O craque Lionel Messi é presença
constante na imprensa. Considerado por muitos o melhor jogador do
mundo, o argentino voltou às manchetes dos jornais, desta vez por outro
motivo: o atacante do Barcelona é réu em um caso de evasão de impostos.
Messi responde ao processo junto com o pai,
Jorge Horacio Messi. Nesta sexta-feira, ele deixou a audiência fechada
em um tribunal na cidade catalã de Gavà com um sorriso no rosto, em meio
a uma multidão de simpatizantes que foi ao local para apoiá-lo.Um dos esportistas mais bem pagos do mundo, Messi ganha cerca de US$ 20 milhões (cerca de R$ 45 milhões) por temporada. Além do generoso salário, recebe ainda mais de US$ 21 milhões (R$ 47 milhões) em contratos publicitários com empresas como Danone, Adidas, Pepsi e Procter & Gamble, segundo a revista Forbes.
Qual acusação pesa sobre Messi?
A Promotoria de Delitos Econômicos de Barcelona acusa Messi e o pai de fraudar mais de 4 milhões de euros (cerca de R$ 12,2 milhões) nas declarações de impostos de renda nos anos de 2007, 2008 e 2009.Segundo a promotoria, Messi "teve renda significativa" de seu direito de imagem nesses anos e nunca a declarou.
Messi é acusado de burlar a fiscalização da Receita cedendo os direitos de imagem a empresas fantasmas sediadas em Belize e no Uruguai. Outros tipos de contratos seriam firmados com empresas estabelecidas no Reino Unido e na Suíça.
O jogador conseguiria, assim, transferir dinheiro desses países europeus a empresas em paraísos fiscais, fugindo da tributação da Receita espanhola.
O que diz Messi?
O astro da seleção argentina e o pai sempre negaram ter cometido irregularidades. Quando a acusação veio à tona ano passado, Messi se disse "surpreso" em sua página no Facebook."Sempre cumprimos nossas obrigações tributárias seguindo os conselhos de nossos contadores, que vão esclarecer esta situação”, disse, na época, o jogador de 26 anos, que há 13 anos vive em Barcelona.
Já o pai do jogador, segundo o jornal Periódico de Catalunya, teria enviado uma carta aos juízes em que argumentou que seu filho se dedicou "sempre e somente a jogar futebol".
"Jorge Messi assume certa falta de controle a respeito da atividade de seus assessores e acusa o antigo sócio, Rodolfo Schinocca, que segundo a acusação foi quem, em 2005, organizou a estrutura para burlar os impostos", já que o então jogador ainda era menor de idade, diz o jornal.
Schinocca se defendeu das acusações e disse que foi o pai de Messi quem o encarregou de abrir as contas nos países estrangeiros.
Como o escândalo afeta Messi?
O caso veio à tona em junho deste ano, quando o campeonato espanhol já tinha chegado ao fim com a vitória do Barcelona.Em campo, Messi não parece ter sofrido qualquer impacto. Ele foi o maior goleador do campeonato, junto com o brasileiro Diego Costa, do Atético de Madri.
Os contratos publicitários de Messi podem, no entanto, ser afetados em caso de condenação. Um dia antes de comparecer ao tribunal, o jogador passou a manhã gravando um comercial para a Adidas.
Qual pode ser a condenação?
A Justiça espanhola prevê multas e até prisão em casos de fraude fiscal. Messi e o pai, no entanto, já fizeram um "pagamento corretivo" de 5 milhões de euros (R$ 15,3 milhões) à Receita espanhola, o que deve reduzir a pena em caso de condenação ou se eles se declararem culpados.Segundo o Periódico de Catalunya, a carta do pai de Messi fazia referência a esse pagamento, citando o suposto valor fraudado mais os juros correspondentes.
Quanto de imposto pagam os jogadores?
Segundo o correspondente da BBC em Madri, Tom Burridge, a investigação surge no momento em que as autoridades espanholas tentam reduzir a evasão fiscal como parte das medidas para equilibrar as contas públicas em tempos de crise.Messi é o primeiro jogador de elite a cair na malha fina. Na Espanha, jogadores de sucesso pagam mais de 50% dos rendimentos em impostos. Esse é o caso do galês Gareth Bale e do brasileiro Neymar.
Mas não foi sempre assim. Em 2006, o Parlamento aprovou a chamada Lei Beckham (em referência ao jogador inglês, ex-astro do Real Madrid), que concedia benefícios fiscais a jogadores estrangeiros que não se declaravam residentes na Espanha, pagando apenas 24% de impostos sobre rendimentos.
A lei acabou em 2010, mas não teve caráter retroativo. Jogadores como Cristiano Ronaldo, cujo contrato é anterior, continuam pagando 24%. Isso até 2015, quando entra em vigor a renovação do contrato do jogador português.
Messi, que tem nacionalidade espanhola, nunca pôde se beneficiar da Lei Beckham.
O craque do Barcelona também não é o primeiro astro argentino a se ver às voltas com o fisco. Diego Armando Maradona também responde a um processo de evasão fiscal de US$ 50 milhões (R$ 113 milhões) na Justiça italiana, referente aos anos em que foi o grande nome do Napoli, entre 1984 e 1991.
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