Há "muito poucas dúvidas" de que as forças sírias usaram armas
químicas contra civis em um ataque na quarta-feira nos subúrbios de
Damasco, informou este domingo um funcionário americano.
A fonte disse à AFP que, levando em conta a quantidade de vítimas,
seus sintomas e a análise da inteligência americana, "há muito poucas
dúvidas, a esta altura, de que uma arma química foi usada pelo regime
contra civis neste incidente".
Os comentários marcam um posicionamento cada vez mais forte dos
Estados Unidos, que parecem dispostos a iniciar uma ação militar após o
suposto ataque químico que matou 1.300 pessoas nos arredores de Damasco
na última quarta-feira, segundo a oposição síria.
As autoridades americanas informaram ainda que o presidente Barack
Obama, que se reuniu com conselheiros neste sábado para falar sobre
crise na Síria, tomaria uma decisão sobre como responder a um ataque com
o uso "indiscriminado" de armas químicas.
A fonte, que falou à AFP sob anonimato, disse que Washington levou em
consideração o fato de que o regime sírio autorizou que os
especialistas da ONU em armas químicas investigassem os fatos a partir
desta segunda-feira, mas considerou a decisão tardia e pouco crível.
"Se o governo sírio não tivesse o que esconder e quisesse mostrar ao
mundo que não usou armas químicas neste incidente, teria parado seus
ataques ao local e garantido o acesso imediato da ONU há cinco dias",
disse o funcionário.
"Nessa altura, a decisão do regime (sírio) de garantir o acesso da
equipe da ONU chegou muito tarde para ser crível, até porque as
evidências no local já podem ter sido significativamente alteradas pela
persistência dos bombardeios e outras ações intencionais do regime nos
últimos cinco dias", continuou.
O regime de Bashar al-Assad garantiu que o trabalho dos inspetores da
ONU permitiria desmentir as acusações da oposição de que as forças do
governo teriam usado armas químicas contra civis, incluindo crianças.
Enquanto a oposição fala em 1.300 vítimas, a organização Médicos Sem
Fronteiras (MSF) divulgou no sábado a morte de 355 pacientes que
"apresentaram sintomas neurotóxicos" desde a última quarta-feira na
região de Damasco.
Os Estados Unidos colocaram um quarto destróier equipado com mísseis
de cruzeiro nas proximidades da Síria e podem levar adiante ações
militares limitadas, mesmo que pesquisas de opinião mostrem que os
americanos não apoiam o envolvimento do país em um novo conflito no
Oriente Médio.
Está em jogo a credibilidade de Obama, cuja inação até agora vem
sendo questionada pela opinião republicana, sobretudo porque advertiu,
em 2012, que a Síria ultrapassaria uma "linha vermelha" se fizesse uso
massivo de armas químicas.
Especialistas avaliam que a intervenção mais provável dos Estados
Unidos consistiria em lançamentos de mísseis a partir do mar, tendo como
alvo instalações militares sírias.
O país também poderia, segundo analistas, recorrer ao disparo de
mísseis de aviões fora do espaço aéreo sírio, visando minimizar os
riscos para os pilotos americanos ou aliados.
Os Estados Unidos buscariam atuar com uma ampla coalizão de países
europeus e do Golfo, enquanto a Rússia se posiciona contra qualquer
intervenção armada na Síria, sua aliada.
Logo após a reunião com conselheiros da diplomacia e da inteligência,
Obama ligou para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e
conversou sobre as alternativas.
O secrerário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, falou durante
viagem à Ásia que as Forças Armadas estão prontas para atuar caso esta
seja a decisão de Obama.
Hagel contou já ter pedido ao departamento de Defesa que prepare o
aparato militar a fim de oferecer a Obama "opções" para intervir na
Síria.
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