O acesso
à ajuda humanitária de que carecem milhões de sírios não registrou
qualquer melhoria, o que viola a resolução aprovada pelo Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), disse, nessa
quarta-feira (23), o secretário-geral da instituição, Ban Ki-moon.
Em
fevereiro, o conselho adotou a primeira resolução sobre a Síria desde o
início do conflito há três anos. Foi feito um apelo ao governo e à
oposição para que permitissem que a ajuda humanitária chegasse aos
civis. Contudo, “nenhuma das partes respeitou as exigências”,
acrescentou Ban Ki-moon em relatório.
Cerca de 3,5 milhões de pessoas continuam privadas de bens e serviços
de primeira necessidade, incluindo medicamentos vitais, em “flagrante
violação” da lei internacional, escreveu o secretário-geral da ONU.
No documento enviado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, ambas as partes do conflito são consideradas culpadas, especialmente o governo sírio.
Para
Ban Ki-moon, a situação de segurança se deteriora e o acesso
humanitário àqueles que mais precisam não melhora. "Continua a existir
um ambiente extremamente difícil para se trabalhar. Milhares de pessoas
estão sem receber a assistência médica de que necessitam – situação
descrita pelo secretário como arbitrária e injustificada.
“Tenho
de voltar a pedir às partes e, em particular, ao governo (…) que cumpram
as suas obrigações ao abrigo da lei humanitária internacional e a agir
imediatamente”, destacou.
Ban Ki-moon qualificou ainda de
“vergonhoso” o fato de que, apesar do apelo do Conselho de Segurança
para que fossem encerrados os cercos a várias cidades sírias,
aproximadamente 250 mil pessoas são reféns dos confrontos. Segundo o
secretário, 197 mil pessoas estão bloqueadas nas zonas controladas pelas
forças do regime sírio, sobretudo em Homs (centro), enquanto 45 mil
vivem em áreas tomadas pela oposição armada. Pessoas estão morrendo
todos os dias sem necessidade”, diz o documento da ONU.
O governo
sírio permitiu que a ajuda cruzasse apenas uma das oito fronteiras
identificadas pelas Nações Unidas como prioritárias, segundo informações
de embaixadores, divulgadas no mês passado.
Cinco agências
humanitárias da ONU já tinham apelado a todas as partes envolvidas no
conflito da Síria para que tomem “medidas urgentes” a fim de permitir “o
acesso humanitário incondicional”, acabar com os cercos impostos aos
civis e pôr fim aos bombardeios.
Só em Alepo, pelo menos 1 milhão de pessoas precisa de ajuda humanitária urgente, mas a estrada que liga a cidade
(norte) à capital, Damasco, é frequentemente cortada, com o registro de
apenas 40 médicos para uma população de 2,5 milhões de pessoas – eram
mais de 2 mil, segundo informações divulgadas pelas agências
humanitárias em comunicado.
Em toda a Síria, mais de 9,3 milhões de pessoas são afetadas pelo conflito, que começou em março de 2011.
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