Foram adiados os julgamentos dos três principais líderes da Irmandade
Muçulmana, incluindo o guia supremo da confraria, Mohamed Badie, por
"incitação ao assassinato" de manifestantes, e o do ex-presidente
egípcio Hosni Mubarak, por "cumplicidade de assassinato" de
manifestantes em 2011, previstos para este domingo.
O processo contra Badie e seus dois assessores, Khairat al-Chater e
Rachad Bayoumi, que não estavam presentes por "motivos de segurança",
segundo a polícia, foi adiado para 29 de outubro, com a intenção de que
os acusados possam estar presentes.
Fontes ligadas à segurança egípcia explicaram à AFP que os acusados
não foram levados ao tribunal neste domingo por medo de que o comboio em
que seriam transportados fosse atacado por simpatizantes ou opositores
da confraria.
Os três líderes da Irmandade, grupo político do qual faz parte o
presidente deposto Mohamed Mursi, e outros três membros podem ser
condenados à pena de morte por "incitação ao assassinato" e "homicídio"
de oito manifestantes que estavam em frente à sede da confraria, no
Cairo, no último 30 de junho.
Neste dia, milhões de pessoas foram às ruas pedir a renúncia do
presidente islamita Mursi. Em 3 de julho, uma manifestação convocada
pelo exército culminou com a queda do primeiro chefe de estado eleito de
forma democratica no Egito.
"As acusações são infundadas, é um julgamento político", disse à AFP o advogado de um dos líderes islamitas antes da audiência.
Pouco depois, um tribunal do Cairo adiou para 14 de setembro o
julgamento do ex-presidente egípcio Hosni Mubarak por "cumplicidade de
assassinato" de manifestantes durante a rebelião popular de 2011 que o
depôs.
O "rais" caído em desgraça, atualmente detido em um hospital militar
do Cairo, é passível de pena de morte. Mubarak compareceu na sexta
audiência de apelação sentado em uma maca, atrás das grades da cela
reservada aos acusados, junto a outros nove réus, incluindo seus dois
filhos.
No mesmo dia também foi adiado, a 29 de outubro, o julgamento dos
chefes da Irmandade Muçulmana, entre eles o guia supremo, Mohamed Badie,
por "incitar o assassinato" de manifestantes.
Os julgamentos acontecem em pleno caos político no Egito, onde as
novas autoridades, dirigidas de fato pelo exército, reprimem com banho
de sangue, há 10 dias, as manifestações organizadas pela Irmandade
Muçulmana.
Cerca de mil pessoas foram assassinadas, sobretudo, islamitas, e os
principais dirigentes da confraria foram presos, além de 2.000
partidários de Mursi. Uma centena de policiais e soldados morreram nos
piores episódios de violência conhecidos no Egito em sua história
recente.
Hosni Mubarak, de 85 anos, foi condenado em junho de 2012 em primeira
instância à prisão perpétua por "cumplicidade" no assassinato de
manifestantes durante a revolta de 2011. O ex-presidente apelou e a
Corte de Cassação ordenou um novo julgamento.
Estes julgamentos contra a Irmandade Muçulmana ocorrem no momento em
que a confraria islamita parece não estar em condições de mobilizar seus
simpatizantes. Nos últimos dias, vários de seus principais ativistas
foram mortos e seus dirigentes foram presos.
Na sexta-feira, milhões de pessoas foram convocadas contra o golpe de
estado militar, mas o movimento reuniu apenas cerca de mil partidários
de Mursi.
Antes da violenta repressão às manifestações, os simpatizantes de
Mursi congregaram centenas de milhares de pessoas no Cairo e em outras
grandes cidades.
Mas a maioria dos seguidores de Mursi têm medo de sair às ruas, onde
soldados e policiais estão autorizados pelas autoridades a disparar
contra manifestantes "hostis".
O país está em estado de sítio e as grandes cidades estão cheias de
tanques e controles. O toque de recolher imposto no Cairo e mais 13
províncias foi diminuído em duas horas neste sábado, e está vigente das
21H00 às 06H00, exceto na sexta-feira, quando vale a partir das 19H00.
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