Cerca de 160 mil voluntários se dispuseram a ir para Marte. Brasil é o
terceiro em número de interessados. Outros já compraram pacotes
turísticos para ir ao espaço. Lista inclui celebridades e brasileiros
anônimos.
Embarcar em uma viagem sem volta para Marte é o sonho de pelo menos
165 mil pessoas, de 140 países. Os brasileiros são os terceiro da lista
atrás dessa aventura: 8.686 se inscreveram no projeto Mars One, que
pretende iniciar a colonização do planeta vermelho a partir de 2023.
Os norte-americanos e chineses lideram o raking, com 37.852 e 13.124
interessados, respectivamente. O número pode aumentar até 31 de agosto,
data limite de inscrição. Na proposta, uma viagem sem volta, com direito
a explorar um lugar ainda não visitado por humanos.
A lista de afazeres pouco atraente no caminho para Marte parece não
intimidar os candidatos. Ela incluiu passar sete meses dentro de uma
espaçonave estreita, com três horas diárias de exercícios para manter o
tônus muscular. Como alimentação, apenas produtos liofilizados e
enlatados. O banho se resume a uma toalha úmida. Deixar para trás a
família e o planeta de origem para nunca mais voltar não assusta o
brasiliense Felipe Figueiredo Menezes. "É uma nova chance para
recomeçar".
Quando soube do projeto, o fotógrafo de 21 anos foi para o
computador, respondeu todas as perguntas do questionário e gravou um
vídeo com até 70 segundos, como solicitado. Ele vê chances de colaborar
com a humanidade, desenvolver novas tecnologias e construir novas formas
de existência.
"Se eu for selecionado, vou ter que me comprometer mil por cento, mas
as chances são pequenas, há muitos inscritos. Dá medo, mas acho que vou
me adaptar. Sou uma pessoa que se relaciona fácil com os outros e
também não sou tão apegado à família, apenas aos meus pais e irmã",
disse Menezes à DW Brasil. Ele queria astronauta, desde pequeno assistia
a filmes e se interessava pelo tema. Mas precisou mudar de rumo e optou
por outra profissão.
Turismo exclusivo
O mesmo aconteceu com Marcos Palhares, sócio de uma das três
agências brasileiras credenciadas para vender pacotes turísticos da
Virgin Galactic. A empresa norte-americana oferece um passeio de cerca
de três horas de duração para ver a Terra sob a mesma perspectiva que
apenas os astronautas puderam vislumbrar. Eles viajarão em um foguete
que chega a 3500 km/h.
Cerca de 760 pessoas no mundo já pagaram 200 mil dólares por essa
viagem, que deve começar a ser feita nos próximos dois anos. Atualmente,
o ticket custa 250 mil dólares. Celebridades como Brad Pitt e Angelina
Jolie já reservaram assento.
Palhares é o 462º da fila. Ele acredita que deve embarcar no voo de
número 77. Com ele, outros cinco brasileiros já garantiram um lugar. São
pessoas anônimas, com bom poder aquisitivo. "Os brasileiros que
investem nesta viagem, em geral, são homens solteiros que queriam ser
astronautas desde a juventude", fala sobre o perfil dos interessados.
"Eu me organizei financeiramente para conseguir realizar este meu
objetivo de vida. A tecnologia aeroespacial pode contribuir muito para o
futuro", comenta.
Outro turista espacial brasileiro é o estudante de engenharia
elétrica da Universidade de Brasília, Pedro Henrique Dória Nehme. O
jovem de 21 anos ganhou um concurso de uma companhia aérea holandesa. Os
candidatos tinham que responder qual altura um balão de gás hélio
atinge. Como prêmio, o estudante ganhou uma passagem para ver a Terra do
espaço e a oportunidade para aprimorar seus conhecimentos na área
espacial.
Em 2012, ele estudou nos Estados Unidos e estagiou na Nasa. Hoje ele
é estagiário da Agência Espacial Brasileira, AEB. A viagem será em
2015, pela Space Expedition, uma empresa privada. Até lá, Nehme
participará de treinamentos. "Ser um dos precursores do turismo espacial
é talvez sentir, ainda que em menor escala, a sensação que os primeiros
astronautas tiveram, quando orbitar a Terra era um grande desafio",
destaca o estudante.
Assim como o estudante brasiliense, os futuros turistas e
colonizadores espaciais buscam uma experiência única, que poucas pessoas
tiveram oportunidade de viver: conhecer o espaço e ver a Terra de um
jeito único.
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