quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Mato Grosso está entre os 15 municípios onde há mais violência contra negros

Cerca de 40 negros são assassinados em cada grupo de 100 mil habitantes em Mato Grosso. A taxa eleva o Estado ao ranking das 15 cidades mais violentas do país, quando se trata da população negra. A informação foi divulgada
nesta terça-feira(19) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), por meio da nota técnica "Vidas Perdidas e Racismo no Brasil". Nacionalmente, a taxa de homicídios de negros é de 36 óbitos para cada 100 mil pessoas. O trabalho ainda detalha que em relação à população não negra (brancos, indígenas e amarelos), a taxa de homicídios em Mato Grosso é de 20 óbitos para cada 100 mil matogrossenses. No país, esse número é de 15,2 assassinatos para cada 100 mil indivíduos.
Entre os estados com as maiores taxas, Alagoas ocupa o topo do ranking, apresentando diferença bastante acentuada entre negros e não negros. De acordo com o balanço, a taxa de homicídio para população negra alagoana é de 80 para cada 100 mil indivíduos. Espírito Santo e Paraíba também são destaques negativos no ranking elaborado pelo Ipea. São 65 e 60 homicídios de negros para cada 100 mil habitantes, respectivamente.
A pesquisa foi elaborada com base no Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e Sistema de informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Coordenadora do Núcleo de Estudos de Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (Nepre), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lúcia Rodrigues Müller destaca o racismo como sendo a principal causa das mortes violentas praticadas contra negros. "Esta é uma realidade brasileira que existe há anos, onde negros morrem mais que brancos", afirma a pesquisadora que destaca que o racismo tem aumentado no Estado durante os últimos anos.
Maria Lúcia reforça que mesmo Mato Grosso sendo um estado em que cerca de 60% da população se declara negra ou parda, a causa para a taxa elevada de óbitos é reflexo da ausência de respeito para com o outro. "O fato é que muitas pessoas acreditam que o racismo e a violência praticada contra o negro tem apenas a pessoa negra como vítima. Porém, isso não é verdade. Um ser humano quando é prejudicado, toda a sociedade sofre".
A estudiosa afirma que para que o racismo seja abolido da sociedade é preciso educação, discussão ampla sobre o tema e que cada cidadã faça sua parte. "Este assunto precisa ser disseminado desde a escola até as universidades. Além disso, os governos precisam estar atentos à formação de políticas. É preciso intervir nas situações que acontecem. É uma questão de ética", finalizou.

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