Em entrevista, cardeal brasileiro conta o que espera da visita do papa ao País na Jornada Mundial da Juventude
Veterano de conclaves, o arcebispo emérito de Salvador,
Dom Geraldo Majella, foi um dos cinco cardeais brasileiros que
participou da escolha de Jorge Mario Bergoglio
para papa
da Igreja Católica. Em breve, eles devem voltar a se encontrar durante a
Jornada Mundial da Juventude
, evento marcado entre 23 e 28 de julho no Rio de Janeiro, quando o papa Francisco
desembarca no País. Em entrevista ao iG
, Dom Geraldo conta o que espera da visita e do encontro com os jovens brasileiros.
Saiba tudo sobre a Jornada Mundial da Juventude 2013
Dom Geraldo Magella - Naturalmente ele vai ter encontro com a juventude na jornada. Ele responderá à juventude. Não é que ele vai tomar a iniciativa de falar sobre certos pontos, mas ele não vai só falar. Ele vai ter encontros para também ouvir os jovens, que farão perguntas. E ele vai responder, não vai fugir do que julgar que é para o bem.
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iG - O senhor teme que os protestos possam atrapalhar a visita do papa ou até mesmo a Jornada?
Dom Geraldo Magella - Ele quer uma revisão de tudo. O banco também está instituído desde 1942. Então, ele está querendo uma revisão. É por ai mesmo que se deve ir. Faz parte da própria razão de ser da igreja. A Igreja também precisa dos meios. Isso sempre foi usado na Igreja desde o tempo dos apóstolos. Tinha sempre que mostrar o lado dos bens deste mundo. O dinheiro é preciso desde os tempos de Jesus. Tinha até um apóstolo que cuidava dessa parte para que não faltasse o necessário para os próprios apóstolos. Sempre houve cuidados com os bens materiais para não sacrificar nem a Igreja nem a sua missão.
iG - O senhor já conversou com o papa Francisco desde que ele assumiu cargo? Como é a personalidade dele?
Dom Geraldo Magella - Falei ainda em Roma. Já nos conhecíamos. Eu tinha liberdade com ele. Falei rapidamente com aquela confiança mútua, sem colocar distância. Ele é muito simples. Mesmo no Vaticano, ele continua ocupando, por exemplo, o lugar onde nós estávamos nos tempos do conclave. Ele só vai ao Vaticano para receber autoridades, receber reuniões. O dia a dia dele é da maneira mais simples possível.
Saiba tudo sobre a Jornada Mundial da Juventude 2013
“Ele tem um modo muito especial de manter um
diálogo. Ele está preocupado com a situação do mundo e com a situação da
juventude (...) porque, realmente, estamos em um mundo de muita
violência. Ele sabe mostrar essa visão do mundo. E pode dar, quem sabe,
alguma sugestão que realmente abra um novo caminho para acompanhar esse
mundo como ele está. Em nome da sua fé, ele pode dar uma palavra a esta
situação”, opina.
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O arcebispo diz que vê com "bons olhos" as medidas tomadas pelo papa
em pouco mais de mais três meses à frente da Igreja, como, por exemplo,
a criação de uma comissão para fiscalizar o Banco do Vaticano. “Ele
quer uma revisão de tudo. O banco está instituído desde 1942. Então, ele
está querendo uma revisão. É por ai mesmo que se deve ir. Faz parte da
própria razão de ser da Igreja. A Igreja também precisa dos meios. Isso
sempre foi usado desde o tempo dos apóstolos. .
Leia abaixo a entrevista:
iG - Como o senhor avalia a visita do papa Francisco ao Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude?
Dom Geraldo Magella -
É necessário esse encontro. Ele continua uma tradição de 20 e tantos
anos que é este encontro com os jovens, do qual o papa participa. Ele
quis continuar uma tradição do papa João Paulo 2º e do papa Bento 16.
Ele faz isso não apenas por uma tradição, mas com muita convicção. É
necessário esse encontro com a juventude. Tenho muita convicção de que
possa servir em um momento de grande violência e possa transmitir também
muita esperança.
iG - Qual a diferença entre o papa Francisco e os anteriores? O que o senhor acha que a visita deste papa terá diferente?
