Sob pressão por grampos telefônicos de americanos e coleta de dados de estrangeiros na internet, líder diz que programas são legais e limitados: 'Ninguém está ouvindo suas ligações'
O presidente americano, Barack Obama, defendeu nesta
sexta-feira os programas de vigilância pelos quais os EUA coletam em
massa registros telefônicos americanos
e de uso da internet por estrangeiros
, afirmando que eles são fiscalizados de perto pelo Congresso e pela Justiça.
O líder americano afirmou que seu governo alcançou o
"equilíbrio correto entre segurança e privacidade", acrescentando que o
monitoramente da internet não tem como alvo cidadãos americanos ou
residentes do país. Segundo ele, as agências do governo não estão
ouvindo as ligações telefônicas.As declarações de Obama se referiam a revelações feitas nesta semana pelos jornais Guardian, Reino Unido, e Washington Post, dos EUA, de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) está coletando vastas quantidades de dados de telefone e de comunicações da internet.
Reação: Autoridades dos EUA defendem coleta de registros telefônicos da Verizon
Na Califórnia nesta sexta, Obama disse que o monitoramento da NSA foi autorizado repetidamente pelo Congresso e era sujeito à supervisão de comissões de inteligência do Congresso e de secretas cortes de inteligência.
O presidente afirmou que chegou à presidência com um "ceticismo saudável" em relação aos dois programas, mas depois de avaliá-los e de estabelecer salvaguardas adicionais, decidiu que "valia a pena". "Você não pode ter 100% de segurança, e então 100% de privacidade e zero de incoveniência", disse. Reconhecendo que algumas concessões eram necessárias, afirmou: "Teremos de fazer algumas escolhas."
Monitoramento de telefones e da internet
Na noite de quarta, o jornal Guardian revelou que um mandado judicial ultrassecreto requer que a Verizon Business Network Services, uma subsidiária da Verizon Communications que oferece serviços a corporações, entregue diariamente à NSA todos os seus registros telefônicos "entre os EUA e o exterior" ou "totalmente dentro dos EUA, incluindo as chamadas telefônicas locais".
Denúncia: EUA coletam secretamente registros telefônicos da Verizon
Sob os termos da ordem, os números de telefones de ambas as partes da ligação são entregues, assim como a data, a duração e o horário da chamada. A ordem não se aplica ao conteúdo das comunicações. Segundo especialistas, é provável que o programa se estenda a outras companhias telefônicas.
Outro programa secreto veio à tona quando o Washington Post e o Guardian informaram que a NSA e o FBI (polícia federal americana) podem rastrear as principais companhias de internet dos EUA, extraindo vídeo, emails e outros documentos para ajudar analistas a encontrar movimentos e contatos pessoais. Microsoft, Yahoo, Google, Facebook, PalTalk, AOL, Skype, YouTube e Apple estão entre essas companhias. A maioria delas negou dar ao governo acesso direto a suas informações.
Cenário: Revelações sobre vigilância alimentam debate sobre privacidade nos EUA
As revelações tornaram Washington alvo de críticas dos ativistas de liberdades civis, que caracterizaram a vigilância como intrusões ilegais, enquanto muitos no Congresso defenderam os programas como ferramentas de contraterrorismo apropriadas e outros legisladores prometiam mudar um programa que votaram para aprovar.
Ativistas das liberdades civis questionaram como Obama, um ex-acadêmico constitucional que lutou pelas proteções de privacidade quando senador, podia apoiar políticas com fortes ecos do presidente George W. Bush (2001-2009), cuja abordagem em relação à segurança nacional ele prometeu deixar para trás.
Ação secreta: Departamento de Justiça obtém registros telefônicos de agência de notícias
A revelação chega em um momento particularmente inoportuno para o governo Obama. Ele já enfrenta questões sobre o impróprio rastreamento pela Receita Federal de grupos conservadores e sobre a coleta de registros telefônicos de jornalistas em uma investigação sobre quem vazou informação à mídia.
Maio: Obama promete ação contra três controvérsias que afetam governo
Análise: Escândalos levantam dúvidas sobre o que Obama espera de seu segundo mandato
Funcionários graduados do governo defenderam os programas como ferramentas cruciais e disseram que a inteligência que eles reúnem está entre os dados mais valiosos que os EUA coletam.
De acordo com o diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, o programa de internet, conhecido como Prism, não pode ser usado para intencionalmente ter como alvo americanos ou qualquer pessoa nos EUA . Ele disse que uma corte especial, o Congresso e o Poder Executivo fiscalizam o programa e que os dados acidentalmente coletados sobre os americanos são mínimos.
Chefe da inteligência: Revelação de programas de vigilância põe EUA em risco
Em um incomum comunicado na noite de quinta, Clapper
insistiu que os esforços eram legais, com escopo limitado e necessários
para detectar ameaças terroristas. Ele criticou o vazamento dos
documentos altamente confidenciais que revelaram os programas e alertou
que a segurança americana sofrerá.Clapper classificou a revelação pelos jornais do monitoramento da internet como "repreensível". Ele também afirmou que o vazamento de um programa que permite ao governo coletar os registros telefônicos dos americanos afetaria como os inimigos dos EUA se comportam e dificultaria a compreensão de suas intenções.
"A revelação não autorizada de um documento ultrassecreto de uma corte americana arrisca causar um prejuízo duradouro e irreversível à nossa habilidade de identificar e responder às muitas ameaças que confrontam nossa nação", disse Clapper sobre o programa de rastreamento de telefonemas.
Os poderes de vigilância foram concedidos sob o Ato Patriótico, que foi aprovado depois dos ataques do 11 de Setembro e renovado em 2006 e novamente em 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário