Comparações entre os momentos de crise política enfrentados hoje e no
último governo de Getúlio Vargas (1951-1954) marcaram, nesta
terça-feira (25), a sessão solene do Congresso Nacional em memória dos
61 anos da morte de Vargas. O clamor foi pela união das forças
democráticas em torno do legado de conquistas sociais deixado por Vargas
, especialmente na área trabalhista.
"Ele criou a Justiça do
Trabalho, o salário mínimo, a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho].
Hoje é dia de incorporar o espírito de brasilidade de nosso estadista
Getúlio Vargas", defendeu o senador Telmário Mota (PDT-RR), que
apresentou o requerimento de homenagem junto com o senador Elmano Férrer
e o deputado federal Paes Landim, ambos do PTB do Piauí.
Enquanto
Landim realçou a figura “modernizante e pragmática” encarnada pelo
presidente Vargas, Elmano elogiou os avanços trabalhistas introduzidos
em seu governo, destinados a “evitar abusos patronais”.
O senador Fernando Collor (PTB-AL) reagiu, por sua vez, contra a tentativa de flexibilização dos direitos trabalhistas.
"Acreditam
que a precarização dos direitos sociais dos trabalhadores é necessária
para alavancar a competitividade do Brasil no mercado internacional.
Trata-se de proteção ao tipo de sociedade pluralista que sonhamos
todos", afirmou Collor.
Para o ministro do Trabalho, Manoel Dias, a
defesa da soberania nacional, da liberdade e da democracia foi a
mensagem mais importante deixada por Vargas. A presidente nacional do
PTB, a deputada federal Cristiane Brasil (RJ), creditou à coragem,
lucidez, ao arraigado senso de responsabilidade e amor à pátria o fato
de o ex-presidente nunca ter vacilado frente aos obstáculos surgidos em
seu caminho.
Já o deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) elogiou a
visão de mundo aguçada de Vargas para inserir o país no cenário
internacional. Em seguida, o deputado federal Davidson de Magalhães
(PCdoB-BA) reivindicou o resgate de um projeto nacional de autonomia.
Na
visão do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), é preciso zelar pelo
legado em prol do trabalhismo deixado não só por Getúlio, mas também
pelo ex-presidente João Goulart e por Leonel Brizola.
"Não tem proposta melhor de projeto para o Brasil do que o que está nas raízes do trabalhismo", sustentou Cristovam.
Ainda
sobre a herança política deixada por Vargas, o senador Humberto Costa
(PT-PE) a considerou inspiradora de todos os movimentos e partidos com
preocupação social.
"Nesse momento político da nação, está na hora
de juntar os verdadeiros democratas que não querem a repetição do que
aconteceu no passado. Obrigada a todos os que lutam pela liberdade e a
democracia", reforçou, na sequência, o ex-deputado João Vicente Goulart,
filho do ex-presidente João Goulart, que dirige o instituto que leva o
nome de seu pai.
Em meio ainda à homenagem do Congresso, o senador
Valdir Raupp (PMDB-RO) lembrou ter nascido exatamente na data do
primeiro aniversário de morte de Vargas. Já os senadores pelo Rio Grande
do Sul Lasier Martins (PDT) e Ana Amélia (PP) eram crianças na ocasião e
recordaram a comoção que tomou conta do estado natal de Vargas com a
notícia de seu suicídio.
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