O fim do cerco ao centro comercial Westgate de Nairóbi deixou em
suspenso várias questões, entre elas: quantas pessoas foram feitas
reféns? Quem eram, de fato, os atacantes?
QUANTAS PESSOAS MORRERAM DESDE O INÍCIO DA AÇÃO?
Oficialmente, ao menos 67 pessoas morreram no ataque iniciado no
sábado por um comando islamita: 61 civis, incluindo 16 expatriados
estrangeiros, e seis membros das forças de segurança quenianas.
O balanço pode aumentar: ao menos 64 pessoas ainda estão
desaparecidas segundo a Cruz Vermelha. Além disso, poderia haver outros
desaparecidos estrangeiros que teriam sido assinalados diretamente a
suas embaixadas.
À medida que as equipes de resgate avançarem entre os escombros do
edifício parcialmente destruído, muitos cadáveres poderão ser
descobertos. Mas a operação levará tempo, já que as autoridades
continuam a procurar eventuais explosivos nos arredores do shopping.
Os insurgentes islamitas somalis shebab, que reivindicaram o ataque, e
o governo queniano multiplicaram declarações contraditórias sobre os
reféns, sobretudo nas últimas 24 horas de ataque. Desde segunda-feira à
noite, Nairóbi afirmava ter liberado todos os reféns ainda em mãos dos
islamitas. No dia seguinte, os shebab desmentiam, afirmando que o
comanda ainda detinha reféns "vivos".
Quarta-feira, os shebab acusaram as autoridades quenianas de terem
provocado a morte de 137 reféns nas últimas horas de operação,
utilizando "gás químico" no prédio para acabar com o cerco.
Desde domingo à noite, nenhum refém foi levado ao posto de emergência
avançado instalado próximo ao Westgate, segundo um jornalista da AFP.
O ataque foi rapidamente reivindicado pelos shebab. Um parente do
líder supremo do movimento, Ahmed Abdi Aw-Mohamed, conhecido como
Godane, relatou à AFP nesta quarta-feira que o ataque não teria sido
realizado sem o seu aval.
Mas a identidade dos membros do comando - de 10 a 15 pessoas segundo
Nairóbi - e o que aconteceu a eles, continuam a ser grandes pontos de
interrogação.
Logo após o início da crise, houve rumores sobre o envolvimento de combatentes estrangeiros, incluindo americanos e britânicos.
O nome da britânica Samantha Lewthwaite, viúva de um dos homens-bomba
dos atentados de Londres de 2005, foi citado com insistência.
Os shebab negaram a participação de mulheres no ataque. O presidente
queniano Uhuru Kenyatta recusou-se, por sua vez, a confirmar a
informação e, enquanto aguarda os resultados dos legistas, garantiu que
ao menos cinco atacantes foram mortos.
A identidade dos islamitas mortos ainda precisa ser confirmada, assim como daqueles que saíram vivos, e o que foi feito a eles.
O presidente Kenyatta anunciou a prisão de 11 suspeitos, sem
especificar se eram ou não combatentes, e se eles foram presos no local
do ataque. Sobreviventes do comando foram presos? Alguns conseguiram
fugir? Ou seus corpos estão sob os escombros?
Única indicação até o momento: Londres afirmou, sem dar detalhes, que
uma pessoa de nacionalidade britânica havia sido presa. O Ministério
das Relações Exteriores não especificou se foi uma mulher ou um homem.
COMO A PREPARAÇÃO DO ATAQUE PASSOU DESPERCEBIDA PELA INTELIGÊNCIA QUENIANA?
Desde que o Quênia lançou uma operação militar na Somália no final de
2011, o país recebeu várias ameaças de insurgentes. O país também foi
alvo de uma série de ataques, mas em escala muito menor e que nunca
foram reivindicados diretamente pelos shebab.
Antes do ataque de Westgate, os quenianos, ajudados há vários meses
por muitas agências de segurança estrangeiras, inclusive o FBI,
conseguiram frustrar várias tentativas de ataques.
Várias embaixadas ocidentais chegaram a alertar repetidamente para o
risco de ataques contra locais frequentados por estrangeiros, em
particular os centros comerciais.
Mas, desta vez, nenhuma atividade específica dos shebab foi
observada. Nada foi filtrado antes do ataque, afirmou à AFP duas fontes
dos serviços de inteligência ocidentais.
"Em geral, há interceptações (telefônicas) ou vazamentos, mas não desta vez", declarou uma dessas fontes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário