terça-feira, 23 de abril de 2013

Memória: a captura de autores de atentados que foram notícia

Capturar autores de ataques à bomba pode demorar desde horas até anos, e o sucesso da captura depende de sorte, timing e um bom trabalho de polícia.
A caçada humana no caso do atentado de Boston chegou ao fim na semana passada de forma dramática, apenas três dias após o ataque a bomba perto da linha de chegada da Maratona da cidade, depois que a polícia identificou os autores em análise de imagens dos espectadores.
Investigadores contaram com o auxílio de centenas de horas de vídeo, com o testemunho de uma das vítimas e com a cooperação de vários órgãos da lei locais, estaduais e nacionais.
Para o autor Marc Sageman, do livro Understanding Terror Networks (Compreendendo as Redes de Terror, em tradução literal), quando se trata de elaborados atentados à bomba, não há fórmula para capturar o culpado. De acordo com Sageman, muitas vezes, casos são desvendados por acaso.
Confira, a seguir, como foi a identificação e perseguição de autores de atentados ou tentativas de atentados recentes famosos.

Mohammad Salameh, ataque do World Trade Center, 1993

Capturado graças ao trabalho de investigadores e a um lance de sorte. Tempo passado entre o primeiro crime e a primeira prisão: oito dias
Terroristas islâmicos atacaram o World Trade Center em 1993 com um caminhão-bomba, matando seis pessoas e ferindo centenas.
Após o atentado, investigadores encontraram o fragmento de um eixo de veículo com número de identificação, que os permitiu rastrear um Ford Econoline até uma locadora de automóveis, e em seguida até Salameh.
De acordo com Marc Sageman, desvendar o crime se deu por meio de um bom trabalho de polícia e uma estratégia pobre por parte dos criminosos.
Salameh, que reportou a van como tendo sido roubada, concordou em regressar à locadora para se encontrar com um representante da divisão anti-roubos da companhia. Mas o representante era, na verdade, um agente do FBI.
Após Salameh ter sido preso, agentes da lei conseguiram chegar até os outros integrantes de sua equipe.

Pairic MacFhloinn e Denis Kinsella, ataque de Warrington, 1993

Capturados graças a uma tradicional perseguição de carros. Tempo necessário para que eles fossem presos: duas horas.
Pouco antes de meia-noite no dia 26 de fevereiro de 1993, MacFhloinn e Kinsella, ambos integrantes do Exército Republicano Irlandês, o IRA, juntamente com pelo menos outro participante, detonaram explosivos em um ex-centro de produção de gás, em Warrington, na Inglaterra.
A explosão, de acordo com o jornal Warrington Guardian, criou uma "gigantesca bolo de fogo", sem provocar vítimas. Os autores do crime deixaram o local em um carro roubado.
Policiais perseguiram-nos e trocaram tiros com eles. Menos de duas horas após as explosões, eles capturaram MacFhloinn e Kinsella. Pelo menos uma pessoa escapou.

Ted Kaczynski, o 'Unabomber', 1978-96

Foi capturado graças a seu próprio manifesto. Tempo entre seu primeiro crime e a prisão: 18 anos.
A partir de 1978, o matemático formado pela Universidade de Harvard Theodore Kaczynski enviou 16 cartas-bomba ao longo de um período de 17 anos a diferentes pessoas por todos os Estados Unidos. Ele tinha entre seus principais alvos aeroportos e universidades e ganhou o apelido de Unabomber.
O FBI tinha vários suspeitos, mas não conseguia desvendar o caso. Em 1995, o autor dos atentados contactou diversos jornais nacionais, na esperança de que algum deles publicasse seu manifesto de 35 mil palavras. Com o apoio do FBI, o manifesto foi publicado no jornal The Washington Post.
Kaczynski acabou sendo identificado depois que o assistente social David Kaczynski procurou o FBI dizendo acreditar que o autor do manifesto seria seu irmão - indicando as semelhanças entre o texto e escritos anteriores assinados por ele.
Kaczynski acabou sendo preso em sua cabana, no Estado de Montana, em abril de 1996.

