sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Funcionários do Villa Mix eram forçados a barrar "negro, humilde e gente gorda"

As denúncias postadas na página Boicote ao Villa Mix, no Facebook, com cerca de 17 mil participantes, deram início ao inquérito do MP-SP.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou inquérito para apurar denúncias de discriminação racial e social na casa noturna de estilo sertanejo Villa Mix, localizada na Vila Olímpia, região nobre da capital paulista. Ex-funcionários da casa relataram que são orientados a selecionar quem pode frequentar o local por critérios de raça, posição social e padrão estético.
“Eles barram negros, eles barram pessoas humildes, eles barram gente gorda”, diz um dos relatos incorporados ao inquérito. Segundo o MP-SP, a casa noturna recebeu prazo de 20 dias para prestar os esclarecimentos sobre os fatos relatados e o treinamento dado aos funcionários que fazem a seleção dos frequentadores.

MP investiga discriminação contra frequentadores de casa noturna em SP
Reprodução
MP investiga discriminação contra frequentadores de casa noturna em SP

As denúncias postadas na página Boicote ao Villa Mix, no Facebook, com cerca de 17 mil participantes, deram início ao inquérito do MP-SP. A jornalista Stephanie Calazans, de 24 anos, é uma das criadoras da página, que teve a iniciativa ao presenciar a discriminação contra uma amiga.
“Eu estava com duas amigas, uma delas foi barrada. Era aniversário dela, e as três tinham nome na lista. Eles ficaram perguntando o número do RG [Registro Geral, a identidade] e alegando que estava errado, mas a gente viu que era mentira. Foi uma situação bem humilhante. Minha amiga é simples, humilde, não tem os padrões da casa. Não usa salto, nem maquiagem pesada, nem roupa justa. E ela é parda”, disse a jornalista.
Segundo Stephanie, as amigas estavam na fila para pagar, e o estabelecimento não poderia impedi-las de entrar. “Muita gente diz que a casa não tem obrigação de deixar entrar VIP (gratuitamente), mas nós estávamos dispostas a pagar.”
Para a promotora de Justiça Beatriz Helena Budin Fonseca, a escolha de quem entra ou não “tem a função de segregar e marcar a divisão entre pessoas que não têm a mesma classe social, a mesma cor de pele, o mesmo peso, ou a mesma beleza considerada como ideal”.

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