anos. "O que o Chávez fez não tem palavras: arruinou a Venezuela", afirmou por sua vez Giuseppe Leone, um ítalo-venezuelano de 78 anos.
Chávez morreu na terça-feira aos 58 anos no hospital militar de Caracas, depois de lutar contra um câncer que foi diagnosticado em junho de 2011 e pelo qual passou por quatro cirurgias em Havana.
Na memória coletiva dos venezuelanos, ficará gravada a última frase pronunciada por Chávez publicamente em 10 de dezembro, antes de partir para Cuba: "Até a vida sempre!", disse com a mão levantada.
A Academia Militar foi escolhida para receber o corpo de Chávez porque o presidente considerava seu segundo lar e berço de sua vocação política, que em 1992 o levou a uma fracassada tentativa de golpe e sete anos depois à presidência da Venezuela.
O chanceler Elías Jaua informou que uma capela fúnebre será instalada para permitir que o maior número possível de pessoas possam ver seu "pai, seu libertador, seu protetor".
Os primeiros presidentes da América Latina começaram a chegar ao país para o funeral oficial, previsto para sexta-feira às 10H00 (11H30 de Brasília).
Sete países latino-americanos decretaram luto nacional, entre eles o Brasil, Argentina, Chile e Cuba.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu colega uruguaio, José Mujica, foram os primeiros a chegar à 5H00 (6H30 de Brasília), um pouco antes do boliviano Evo Morales, que foi recebido por Jaua.
O chanceler afirmou que o país amanheceu calmo e disse que 10 chefes de Estado confirmaram presença no funeral. Vários devem chegar ao país na quinta-feira.
Chávez, que assumiu a presidência em 1999, havia retornado de Havana em 18 de fevereiro, mas não foi visto nem ouvido, depois de ter passado por uma cirurgia em 11 de dezembro, a quarta desde o diagnóstico de câncer, cuja natureza e detalhes nunca foram oficialmente divulgados.
O governo prometeu que informará o local do enterro do presidente, natural do estado Barinas, na região oeste do país.
Jaua informou na terça-feira que Maduro assumirá a presidência temporária até a convocação da eleição, que ainda não teve a data anunciada pelo governo.
Maduro, de 50 anos, será o candidato governista nas eleições que devem acontecer em um prazo de 30 dias, como determina a Constituição, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos.

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