domingo, 22 de setembro de 2013

Condenação sela ocaso de líder em ascensão na China

A Justiça chinesa condenou à prisão perpétua neste domingo o político - até então em ascensão no Partido Comunista - Bo Xilai, acusado de suborno, fraude e abuso de poder.
O político, que nega as acusações, tem direito a recorrer da sentença. Mas seu ocaso político foi praticamente selado.
Ainda que seu julgamento tenha sido conduzido em um grau inédito de abertura na China, muitos analistas dizem que a condenação de Bo era dada como certa desde o início - e muitos veem uma forte dimensão política no processo movido contra ele.
Bo, que chefiava o partido em Chongqing e foi prefeito de Dalian, foi exonerado no ano passado em meio a um escândalo, que resultou também na condenação de sua mulher pelo homicídio do empresário britânico Neil Heywood.
Bo foi acusado de usar seu poder para encobertar o crime, de receber subornos de cerca de US$ 3 milhões e de, segundo a Corte, "ferir os interesses nacionais chineses".
Mas o político diz que sua confissão dos crimes foi obtida pela polícia por meio de tortura.

Base de apoio

Há apenas dois anos, Bo era uma das estrelas do Partido Comunista e parecia prestes a entrar ao Zhongnanhai, o quartel-general do governo em Pequim - onde ficam os principais líderes chineses.
Agora, ainda que seja bem-sucedido em recorrer na Justiça, é altamente improvável que ele consiga retomar sua carreira dentro do partido, explica a correspondente da BBC em Pequim, Celia Hatton.
Bo, que já tem 64 anos, perdeu seus direitos políticos, e "é difícil imaginar um cenário em que ele possa recuperar sua base de apoio popular", diz Hatton.
"Com a queda de Bo, o Partido Comunista perde um dos políticos mais talentosos de sua geração", opina em artigo à BBC Kerry Brown, professor de política chinesa na Universidade de Sydney (Austrália), alegando que o político tinha "carisma e dons políticos naturais".
"Seu ocaso é uma boa notícia para seus muitos inimigos na elite política do partido", prossegue o professor. "Alguns especulavam que ele poderia ter se tornado líder do Congresso ou do conselho consultivo do governo, que lhe teriam oferecido bases de poder para mobilizar a opinião pública. Teria sido muito difícil colocá-lo de escanteio (depois disso)."
O escândalo envolvendo Bo - o maior a afetar a elite política chinesa nas últimas décadas - desencadeou uma crise política no Partido Comunista, que à época estava prestes a organizar a troca de lideranças no governo chinês, ocorrida uma vez por década.
A crise, por sua vez, revelou as divisões dentro da agremiação e deu ao público uma oportunidade rara de conhecer o mundo dos ricos e poderosos do país, à medida que emergiram detalhes sobre seus hábitos de luxo.

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