Está preso no Presídio Romão Gomes o policial militar acusado de matar o
adolescente Douglas Martins Rodrigues, de 17 anos, durante abordagem na
Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo, neste domingo, 27. "Um
episódio lamentável, mas as providências foram tomadas, o policial foi
autuado em flagrante por homicídio. Já está preso. Nós queremos concluir
rapidamente a investigação para que o inquérito seja levado à Justiça e
que ela possa analisar e decidir", disse o secretário de Segurança
Pública do Estado, Fernando Grella Vieira.
O corpo de Douglas foi
enterrado no fim da tarde desta segunda-feira, 28, no Cemitério Parque
dos Pinheiros, também na zona norte. O velório começou por volta das 6
horas numa igreja da Avenida Roland Garros, no Jardim Brasil. A Vila
Medeiros foi alvo de protestos de vizinhos que, na noite de domingo,
após o assassinato, ficaram revoltados com a ação da polícia. Na
manifestação, com cerca de 300 moradores, 2 lotações, 1 ônibus e 1 carro
foram incendiados e lojas foram saqueadas. A PM interveio com bombas de
gás e balas de borracha para a dispersão.
Os vizinhos alegam que
Douglas, que era estudante do 3° ano do ensino médio, foi abordado
pelos policias e, sem ter reagido, levou um tiro. Os policiais sequer
teriam falado com a vítima. O policial Luciano Pinheiro Bispo foi
autuado em flagrante pelo homicídio e alega que o disparo foi acidental.
A
vítima estava acompanhada de um colega e um irmão mais novo de 13 anos.
O irmão foi ouvido pela polícia e disse que eles iriam até o pai de um
colega avisar que queriam participar de um festival de pipas em Atibaia
(SP). Enquanto estavam na Rua Bacurizinho, no Jardim Brasil, conversando
com o pai desse garoto, uma viatura passou, deu a volta e um PM atirou
contra o peito de Douglas, que estava no carona.
"Por que o
senhor fez isso comigo?", teria dito a vítima, de acordo com o irmão.
Ainda segundo ele, os policias ficaram nervosos e não sabiam o que
fazer. Eles levaram dez minutos para socorrer o rapaz. Ele foi levado
inconsciente ao hospital, onde morreu. O corpo de Douglas foi liberado
do Instituto médico-legal (IML) na manhã desta segunda. O motorista José
Rodrigues, de 44 anos, diz que o filho era um garoto trabalhador e que
havia acabado de comprar um carro para usar quando completasse 18 anos,
em fevereiro. O veículo modelo Gol custou R$ 5,5 mil - metade do valor
havia sido paga por Douglas com o seguro-desemprego. "O resto a gente vê
o que vai fazer", disse o pai. Douglas trabalhava em uma lanchonete
como chapeiro.
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