quarta-feira, 26 de março de 2014

Satélite identifica 122 novos objetos que podem ser do voo da Malásia

Imagens obtidas pela França mostram destroços de até 25 m de comprimento. Local das buscas é difícil, diz autoridade malaia

Dados enviados por um satelite identificaram 122 novos objetos que podem ser do avião desaparecido da Malaysia Airlines, de acordo com o ministro da Defesa e dos Transportes interino da Malásia, Hishammuddin Hussein, nesta quarta-feira (26). “É o principal vestígio que temos”, afirmou ele.
Hoje: Austrália diz ter avistado mais três objetos em buscas por avião desaparecido
AP
O ministro da Defesa da Malásia e dos Transportes, Hishammuddin Hussein, indica local onde os objetos foram registrados por satélite francês, na Malásia

Ontem: Parentes de passageiros de voo da Malásia entram em choque com a polícia
Hussein explicou que os objetos estavam a aproximadamente 2.500 km a sudoeste da Austrália, área que se tornou uma prioridade nas buscas desde que satélites detectaram possíveis destroços da aeronave na região.
Nuvens dificultam o registro de novas imagens pelo satélite, mas dezenas de objetos podem ser vistos, com comprimentos que variam de 1 até 25 metros. O ministro disse ainda que alguns desses destroços “parecia ser brilhante, possivelmente indicando que são materiais sólidos.”
As imagens foram registradas no último domingo (23) e retransmitidas pela empresa francesa Airbus Defence and Space, uma divisão da Airbus Grupo da Europa; seus negócios incluem a operação e comunicação por satélite.
Vários objetos flutuantes foram vistos por aviões e satélites ao longo da última semana, inclusive nesta quarta, quando a Autoridade de Segurança Marítima da Austrália avisou, por meio do Twitter, que mais três destroços foram encontrados na região. A origem dos destroços ainda é incerta, já que os objetos podem ser de outro avião ou mesmo de um navio de carga.
Premiê da Malásia: Avião caiu no sul do Índico e não há sobreviventes
"Se for confirmado que os objetos são mesmo do MH370, ao menos passaremos para a próxima fase das buscas de vigilância em alto mar", afirmou Hishammuddin.
As buscas foram retomadas nesta quarta depois que ventos fortes e ondas muito altas forçaram as equipes a fazerem uma pausa na terça-feira (25). Um total de 12 aviões e cinco navios dos Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia estavam participando da pesquisa, na esperança de encontrar uma única peça do jato a fim de oferecer uma evidência concreta do acidente aéreo e fornecer pistas para encontrar o restante dos destroços.
A Malásia anunciou na segunda-feira (24) que uma análise matemática dos sinais de satélite do avião mostraram que a aeronave, desaparecido desde o último dia 8 com 239 pessoas a bordo, havia caído no mar, sem deixar sobreviventes. Os novos dados reduziram - e muito - a área de buscas, que continua a ser enorme - estima-se que são 1,6 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente o tamanho do Alaska.
"Estamos dando tudo o que temos nas buscas”, afirmou o primeiro-ministro australiano Tony Abbott à rede de televisão Nine Network nesta quarta. "Esse é o local mais inacessível que se pode imaginar. São milhares de quilômetros de lugar nenhum", disse mais tarde à televisão Seven Network. Ele prometeu que "vamos fazer o que pudermos para resolver esse enigma."
China
A China enviou uma autoridade especial à Malásia, segundo a agência de notícias chinesas Xinhua. O político Zhang Yesui encontrou-se com o premiê da Malásia, Najib Razak, para discutir as operações de busca. O país está participando das missões com quatro navios e um avião militar. A maior parte – 153 – dos 239 passageiros a bordo do MH370 era chinesa.
Em Pequim, algumas famílias mantém a esperança de que seus entes queridos podem ter sobrevivido ao desastre. Cerca de dois terços dos desaparecidos eram chineses e seus parentes têm criticado a Malásia por declarar a morte das pessoas a bordo sem qualquer evidência física. Muitos também acreditam as autoridades não foram transparentes ou rápidas na divulgação de notícias sobre as buscas.
Segunda: Austrália avista 'novos objetos' que podem ser do voo desaparecido no Índico
Wang Chunjiang, cujo irmão estava no avião, disse que vive "um conflito interno."
"Queremos saber a verdade, mas temos medo dos destroços do avião serem encontrados”, afirmou ele enquanto espera por mais informações em hotel perto do aeroporto de Pequim. "Se eles encontrarem os destroços, então a nossa última esperança será frustrada. Não teremos a mínima esperança."
Área de buscas 
As equipes estão concentrando seus esforços durante as próximas 36 horas, já que a previsão é que o clima vai piorar. Especialistas dizem que mesmo que alguns destroços sejam recuperados, o avião ainda pode levar meses ou anos até ser descoberto.
David Ferreira, oceanógrafo da Universidade de Reading, na Grã-Bretanha, explica que pouco se sabe sobre a topografia detalhada do fundo do mar onde o avião pode ter caído.
Já para Kerry Sieh, diretor do Observatório Terra de Cingapura, na região, o fundo do mar é relativamente plano, com depressões e fendas semelhantes a parte do Oceano Atlântico onde os destroços Air France foi encontrado.
Sieh acredita que todos os pedaços grandes do avião provavelmente ficariam parados depois de terem afundado completamente. Mas a recuperação de qualquer parte do avião vai ser difícil por causa da profundidade - em grande parte chega a 4.500 metros  - e pelas condições inóspitas na superfície, onde os ventos intensos e imensas ondas são comuns.

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