sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Ucrânia acusa Rússia de desembarcar tropas na Crimeia

Tropas não identificadas invadiram aeroporto da Crimeia (foto: AFP)
Comunicações e voos ligando a Crimeia à Ucrânia teriam sido cortados
O presidente interino da Ucrânia Oleksander Turchynov acusou a Rússia de enviar tropas para a Crimeia em uma tentativa de arrastar Kiev para um “conflito armado”.
Em um pronunciamento pela televisão, ele afirmou que Moscou deseja que o governo interino reaja às suas provocações para que tropas russas possam anexar a Crimeia.
O pronunciamento ocorre no mesmo momento em que surgem relatos não confirmados de que aeronaves russas teriam posicionado grande quantidade de militares na região.
O embaixador russo na ONU disse que os movimentos de tropas de seu país na Crimeia estariam previstos em um acordo prévio com a Ucrânia.
O presidente americano Barack Obama alertou a Rússia que qualquer intervenção na Ucrânia terá “custos”.
“Qualquer violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia seria profundamente desestabilizadora, o que não está entre os interesses da Ucrânia, Rússia ou Europa”.
Ele disse que os EUA apoiam o governo interino da Ucrânia e elogiou "sua moderação e seu compromisso de defender suas obrigações internacionais".
O presidente Turchynov solicitou ao presidente Vladimir Putin que “pare com provocações e inicie as negociações”.
Ele afirmou que a Rússia está adotando o mesmo comportamento que teve antes de mandar tropas à Georgia em 2008 para atacar as regiões separatistas da Abkhazia e da Ossetia do Sul, que possuem grande número de moradores de origem russa.
“Eles estão implementando o mesmo cenário que realizaram na Abkhazia, onde depois de provocar um confronto, iniciaram a anexação do território”, disse Turchynov.

Locais estratégicos invadidos

Milícia vigia acesso à região da Crimeia (foto: AFP)
Presidente Barack Obama diz que intervenção na Crimeia pode "custar" à Rússia.
O pronunciamento do presidente ucraniano ocorreu horas após o Kremlin afirmar que Putin teria ressaltado para autoridades do Ocidente, por telefone, “a extrema importância de não permitir uma escalada maior da violência”.
Na manhã desta sexta-feira, em Rostov-on-Don, cidade no sul Rússia próxima à fronteira com a Ucrânia, o presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovych afirmou não reconhecer o novo governo estabelecido pela oposição ao seu governo em Kiev e que ainda se considera o presidente legítimo do país.
O espaço aéreo da Crimeia foi fechado e os voos ligando a capital Simferopol ao resto do mundo foram cancelados. Aeroportos teriam sido invadidos por militares de identidade não confirmada.
Sergiy Kunitsyn, um membro do alto escalão do governo ucraniano, disse à mídia local que 13 aeronaves russas pousaram em uma base em Simferopol e desembarcaram cerca de dois mil militares suspeitos. Contudo, a informação não foi confirmada.
As redes de comunicação de fibra ótica que ligavam a Crimeia com o resto da Ucrânia teriam também sido cortadas.
Segundo o correspondente da BBC em Simferopol, Oleg Boldyrev, a interrupção das comunicações de telefonia e dados na região é o sinal mais concreto de que a população local começa a viver uma situação de emergência.
Além de possuir moradores de origem étnica russa, a Crimeia possui importantes bases navais russas no mar Negro.

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