domingo, 17 de março de 2013

Fiéis enfrentam maratona para primeiro encontro com papa

As ruas vizinhas do Vaticano foram parcialmente fechadas neste domingo para a Maratona de Roma. Mas os fieis não se importaram com os obstáculos. Muitos esperaram os corredores passarem para, então, buscar um lugar onde se acomodar em meio à multidão que desde cedo se concentrou na praça São Pedro, para o primeiro "Angelus" - um ato religioso - celebrado pelo papa Francisco.
Na Via da Conziliazione, a avenida que dá em frente ao Vaticano, um grupo de seminaristas latino-americanos tentava acomodar com pressa as bandeiras da Argentina, do Peru e do Brasil no mesmo mastro.
“Aqui não há concorrência”, brincou o argentino Danilo Aranda, da cidade do Chaco. “Mas agora eu preciso correr”, disse, seguindo o grupo de amigos que tentava se aproximar ao máximo do Palácio Apostólico, de onde o primeiro papa das Américas logo daria sua benção.
“Estou muito feliz por estar aqui. Temos um papa eleito pelo Espírito Santo, mas que é latino-americano e é argentino”, disse, respondendo às perguntas enquanto caminhava a passos largos, antes de desaparecer em meio à multidão.
Enquanto os fiéis se acomodavam na grande esplanada, telões transmitiam o fim da missa rezada por Francisco na igreja de Santa Ana, nos jardins do Vaticano.

Angelus

Claudia e Marcos Pereira (Foto BBC)
Claudia e Marcos Pereira dizem estar 'encantados' com o novo papa
Às 11h59 de Roma, um minuto antes do previsto, o papa Francisco apareceu na janela do Palácio Apostólico. Foi acolhido com aplausos, gritos e saudações dos fiéis, em seu primeiro compromisso na Praça de São Pedro.
Em seu primeiro grande encontro com os fiéis após seu anúncio como pontífice, Francisco sobre a “misericórdia de Deus" e o que, segundo ele, seria sua ilimitada capacidade de perdoar.
"Vocês já pensaram na paciência de Deus? É sua misericórdia. Ele não se cansa de nos perdoar, se soubermos voltar para ele com o coração arrependido. É grande a misericórdia de Deus", disse.
"A misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo. Somos nós que nos cansamos de perdoar."
O novo papa também mostrou preferir um estilo mais informal ao celebrar atos religiosos, incluindo anedotas em seus sermões em vez de referências teológicas mais rebuscadas.

Simpatia

Grupo de argentinos (Foto BBC)
Grupo de argentinos espera início do ato religioso celebrado pelo novo pontífice
O ato religioso e as declarações feitas pelo papa nos últimos dias foram bem recebidas pelos fiéis nas imediações do Vaticano. “Ele já conquistou os católicos”, disse Carla Coppini.
“É o oposto do papa Bento 16. É muito simples, muito comunicativo, não é frio. Todo mundo já gosta desse papa. Não vou sentir saudades do outro”, disse.
“Eu já fui à missa hoje na minha igreja e já se sente algo diferente. Sobretudo porque o papa agora é um 'papa dos pobres'. Por isso resolvi vir aqui. Enfrentei a maratona no caminho, mas estou feliz”, contou.
A expressão utilizada por Carla é uma referência a uma declaração feita por Francisco em uma audiência para a imprensa no sábado. O novo papa disse que gostaria de uma Igreja "pobre e para os pobres".
Ao fim do discurso deste domingo, depois que o pontífice desejou um “bom domingo e um bom almoço” a todos, parte dos fiéis começou a se retirar da praça. Mas muita gente permaneceu, cantando e até dançando.
Carla Coppini (Foto BBC)
Carla Coppini diz que não vai sentir saudades de Bento 16
Um grupo do Sri Lanka entoava cantos locais. Italianos e latino-americanos levaram violão e logo a praça se tornou um cenário de festa.
Entre os fiéis, um casal de Vitória (ES) comemorava os 15 anos em que haviam ficado noivos em Roma.
Claudia Pereira e Marcos Pereira se disseram “encantados” com o papa. Eles contam que chegaram “atrasados” para o anúncio da indicação do novo pontífice. “Foi uma correria, mas estamos aqui”.
“Ele foi muito acolhedor. De cara já conquistou todo mundo. Só de escolher o nome de Francisco já é uma mostra de humildade, de amor aos pobres”, disse Cláudia.

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