sexta-feira, 7 de junho de 2013

Obama: Monitoramento de telefone e web equilibra 'segurança e privacidade'

Sob pressão por grampos telefônicos de americanos e coleta de dados de estrangeiros na internet, líder diz que programas são legais e limitados: 'Ninguém está ouvindo suas ligações'

O presidente americano, Barack Obama, defendeu nesta sexta-feira os programas de vigilância pelos quais os EUA coletam em massa registros telefônicos americanos e de uso da internet por estrangeiros , afirmando que eles são fiscalizados de perto pelo Congresso e pela Justiça.
AP
Presidente dos EUA, Barack Obama, faz pronunciamento sobre controversos programas de vigilância
O líder americano afirmou que seu governo alcançou o "equilíbrio correto entre segurança e privacidade", acrescentando que o monitoramente da internet não tem como alvo cidadãos americanos ou residentes do país. Segundo ele, as agências do governo não estão ouvindo as ligações telefônicas.
As declarações de Obama se referiam a revelações feitas nesta semana pelos jornais Guardian, Reino Unido, e Washington Post, dos EUA, de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) está coletando vastas quantidades de dados de telefone e de comunicações da internet.
Reação: Autoridades dos EUA defendem coleta de registros telefônicos da Verizon
Na Califórnia nesta sexta, Obama disse que o monitoramento da NSA foi autorizado repetidamente pelo Congresso e era sujeito à supervisão de comissões de inteligência do Congresso e de secretas cortes de inteligência.
O presidente afirmou que chegou à presidência com um "ceticismo saudável" em relação aos dois programas, mas depois de avaliá-los e de estabelecer salvaguardas adicionais, decidiu que "valia a pena". "Você não pode ter 100% de segurança, e então 100% de privacidade e zero de incoveniência", disse. Reconhecendo que algumas concessões eram necessárias, afirmou: "Teremos de fazer algumas escolhas."
Monitoramento de telefones e da internet
Na noite de quarta, o jornal Guardian revelou que um mandado judicial ultrassecreto requer que a Verizon Business Network Services, uma subsidiária da Verizon Communications que oferece serviços a corporações, entregue diariamente à NSA todos os seus registros telefônicos "entre os EUA e o exterior" ou "totalmente dentro dos EUA, incluindo as chamadas telefônicas locais".
Denúncia: EUA coletam secretamente registros telefônicos da Verizon
Sob os termos da ordem, os números de telefones de ambas as partes da ligação são entregues, assim como a data, a duração e o horário da chamada. A ordem não se aplica ao conteúdo das comunicações. Segundo especialistas, é provável que o programa se estenda a outras companhias telefônicas.
Outro programa secreto veio à tona quando o Washington Post e o Guardian informaram que a NSA e o FBI (polícia federal americana) podem rastrear as principais companhias de internet dos EUA, extraindo vídeo, emails e outros documentos para ajudar analistas a encontrar movimentos e contatos pessoais. Microsoft, Yahoo, Google, Facebook, PalTalk, AOL, Skype, YouTube e Apple estão entre essas companhias. A maioria delas negou dar ao governo acesso direto a suas informações.
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As revelações tornaram Washington alvo de críticas dos ativistas de liberdades civis, que caracterizaram a vigilância como intrusões ilegais, enquanto muitos no Congresso defenderam os programas como ferramentas de contraterrorismo apropriadas e outros legisladores prometiam mudar um programa que votaram para aprovar.
Ativistas das liberdades civis questionaram como Obama, um ex-acadêmico constitucional que lutou pelas proteções de privacidade quando senador, podia apoiar políticas com fortes ecos do presidente George W. Bush (2001-2009), cuja abordagem em relação à segurança nacional ele prometeu deixar para trás.
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A revelação chega em um momento particularmente inoportuno para o governo Obama. Ele já enfrenta questões sobre o impróprio rastreamento pela Receita Federal de grupos conservadores e sobre a coleta de registros telefônicos de jornalistas em uma investigação sobre quem vazou informação à mídia.
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Funcionários graduados do governo defenderam os programas como ferramentas cruciais e disseram que a inteligência que eles reúnem está entre os dados mais valiosos que os EUA coletam.
De acordo com o diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, o programa de internet, conhecido como Prism, não pode ser usado para intencionalmente ter como alvo americanos ou qualquer pessoa nos EUA . Ele disse que uma corte especial, o Congresso e o Poder Executivo fiscalizam o programa e que os dados acidentalmente coletados sobre os americanos são mínimos.
AP
Placa do lado de fora do gabinete da Agência de Segurança Nacional (NSA)
Em um incomum comunicado na noite de quinta, Clapper insistiu que os esforços eram legais, com escopo limitado e necessários para detectar ameaças terroristas. Ele criticou o vazamento dos documentos altamente confidenciais que revelaram os programas e alertou que a segurança americana sofrerá.
Clapper classificou a revelação pelos jornais do monitoramento da internet como "repreensível". Ele também afirmou que o vazamento de um programa que permite ao governo coletar os registros telefônicos dos americanos afetaria como os inimigos dos EUA se comportam e dificultaria a compreensão de suas intenções.
"A revelação não autorizada de um documento ultrassecreto de uma corte americana arrisca causar um prejuízo duradouro e irreversível à nossa habilidade de identificar e responder às muitas ameaças que confrontam nossa nação", disse Clapper sobre o programa de rastreamento de telefonemas.
Os poderes de vigilância foram concedidos sob o Ato Patriótico, que foi aprovado depois dos ataques do 11 de Setembro e renovado em 2006 e novamente em 2011.

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