Dom Geraldo Magella -
Nós podemos ter vários pontos em evidência. Terá aquilo o que é comum
com outros papas, como também tem sua originalidade. Isso é bom porque
ele tem um modo muito especial de manter um diálogo. Ele está preocupado
com a situação do mundo, não só com a situação da juventude. A
juventude recente da situação do mundo em que vivemos. Ele sabe mostrar
essa visão do mundo. E pode dar, quem sabe, alguma sugestão que
realmente abra um novo caminho para acompanhar esse mundo como ele está.
Em nome da sua fé, ele pode dar uma palavra a esta situação porque,
realmente, estamos em um mundo de muita violência, muita falta de
aceitação do outro. São tantas mortes. Tudo isso faz mal não só para os
jovens, mas para todo mundo. Mas a juventude sofre mais com seu ideal de
ter um mundo de paz.
iG - Como o senhor acha que o papa Francisco
enxerga os protestos que acontecem no Brasil, já que boa parte dos
manifestantes é o próprio jovem?
Dom Geraldo Magella - Naturalmente ele vai ter encontro com a juventude na jornada. Ele responderá à juventude. Não é que ele vai tomar a iniciativa de falar sobre certos pontos, mas ele não vai só falar. Ele vai ter encontros para também ouvir os jovens, que farão perguntas. E ele vai responder, não vai fugir do que julgar que é para o bem.
Mais: Ordem do papa, jesuítas são conhecidos pelo desapego
iG - O senhor teme que os protestos possam atrapalhar a visita do papa ou até mesmo a Jornada?
Dom Geraldo Magella -
Não acredito que vá atrapalhar a vinda dele. Ele não tem receio de vir.
A não ser que tivesse aqui alguma revolução que fosse incontrolável.
Ele vem tranquilamente, com muita fé. E que faça alguma coisa em nome do
próprio Cristo que representa.
iG - Como o senhor avalia as manifestações no País?
Dom Geraldo Magella -
É a possibilidade dos próprios jovens estarem vendo o que é necessário
para o País diante da situação geral. A juventude, como tal, tem cabeça
boa para pensar. E, do outro lado, sempre existem os aproveitadores para
querer tumultuar. Infelizmente, há pessoas que estão interessadas em
criar o caos. A gente vê que algumas medidas estão sendo tomadas, estão
repercutindo o que a juventude mesmo colocou em evidência. Mas é preciso
ter cuidado. A juventude que esta à frente tem de ter cuidado para não
se deixar levar pelos desordeiros, pelos que querem tumultuar. É
necessário que eles não tomem partido, não aceitem participar de nenhum
tumulto. Não deixem que o bem que desejam para o Brasil venha a ser
tumultuado por essa visão violenta.
iG - Como o senhor avalia os primeiros meses do papa Francisco à frente da Igreja Católica?
Dom Geraldo Magella -
É impossível que ele chegue já falando tudo que ele tem para falar.
Tudo o que ele percebeu porque é natural. Mas ele, pouco a pouco, já vai
tomando medidas, vai mostrando algumas providências que ele deseja.
iG - Como, por exemplo, o anúncio de uma comissão para fiscalizar o Banco do Vaticano?
Dom Geraldo Magella - Ele quer uma revisão de tudo. O banco também está instituído desde 1942. Então, ele está querendo uma revisão. É por ai mesmo que se deve ir. Faz parte da própria razão de ser da igreja. A Igreja também precisa dos meios. Isso sempre foi usado na Igreja desde o tempo dos apóstolos. Tinha sempre que mostrar o lado dos bens deste mundo. O dinheiro é preciso desde os tempos de Jesus. Tinha até um apóstolo que cuidava dessa parte para que não faltasse o necessário para os próprios apóstolos. Sempre houve cuidados com os bens materiais para não sacrificar nem a Igreja nem a sua missão.
iG - O senhor já conversou com o papa Francisco desde que ele assumiu cargo? Como é a personalidade dele?
Dom Geraldo Magella - Falei ainda em Roma. Já nos conhecíamos. Eu tinha liberdade com ele. Falei rapidamente com aquela confiança mútua, sem colocar distância. Ele é muito simples. Mesmo no Vaticano, ele continua ocupando, por exemplo, o lugar onde nós estávamos nos tempos do conclave. Ele só vai ao Vaticano para receber autoridades, receber reuniões. O dia a dia dele é da maneira mais simples possível.
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