Rio de Janeiro – Pelo menos 88 pessoas, incluindo três policiais
militares, foram presas hoje (18) durante a Operação Cruzamento, que tem
como objetivo acabar com um sistema de fraudes em vistorias de veículos
no Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ). A
operação começou no início da manhã e tem a participação de 43 agentes
da corregedoria do órgão e 532 policiais civis.
O objetivo da Operação Cruzamento é cumprir 122 mandados de prisão e
35 de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça contra
funcionários do Detran, proprietários de veículos e pessoas envolvidas
no esquema de fraude, em 17 municípios do estado.
O Detran-RJ informou que a maioria dos detidos é de servidores do
órgão, mas alguns proprietários de veículos também foram presos. Na
ação, os policiais apreenderam armas e documentos. Segundo a polícia, a
quadrilha movimentava cerca de R$ 2 milhões por mês.
Mais 59 pessoas, denunciadas pelo Ministério Público do estado, podem
ser presas caso não paguem o valor de fiança estipulado. Segundo o
Detran-RJ, esse é o maior esquema de corrupção já detectado no órgão.
O delegado e corregedor do Detran-RJ, David Anthony Alves, explicou
que os acusados cobravam uma quantia que variava de R$50 a R$1.000 aos
proprietários de carros com problemas na vistoria anual. Ele disse que a
corregedoria recebeu em 2009, por meio de informantes, o nome de uma
pessoa possivelmente envolvida em um esquema de fraudes, mas sem provas.
Em julho de 2011, a Justiça autorizou a instalação de escutas
telefônicas para que as investigações começassem.
Os detidos responderão por formação de quadrilha, falsificação de
documentos, corrupção passiva e falsidade ideológica e podem pegar pena
de até 20 anos de prisão. Entre os presos, está um homem suspeito de
envolvimento com a milícia do bairro de Santa Cruz, na zona oeste do
Rio. Além da possível ligação com a milícia, ele é apontado como um dos
coordenadores do esquema.
O promotor Luiz Antonio Ayres, da Promotoria de Justiça de Santa
Cruz, disse que o Ministério Público denunciou 181 pessoas, mas apenas
quem agia efetivamente teve o mandado de prisão solicitado. “Nós pedimos
a prisão de pessoas que estavam agindo de forma sistemática nessa rede
de corrupção. E aquelas pessoas que tiveram uma participação, apesar de
concreta, mas menos rotineira, nós optamos por pedir a fiança, para que
elas possam se defender das acusações em liberdade”.
A Operação Cruzamento conta com o apoio da Coordenadoria de Recursos
Especiais (Core) da Polícia Civil e do Grupamento de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do estado.
O Detran-RJ identificou o esquema de fraudes nos postos de Santa
Cruz, Campo Grande e da Barra da Tijuca, na zona oeste; de Belford Roxo e
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense; São Gonçalo, na região
metropolitana; Vila Isabel, na zona norte; e na sede do órgão, no centro
do Rio.
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