Eric Rudolph, Olimpíada de Atlanta, 1996

Capturado graças a uma intrépida testemunha e devido à fome. Tempo entre seu primeiro crime e a prisão: sete anos
Rudolph é mais conhecido pelos atentado à bomba contra o Pavilhão Olímpico de Atlanta, nos Estados Unidos, mas ele nunca foi julgado por esses crimes.
Ele só confessou ser o autor deste ataque após ter sido condenado por atentados semelhantes contra clínicas de aborto nas cidades de Atlanta e Birmingham e contra um bar gay em Atlanta, entre 1997 e 1998.
Foi a bomba de 1998 em Birmingham que levou à sua captura. Uma testemunha, Jermaine Hughes, viu um homem fugindo da cena do crime.
"Todos os demais estavam correndo no sentido oposto. Hughes arriscou sua vida ao rastreá-lo", afirmou Maryann Vollers, autor de Lone Wolf: Eric Rudolph and the Legacy of American Terror ("Lobo Solitário: Eric Rudolph e Legado do Terror Americano", em tradução literal)
Hughes, que estudava em uma faculdade local, entrou em seu carro e seguiu Rudolph, que estava fugindo a pé por meio de ruas internas. Hughes, que era negro, tentou bater à porta de moradores da vizinhança para relatar o crime, mas encontrou resistência de moradores.
"Ele estava tentando ganhar a atenção deles, mas não estava tendo êxito", conta Vollers.
Ele forneceu à polícia uma descrição de Rudolph e o número de uma placa de carro. Tanto a descrição como a placa do veículo corroboraram um outro testemunho.
Rudolph acabou se refugiando no interior do Estado da Carolina do Norte. Ele foi preso em 2003, após ter sido flagrado catando comida em uma lata de lixo.

Timothy McVeigh, ataque de Oklahoma, 1995

Capturado graças a um bom trabalho da polícia e falhas dos autores do crime. Tempo que foi necessário para prendê-lo: 90 minutos.
Em 1995, 2.177 quilos de fertilizante e combustível explodiram no estacionamento de um edifício público em Oklahoma City, matando 168 pessoas. Pouco depois, o patrulheiro Charlie Hanson interrompeu o veículo de um homem que dirigia um veículo sem placa.
Hanson achou que seria "uma verificação de rotina". Mas o motorista da van, Timothy McVeigh, estava com uma pistola Glock sem registro, o que lhe rendeu voz de prisão por parte do policial. Este levou McVeigh à delegacia local, e então voltou à estrada para ajudar nas buscas do veículo abandonado de cor marrom que estaria ligado ao atentado.
"Mal sabíamos nós que já estávamos com o autor do ataque à bomba preso", contou Hanson ao jornal Oklahoma New Star.
Ao mesmo tempo, investigadores conseguiram rastrear a placa da caminhonete alugada em que a bomba tinha sido escondida, que permitiram com que eles chegassem até McVeigh, que havia alugado o veículo.
Dois dias depois, a Patrulha Rodoviária contactou Hanson pedindo que ele fornecesse a placa de McVeigh na esperança de descobrir o seu paradeiro.
Foi aí que Hanson informou que ele havia preso McVeigh. O autor dos ataques foi então apreendido pelo FBI. No mesmo dia, seu parceiro, Terry Nichols, se entregou para a polícia.

David Copeland, bombas de prego em Londres, 1999

Capturado graças a imagens de câmeras de segurança. Tempo que foi necessário para prendê-lo: 13 dias
Ao longo de 13 dias, em abril de 1999, Copeland realizou uma série de ataques à bomba em diferentes partes de Londres, nos bairros de Brixton, Brick Lane e Soho. O último ataque, em um pub gay, matou três pessoas. Ele feriu 139 pessoas ao todo.
Sua campanha de atentados teve início em 17 April. Autoridades conseguiram isolar imagens de Copeland em câmeras de segurança e divulgaram estas ao público no dia 29 de abril.
Ele foi identificado por um colega pouco depois, mas não houve tempo suficiente para impedir Copeland de explodir uma terceira bomba, na noite do mesmo dia em que foi identificado, no pub Admiral Duncan, matando uma mulher grávida e outras duas pessoas.
A polícia conseguiu rastrear o apartamento de Copeland poucas horas depois, e ele confessou o crime ao abrir a porta.

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