segunda-feira, 22 de abril de 2013

Vitória de Cartes marca retorno de colorados no Paraguai

Houve uma época em que para ganhar as eleições no Paraguai os candidatos precisavam preencher um pré-requisito essencial: ser filiado ao partido colorado.
"Se essa garrafa d'água fosse o candidato colorado, seria eleita", chegou a declarar, em 2003, o então candidato do partido e futuro presidente paraguaio, Nicanor Duarte, em entrevista a um jornal brasileiro.
Quando o candidato de centro-esquerda Fernando Lugo venceu as eleições presidenciais, em abril de 2008, sua vitória foi celebrada pela oposição paraguaia como o fim dos 61 anos dessa hegemonia colorada.
Anos depois, porém, o impeachment de Lugo seguido da recente eleição de Horácio Cartes à presidência mostram que os colorados continuam no centro da política do país.
Criado em 1887 pelo ex-presidente e herói da Guerra do Paraguai Bernardino Caballero, o Partido Colorado governou o Paraguai de forma ininterrupta de 1947 a 2008, período que inclui a ditadura de Alfredo Stroessner (1954 a 1989), responsável pelo desaparecimento de milhares de dissidentes.
Em algumas eleições, esse foi o único partido autorizado a concorrer. Em outras, seu pesado maquinário eleitoral se encarregou de assegurar a vitória.

Estratégias

Para garantir seu domínio sobre a sociedade e a política do país, o Partido Colorado lançava mão de farta distribuição de cargos públicos e benesses para a população rural, além do cerceamento de opositores e dissidentes.
"Um colorado vota em um colorado, mesmo que seja o Pato Donald", declarou em 1998 Luis María Argaña, importante líder político do partido que se tornaria vice-presidente.
Na época, o general Lino Oviedo, candidato do partido à Presidência, fora impedido pela Justiça de participar das eleições por ter promovido um golpe anos antes.
Raúl Cubas, o novo candidato, teve apenas 20 dias para fazer campanha - e ainda assim levou a Presidência.
A verdade, porém, é que desde 1993, com a eleição do primeiro presidente civil depois da ditadura - Juan Carlos Wasmosy - os colorados haviam começado a perder eleitores.
Em 2003, por exemplo, Duarte venceu com apenas 37% dos votos e o partido conseguiu só 37 das 80 cadeiras da Câmara dos Deputados e 16 dos 45 assentos do Senado.
Foi nesse contexto que a vitória de Lugo foi interpretada como a consolidação do "declínio colorado".
Mas a vitória de Cartes com 45,91% dos votos, frente aos 36,84% conquistados pelo adversário Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), de centro-direita, parece ser uma prova de que o partido ainda tem fôlego para se reerguer.

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