Maria é uma menina alegre,
falante e, apesar de estar em um local estranho e no centro de um drama
de repercussão internacional, até agora não perguntou pelos pais, com
quem morava antes de ser retirada de um acampamento de ciganos na
Grécia.
Esta é a descrição dada pelos que estão cuidando
de Maria. A menina de quatro anos, apelidada de "Anjo Loiro", foi
retirada de um acampamento cigano na semana passada na cidade grega de
Farsala.Para Pardalis, a espontaneidade é o traço mais marcante da personalidade de Maria, que descreve como uma criança muito eloquente, que fala algumas palavras em grego e também em romani, idioma falado pelas comunidades ciganas.
"É uma menina que gosta de brincar, especialmente com os brinquedos que nós demos a ela. Desde que chegou ao hospital e que tivemos acesso a ela, não demonstrou timidez, sempre estava disposta a conversar", acrescentou.
O relatório dos que estão cuidando da menina afirma que Maria não apresentou, até o momento, nenhum sinal de abuso emocional ou físico. No entanto, o documento destaca que ainda é preciso esperar o resultado dos exames médicos oficiais.
A criança está em um hospital, sob observação médica.
"A ideia é determinar seu real estado de saúde. Acredito que logo irá (ficar) conosco", disse Pardalis.
Outros filhos
Uma outra situação que preocupa a organização beneficente é a dos outros filhos que seriam do casal. A organização e a polícia não sabem onde exatamente estão as outras crianças apontadas no relatório policial como filhos e filhas dos ciganos Christos Salis, de 39 anos, e Eleftheria Dimopoulou, de 40, que estão detidos.Na terça-feira, os dois, que afirmam ser os pais de Maria, foram formalmente acusados de sequestro de menor, e a prisão preventiva foi decretada depois que um exame de DNA mostrou que eles não são os pais biológicos da menina.
"O mais provável é que as crianças estejam com os familiares dos pais. Só temos o caso de Maria. Não sabemos nada dos outros", afirmou Pardalis.
Por outro lado, membros da comunidade cigana em Farsala rejeitam as acusações de sequestro e pediram que tanto o casal como Maria voltem ao acampamento.
Segundo o correspondente da BBC na Grécia Mark Lowen, os ciganos de Farsala não se mostram dispostos a falar com a imprensa.
"Eles acreditam que este caso pode aumentar a percepção negativa (que as pessoas têm em relação aos ciganos) que não permitiu a eles uma melhor integração", disse o correspondente.
Certidão falsa
O investigador do caso, Efterpi Koutzamani, abriu o inquérito sobre o casal depois da comprovação de que a certidão de nascimento de Maria era falsa.Koutzamani também ordenou a revisão de todas as certidões de nascimento expedidas na Grécia nos últimos seis anos, em uma medida para evitar que, pela falta de controle, apareçam mais casos como o de Maria.
Por outro lado, o advogado do casal, Kostas Katsavos, dise que Christos e Eleftheria esperam poder esclarecer a forma com que Maria foi parar na família.
"Nâo foi um procedimento legal de adoção, mas estamos esperando que nos próximos dias a verdadeira mãe apareça e possa explicar aos juízes que não podia criar a menina", afirmou.
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