Reduto do crime organizado do Rio de Janeiro, o complexo de favelas
da Maré, na zona norte da capital fluminense, foi ocupado nas primeiras
horas deste domingo pelas forças de segurança do Estado no primeiro
passo para a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na
região que compreende 15 favelas no total, com aproximadamente 130 mil
moradores.
Segundo a Secretaria de Estado de Segurança, “as
comunidades foram recuperadas pelas forças policiais sem encontrar
resistência, o que permitiu o domínio dos pontos planejados dos
territórios em 15 minutos”. Policiais continuam nas comunidades em
operações de busca de criminosos, apreensões de armas, drogas e objetos
roubados.
Participam da operação 1.180 policiais militares de várias unidades,
entre elas o Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Policiais
Especiais (Bope), além de policiais da Corregedoria Interna da PM. O
Bope ocupa as favelas Nova Holanda e Parque União, enquanto que o
Batalhão de Choque as outras 13 favelas. Da Polícia Civil, o efetivo no
local é de 132 pessoas. Uma base móvel do Instituto Félix Pacheco está
instalada no 22º BPM (Maré) para fazer a identificação biométrica de
suspeitos.
Além disso, os policiais militares usam 14 blindados
disponibilizados pela Marinha e um blindado do Batalhão de Polícia de
Choque. Agentes do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal e do
Núcleo de Operações Especiais da Polícia Rodoviária Federal apoiam a
operação.
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança do Rio
de Janeiro, as comunidades que fazem parte do Complexo da Maré e serão
ocupadas são: Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Parque União, Parque
Rubens Vaz, Nova Holanda, Parque Maré, Conjunto Nova Maré, Baixa do
Sapateiro, Morro do Timbau, Bento Ribeiro Dantas, Vila dos Pinheiros,
Conjunto Pinheiros, Conjunto Novo Pinheiros (Salsa&Merengue), Vila
do João e Conjunto Esperança.
O intuito da secretaria de Segurança
Pública do Estado é abrir espaço para a entrada do Exército no local,
que a exemplo do que ocorreu no complexo de favelas do Alemão, fará a
ocupação do local até que o efetivo da Polícia Militar forme o novo
efetivo para atuar na Maré – o acordo foi feito junto com ao Ministério
da Justiça por intermédio do secretario José Mariano Beltrame e o
governador Sérgio Cabral.
O clima no sábado nas comunidades da
Maré era de aparente tranquilidade, uma vez que grande parte dos
criminosos já deixaram o local, que, diferentemente de outras regiões,
tem o domínio de três facões distintas: duas do tráfico de drogas,
rivais, além de milicianos.
A Justiça, no último sábado, autorizou
a PM a fazer, além do trabalho tradicional de varredura na busca de
armas e drogas, a entrar em todas as residências de duas comunidades
específicas: favela Nova Holanda e Parque União, tidas como as mais
complicadas no que se refere à atuação do tráfico de drogas na região.
No
total, atualmente, o Rio de Janeiro conta com 38 UPPs – ainda não
existe uma definição de quantas unidades serão instaladas na Maré. No
último sábado, na véspera da ocupação definitiva (homens do Bope já
atuam há mais de uma semana na região), o governador Sérgio Cabral citou
como “muito significativa” a tomada de controle de território “para que
a sociedade e poder público possam entrar no local agora com
tranquilidade”.
Prisões e apreensões
Por volta das
7h, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) anunciou as
primeiras prisões no Complexo da Maré. Segundo a corporação, foram
presos dois homens com drogas no Beco Uruguai, em Nova Holanda. Os
detidos foram flagrados com 24 trouxinhas de maconha e encaminhados para
o 21º DP.
A Força de Segurança também apreendeu uma grande
quantidade de maconha, suficiente para lotar uma picape da Polícia
Federal, escondida em um buraco na sede da Vila Olímpica da Maré. A Vila
Olímpica da Maré é um complexo social que visa proporcionar aos
moradores da comunidade diversas atividades esportivas, educativas e
culturais. Além da grande quantidade da droga, que ainda precisa ser
quantificada, foram encontrados um fuzil, uma submetralhadora e munição.
A
Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores dessas
comunidades na denúncia de criminosos, esconderijos e locais onde possam
estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos
ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia (21) 2253-1177
ou para o 190 da PM. As forças de ocupação pedem para que moradores
andem com documentos de identificação pessoal, assim como documentação
de carros, motos e CNH.
O governo pede ainda para que a população
denuncie casos de abuso policial. Foram divulgados os telefones de
ouvidoria da Polícia Civil – (021) 3399-1199 e da Corregedoria da
Polícia Militar (21) 2332 2341
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