quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ataque químico na Síria foi uma 'provocação astuta' dos rebeldes, diz Putin

Presidente russo voltou a discordar de uma intervenção militar na Síria, porque 'violaria lei internacional'

A Rússia tem fortes razões para acreditar que os rebeldes sírios foram responsáveis pelo ataque químico no país, afirmou nesta quinta-feira (19) o presidente Vladimir Putin - uma alegação contestada fortemente por governos ocidentais.
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Em um conferência, Putin disse que "temos toda a razão para acreditar que foi uma provocação, uma astuta e engenhosa provocação". Ele acrescentou, entretanto, que os autores se utilizaram de tecnologia "primitiva", usando munições da época soviética, que não mais existem no inventário do Exército sírio.
Os EUA, o Reino Unido, a França e outros governos acreditam que o relatório entregue por inspetores de armas químicas da ONU prova que o ataque foi lançado pelas tropas da Síria . O relatório da ONU divulgado na segunda-feira confirmou o uso de armas químicas na Síria, mas não atribuiu culpa a nenhum dos dois lados.
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Putin expressou otimismo quando questionado se ele confiava que o presidente da Síria, Bashar al-Assad , cumprirá o plano da Rússia para entregar suas armas químicas ao controle internacional, evitando um ataque dos EUA. Ele disse que as atitudes tomadas por Damasco até agora dão razões para se acreditar que a iniciativa será implementada.
"Não posso ter 100% de certeza que vamos conseguir dar um fim ( na guerra ), mas o que vimos nos últimos dias nos dão confiança de que ( o acordo ) será cumprido", disse Putin.
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Respondendo a uma pergunta sobre o que aconteceria se o governo Assad quebrasse sua promessa, Putin disse que "nós não temos razão para acreditar que eles vão falhar em cumprir com suas obrigações". "Vamos discutir sobre isso se eles falharem, mas é prematuro falar sobre o assunto."
Questionado se a lista de armas químicas que será entregue por Assad será confiável, o primeiro-ministro Dmitri Medvedev disse que Damasco terá "que fazer o seu melhor para convencer a comunidade internacional de que a lista que eles apresentarem é completa e que uma verificação eficiente e um controle possam ser oferecidos".
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Falando em Moscou, Medvedev buscou enfatizar que a Rússia não pode ser responsabilizada sozinha pelo sucesso do plano. "A responsabilidade ( para o sucesso do plano ) não mudou para a Federação Russa", disse Medvedev. "É nossa responsabilidade conjunta" e não "somente responsabilidade da Federação russa."
Putin insistiu que a Rússia se opõe fortemente a um ataque americano contra a Síria, porque ele violaria princípios básicos da lei internacional e diminuiria o papel da ONU, e não porque está tentando manter Assad no poder.
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"Não temos interesses exclusivos na Síria que buscaríamos proteger defendendo o atual governo", disse Putin. "Estamos nos esforçando para preservar os princípios da lei internacional."
Ele afirmou que durante suas discussões com líderes ocidentais eles não conseguiram responder sua pergunta sobre o que o Ocidente faria se militantes ligados a Al-Qaeda conseguissem derrubar o governo Assad e tomassem o poder na Síria.
"Qual é o sentido de lançar um ataque se você não sabe como isso vai terminar?", questionou Putin.

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