quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Menina loira encontrada com ciganos 'não parece sentir falta dos pais'

Maria (Crédito: Reuters)
Maria está afastada dos que dizem ser seus pais, mas não estaria demonstrando sentir falta deles
Maria é uma menina alegre, falante e, apesar de estar em um local estranho e no centro de um drama de repercussão internacional, até agora não perguntou pelos pais, com quem morava antes de ser retirada de um acampamento de ciganos na Grécia.
Esta é a descrição dada pelos que estão cuidando de Maria. A menina de quatro anos, apelidada de "Anjo Loiro", foi retirada de um acampamento cigano na semana passada na cidade grega de Farsala.
"Na maioria dos casos parecidos com este, em que nos entregam crianças que são retiradas de um ambiente, no começo a adaptação é muito difícil, sentem falta do lugar em que viviam. Com Maria, isto não ocorreu", disse à BBC Mundo Panayotis Pardalis, porta-voz da organização beneficente O Sorriso de uma Criança, que está encarregada de cuidar da menina.
Para Pardalis, a espontaneidade é o traço mais marcante da personalidade de Maria, que descreve como uma criança muito eloquente, que fala algumas palavras em grego e também em romani, idioma falado pelas comunidades ciganas.
"É uma menina que gosta de brincar, especialmente com os brinquedos que nós demos a ela. Desde que chegou ao hospital e que tivemos acesso a ela, não demonstrou timidez, sempre estava disposta a conversar", acrescentou.
O relatório dos que estão cuidando da menina afirma que Maria não apresentou, até o momento, nenhum sinal de abuso emocional ou físico. No entanto, o documento destaca que ainda é preciso esperar o resultado dos exames médicos oficiais.
A criança está em um hospital, sob observação médica.
"A ideia é determinar seu real estado de saúde. Acredito que logo irá (ficar) conosco", disse Pardalis.

Outros filhos

Uma outra situação que preocupa a organização beneficente é a dos outros filhos que seriam do casal. A organização e a polícia não sabem onde exatamente estão as outras crianças apontadas no relatório policial como filhos e filhas dos ciganos Christos Salis, de 39 anos, e Eleftheria Dimopoulou, de 40, que estão detidos.
Na terça-feira, os dois, que afirmam ser os pais de Maria, foram formalmente acusados de sequestro de menor, e a prisão preventiva foi decretada depois que um exame de DNA mostrou que eles não são os pais biológicos da menina.
Casal de ciganos que alega serem os pais de Maria (crédito: Polícia da Grécia)
A polícia decretou a prisão preventiva do casal que estava com Maria
O casal tem 14 filhos registrados, mas as autoridades locais investigam se alguns deles foram envolvidos em fraudes. Segundo os investigadores do caso, o dois ciganos falsificou o registro civil de Maria e também registrou o nascimento de seis outras crianças em apenas dez meses.
"O mais provável é que as crianças estejam com os familiares dos pais. Só temos o caso de Maria. Não sabemos nada dos outros", afirmou Pardalis.
Por outro lado, membros da comunidade cigana em Farsala rejeitam as acusações de sequestro e pediram que tanto o casal como Maria voltem ao acampamento.
Segundo o correspondente da BBC na Grécia Mark Lowen, os ciganos de Farsala não se mostram dispostos a falar com a imprensa.
"Eles acreditam que este caso pode aumentar a percepção negativa (que as pessoas têm em relação aos ciganos) que não permitiu a eles uma melhor integração", disse o correspondente.

Certidão falsa

O investigador do caso, Efterpi Koutzamani, abriu o inquérito sobre o casal depois da comprovação de que a certidão de nascimento de Maria era falsa.
Koutzamani também ordenou a revisão de todas as certidões de nascimento expedidas na Grécia nos últimos seis anos, em uma medida para evitar que, pela falta de controle, apareçam mais casos como o de Maria.
Por outro lado, o advogado do casal, Kostas Katsavos, dise que Christos e Eleftheria esperam poder esclarecer a forma com que Maria foi parar na família.
"Nâo foi um procedimento legal de adoção, mas estamos esperando que nos próximos dias a verdadeira mãe apareça e possa explicar aos juízes que não podia criar a menina", afirmou.

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